sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

mídia e poder - A Mídia e as eleições de 2010

Publicado: 03/12/2010 por blogdonpc em 16º Curso NPC!,
Laudenice Oliveira - NPC]

Mídia no Brasil e Eleições de 2010. Esta foi a mesa que encerrou o terceiro dia do 16º Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação que este ano traz como tema O Poder da Mídia no Século 21. Para analisar o papel que a mídia desempenhou durante o processo eleitoral brasileiro , formou-se uma mesa de debate com o Altamiro Borges, do Centro Barão de Itararé; Ivan Pinheiro, da Casa da América Latina; o jornalista Gilberto Maringoni, o professor Valério Arcary, do Instituto Federal de São Paulo; o professor Gabriel Mendes, da FACHA e o Breno Altman, do Ópera Mundi. A um consenso todos chegaram: a mídia brasileira mais do que nunca deixou clara a sua face conservadora nestas eleições. Nunca foi tão transparente a sua defesa do capital e da classe dominante do Brasil. Acompanhe as análises feitas por esses representantes dos segmentos de esquerda e estudiosos do mundo da comunicação.

Hoje a mídia burguesa representa nossa derrota política

Valério Arcary

Valério inicia dizendo que existem dois perigos quando se analisa o papel da mída: uma de valorizar demais e a outra de subestimar. Ele chama a atenção para o fenômeno que se desenhou nesses últimos 25 anos na América Latina, onde os processos eleitorais permitiram uma alternância política em vários países desse continente, lembrando aqui Bolívia, Venezuela, Argentina e o próprio Brasil. Para Valério, a partir dos anos 80, um dos elementos de consolidação dos regimes democráticos é a força da mídia. Ela é um instrumento de dominação, apesar do seu peso relativo. Hoje, entretanto, esse peso é superior ao da década de 30. Isso porque, em grande medida, no século 20 havia movimentos de classe. Movimentos que enfrentavam as idéias e a ordem do capital. As entidades de classe, como os sindicatos, intermediavam as relações do mundo cotidiano com o do trabalho. Eles tinham a sua própria imprensa que dialogava com os operários. Havia uma interação, uma relação direta que levava a um pertencimento ao movimento. Isso gerava uma credibilidade com referenciais materiais. Isto, permitia que os trabalhadores tivessem a sua interpretação de mundo dentro de uma outra lógica.Eram instrumentos que davam sentido a uma interpretação de mundo. Para Valério, isso hoje não existe mais. A mídia burguesa se tornou maior. “Isso representa uma derrota política e até material”, declara.

Mídia brasileira precisa ser regulamentada

Para Valério Arcary, nas eleições 2010 houve uma correlação de forças desfavoráveis. Entretanto ela mostrou um fenômeno que foi o do continuísmo. Um que beneficiou o Alkimin, o Aécio Neves, mas que também beneficiou a Dilma. Ele destaca, entretanto, que mesmo nesse universo do continuísmo há o elemento do antagonismo, do enfrentamento dentro do próprio governo, assim como entre os patrões. No Brasil, a sociedade reacionária faz seu movimento e isso vem crescendo. E quando se trata da mídia, ela não aceita regulamentação, qualquer discussão nessa linha já é considerado censura.

De acordo com Valério, apesar da reação conservadora da burguesia, grande parte da sociedade brasileira quer discutir a radiodifusão. E, levar o debate da TV pública até a sociedade é importante, assim como a regulamentação da mídia. “Discutir a regulamentação da mídia no Brasil é necessário. O país entrou nesse debate já atrasado. Muitos outros países da América Latina já avançaram nessa discussão. A nossa dificuldade de discutir e implementar essa regulamentação tem sido maior e isso tem a ver com o papel que o Estado tem hoje”, analisa Arcary. Ele lembra que o surgimento da TV no Brasil, foi como um empreendimento social. Que aqui nunca se teve uma ação politizada para esse segmento da comunicação e que pouco se discutia e se discute sobre a TV pública . Para ele, até hoje a figura do público nesse espaço de mídia nunca ficou clara. “Desde a época de Vargas que se teve a necessidade de fazer uma TV pública. Entretanto, os governos brasileiros são grandes reféns da comunicação. Eles sempre tiveram dificuldade de enfrentar a grande mídia“, afirma Valério. “Tivemos poucos momentos de discussão sobre TV pública, diante das emissoras de hegemonia comercial. Além disso, é muito difícil a sociedade civil se juntar e se articular ao redor desse tema ou ter acesso a ele, porque o modelo atual se apresenta como único, como se não fosse possível a existência de outro”, diz ele.

