Mostrando postagens com marcador Mídia e Internet. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mídia e Internet. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 19 de abril de 2011

A crise do jornalismo investigativo nos EUA - blog do nassif

29/11/2010 - 09:19
Por raquel_
Por falar em jornalismo investigativo, a Piauí de setembro lançou uma matéria falando sobre a crise deles no EUA:

Da piauí

Caro, trabalhoso, chato

O jornalismo investigativo americano luta para sobreviver

Bianca Vianna

Steve Coll trabalhou mais de vinte anos no Washington Post. Foi repórter, editor, correspondente internacional e diretor de redação do jornal. Tem seis livros publicados, ganhou dois prêmios Pulitzer e escreve sobre segurança nacional na revista The New Yorker. Com seu rosto redondo e um resto de franja ruiva que resiste à calvície, aos 52 anos Coll parece um menino envelhecido. “Se estivesse começando agora, escolheria outra profissão”, disse ele, desanimado, folheando uma piauí na sala de reuniões da New American Foundation, da qual é presidente. “O tipo de jornalismo que fiz a vida toda, com reportagens investigativas longas, de estilo narrativo, acabou.”

Foi outro dia mesmo – na segunda metade do século XX – que o jornalismo investigativo americano viveu sua época de glória. Em 1969, o repórter Seymour Hersh publicou em mais de trinta jornais uma reportagem sobre o acobertamento do massacre de centenas de civis por soldados americanos na aldeia de My Lai, no Vietnã.


Dois anos depois, o New York Times publicou os “papéis do Pentágono”, uma série de reportagens sobre um estudo secreto do próprio governo que demonstrava a impossibilidade de ganhar a guerra do Vietnã.

Em 1972, por fim, Bob Woodward e Carl Bernstein, repórteres policiais do Washington Post, descobriram que a Casa Branca colocara escutas ilegais na sede do Partido Democrata, no edifício Watergate, na capital americana. A investigação levou dois anos, e mostrou que Richard Nixon não só ordenara o crime como tentara escondê-lo da Justiça, o que provocou a renúncia do presidente, em 1974.

Woodward e Bernstein, com alguma ajuda de Robert Redford e Dustin Hoffman, que os retrataram bonitos e charmosos em Todos os Homens do Presidente, tornaram o jornalismo investigativo uma atividade glamorosa. As escolas de jornalismo encheram-se de jovens querendo derrubar presidentes.

São reportagens como essas que, segundo Steve Coll, podem estar em vias de extinção nos Estados Unidos. O motor da crise está na internet, que alterou tanto a maneira como a imprensa escrita obtém lucro quanto os hábitos de leitores e anunciantes.

O início da crise remonta a 1995, quando Craig Newmark começou a enviar para uma lista de endereços eletrônicos um boletim gratuito com informações sobre eventos sociais em São Francisco, cidade para onde se mudara recentemente e na qual não tinha muitos amigos. A iniciativa resultou na craigslist.org, hoje o maior site de anúncios classificados do mundo, com 20 bilhões de page views por mês, mais de 50 milhões de usuários só nos Estados Unidos e versões em setenta países (no Brasil, ele existe em nove capitais).

O site da Craigslist, feio e funcional, lembra as velhas seções de classificados que veio a substituir. Cobra-se apenas por determinados tipos de anúncios, em algumas cidades. Corretores de imóveis em Nova York têm de pagar. Já os de Des Moines, capital do Iowa, anunciam de graça. Nas dezoito maiores cidades americanas, são cobrados os classificados de empregos e as ofertas de serviços, e nas outras não.

A Craigslist tem uma receita anual estimada em pouco mais de 100 milhões de dólares – quase nada, quando se pensa no estrago que ela causou. Até o surgimento do site, os grandes jornais americanos financiavam 80% de suas operações com classificados e anúncios. Apenas 20% vinham de assinaturas e da venda em bancas. Os classificados garantiam a sobrevivência dos jornais não só pelo seu peso na receita, mas também pela pulverização que representavam. Junto com os anúncios do comércio local, eles garantiam o equilíbrio das contas, caso o jornal perdesse um ou outro anunciante de grande porte.

É por isso que Steve Coll acha uma falácia debater se os leitores devem ou não sustentar os jornais pagando pela leitura on-line. “Leitor nunca sustentou jornal. Eram os classificados e os anunciantes que o faziam”, ele disse. E tanto um como o outro foram atraídos para a internet.

