Ex-ministra condena censura à imprensa.
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou ontem que há setores da mídia que "algumas vezes" dificultam o debate democrático dentro do Brasil. Em sabatina do Portal R7, a petista disse que há "julgamentos abruptos sem provas".
Ela, porém, defendeu a liberdade de imprensa. "Mais vale uma mídia com julgamentos abruptos e livre do que uma mídia de mãos amarradas e boca fechada."
"Acho algumas vezes que há dificuldade no debate democrático dentro do Brasil. Eu não falo a mídia em geral, não, mas é localizado. Há julgamentos muito rápidos das pessoas, abruptos sem provas. Acho que não é boa prática. O Brasil tem um mérito: uma imprensa livre. Se fizerem um julgamento abruptos ou deixarem de fazer, tá ótimo", afirmou a petista.
A candidata não comentou a relação do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, com a imprensa.
Na entrevista, Dilma também falou sobre o câncer nos gânglios linfáticos, descoberto em 2009, e disse que os exames não apontaram recaída. Sua única queixa, afirmou ela, é ter engordado por causa da campanha. "Estou um pouquinho mais gorda."
Questionada sobre uma qualidade de seu adversário José Serra (PSDB), Dilma relutou em apontar, mas disse que "ele tem sido, ao longo da vida pública, bem intencionado". A petista não poupou provocações ao tucano e desqualificou a proposta dele de dobrar as famílias atendidas pelo Bolsa Família.
Ela acha a iniciativa é viável, mas Serra teria mostrado quando governou São Paulo que não é capaz de fazê-la.
Sobre o mensalão, Dilma disse que não é característica do PT e que o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) foi prejulgado. A candidata afirmou que ele "não está no cerne" de um eventual governo.
Dilma também explicou a aliança com o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), insinuou que foi ele quem mudou de lado e disse que não pode ser considerado um ex-inimigo.
Dilma foi multada ontem em R$ 2.000 pelo ministro do TSE Joelson Dias por propaganda irregular -é a primeira multa desse tipo aos presidenciáveis- por causa de um painel maior do que o permitido (4 m2).
Também foram multados a coligação de Dilma e o seu vice, Michel Temer (PMDB).
Dilma já foi multada seis vezes por propaganda antecipada. Ela já deve R$ 33 mil.
reproduzido do blog de Luis Favre
Julgamento abrupto e sumário
Advogados, juristas e em geral pessoas respeitosas dos direitos, devem estar de cabelo em pé e acompanhar apreensivos o atual “debate eleitoral”.
Acusações e ofensas, sem a menor sombra de provas, são jogadas por alguns candidatos e seus partidos. Elas são repercutidas com estardalhaço pelos jornais, alguns dos quais acrescentam suas doses próprias de julgamentos abruptos. Uma verdadeira escalada de destempero.
O caso da declaração de Imposto de Renda de Eduardo Jorge, o vice-presidente do PSDB, é o terreno mais recente deste linchamento público e de mídia ao que me refiro.
Não é a primeira vez que o sigilo tributário deste político foi vazado, como lembra hoje Everardo Maciel, no Globo. Já em 2001, ou seja no governo FHC, a declaração do IR de EJ tinha ido parar na imprensa. Maciel relembra: “Abri inquérito e provei que o vazamento não ocorreu pela Receita Federal. O resultado da investigação foi enviado ao Ministério Público Federal e o processo está correndo até hoje.”
No caso atual, pelo que declarou o Corregedor da Receita, o vazamento foi feito por algum funcionário da própria Receita e estranhamente o nome de uma servidora do órgão foi vazado, pisoteando a própria lei.
O vazamento direcionou as suspeitas encima dela, sem qualquer resguardo para com seu direito de defesa e sem que o inquérito interno fosse sequer concluído.
A “culpada” assim designada sumariamente, acrescenta a seu caso outros dois indícios de “culpabilidade”: ela é do ABC paulista e filiada a uma organização sindical.
Ontem relevei, aqui no blog, a curiosa apresentação feita sobre Antônia Aparecida Rodrigues dos Santos Silva, a funcionária em questão, no jornal O Globo: “embora sindicalista do ABC, não seria filiada ao PT”.
Hoje o mesmo jornal, em julgamento abrupto e rito sumário, não só condena sem apelação a “suspeita”. Em destaque editorial, O Globo proclama que o fato dela ter ligação com o sindicalismo é sugestivo do papel ameaçador ao Estado de direito que o aparelhamento público provoca.
Leiam vocês mesmos:
“É SUGESTIVO o passado sindical da analista da Receita Antônia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves, a possível responsável pela quebra do sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge.
AS IMPRESSÕES digitais do sindicalismo deixadas no roubo de dados que iriam constar de um suposto dossiê de aloprados contra tucanos realçam as ameaças ao estado de direito decorrentes do aparelhamento da máquina pública.” (O Globo, pag 12 da edição do 23/7/2010).
Uma verdadeira ameaça ao direito a atividade sindical é proclamada pelo jornal. O seu “passado sindical” é agitado como “prova” do caráter delitivo e ameaçador ao estado de direito do suposto aparelhamento sindical do poder público, a partir de um roubo de dados que essa funcionária teria talvez cometido.
Nos dois parágrafos do Globo fica condensado o linguajar típico das épocas tenebrosas da ditadura militar onde qualquer atividade sindical era sinônimo de terrorismo e subversão. Também na época o julgamento era sumário e os direitos de defesa inexistentes. Mas o “julgamento” tinha efeitos mais graves, que os que hoje provoca essa nota no jornal.
Porque os que assim procedem não estão no poder de ditar o rumo a democracia brasileira e a seu eleitorado. Porque não esqueçamos que o objeto disto tudo é jogar sujo contra a candidata e o partido do presidente Lula, que conta com o respaldo de mais de 70% da população do país.
O comentário do Globo é partidário e é a forma enviesada pela qual entende manifestar sua preferência eleitoral.
A isenção jornalística é a justiça são pisoteadas, com o intuito de atingir a favorita nas pesquisas e favorecer o candidato oposicionista.
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