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CAPITALISMO DE VIGILÂNCIA - o que é sexta-feira, 18 de setembro de 2020
>VERBETE DRAFT: O QUE É CAPITALISMO DE VIGILÂNCIA Isabela Mena - 27 MAR 2019
Muito além das velhas câmeras, no Capitalismo de Vigilância quem fornece os
dados é também o alvo potencial da manipulação: você. COMPARTILHE
Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos
empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa
saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus
negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e
investidores. O verbete de hoje é… CAPITALISMO DE VIGILÂNCIA O que acham que
é: Uma releitura do livro 1984, de George Orwell. O que realmente é:
Capitalismo de Vigilância (Surveillance Capitalism, no termo original, em
inglês) é uma mutação do capitalismo que utiliza a imensurável quantidade de
dados que usuários fornecem gratuitamente a empresas de tecnologias (como as
que detêm redes sociais e buscadores) transformando-a em matéria-prima e
produto final altamente lucrativos. O processo é conhecido: em seu navegar
habitual, o usuário recheia a web com zilhões de informações sobre si mesmo
como gostos (comida, música, cinema, roupas, viagens etc.); sentimentos
(medo de saltar de paraquedas, alegria por adotar um gato, ansiedades etc.);
projetos (comprar uma casa, fazer faculdade, morar fora etc.); hábitos
online (assistir a vídeos na plataforma x, ouvir podcasts na y etc.) e
off-line (ir para o trabalho de bike, ser onívoro, frequentar teatro etc.);
posições políticas, sociais, religiosas e tudo o mais que couber na esfera
comportamental humana. Todas essas informações são consideradas dados em
estado bruto. O que as empresas de tecnologia fazem é extraí-los e
refiná-los para que se tornem dados de predição de comportamento, ou seja,
capazes de prever os próximos passos do usuário antes até dele mesmo. O
passo seguinte é vendê-los a preço de ouro já que, com isso em mãos, é
possível influenciar o comportamento humano. E vale lembrar: as empresas
usam não apenas as informações que os usuários permitem (nas postagens que a
maioria das pessoas faz, sem nem se dar conta disso), mas também as
fornecidas em formulários, mesmo que sem consentimento e, ainda, aquelas
ouvidas pelos microfones ou vistas pelas câmeras de celulares, computadores,
caixas de som etc. (as empresas negam, mas não faltam indícios e reportagens
a respeito dessa prática). O conceito de Surveillance Capitalism foi criado
pela acadêmica norte-americana Shoshana Zuboff (leia no próximo item),
embora, de certa forma, a questão em si não seja desconhecida. A importância
de sua obra — na qual a conceituação mais usual de Capitalismo de Vigilância
é “nova ordem econômica que considera a experiência humana como material cru
gratuito para práticas comerciais ocultas de extração, predição e venda” — é
fornecer uma visão de pesquisador, situar o tema em um contexto mais amplo e
trazê-lo à discussão. Segundo Rafael Zanatta, advogado e membro do grupo de
Ética, Tecnologia e Economias Digitais da USP, quando utiliza um tom mais
ácido para definir Capitalismo de Vigilância, Zuboff diz que “é uma lógica
econômica parasita na qual a produção de bens e serviços é subordinada à
nova arquitetura global de modificação do comportamento”. “Em resumo, é uma
expropriação dos direitos humanos mais basilares, como a autonomia e a
liberdade”, afirma Zanatta. Ampliando mais o espectro, João Carlos
Magalhães, pesquisador de doutorado no departamento de mídia e comunicação
da London School of Economics(LSE), conta que, para Zuboff, a capacidade de
modificação de comportamento dos usuários cria um novo tipo de poder — o
chamado “instrumentarismo” —, algo comparável aos regimes totalitários do
século 20. “Ela diz que ambos os tipos de poder têm como objetivo a negação
total da liberdade. A diferença seria que o “instrumentarismo” visa não
aniquilar fisicamente o outro, como o nazismo e o fascismo, mas ter uma
espécie de ‘certeza total’ e científica sobre o indivíduo para poder melhor
manipular seu comportamento.” Quem inventou: O conceito foi criado pela
acadêmica norte-americana Shoshana Zuboff, da Escola de Administração de
Harvard. Segundo Zuboff, a empresa pioneira no Capitalismo de Vigilância é a
Google. Quando foi inventado: Em 2015, Zuboff publicou pela primeira vez o
conceito em um paper intitulado Big Other: Surveillance Capitalism and the
Prospects of an Information Civilization. Em 2018, ela publicou o livro The
Age of Surveillance Capitalism: The Fight for a Human Future at the New
Frontier of Power (sem edição brasileira). Já a Google, de acordo com a
autora, deu origem ao Capitalismo de Vigilância, em 2001. Como atua: Por
meio de um dos princípios básicos do capitalismo, que é separar a sociedade
entre os que têm conhecimento e os que não têm (já que conhecimento e poder
estão diretamente ligados). Em um texto publicado no The Guardian, em
janeiro deste ano, o raciocínio de Zuboff em relação a esse ponto é colocado
da seguinte forma por John Naughton, colunista de tecnologia do jornal
inglês: “A combinação de vigilância do Estado e sua contrapartida
capitalista significa que a tecnologia digital está separando os cidadãos em
todas as sociedades em dois grupos: os observadores (invisíveis,
desconhecidos e inexplicáveis) e os observados. Isso tem consequências
profundas para a democracia, porque a assimetria de conhecimento se traduz
em assimetrias de poder.” Quem usa: Como já dito, a Google é apontada como
precursora do que logo se tornou o modelo padrão no Vale do Silício, adotado