Nos grandes jornais, os anunciantes pagavam caro pelo acesso a um público enorme, variado e disperso. Ou seja, desperdiçavam dinheiro para atingir leitores que nunca comprariam suas mercadorias. A internet resolveu o problema. Casando resultados de buscas, histórico de compras e informações colocadas pelos próprios consumidores em sites de relacionamento, é possível acercar-se com precisão do público-alvo. O retorno é maior e o custo dos anúncios é menor.

Além da derrota econômica para a internet, os jornais também foram vencidos na batalha, por assim dizer, ideológica. Mais precisamente: eles se renderam. Renderam-se à premissa, alardeada pelos conglomerados on-line, de que tudo na internet deve ser acessível e gratuito. Com isso, o trabalho de jornalistas como Steve Coll passou a ser distribuído de graça e reproduzido por toda a rede. Parte dos leitores migrou do papel para os sites de notícias.

A crise se instalou. A companhia que controla o Los Angeles Times e outros jornais tradicionais, como o Chicago Tribune, pediu concordata. O Washington Post, cuja margem de lucro caiu 25% nos últimos cinco anos, sobrevive subsidiado pela Kaplan, empresa de materiais didáticos pertencente ao mesmo grupo. O New York Times, com uma queda de 50% na margem de lucro, foi obrigado a tomar um empréstimo a juros altos do bilionário mexicano Carlos Slim. A revista semanal Newsweek, que no ano passado perdeu 30 milhões de dólares, foi vendida para o milionário Sidney Harman por 1 dólar (mais as dívidas). A circulação da mídia impressa caiu 30% em um par de anos. Calcula-se que 26 mil jornalistas tenham perdido o emprego desde 2008. As áreas que mais sofreram foram o jornalismo investigativo e a cobertura internacional.

Nesse cenário devastado apareceu, no improvável papel de herói, o casal de velhinhos Marion e Herb Sandler. Hoje chegando aos 80 anos de idade, os Sandler começaram a fazer fortuna em 1963, com a criação da Golden West Financial Corporation. O negócio cresceu e se tornou o World Savings Bank. Em 2006, logo antes da crise financeira, o casal o vendeu para o banco Wachovia. Dos 2,4 bilhões de dólares que receberam na transação, 1,4 bilhão foi destinado à pequena fundação que haviam criado anos antes. O aporte pôs a Fundação Sandler entre as trinta maiores dos Estados Unidos.

Os Sandler começaram a financiar pesquisas de doenças parasitárias e criaram um programa de estudo da asma, doença da qual Marion sofre. Doaram mais de 30 milhões de dólares para a organização de direitos humanos Human Rights Watch. Fundaram um centro de estudos, em Washington, dirigido por John Podesta, ex-chefe de gabinete de Bill Clinton. E decidiram bancar um projeto de jornalismo sem fins lucrativos.

O casal distribui dinheiro de um modo singular. Em vez de receber propostas, como ocorre com a maioria das fundações americanas, são eles que saem atrás das melhores pessoas das áreas para as quais querem fazer doações. Os beneficiários são surpreendidos por um telefonema oferecendo financiamento para seus projetos. Mas a Fundação Sandler esquadrinha a vida dos escolhidos como se fossem candidatos a emprego na Casa Branca. Colegas e ex-colegas recebem telefonemas em busca de informação, e toda a vida profissional dos possíveis favorecidos passa pelo crivo do casal.

Foi assim que chegaram a Paul Steiger, o diretor de redação do Wall Street Journal. Os Sandler queriam saber em quais áreas do jornalismo seu dinheiro poderia fazer diferença. Ouviram de Steiger que o jornalismo investigativo é o ramo mais importante para o funcionamento de uma democracia – e o que mais está em risco. O casal, que havia conversado com outros jornalistas, disse-lhe então que queria montar uma redação que se dedicasse exclusivamente a reportagens investigativas. Seria uma redação bem paga, que trabalharia em liberdade e não buscaria o lucro. A única condição do casal foi que Steiger fosse o editor-chefe.

