terça-feira, 7 de julho de 2009

LULA E SARKOZY: PARA UM NOVO MULTICULTURALISMO

Enquanto isso, Obama disse na Rússia:

(Os EUA continuam "superpotência militar" e "a maior economia do mundo.)

Mas o mundo está se tornando mais integrado. Você tem países como China, Índia e Brasil muito mais desenvolvidos que no passado"."

"You've got countries like China and India and Brazil that are much more developed and growing much more quickly than in the past".


Aliança para Mudança
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA e NICOLAS SARKOZY


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O Brasil e a França desejam oferecer ao mundo sua visão compartilhada de um novo multilateralismo adaptado ao mundo multipolar
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A PRÓXIMA reunião de cúpula do G8, e do G8 + 5 (África do Sul, Brasil, China, Índia e México, mais Egito), a realizar-se em Áquila, na Itália, será a primeira desde que se tomou pleno conhecimento da extensão da crise financeira e econômica que estamos enfrentando. A crise ressalta o nosso grau de interdependência e impõe aos líderes a necessidade de dar uma resposta coletiva, baseada em valores e responsabilidades compartilhadas. Também nos força a avaliar o desempenho das instituições internacionais e a repensar as atuais estruturas de governança global.
A necessidade de reformar a governança global não nasceu com a crise. Bem antes de sua eclosão, já era patente o déficit de representatividade e de coerência do sistema multilateral. A capacidade das instituições internacionais de superar os graves desafios do mundo atual precisa ser reforçada, e seus mandatos, revistos.
Isso se aplica aos mais diversos campos, da economia à segurança, da energia ao meio ambiente. A crise apenas evidenciou o fato de que nós, líderes de nossos países, precisamos ser sujeitos das reformas necessárias para a construção de um mundo mais justo, desenvolvido e sustentável. Não estamos começando do zero.
Algum progresso já foi alcançado. Em temas econômicos e financeiros, as cúpulas do G20 de Washington e de Londres contribuíram para fortalecer o diálogo entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento. Fomos capazes de chegar a resultados concretos porque nos unimos.
As reuniões entre o G8 e o G5/G6 são outro exemplo da necessidade de incluir os países emergentes nas discussões sobre o futuro da economia internacional e sobre o enfrentamento dos desafios globais. Os países emergentes representam não apenas uma parcela enorme do território e da população do planeta mas também (e cada vez mais) do consumo e da produção globais. Nunca a cooperação internacional foi tão necessária.
Agora precisamos ir além. As organizações financeiras internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, precisam dar maior peso às economias emergentes mais dinâmicas nos seus processos de tomada de decisões.
Também devem ser postas em prática as decisões tomadas pelo G20, no sentido de melhor regular e supervisionar as finanças internacionais, coibir a especulação, combater os paraísos fiscais e centros de lavagem de dinheiro e promover o crescimento. Com a crise, a ameaça do protecionismo ganhou novo impulso. A conclusão da Rodada Doha da OMC é tarefa urgente, para que se possa alcançar acordo ambicioso, amplo e equilibrado que beneficie sobretudo os países em desenvolvimento -em particular os mais pobres- e para que se reforce o multilateralismo comercial.
Mas, para tirarmos todas as lições da crise, nós precisamos seguir nesse esforço e estendê-lo para além da esfera econômica e financeira. Não há paz sem desenvolvimento econômico e social nem há prosperidade duradoura sem estabilidade e segurança. Cada vez mais, os conflitos ocorrem em países fragilizados social e economicamente. A pobreza e a exclusão social agravam a instabilidade no sistema internacional.
É chegado o momento de priorizar a dimensão social da globalização. Em todo o mundo, trabalhadores que enfrentam a tempestade econômica clamam por mais justiça e por maior segurança. Suas vozes precisam ser ouvidas. O impacto social da crise atual deve ser enfrentado diretamente pelas organizações internacionais, e o papel da OIT na governança econômica global deveria ser muito fortalecido nesse aspecto. A estrutura para o tratamento da paz e da segurança coletiva também requer adaptações significativas. Deve-se levar a bom termo um processo abrangente de reforma do Conselho de Segurança da ONU, de modo a salvaguardar uma ordem internacional mais equilibrada e inclusiva.
Para garantir a eficácia do conselho, ele deve refletir as realidades atuais, inclusive um papel maior para os principais países em desenvolvimento em todas as regiões, como o Brasil e a Índia, uma representação mais justa para a África e para os principais contribuintes das Nações Unidas, como o Japão e a Alemanha.
Outros perigos também ameaçam a paz e o desenvolvimento. A mudança do clima impõe enorme desafio à governança global. É preciso chegar a resultado ambicioso em Copenhague, em dezembro, para alcançarmos o objetivo comum de evitar uma séria mudança climática e limitar a 2 o aumento da temperatura global. Todas as nações devem reduzir suas emissões conforme as recomendações do IPCC e o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas.
Outros desafios globais incluem o crime organizado e transnacional, o terrorismo, o tráfico de pessoas e de drogas, as pandemias e a segurança alimentar. Nossas respostas a essas ameaças são insuficientes muitas vezes, por causa da fragmentação das organizações internacionais e de sua tendência a duplicar trabalhos.
Os mecanismos atuais para a governança global são inadequados para lidar com o caráter sistêmico e a inter-relação dos diversos desafios que enfrentamos. A escala da crise econômica cria uma oportunidade única para que se comece a reformar amplamente as instituições internacionais. O Brasil e a França desejam oferecer ao mundo sua visão compartilhada de um novo multilateralismo adaptado ao mundo multipolar. Não podemos lidar com os problemas do século 21 com instituições internacionais que são legado do século 20.
Junto com outros líderes mundiais, precisamos forjar uma "Aliança para Mudança", a fim de promover essa visão de uma ordem mundial mais democrática, fundada em maior solidariedade e justiça. Isso é o que os cidadãos do mundo esperam de nós. Somente assim estaremos à altura dos desafios do nosso século.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA é o presidente do Brasil.
NICOLAS SARKOZY é o presidente da França.