Valério diz que enquanto estivermos condenados a um tipo de informação, a um conteúdo único a democracia não avança. “A democracia só avança quando pudermos ter uma visão de mundo diferenciada. É preciso ter canais 24 horas produzindo conteúdo. Além disso, o nosso público infantil também não pode ser deixado nas mãos desses sensacionalistas grotescos, é preciso se fazer um conteúdo para eles também“, argumenta

Originalidade da mídia brasileira

Arcary diz que no Brasil há uma originalidade no que se refere a mídia local. Aqui aconteceu o fenômeno da concentração de mídia, que ficou nas mães de dois, três grupos e ainda com uma especificidade: uma única rede de TV tem mais de 50% de audiência. Essa supremacia viola até os princípios burgueses. Ele lembra ainda que o grupo Globo foi quase a falência no final do governo Fernando Henrique Cardoso e que foi salvo pelo dinheiro do BNDS, no governo Lula. “O grupo Globo ressurgiu das cinzas assim como ressurgiram o grupo Votorantim, a Sadia e outros mais”, revela. De acordo com Valério, apesar do presidente Lula fazer declarações críticas a mídia brasileira, o seu governo teve duplicidade de tratamento neste segmento. “Ele fazia um discurso para uma platéia contra o monopólio. No caso, o discurso era para a sociedade em geral. Mas havia um outro discurso. Este era para o privado, onde se faziam os acordos, os empréstimos para construírem estúdios. Esta é uma originalidade brasileira, que inclusive tornou o setor mais sólido”, diz Arcary. Para ele, a mídia burguesa substituiu o capitalismo nas eleições 2010, devido a sua fragilidade.

Meios de Comunicação de Massa são Partidos

Breno Altman

Na sua palestra, Breno Altman, defende que o fortalecimento dos meios de comunicação no Brasil não é um fenômeno da fraqueza orgânica do capital. “Eles são um partido que detêm a hegemonia“, afirma. Ele diz ainda que as instituições da burguesia perderam a força e a capacidade de articulação com a população e esse papel os meios de comunicação exerce com a construção de ferramentas reais. “Esse fenômeno é de extrema importância para análise da esquerda, para que encontre os meios para a construção da hegemonia”, afirma Breno. Para ele, as eleições no Brasil é a síntese do processo de fusão do poder econômico e político. Ressaltando que há um oligopólio controlado por poucos grupos onde 70% do que se lê, se ouve e se assiste no país é determinado por eles. “Os meios de comunicação exercem o papel de disputa da hegemonia”, salienta. Ele diz ainda que nesse ambiente desgasta-se ao máximo as experiências dos trabalhadores e se estabelece a negação aos valores de esquerda. O ponto necessário é consolidar alternativa eleitoral em torno dos partidos conservadores. Neste sentido, há uma mudança importante nesse percurso. Os meios de comunicação de massa assumiram o perfil de jornalismo de campanha abertamente. “abriram mão de estabelecer equilíbrio entre informações úteis como interesse comum, de ouvir os distintos lados, consolidando como expressões gerais a opinião pública”, explica Altman. Ele diz que o jornalismo de campanha foi assumido abertamente por alguns veículos, como foi o caso do Estadão. Outros colocaram algum verniz, mas apresentavam a mesma postura.

Para Breno, o monopólio esconde as vantagens da classe dominante onde se dissemina suas idéias e valores. E se tratando de comunicação, este foi o território onde o governo Lula não avançou. Ele diz que é bem verdade que desde 2003 que o governo não tem maioria no Congresso, que para garantir as posições do governo, construiu uma aliança de centro esquerda. “Evidentemente que isso tem consequência. A esquerda é minoria no parlamento, na sociedade o tema do monopólio da mídia é pautado mas não passa no Congresso”, observa Altman. Neste ambiente, as condições ficaram difíceis para se defender a quebra do monopólio nas comunicações. “Mas, eu ainda acho que o Lula poderia avançar mais do que avançou . Um conjunto de medidas poderia ter sido organizadas e não foi, como a divisão da verba de publicidade do Estado para os veículos de comunicação”, aponta Breno. Para, ele isso já seria uma revolução, pois muitos veículos populares não estariam morrendo a míngua.

