Sílvio Guedes Crespo – Radar Econômico
A revista britânica “The Economist” reafirma na edição desta semana que a candidata Dilma Rousseff (PT) será provavelmente a próxima presidente do Brasil e diz que o atual, Luiz Inácio Lula da Silva, deve continuar influente em 2011. O fato de a eleição ter ido para o segundo turno, avalia a revista, serviu para Lula perceber que seu poder tem limite.
“Lula, que transformou a senhora Rousseff de uma tecnocrata de bastidores em uma vitoriosa eleitoral ao fazer campanha ao lado dela, percebeu que o seu poder de fazer uma rainha tem limite. Mas no final ele provavelmente prevalecerá”, diz a “Economist”.
Para a revista, Dilma terá um Congresso “mais amigável” do que o atual governo tem, mas ela pode ter dificuldade para manter os petistas mais esquerdistas em linha com o seu programa de governo, e aí entraria o papel de Lula.
As afirmações estão em uma das duas reportagens que a revista traz sobre o Brasil nesta semana. O hebdomadário repete uma análise que tem sido feita no Brasil, a de que foi Marina Silva (PV), e não José Serra (PSDB), a responsável pela queda de Dilma nas eleições, e avalia que essa é uma “má notícia” para o tucano.
“Ele [Serra] não conseguiu atrair jovens que não se lembram da hiperinflação que o seu partido resolveu nos anos 1990, nem os pobres do Nordeste em cujos corações Lula reina”, diz a reportagem.
O outro texto da revista sobre o Brasil critica a Justiça devido à demora no julgamento sobre a Lei Ficha Limpa, além de outros recursos de parlamentares, o que faz com que as eleições permaneçam incertas até agora. No total, 11 milhões de votos foram para postulantes cuja candidatura estava indeferida. Se a Justiça as deferir, pessoas que já comemoraram a vitória acabarão ficando de fora do Legislativo.
Estado grande, populismo baixo
O Brasil foi o tema principal também da análise que a Economist Intelligence Unit, empresa do mesmo grupo da revista “The Economist”, divulga semanalmente a seus clientes. O relatório parte do pressuposto de que Dilma será eleita e analisa como tende a ser o seu governo.
Com o título “Política no Brasil: rumo à presidência de Rousseff”, texto diz que a EIU “não prevê que ela [Dilma] persiga políticas significativamente populistas a ponto de colocar em perigo a estabilidade macroeconômica que o Brasil conquistou duramente”.
A análise, no entanto, afirma que a tendência de crescimento do Estado, vista recentemente, deve continuar. Em um governo Dilma, o setor privado continuaria avançando em áreas que antes eram totalmente controladas pelo setor público, como rodovias, portos e aeroportos, mas o Estado tende a aumentar sua influência em indústrias estratégicas, a exemplo do avanço da participação estatal na Petrobrás verificada após a capitalização
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