DEU NO NYT

Alliance for Change
By NICOLAS SARKOZY and LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Published: July 6, 2009

summit meeting which is taking place in L’Aquila, Italy, at which the Group of 8 (Britain, Canada, France, Germany, Italy, Japan and the United States) is joined by South Africa, Brazil, China, India, Mexico and Egypt, will be the first since we realized the extent of the financial and economic crisis we are facing.

This crisis highlights our degree of interdependence. It calls for leaders to promote a collective response, based on shared values and responsibilities. It also compels us to assess the performance of our international institutions and to rethink current global governance structures.

The need to reform global governance did not spring from the crisis. Well before its outbreak, the multilateral system was conspicuously unrepresentative and lacking in coherence. The ability of international institutions to respond to the serious challenges of today’s world needs to be reinforced and their mandates reviewed.

This applies in many areas, from the economy to security, from energy to the environment. The crisis has highlighted the fact that we, as leaders of our countries, must be at the helm of the reforms needed to build a more just, developed and sustainable world.

We are not starting from zero. Some progress has already been achieved. On economic and financial matters, the G-20 summits in Washington and London contributed to strengthening the dialogue between developed and developing nations. Together we have been able to achieve concrete results, because we were united.

The meetings between the G-8 and the G-5/G-6 are another example of the need to include emerging countries in the discussions on the future of the world economy and in tackling major global challenges. Not only do the emerging countries represent a huge portion of the planet’s landmass and population, but also (and increasingly) of global consumption and production. Never has international cooperation been more necessary.

Now we must go further. International financial organizations, such as the International Monetary Fund and the World Bank, must give greater weight to the dynamic emerging economies in their decision-making processes. The decisions taken by the G-20 to improve the regulation and oversight of international finance, to curb speculation, to crack down on tax havens and money laundering centers, and to foster growth must be implemented.

With the crisis, the threat of protectionism has loomed larger. The conclusion of the World Trade Organization’s Doha Round is an urgent task, with a view to reaching an ambitious, comprehensive and balanced agreement, which will especially benefit developing countries, and particularly poorer ones, and reinforce multilateralism on trade.