Investigações jornalísticas são trabalhosas, caras, demandam tempo e nem sempre rendem reportagens publicáveis. Pode se passar meses escarafunchando um assunto e não conseguir material suficiente. A maioria exige viagens e algumas requerem mais de um repórter trabalhando em tempo integral. Também costumam ser bem mais longas do que as matérias comuns, o que, no mundo do Twitter, lhes reduz o número de leitores em potencial.

Reportagens de Steve Coll para a New Yorker, por exemplo, ocupam de quinze a vinte páginas da revista e custam mais de 100 mil dólares. “Dependendo da dificuldade de acesso e das condições do lugar”, disse Coll, “30 mil vão só para cobrir as despesas de deslocamento.” Como os países sobre os quais ele costuma escrever são Iraque, Paquistão e Afeganistão, a essas despesas somam-se os custos com segurança e apólices de seguro contra sequestros. Paul Steiger conhece esse risco. Ele chefiava a redação do Wall Street Journal em 2002, quando o repórter Daniel Pearl foi sequestrado e morto pela Al Qaeda depois de cinco semanas de cativeiro no Paquistão.

Gerry Marzorati, editor-chefe da New York Times Magazine, a revista dominical do Times, lembrou-se das guerras que cobriu na América Central, nos anos 80: “Os rebeldes precisavam da imprensa para divulgar sua luta. Não nos viam como inimigos. Era raro um repórter ser ferido. Com 200 dólares dava para se hospedar por um mês no InterContinental em San Salvador e a gente ainda ganhava um arroz com feijão que não era nada mau.”

Em janeiro de 2008, Paul Steiger e os Sandler fundaram a Pro Publica, no 23º andar de um prédio na ponta sul de Manhattan, a cinco minutos da Bolsa de Valores e em frente à famosa escultura do touro de Wall Street. O aluguel estava barato porque o lugar pertencia a uma corretora de valores que acabara de quebrar.

A redação é decorada com discrição, toda em tons de bege, com muita luz natural e amplas vistas da cidade. O ambiente é sóbrio. Os chefes usam gravata. Os outros se vestem com discrição. Todos falam baixo e mal tiram os olhos de seus monitores Apple. As baias não têm decoração pessoal, nada de retratos ou pôsteres, nenhum bonequinho ou desenho de criança.

Quando foi procurado pelos Sandler, Steiger se aproximava dos 65 anos, idade de aposentadoria compulsória no Wall Street Journal. A Pro Publica lhe deu a oportunidade de recomeçar do zero, numa versão para o século xxi da carreira que teve no século xx. Seu entusiasmo é o de um novato, em contraste com o ceticismo de Steve Coll, mas idêntico ao redator-chefe Steve Engelberg. Outro veterano, Engelberg costuma dizer, em suas muitas aparições públicas para falar do empreendimento, que esse é o melhor emprego que já teve na vida.

A Fundação Sandler doou 30 milhões de dólares para sustentar os três primeiros anos da Pro Publica. A cada final de ano o financiamento pode ser renovado por mais doze meses, de tal forma que, se a fonte secar, a redação terá sempre dois anos para buscar novos patrocinadores. Até agora, a renovação aconteceu como previsto. O dinheiro está garantido até pelo menos 2013.

A Pro Publica só faz reportagens investigativas. Nas palavras de Susan White, uma das quatro editoras, dali “só sai notícia ruim”. São 32 pessoas que investigam governo, instituições, indivíduos e empresas. Além da redação em Nova York, há uma sucursal em Washington, com quatro pessoas. As reportagens podem levar semanas, meses ou anos para ficar prontas. Dinheiro não é problema.

Ao abrir as portas, há dois anos, sem pôr um anúncio, Steiger recebeu 1 400 currículos de gente querendo trabalhar lá. Para Mike Webb, o diretor de comunicações, o número colossal de candidatos “revela mais sobre a situação do jornalismo americano do que sobre a nossa redação”. Com o orçamento anual de 10 milhões de dólares, Steiger não teve dificuldade em montar uma equipe de primeira, composta de jornalistas do Wall Street Journal, New York Times, Washington Post e outras publicações da grande imprensa. Há oito vencedores do Pulitzer na equipe. Há também jornalistas jovens, com experiência em internet.

A Pro Publica não trabalha com voluntários nem freelancers na apuração e redação de matérias. Os repórteres são todos contratados em regime de dedicação exclusiva e recebem salários que equivalem aos da grande imprensa. Segundo Philip Gourevitch, repórter da New Yorker, a Pro Publica “é uma redação de verdade, chefiada por um jornalista de verdade, com repórteres de verdade. A única coisa que eles não têm de fazer é administrar um jornal”.

