segunda-feira, 13 de julho de 2009

DESREGULAMENTAR - UM CRIME, DIZ BRESSER

Os banqueiros se esquecem de que foi a desregulamentação criminosamente empreendida nos anos 1980, no quadro do fundamentalismo ideológico neoliberal, que levou a economia mundial a esta imensa crise e ao terrível desemprego que ainda deverá continuar crescendo nos países mais atingidos.

A afirmativa do ex-ministro Bresser-Pereira critica os banqueiros que negam a necessidade dos bancos serem regulamentados.


~Quando vejo essa atitude da finança internacional diante da regulamentação, fico perplexo. Os grandes bancos não precisam do neoliberalismo para realizar bons lucros. Basta que tenham a patente concedida pelo Estado e sejam bem administrados. A regulamentação do sistema financeiro é uma necessidade da sociedade e uma obrigação do Estado por diversas razões: porque, na medida em que os mercados financeiros lidam com uma "mercadoria" baseada na confiança -o dinheiro-, eles são intrinsecamente instáveis; porque os bancos, por meio de seus empréstimos e dos respectivos depósitos, têm capacidade de criar dinheiro -uma prerrogativa pública; porque, dado o risco de crise sistêmica, os grandes bancos não podem quebrar. Por essas razões, os grandes bancos comerciais são instituições quase públicas, que necessitam de uma patente ou autorização do Estado para funcionar.
Entretanto, essa obrigação do Estado não existe contra o sistema financeiro, mas a favor dele, já que, embora a estabilidade financeira interesse a toda a sociedade, interessa ou deveria interessar principalmente aos próprios bancos. Os dirigentes das instituições do sistema financeiro, entretanto, têm dificuldade de compreender esse fato. Especialmente se não forem proprietários, mas apenas dirigentes profissionais remunerados por bônus.

Por que, então, dirigentes financeiros continuam a pressionar por liberalização? Por mera ideologia fundamentalista de mercado? Por que seus dirigentes tecnoburocratas ou profissionais estão mais interessados em bônus a curto prazo do que em lucros a médio prazo, já que no capitalismo os profissionais não são mais os donos dos bancos mas apenas seus dirigentes? Tanto por um como pelo outro motivo. Motivos que podem fazer sentido para dirigentes profissionais, mas são contrários ao interesse público~, diz Bresser.


E CONTINUAM LIVRES, LEVES E SOLTOS E, PARA PROFESSOR, IRRITANTES!!!


NIALL FERGUSON
Professor britânico da Universidade Harvard

“Medidas estão sendo tomadas para impulsionar instituições que eram vistas como “grandes demais para quebrar”. E eu concordo com os que dizem que, se algo é grande demais para quebrar, é grande demais mesmo, e provavelmente não deveria existir”

“Está muito claro que a crise financeira foi causada por um grosseiro erro de cálculo e de administração pelas pessoas que geriam os bancos. E o fato de que muitos deles continuam a comandar os bancos é profundamente irritante”

“A liderança parece estar mudando em direção à China. Embora isso leve tempo e seja imprevisível (…), é razoável dizer que em 10 ou 20 anos os PIBs da China e dos EUA não serão diferentes”

Como a história financeira explica a geopolítica
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Pense no declínio dos impérios português e espanhol, que nos 1600 pareciam os protagonistas da economia global. O declínio da Espanha foi claramente financeiro, porque a disponibilidade de prata do Novo Mundo teve o efeito de minar a saúde institucional do império espanhol e abrir o caminho para novas potências financeiras. Primeiro a Holanda, e depois, claro, a Inglaterra. A França era um império poderoso no século 18, mas, financeiramente, um império fraco, que em última análise caiu exatamente por isso -a Marinha britânica era muito maior, porque os franceses não tinham um mercado de "bonds", não tinham a capacidade de se financiar naquela escala. No século 20, é o Reino Unido que está em problemas, como consequência de dívida e baixo crescimento, especialmente depois de 1945. Então seria perfeitamente familiar, de um ponto de vista histórico, se essa crise financeira levasse a uma aceleração da mudança dos Estados Unidos para a China. Nós já vimos nos últimos dez anos que a liderança parece estar mudando em direção à China. Embora isso leve tempo e seja imprevisível -já que a China pode sempre entrar em dificuldades-, é razoável dizer que em 10 ou 20 anos os PIBs da China e dos EUA não serão diferentes.

Meu argumento é que, para entender a economia mundial, é necessário entender a relação entre a China e a América [EUA]. A China exportadora, a América importadora. A China poupadora, a América gastadora. Essa relação esteve no centro da economia global nos últimos dez anos, e o interessante é perguntar se a crise levará ao fim da "Chimérica". A China tem reclamado cada vez mais do modo como os EUA lidam com a crise.

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