sexta-feira, 12 de junho de 2009

PSDB NÃO SE ENXERGA, NEM SE SENTE!

Sem projeto para o país,
PSDB aposta até na neurociência
e em análises de psique eleitoral!


Busca idéias de célebres estrategistas estrangeiros
que defendem a emoção como fator determinante na política.
A ideia é engavetar o lema da "gerência", usado na campanha de 2006,
e focar na defesa de projetos e iniciativas sociais, copiando os
programas petistas como fez FHC como bolsa-escola/família.

Há cerca de três meses, os tucanos contrataram o cientista político
Alberto Carlos Almeida, autor de A Cabeça do Brasileiro e Por que Lula?,
para fazer pesquisas que deem um diagnóstico sobre o que o eleitor deseja
na próxima disputa. Almeida já produziu duas análises para o PSDB,
que foram submetidas à direção do partido e a seus parlamentares.
Essas informações têm servido de ponto de partida para a formatação de um
discurso que atinja grande parte do eleitor que aprova o governo
Luiz Inácio Lula da Silva.

O partido também começou a flertar com as ideias do neurocientista americano
Drew Westen, da Emory University, em Atlanta. Suas teses influenciaram a
campanha democrata de Barack Obama em 2008. Autor do best-seller
The Political Brain, ele foi convidado pelo Instituto Teotônio Vilela,
ligado aos tucanos, para dar palestra, em março, que deixou deslumbrados
os políticos do partido.

EMOÇÃO

Para Westen, os democratas americanos mais perderam eleições do que ganharam
nos últimos 30 anos porque apelaram muito à razão. Com base em pesquisas que
mapearam o cérebro, ele questiona o racionalismo extremo, surgido com o Iluminismo
no século 18. O seu principal estudo, divulgado em 2006, conclui que o eleitor
responde de forma emocional quando provocado. Westen confrontou eleitores
democratas e republicanos com declarações contraditórias dos seus candidatos.
Ao defendê-los, áreas do cérebro relacionadas à razão não respondiam.
Já as envolvidas com a emoção apresentavam grande atividade.

Eduardo Graeff, cientista político e secretário-geral da Presidência no governo
Fernando Henrique Cardoso, em artigo publicado no Estado antes das eleições
municipais de 2008, chamou a atenção dos tucanos para as teses de Westen.

"Não basta ter valores. É preciso pregá-los sem medo de ser repetitivo e
traduzi-los em declarações de princípio que mostrem ao eleitor que o candidato
conhece seus problemas", afirmou.

Assim como Westen, o marqueteiro americano Dick Morris, que trabalhou com o
ex-presidente americano Bill Clinton a partir de sua posse em 1993, também
tem sido "revisitado" na corrida pela formulação do novo discurso.
É dele a estratégia usada por Clinton de se apropriar de parte do discurso
dos republicanos e mixá-lo com tradicionais bandeiras democratas para ganhar
popularidade.

EFICIÊNCIA

Essas propostas têm encontrado eco entre os tucanos. Para vencer, o PSDB terá
de lapidar o discurso para atrair boa parte do eleitorado que recebe o
Bolsa-Família e tende a votar no candidato do governo. Mesmo com a avaliação
corrente de que grotões do Nordeste vão mesmo ficar com o candidato de Lula e
que o partido deve tirar a desvantagem no Sul e Sudeste.

"O discurso da eficiência para o eleitorado pouco escolarizado empolga muito pouco.
O PT tem uma melhor capacidade de falar com esse eleitor. É mais eficiente nisso",
afirmou o cientista político Rubens Figueiredo, diretor do Centro de Pesquisa
e Comunicação (Cepac).

As pesquisas em mãos dos tucanos mostram que o Bolsa-Família - que atinge 11 milhões de famílias e é a principal marca social do governo Lula - não pode ser atacado, mas, sim, ampliado. Essa estratégia já apareceu em encontro do PSDB, no mês passado, na Paraíba, quando até foram defendidas conquistas sociais do governo Lula.

A avaliação de especialistas é que Lula começou a ganhar a eleição depois que
parou de demonizar o Plano Real e passou a defender o controle da inflação,
o que acabou explicitado na Carta ao Povo Brasileiro, assinada por ele em 2002.

A mesma lógica, dizem, serviria para a defesa do Bolsa-Família por parte dos político
s tucanos.

"Tanto José Serra (governador de São Paulo e presidenciável do partido) quanto Aécio
(Neves, governador de Minas e outro presidenciável) deixaram de criticar Lula pelo
lado social. Falam de política monetária, mas não da social. Bater em Lula pode
fazer com que percam votos. E eles precisam chegar a um eleitorado que está
contente com Lula", afirmou o cientista político, Marco Antonio Teixeira,
professor da FGV-SP.

Para Figueiredo, a tentativa de vender o Bolsa-Família como uma iniciativa originada
no Bolsa-Escola, implantado no governo FHC, não tem reflexos práticos no eleitorado.
"A paternidade já é do Lula. Para fazer frente a isso, teria de colocar em pauta
algo como o Bolsa-Família. Hoje eu não vejo o que poderia ser", declarou.

Em algumas pesquisas, as pessoas chegam a mencionar as iniciativas feitas por Serra
na época em que era ministro da Saúde do governo FHC, como os mutirões contra
cataratas e os genéricos. "O genérico é um bom programa. Mas mais consumo e mais
crédito é melhor", completou Figueiredo.

A formatação do discurso, no entanto, pode empobrecer o debate eleitoral.
"Quando se foca a discussão, questões importantes deixam de ser debatidas, como
as reformas da Previdência e a tributária. E o que o eleitor tradicional do PSDB
espera é justamente discutir isso. Pode até acabar frustrando o eleitorado",
disse Teixeira.

TUCANOS PETISTAS

De acordo com as sondagens, 45% do eleitorado, ou seja, cerca de 58 milhões
de pessoas, votariam tanto no PT como no PSDB. Esse eleitor diz acreditar na
importância da ajuda do governo para melhorar de vida. O desafio, portanto,
é elaborar o discurso. A maior parte dele (57%) está na classe C e ascendeu
economicamente graças ao crédito e ao acesso a mais bens de consumo nos
últimos anos.

As pesquisas também mostram que não adianta apostar, mais uma vez, no lema
da estabilidade econômica, bandeira dos tucanos - o Real foi implementado em
1993, quando Fernando Henrique era ministro da Fazenda. O eleitor associa o fim
da inflação a uma conquista irreversível, mas que ficou lá atrás.


Além disso, a maioria acha que a moeda estável foi conquista de Lula.

Em 2007, pesquisa Estado/Ipsos mostrou que, para 67% dos brasileiros,

Lula é o maior responsável pela estabilidade.

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