A organização mantém um site no qual se define como uma “redação independente e sem fins lucrativos dedicada a servir o público”. As reportagens estão sempre disponíveis ali. Mas, para obter maior repercussão, a prioridade é publicá-las em parceria com jornais, revistas, sites de notícias e redes de rádio e televisão. A missão da Pro Publica, segundo Mike Webb, é publicar matérias com “força moral, apurar casos de abuso de poder e desmando por parte de indivíduos, governo e instituições públicas ou privadas, como hospitais, escolas, universidades ou a polícia”.

Em maio passado, a Pro Publica ganhou seu primeiro Pulitzer. A reportagem premiada teve como tema as decisões tomadas por médicos de um hospital de Nova Orleans nos dias imediatamente posteriores à passagem do furacão Katrina. Assinada por Sheri Fink e publicada na revista do New York Times, a matéria levou dois anos para ser apurada, escrita e editada. Nesse período, a repórter se dedicou exclusivamente ao assunto, sem publicar mais nada. O custo total das quase 13 mil palavras publicadas sobre os médicos de Nova Orleans ficou em cerca de 350 mil dólares, a maior parte bancada pela Pro Publica.

Em sua sala no novo edifício do New York Times, projetado pelo arquiteto italiano Renzo Piano, Gerry Marzorati, editor da revista dominical, explicou: “Matérias investigativas tratam de assuntos delicados, requerem checagem cuidadosa de todos os fatos e de todas as fontes. Tudo passa pelos advogados, o que aumenta o custo. Hoje, são poucas as organizações jornalísticas capazes de arcar com um projeto assim.”

Nos Estados Unidos, todas as reportagens e artigos que lidam com fatos polêmicos passam por avaliação jurídica, como precaução contra processos. O New York Times tem uma equipe própria de advogados para cuidar disso. Na Pro Publica, essa é a área de Dick Tofel, advogado e administrador da redação. A reportagem de Sheri Fink foi submetida aos advogados das duas publicações.

Marzorati refez o histórico da matéria: “Sheri nos havia oferecido a matéria antes até de começar a escrevê-la. Não aceitamos porque não a conhecíamos e ela não era repórter de revista. Meses depois, Steve Engelberg, que eu conhecia dos muitos anos dele no New York Times, me falou de novo da matéria. Com esse aval, foi mais fácil aceitar uma reportagem produzida por outra redação que não a nossa. Como a Pro Publica não tem editores de revista, levamos quase um ano na edição, que foi feita em conjunto.”

Em quase três anos de existência, a Pro Publica fez parcerias com todos os grandes jornais americanos e com muitos dos pequenos e médios, como o Times-Picayune, de Nova Orleans, e o Miami Herald. Suas matérias são veiculadas em sites de notícias como o Politico, o Huffington Post e o Daily Beast. E em programas de televisão de grande audiência, como o 60 Minutes, da cbs, e o 20/20, da abc. A CNN também leva ao ar reportagens da Pro Publica.

Um parceiro estratégico é a National Public Radio, a npr, que tem mais de 20 milhões de ouvintes. A Pro Publica colabora regularmente com vários programas da emissora. Um deles é o This American Life, que foi escolhido para trabalhar em conjunto numa reportagem sobre um hedge fund predatório chamado Magnetar. Antes da crise de 2008, o fundo ganhou muito dinheiro especulando, ou manipulando, o mercado de hipotecas de risco.

This American Life é semanal. Apresenta sempre um tema ilustrado por duas ou três histórias reais, contadas com rigor jornalístico mas também com muito humor. Jake Bernstein e Jesse Eisinger, repórteres da Pro Publica acostumados à linguagem seca e direta das seções de economia, passaram sete meses investigando o Magnetar. Contribuíram com o programa dando entrevistas e explicações sobre o complexo mundo dos derivativos. A equipe do This American Life cuidou de tornar o assunto palatável aos seus mais de 6 milhões de ouvintes mensais. Bernstein e Eisinger, que nunca haviam trabalhado com rádio, viram sua matéria inspirar uma canção, intitulada Apostando contra o sonho americano, baseada no tema do musical Os Produtores. Em forma escrita, austera e sem música, a reportagem saiu também no site da Pro Publica.