Regulamentação da mídia é necessária e urgente

Breno chama a atenção, ainda, para a questão da regulamentação da mídia no Brasil. Ele defende que as proposta de regulamentação deveriam ter sido feitas já em 2004, quando se trouxe a baila a criação dos Conselhos. ”O governo não travou o bom combate na sociedade. Ele recuou”, afirma. Ele acredita que esse assunto trouxe tensões para a campanha de 2010 e o importante papel dos distintos meios de comunicação independentes fez aflorar o tema da forma que nunca aconteceu nesses últimos oito anos. “Este será um tema relevante para o próximo período: o desmonte do monopólio”, acredita Breno. Ele acha que o governo precisa tomar medidas rápidas e determinadas para equacionar o nó nesse processo político brasileiro. “É inacreditável que em um país onde 40% dos eleitores votam em partidos de esquerda, não há a participação da esquerda nos meios de comunicação. Isso seria importante para o avanço da democracia no Brasil. O que prevaleceu nos últimos anos foram as sobras”, salienta. “Minha impressão, nos diversos fóruns que acompanho, é que agora há um outro tipo de abordagem provocada pelo que aconteceu nas eleições de 2010”, complementa. Para Breno, agora o discurso do governo é uma resposta aos monopólio. Há um sinal de inflexão de correlação de forças. “Acho que em todos os núcleos onde se intervém, se discute, se trabalha, têm hoje uma agenda ampla e importante para se dedicar. Passou para a ordem do dia a quebra do monopólio da comunicação no país. As eleições trouxeram isso para a ordem do dia. É preciso estabelecer através da legislação a descentralização, a democratização dos meios de comunicação. Isto é estratégico“, finaliza.

A mídia é o partido político do capital

Altamiro Borges

Um tema complexo e polêmico. É desta forma que Altamiro Borges classifica a temática das eleições 2010 e a mídia no Brasil. Para ele, a mídia em nosso país vem radicalizando cada vez mais e não mede esforço para se voltar contra a classe trabalhadora. Isto fica muito claro quando ela resolve fazer cobertura de alguma greve e nunca procura saber qual a reivindicação da categoria. Sua posição é sempre de levar para a população os problemas que aquela greve pode está causando para ela. “A mídia é cada vez mais avessa a liberdade de imprensa, é concentrada, pratica as maiores sujeiras. Entretanto, isso não é de agora, desde Canudos a mídia sempre teve posição de classe é contra os trabalhadores. Ela omite o que não lhe interessa e salienta o que lhe interessa”, ressalta Altamiro.

De acordo com Miro, a mídia é o partido político do Capital. É o aparelho privado para se disputar a hegemonia na sociedade e nas eleições 2010, no Brasil, ela foi as raias de fato. A mídia foi o partido da direita, virou forte cabo eleitoral desse segmento. “Ela assumiu o papel da direita, porque a direita e o seu candidato tiveram dificuldade de construir sua síntese. Não conseguiram tratar dos problemas brasileiros: o agrário, a dívida pública, etc. Ela escondeu os temas nacionais. Fez uma campanha preconceituosa e obscurantista”, afirma Borges. Ele ressalta que a campanha deste ano representou um retrocesso para a luta feminista. “Vamos viver quatro anos de virulência machista. Nessas eleições, tivemos a pior cobertura do jornalismo brasileiro”, afirma ele.

As lições que devemos tirar da cobertura das eleições

Altamiro Borges acredita que o poder da mídia não é tão determinante assim. “Digo que ela não está morta, mas não está com essa bola toda não“, declara. Ele não acredita que foi a mídia que levou as eleições para o segundo turno, apesar da manipulação da informação, do seu poder de deformar comportamentos e valores. Para Miro, com o avanço das forças produtivas, as novas tecnologias, a Internet criou brechas e deixou a mídia mais vulneráve, fragilizando seu poder hegemônico. Junta-se a isso o fator da credibilidade, pois o povo brasileiro já começa a duvidar desses veículos. E, dentro desse ambiente, Altamiro diz que o governo Lula apresenta um grande defeito: “ele não apostou na politização do povo brasileiro. Resolveu fazer pactos, não apostou na pedagogia do oprimido. Confiou no seu próprio taco e a consciência do povo brasileiro continuou muito baixa. Isso representou um problema para a Dilma”, avalia ele.