por quase todas as startups e aplicativos. Amazon, Apple e Facebook, segundo
Zanatta, também são citadas dezenas de vezes no livro de Zuboff, assim como
empresas que atuam em projetos de cidades inteligentes, como a Cisco. “Já as
empresas chinesas como Alibaba e Tencent, tão importantes quanto, são
citadas poucas vezes, talvez em razão da pesquisa de Zuboff ser mais
localizada nos Estados Unidos e no Vale do Silício.” Magalhães diz que, como
a capacidade de controlar o comportamento dos consumidores é atrelada à
quantidade e qualidade dos dados que as organizações têm sobre eles,
empresas pioneiras como Google, Facebook e Amazon são as representantes
típicas (e mais eficientes) desse novo tipo de capitalismo. “O que muitos
autores argumentam é que, na prática, todas as grandes empresas do mundo
vão, mais cedo ou mais tarde, se tornar “data companies”, da Shell ao
McDonalds”, afirma. “E é aí que está, inclusive, o frenesi em torno de
conceitos como big data e data science: ninguém quer ficar pra trás de algo
que parece ser uma transformação econômica revolucionária.” Efeitos sobre o
consumidor: Transformar a relação (voluntária ou não) com as maiores
empresas de tecnologia em dados preditivos, usados para sua própria
manipulação e, por outro lado, oferecer benefícios como facilitar a
comunicação e o acesso à informação. Dessa forma, o Capitalismo de
Vigilância seria tanto um paradoxo como, também, uma relação perversa das
grandes empresas com os indivíduos. Para Magalhães, o nó da questão é o
consumo. “As empresas oferecem ótimos serviços por preços menores ou até de
graça, como Facebook e Google. Ao serem aparentemente boas para o
consumidor, esperam que aceitem os problemas éticos de fundo, muito mais
graves e difíceis de serem notados.” Quem é contra: Em tese, são contra a
prática todas as pessoas que a conhecem e a entendem como manipulativa,
escusa e ilegal. Mas, na sociedade, a discussão sobre o tema ainda é
incipiente. Já na academia, a ideia é muito nova, segundo Magalhães, para
que exista uma literatura crítica, de fato. “O que ocorre é uma certa
simplificação. Nem Zuboff nem outros autores que trabalham com conceitos
parecidos conseguem provar ou mensurar essa suposta ‘manipulação’. Não há
dúvidas de que as empresas tentam nos manipular por meio de técnicas de
dados mas, se elas realmente conseguem fazer isso, é uma outra história”,
afirma. Para saber mais: 1) Leia, no The Guardian, ‘The goal is to automate
us’: welcome to the age of surveillance capitalism, entrevista de John
Naughton, colunista de tecnologia jornal com Shoshana Zuboff. 2) Assista, na
página do YouTube do The Intercept, ao vídeo The Rise of Surveillance
Capitalism, um painel de discussão com Shoshana Zuboff e a jornalista Naomi
Klein. 3) Leia na Intelligencer, da New York Magazine, Shoshana Zuboff on
Surveillance Capitalism’s Threat to Democracy The Harvard Business School
professor discusses her new book, um Q&A com a autora. Postado por blog do
tata às 21:27 Nenhum comentário: Ex-executivo do Facebook diz que redes
sociais estão destruindo a sociedade TECNOLOGIA Para Chamath Palihapitiya,
elas trazem desinformação e são um problema global 1 min de leitura ÉPOCA
NEGÓCIOS ONLINE ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE 15 DEZ 2017 - 15H38 ATUALIZADO EM 15
DEZ 2017 - 15H53 WhatsApp Facebook Twitter Linkedin Pinterest Copiar Link
Facebook ; redes sociais ; social media ; (Foto: Reprodução/Facebook) (Foto:
Reprodução/Facebook) Um ex-executivo do Facebook declarou que se sente
“tremendamente culpado” por sua colaboração na criação de “ferramentas que
destroem o funcionamento da sociedade”. A declaração polêmica foi feita por
Chamath Palihapitiya, que ocupou o cargo de vice-presidente para o
crescimento de usuários na gigante do Vale do Silício. SAIBA MAIS Em SP,
Facebook inaugura seu 1º centro para inovação do mundo Em evento na escola
de negócios da Universidade de Stanford, na Califórnia, o executivo, que
saiu da companhia em 2011, declarou que as redes sociais são um problema
global. “Elas estão corroendo os principais fundamentos de como as pessoas
se comportam e se relacionam entre si”. A notícia foi dada pelos sites The
Verge e The Guardian. As críticas de Palihapitiya não visaram apenas o
Facebook, mas ao ecossistema como um todo. “Os laços baseados em feedbacks
rápidos e cheios de dopamina estão dilacerando a sociedade”, disse
referindo-se aos almejados likes das mídias sociais. “[Não trazem] Um
discurso civil, cooperação, só desinformação e mentira”, disse. Os
comentários do executivo foram feitos pouco tempo após Sean Parker, um dos
primeiros investidores do Facebook, criticar a maneira como a empresa
“explora a vulnerabilidade da psicologia humana, criando um looping de
feedback de validação social”, durante um evento de mídia. Parte de seu
discurso pode ser assistindo aqui. Parker declarou ainda que iria usar o
dinheiro que ganhou com o Facebook para fazer algo de bom pelo mundo. Já
Chamath Palihapitiya disse que não usa a rede social. “Não posso controlar
todos os usuários, mas posso controlar os meus filhos, e eles não têm
permissão para usar essa porcaria”. Diante dos alunos de Stanford,
universidade de onde saíram vários executivos do Vale do Silício, ele pediu
que tentassem entender a maneira como se relacionam com as mídias sociais.
“Você não percebe isso, mas seu comportamento está sendo programado. Não foi
intencional, mas agora você terá que decidir o quanto vai desistir da sua
independência intelectual”, disse.
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