Jesse Eisinger, que tem trinta e poucos anos e trabalhara com Steiger no Wall Street Journal, acha que a parceria com a equipe irreverente e talentosa do This American Life foi das melhores experiências de sua carreira. Num café próximo à redação, ele contou que quando Steiger o convidou para a Pro Publica, não teve dúvidas em aceitar.

Ele era repórter da revista financeira Portfolio, que estava prestes a fechar, e tinha boas propostas de emprego da Reuters e da Bloomberg. Na Pro Publica, o salário era um pouco menor. Mas Eisinger contava com a indenização que receberia da Portfolio. E, sobretudo, queria mudar o rumo da sua vida profissional. “Eu escrevia colunas sobre como os ricos podem ganhar ainda mais dinheiro”, disse. “Queria algo novo, e ainda não havia tido muitas oportunidades de fazer jornalismo investigativo.”

Eisinger se entusiasma com a Pro Publica: “Ao contrário do que acontece num grande jornal, onde há sempre muitas editorias, aqui todos seguem a mesma direção, com os mesmos objetivos. Temos apoio da chefia para perseguir matérias longas e complicadas pelo tempo que for necessário e não há pressão para escrever ‘o que vende’. Na grande imprensa os repórteres normalmente competem não pela melhor matéria, mas pela matéria de capa. Isso não existe aqui. Além do quê, no Wall Street Journal ninguém nunca transformou uma matéria minha num musical...”

A editora Susan White, que ocupa uma sala com vista para a Broadway é uma californiana de catálogo, cheia de energia. De cabelos curtos e claros, porte de quem pratica esportes, ela fala rápido e se empolga com facilidade. É outra entusiasta do modelo não comercial da Pro Publica.

White explicou que, para garantir a repercussão das reportagens, a redação se une ao veículo que considera mais adequado a cada matéria. “Descobrimos que um senador do Havaí usava sua influência para obter dinheiro do tarp, um programa do governo federal de auxílio às instituições financeiras, e favorecer um banco do qual era acionista”, disse. Foi feita uma parceria com o Washington Post antes de a série de reportagens ser escrita.

O repórter da Pro Publica estava familiarizado com a burocracia do tarp, contou Susan White, enquanto o repórter do Post conhecia tanto o congressista, que ele já vinha investigando havia um tempo, como o funcionamento do Congresso: “Os dois apuraram e escreveram juntos, e, como sempre, programamos a primeira matéria para sair no mesmo dia no nosso site e no jornal. Assim ninguém fura ninguém.”

Nesse caso, cada veículo cobriu os custos da sua parte da investigação. Mas há situações em que o jornal ou revista recebe a matéria de graça. Ainda assim, explicou Susan White, não se trata necessariamente do texto definitivo: “Nosso parceiro pode sugerir mudanças por questões de espaço e para adequá-lo aos seus leitores. Não vemos nenhum problema nisso.” A iniciativa, porém, é sempre da Pro Publica. “Sempre começamos uma apuração sozinhos e avançamos nela até ter certeza de que dá matéria”, disse. Só então é proposta a parceria.

Susan White veio do jornal San Diego Union-Tribune, que passa por dificuldades. A imprensa regional é a maior vítima da crise. Muitos jornais fecharam ou cortaram drasticamente os custos, a ponto de quase não terem mais as notícias locais. O senador democrata Chris Dodd disse em agosto à New Yorker: “Antigamente, havia onze repórteres de jornais de Connecticut cobrindo as minhas atividades todos os dias. Hoje não há nenhum.” Para Susan White, os jornais regionais “cometem suicídio” ao incentivar os repórteres a escrever “o mesmo tipo de matéria curta e superficial” que caracteriza a internet e a televisão.

Gerry Marzorati, do New York Times, concorda, e identifica um risco ainda maior. “A elite intelectual nunca teve tanta informação de qualidade à disposição”, disse. “Todos os grandes jornais e revistas do mundo estão on-line e vão sobreviver. O drama é o desaparecimento da mídia local, pois isso significa que a classe média perdeu as fontes de informação qualificadas. Antes, todo mundo via o noticiário principal da televisão, e lia na Time ou na Newsweek a versão resumida do que saía nos veículos mais sofisticados – isso além de ler sempre os jornais locais. Hoje o que a classe média consome são as notícias policiais, as fofocas da tv aberta e a gritaria partidária dos canais a cabo. É muito difícil governar com seriedade um país com uma população desinformada.”