De acordo com Borges, devemos tirar três lições do que representou a mídia nessas eleições. A primeira é não ter ilusão com ela, já que seu comportamento é de execrar quando lhe interessa e no mesmo peso bajular. A outra lição é a de que devemos fortalecer os nossos veículos de comunicação. “Acho que o movimento social ainda não percebeu a importância estratégica da comunicação para a luta. Muitas entidades subestimam a luta de idéias. Não repensa a linguagem dos seu veículos, não aborda outros temas, não pensa outras ferramentas”, analisa. Já a última lição é a de fortalecer, mesmo dentro do Estado burguês, a luta pela democratização dos meios de comunicação. Neste campo entra a defesa do plano nacional de banda larga e o marco regulatório da mídia, dentre outros. “Devemos brigar para não perder essa batalha”, adverte Miro.

Mídia escolheu os candidatos

Na palestra que proferiu sobre a mídia no Brasil e as eleições 2010, Ivan Pinheiro afirmou que as eleições brasileiras se americanizou, tornou-se um show midiático. “é interessante observar que os grandes candidatos se pautam pelos seus concorrentes. Eles não falam necessariamente no que acreditam, mas no que pode lhes trazer votos. A pauta obriga a mudança de discurso, inclusive em função das pesquisas de intenções de voto”, observa Pinheiro.

Ivan defende que a mídia brasileira escolheu os dois candidatos que deveriam ir para o segundo turno. “Nenhum deles propunham a revolução. Eram candidatos que estavam dentro da ordem, só tinham divergências de condução de gestão. E a mídia também escolheu o terceiro colocado que foi a Marina e eu não acredito que ela foi usada. Ela sabia e foi o dique de contenção. A terceira via”, afirma. Para Pinheiro, a burguesia não ficou toda com Serra. Parte dela ficou com Lula e os dois candidatos agregou a burguesia. Inclusive interessava a ela o segundo turno, já que o poder de barganha se torna maior. “O candidato que ganha paga o maior preço. Ele rebaixa e desqualifica seu discurso para pautar os interesses que entram em jogo”, explica ele.

De acordo com Ivan Pinheiro, a mídia não substituiu o capital devido a sua fragilidade. Ela é parte do mesmo problema. “Ela é um partido também”, afirma. Ele critica a posição de alguns movimentos que não entraram em determinadas lutas para não desgastar o governo Lula, como foi o caso da democratização da comunicação. Preferiram criticar a grande imprensa e fazer campanha de boicote aos veículos. Não tiveram independência para lutar . “Se esconderam atrás de falsas lutas. Lutar para que a folha seja democrática? Deixar de assinar o globo em represália? É uma luta vã, demagógica“, sentencia Pinheiro. Ele ressalta que em países como a Venezuela, apesar dos processos de mudanças serem lentos e não profundos, lá eles estão criando seus jornais diários. “Aqui, são oito anos e não se criou um jornal diário para fazer o contra ponto. Há uma acomodação”.

Um jornal para toda esquerda brasileira

Na sua fala, Ivan Pinheiro defendeu a necessidade de um jornal diário para toda esquerda brasileira. Chegou a ventilar a ideia do jornal Brasil de Fato vir a ser esse veículo. “Eu sei que é difícil, mas precisamos tentar. Pensar inclusive em criar uma agência de notícia para a esquerda. Não para fazer a propaganda dos nossos partidos, mas para criar as nossas notícias, para politizar os nossos jornais. Devemos compreender que o jornal de papel é insubstituível para chegar até os operários, a classe trabalhadora”, alerta Ivan Pinheiro.

Democratização da comunicação está na pauta

Gilberto Maringoni

Na abertura da sua palestra, Gilberto Maringoni lembrou que as primeiras discussões sobre a democratização da comunicação ficava muito restrito aos setores que trabalham com esse segmento. Mas que hoje, devido aos ataques que a mídia tem feito, a pauta da democratização dea comunicação está chegando a sociedade brasileira. Ela começa a ganhar a sociedade. “ Essa pauta vai para a sociedade e nós vamos nos impor pela força democrática”, ressalta Maringoni. Ele trouxe a lembrança de que foi em 27 de novembro, há 75 anos atrás, que a esquerda brasileira fez o levante de 35. Foi neste episódio que toda a cúpula do Partido comunista foi preso e aconteceu a deportação de Olga Benário. “E o que isso tem a ver com comunicação? Tem a ver que durante cinco ou seis décadas os fatos foram distorcidos pelas forças de direita e pela imprensa. Construíram a imagem da esquerda como traiçoeira. Então, nós estamos diante de uma manipulação que na é de hoje. Ela apenas transmuda, muda de cara”, explica Gilberto.