But if we are to draw all of the lessons from this crisis, we must pursue this effort and extend it beyond the economic and financial spheres. There can be no peace without economic and social development, nor can there be lasting prosperity without stability and security. Conflicts have increasingly occurred in countries that are socially and economically debilitated. Poverty and social exclusion exacerbate instability in the international system.

It is now time to prioritize the social dimension of globalization. Worldwide, workers facing the economic storm are asking for more justice and greater security. Their voices must be heard. The social impact of the current crisis should be specifically addressed by international organizations. The role of the ILO in global economic governance should be greatly strengthened in this regard.

The structure for peace and collective security also requires significant adaptations. A wide-ranging reform of the U.N. Security Council must be implemented, with a view to safeguarding a more balanced and inclusive international order. To ensure the effectiveness of the Council, it must reflect current realities, including a greater role for major developing countries in all regions, such as Brazil and India, fairer representation of Africa and of major contributors to the U.N. system, such as Japan and Germany.

Other dangers, too, threaten peace and development. Climate change poses a major challenge to global governance. A far-sighted outcome is needed in Copenhagen next December to achieve our common goal of preventing serious climate change and limit to 2 degrees Celsius the increase in global temperature. All nations must reduce their emissions consistent with the recommendations of the I.P.C.C. and with the principle of common but differentiated responsibilities.

Other global challenges include organized and transnational crime, terrorism, drug and human trafficking, pandemics, and food security. Our responses to those threats are often insufficient because of the fragmentation of international organizations or their tendency to duplicate work already done by others.

The present mechanisms for global governance are unsuited to deal with the systemic character and the interrelation of the myriad challenges which we face. The scale of this economic crisis presents us with a unique opportunity to set about comprehensively reforming the international institutions.

Brazil and France wish to offer to the world their shared vision of a new multilateralism adapted to our multipolar world. We simply cannot address the problems of the 21st century with the international institutions inherited from the 20th century.

Along with other world leaders, we must forge an “Alliance for Change” in order to promote this vision of a more democratic world order, one founded in greater solidarity and justice. That is what the citizens of the world expect of us. In that way alone will we rise to the challenges besetting our century.

Nicolas Sarkozy is the president of France and Luiz Inácio Lula da Silva is the president of Brazil.


LULA DIZ QUE RICOS FAZEM
POUCO PARA AJUDAR POBRES

Rich countries doing little to help poor - Brazil's Lula
Rich countries are not living up to their pledges to help developing countries weather the effects of the global economic crisis, Brazil's President Luiz Inacio Lula da Silva said on Monday.

"I am seeing little being done by the rich countries in the help they are supposed to give," Lula said on his weekly radio broadcast ahead of this week's meeting in Italy of G8 industrial nations and the main developing economies.

"We need to demand the things we agreed that the International Monetary Fund would do and that the World Bank would do, and I think this meeting is extremely important," said Lula, who is currently visiting France.

The G20 group of nations, which includes leading emerging markets, agreed in London in April to triple the resources of the IMF to $750 billion to help cushion the impact on countries from the economic crisis.

The summit also set a target to more than double lending to the world's poorest countries and said additional resources for them would be raised through already agreed IMF gold sales.

Lula, who has positioned Brazil as a leader of the developing world, has accused rich countries of causing the global crisis and forcing poor nations into hardship. Ahead of April's summit, he blamed "white people with blue-eyes" for irrational behavior that set off the financial crisis last year.

Italy has invited 40 nations and organizations, representing 90 percent of the world economy, to next week's G8 summit in a bid to make the Group of Eight more relevant as world economic power shifts to include large developing nations like Brazil and China.

Lula said the G20, whose next summit is in September, had now overtaken the G8 in importance.

"The big forum for economic questions should be the G20," he said. "The truth is that the situation is so complicated that today it is very difficult for the rich countries to take a position that does not take into account the so-called BRICs."

The BRIC group is made up of Brazil, Russia, India, and China

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