segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

‘Dilma terá meu apoio em 2014’, diz Lula

Afirmando que não pretende ser o copiloto de Dilma em sua gestão, Lula disse que confia que a presidenta fará um bom governo
Severino Motta, iG Brasília | 27/12/2010 12:01

Em mais um compromisso na agenda de despedida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou, em encontro com jornalistas em Brasília, que a presidenta eleita Dilma Rousseff só não terá seu apoio em 2014 para a reeleição caso não queira. “Em 2014, trabalho com a ideia fixa que Dilma será candidata. Acho justo e correto um bom governo continuar. Só há uma hipótese para ela não ser candidata. Se ela não quiser”.

Veja o especial do iG sobre o legado de Lula e os desafios de Dilma Rousseff.

O presidente, no entanto, frisou que ainda é cedo para discutir 2014. Para ele, os integrantes do novo governo devem “trabalhar para evitar que esta seja a tônica do mandato, uma vez que o tema só interessaria à oposição”.

Afirmando que não pretende ser o copiloto de Dilma em sua gestão, Lula disse que confia que a presidenta eleita fará um bom governo e mesmo que não consiga colher os frutos logo no início do governo, os farão ao longo do mandato. Para exemplificar, Lula usou das suas famosas metáforas: “Governar é igual plantar jabuticaba. Não adianta plantar e já querer chupar”.



Desencarne da Presidência
Lula voltou a dizer que ‘precisa desencarnar’ da Presidência e que ficará sem dar palpites e sem se envolver. "Quero menos trabalho e mais descanso. Ficar citando coisas não é bom para mim ou para quem está chegando ao poder. Vou ficar sem dar palpites, sem me envolver". Questionado sobre seu interesse em atuar como secretário-geral da ONU, o presidente respondeu que não pretende e "não quer". “Este cargo precisa ser ocupado por técnicos”.

Questionado sobre sua saída do Planalto, Lula afirmou que vai sentir das relações de amizade que fez e que, diferentemente de FHC que disse que sentiu saudade da piscina da residência, não sentirá falta nem do helicóptero, já que “tem um pouco de medo”. Mostrando-se saudoso, Lula disse ainda que ficará satisfeito em voltar para o seu apartamento em São Bernardo, o que, na opinião do presidente, “é mais aconchegante que a residência oficial”.

Ao falar de uma questão sempre levantada em seu governo, Lula referiu-se ao terceiro mandato como ruim à democracia. “Se você ficar pedindo “um terceiro, quarto, quinto mandato, ao invés de uma democracia você tem uma “ditadurazinha”.

Regulamentação da mídia
Lula falou sobre a regulamentação da mídia e disse que é preciso ter responsabilidade. "Um dono de um jornal pode mentir que é liberdade de imprensa. Agora se o governo critica isso é censura", afirmou pedindo um debate com toda a sociedade, o que “levaria à vitória do bom senso, não de posições extremadas”. Questionado sobre como a história deve retratá-lo, Lula foi enfático. “Depende do jornal que você leia”, respondeu completando: “Esses dias eu li uma matéria dizendo que Dilma estaria derrotada e que os vencedores foram Marina Silva e José Serra. Queria que valesse para o meu Corinthians".

De maneira bem lenta e gradual, Lula disse que quer fazer memorial contando a história dos 8 anos de seu governo, passando pela fase de construção do presidente Lula e dos movimentos sociais no Brasil. O objetivo, segundo Lula, é para que as pessoas possam ver os fatos e que tirem suas próprias conclusões.

Política externa
De acordo com Lula, os Estados Unidos ainda mantêm uma visão imperialista para com os países da América Latina, o que deveria mudar. Lula lamentou não ter dado certo a intermediação que fez nas negociações nucleares com o Irã e justificou que não deu certo porque as potências que normalmente tratam essas questões ficaram com os brios feridos com o fato de o Brasil ter conseguido o que eles nunca conseguiram.

Alencar
Lula disse que vê o vice-presidente, José Alencar, como um irmão. Segundo ele, seu companheiro é “leal” e a união dos dois foi como o “capital e o trabalho”. Sobre o estado de saúde, Lula disse que, na semana passada, quando o visitou no hospital, ele chegou a cantar Nelson do Cavaquinho e que, os dois, no exercício do poder “quase” atingiram a perfeição.

Saída
Em sua última semana como presidente do Brasil, Lula terá viagens a Pernambuco, ao Ceará e à Bahia, além de inaugurações em Brasília. A intenção, segundo ele, é trabalhar até o dia 30 e descansar no dia 31, "desligando o motor para esfriar e entregando para Dilma, no dia primeiro o cargo, para ela começar no dia 2 de janeiro a cem (quilômetros) por hora".

Cesare Battisti
Lula reafirmou que tomará a decisão sobre a extradição do ativista político italiano Cesare Battisti antes de deixar o cargo e disse que sua decisão será embasada por parecer a ser apresentado pela Advocacia-Geral da União (AGU).

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