De acordo com Maringoni, existe uma certa instabilidade de disputa na América Latina. Ele observa que na Europa, os protestos que vêm acontecendo ainda não se transformaram em disputas eleitorais como tem acontecido na América Latina. “Aqui, apesar de moderada, a luta na disputa de candidaturas é real. E, a direita assumiu os preconceitos, a homofobia nessas eleições”, ressalta. Ele afirma que não se pode negar a pequena democratização no mercado. Porém ainda não houve a democratização para quem vive do trabalho. Entretanto, esse mínimo de democratização espanta a burguesia. “O governo Lula favorece ganhos de capital, mas a diferença é que tem ganhos sociais também e isso ativa os preconceitos na burguesia brasileira“, observa Gilberto.

Ganhos materiais não representou ganho de consciência política

Maringoni afirma que a população brasileira teve ganhos materiais durante o governo Lula. Contudo não aconteceu um aumento na consciência política. “É por isso que houve a virada do segundo turno, quando se introduziu o discurso religioso, fundamentalista, o casamento gay, o aborto e por aí foi”, lembra ele. De acordo com Gilberto, se ganhou o estômago, mas não as cabeças e para ganhar as cabeças temos que fazer duas disputas: a da democratização da comunicação, para termos como intervir, interferir aí e a questão da radio difusão versos telecomunicações. “As grandes telefonias estão entrando na TV digital, elas já tinha o segmento de dados e Internet. Agora investem para entra na TV digital”, observa. Entra aqui o debate da regulamentação da banda larga no Brasil. Hoje, a disputa da direita é quebrar os monopólios, porque quer entra na disputa de conteúdos também. “Do nosso lado, a guerrilha também está na Internet. Os blogueiros. Mas só isso não basta. Temos que lutar pela regulamentação dos conselhos, garantir que o Estado faça isso. Precisamos reunir nossa força social para fazer a pressão”, finaliza Maringoni.
Papel da Imprensa no Brasil é de poder moderador

Gabriel Mendes

Na abertura da sua palestra, o professor Gabriel Mendes afiram que desde 2005 que a imprensa brasileira estabeleceu um padrão de cobertura com face anti-popular e golpista. Realizando intervenções ilegítimas nos processos centrais de disputa em nosso país. “Basta observar como ela coloca a imagem do Lula: ignorante, grosseiro, mas que tem grande capacidade e carisma. Mesmos esses atributos, eles não são políticos”, explica Gabriel.

Outro aspecto que Mendes observa na cobertura da imprensa, é que todas as vezes que o governo procura estabelecer políticas públicas, valorização dos direitos da cidadania, o público é confundido com o estatal e ainda de dissemina a ideia de autoritarismo. Lembrando ainda que o estatal além de ser colocado como autoritário, também é mostrado como ineficiente. “Hoje se fala muito que o sujeito que é funcionário público não gosta de trabalhar, está ali por falta de opção, etc”, explica Gabriel.

Mendes também comum da avaliação de que o governo Lula não avançou muito em diversa áreas. Mas acha que ele valorizou a distribuição de renda entre as camadas mais populares e que isso a mídia sempre fez questão de dizer que era assistencialismo. O papel da imprensa no Brasil é de poder moderados, segundo Gabriel. A possibilidade de debate político e politização não existe nesse universo. Mendes discorda das análises de que a campanha foi despolitizada. Ele acredita que a Dilma tinha interesse de politizar a campanha, mas o Serra não. Para alavancar sua campanha ele pegou o gancho da corrupção e explora o moralismo, o machismo, as questões religiosas. “Esse tipo de campanha mostra o quanto a direita reacionária está muito acordada. Não dorme profundamente como parecia”, adverte Gabriel.

Mendes diz que a Dilma caiu no debate dos valores, mas voltou atrás devido ao casuísmo eleitoral. Por outro lado, devido a crise que o PSDB passou na década de 90, ele entrou num vácuo de inteligência. Este fenômeno passou para dentro da imprensa. “Uma insanidade de pensar que poderia ser representativa. Mas ela não representa ninguém”, declara. Ele afirma que o país não grita pela imprensa. Quem grita na im,prensa são os donos desses veículos, que querem legitimar suas posições, por isso fazem suas críticas ferrenhas a quem se contrapõe a eles. “O que precisamos é valorizar a permanência e o fluxo de informação independente. Fazer o debate democrático. Pensar num mundo onde todos sejam proprietários e produtores de informação”, finaliza Gabriel Mendes.

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