quarta-feira, 29 de setembro de 2010
NEIL YOUNG
Dizem que sou louco
Neil Young lança disco minimalista e anticomercial e tem as esquisitices contadas em biografia nos EUA
Jeff Daly/Picture Group/Associated Press
O cantor Neil Young durante show na semana passada em hotel na Flórida
ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA
"Pense em mim como aquele que você nunca entendeu", canta Neil Young em "Powderfinger" (1979). A frase o define: um artista imprevisível que parece sempre contrariar o senso comum.
Nunca se sabe o que fará ou por que faz certas coisas.
Nesta semana, saiu nos Estados Unidos "Le Noise", o mais recente disco de Young.
Contando os LPs da carreira solo e os gravados com Buffalo Springfield e Crosby, Stills, Nash & Young, ele já lançou perto de 60 discos. "Le Noise" é, certamente, um dos mais estranhos.
É um álbum radical e anticomercial, o que não é novidade para quem já foi processado pela própria gravadora por ser anticomercial.
Ele parece gostar de confundir todos. Inclusive os fãs.
A prova são os "Neil Young Archives" (sem previsão para chegar ao Brasil), um empreendimento tão monumental quanto confuso. São tantos títulos e tão grande a confusão de datas e informações que até o colecionador mais obsessivo tem dificuldade em acompanhar.
A "Performance Series", por exemplo, uma série de gravações de shows, chegou às lojas pelo volume 2, seguido pelos números 3, zero e 12. Ninguém sabe quando sairão os outros.
Em 2003, ele finalmente permitiu o lançamento em CD de "On the Beach" (1974) -já esgotado no Brasil. Por que deixou uma de suas obras-primas inédita em CD por quase 20 anos, ninguém sabe. E Neil não explica.
Assim como não explica por que relança agora, sem faixas extras, os quatro primeiros álbuns solo: "Neil Young" (1968), "After the Goldrush" (1970), "Everybody Knows This Is Nowhere" (1969) e "Harvest" (1972).
Ninguém entendeu também por que, depois de autorizar o jornalista Jimmy McDonough a escrever sua biografia e passar quase seis anos sendo entrevistado, resolveu cancelar o projeto.
Mas essa ele perdeu: McDonough processou-o e conseguiu publicar "Shakey" (Anchor, US$ 13 na Amazon, 786 págs.). O livro relata, em minúcias, todas as esquisitices de Young
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário