sábado, 27 de novembro de 2010

SP - Status, patrimonialismo e preconceito - ANTROPOLOGIA

Brasil de Fato

26 de novembro de 2010 às 9:30h

Traços de formação de elite paulista revela parte da origem do preconceito contra o “diferente”

Por Eduardo Sales de Lima*

De acordo com a antropóloga Bernadete Castro, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, as classes médias mais reacionárias do estado de São Paulo compreendem, em grande parte, as classes médias ascendentes e a terceira e quarta gerações de imigrantes europeus, como italianos e portugueses, por exemplo.

Sobre as últimas, a antropóloga conta que são famílias oriundas de uma aristocracia rural que tiveram como herança o apossamento das terras e de riquezas durante o Brasil Colônia e o Império.

““Antes, as terras não eram deles. Eles vão conseguindo formar um patrimônio muito grande a partir dessa possibilidade de se apossar das terras do reino e da Lei de Terras de 1850”, conta, fazendo referência à legislação que determinava que as terras brasileiras só poderiam ser ocupadas mediante sua compra, enquanto os que já as ocupavam teriam garantido o título de proprietários. Tal norma impossibilitaria a posse da terra aos ex-escravos, que não tinham como pagar por ela.

De acordo com Bernardete, essas famílias tradicionais, se não têm terras, possuem grandes patrimônios imobiliários. Para ela, é a partir desse enfoque protecionista e patrimonialista que essas classes médias desenvolvem suas visões sobre os outros imigrantes, os índios e os negros. “Vão desenvolver um preconceito contra os próprios imigrantes num primeiro momento, e depois, alimentados por um passado escravagista, emerge um racismo contra o índio e o negro. E o nordestino, como é o mestiço nisso tudo, sofrerá um preconceito pior ainda”, explica Bernadete. Segundo ela, isso tudo desemboca numa xenofobia contra todos aqueles que não têm o mesmo status e a mesma presença na estrutura social brasileira que essas famílias

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