Visitando a redação do New York Times, não se acredita que o jornal esteja em crise. É preciso um esforço para lembrar que a construção do novo edifício deixou a empresa tão endividada que em 2009, dois anos depois da inauguração, foi necessário vender o imóvel e arrendar do novo proprietário os 21 andares ocupados pelo jornal. O Times tem a opção, se tudo der certo, de recomprá-lo em 2019 por 25 milhões acima do preço de venda. Até lá, o prédio com o famoso nome em letras góticas na fachada, não pertence ao New York Times.

A redação – uma área aberta tomada por baias amplas, com acabamento em madeira – é dominada por duas escadarias vermelhas que levam a um mezanino, com balaustrada da mesma cor, no qual está instalada a editoria de cultura. As salas de reunião do primeiro escalão lembram o salão de comando de emergência da Casa Branca em filmes-catástrofe: uma mesa comprida e imponente, monitores em todas as paredes e o que mais se imaginar de parafernália high-tech de comunicação.

A sensação é de uma empresa de tecnologia ultramoderna, mas sem nerds ou espécimes da jeunesse dorée do Vale do Silício. Nada de funcionários de patinete pelos corredores. Quase não se ouve conversa. Os repórteres usam fones e falam baixo. Marzorati gosta muito do edifício, que acha bonito e funcional. O ambiente combina bem com suas ambições para o jornal: “No futuro, o New York Times será um site que terá também uma versão impressa.”

Os chefes da Pro Publica insistem em dizer que sua empreitada não é um modelo a ser seguido, e muito menos a solução para os problemas da imprensa. Não há como substituir com filantropia aquilo que, no jornalismo tradicional, é uma mercadoria. Uma redação como a do New York Times, com 1 150 pessoas e 26 sucursais internacionais, consome 200 milhões de dólares por ano. Não há fundação que aguente. A operação tem que ser lucrativa.

A ideia de uma redação não comercial que colabore com os veículos tradicionais não foi inventada pela Pro Publica. Ela é a base, há duas décadas, do Center for Public Integrity, o CPI. Ele foi criado por Charles Lewis, que o dirigiu por quinze anos e hoje é professor da American University, em Washington. Lewis é um fundador compulsivo de redações sem fins lucrativos. Desde 1989, já foram quatro. O CPI, além de produzir jornalismo, é o que os americanos chamam de watchdog group, um grupo que monitora instituições de interesse público. Com esse fim, o centro produz relatórios e livros sobre suas pesquisas. Tudo é publicado no site.

Sua sede fica a dois quarteirões da New American Foundation de Steve Coll, numa região coalhada de lobistas. A redação tem 35 repórteres e pesquisadores, quatro editores, um checador e um advogado. Um subprojeto do Centro é o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, uma rede de mais de 100 jornalistas em cinquenta países (entre eles, o Brasil), que é mobilizada para coletar informação para as investigações.

O CPI administra um orçamento de 5 milhões de dólares por ano, doados por mais de cinquenta fundações, empresas e indivíduos. Segundo Bill Buzenberg, o diretor executivo, é um esquema que garante não só o futuro do centro, mas também sua independência. Se perder alguns desses financiadores, não fecha as portas.

Uma das críticas mais comuns à Pro Publica, ao contrário, está no fato de seus recursos virem praticamente de uma só fonte. Isso daria poder demais aos Sandler, e colocaria em risco a continuidade do projeto caso desistam de cacifá-lo. Paul Steiger vem tentando diversificar o financiamento, mas, como parte do patamar de 10 milhões de dólares por ano, não é fácil achar quem queira contribuir. Assim mesmo, a Pro Publica acaba de receber uma doação de 1 milhão de dólares da Fundação Knight, dinheiro que seria uma bênção para qualquer outra organização. Para a dos Sandler, não faz nem cócegas.

A diversificação, tornando a Pro Publica independente da boa vontade dos filantropos, é necessária também para manter a credibilidade do projeto, que até aqui está diretamente associada à escolha de Steiger como editor-chefe. Ele é respeitado no metiê, à direita e à esquerda do espectro ideológico. Ninguém imagina que aceitaria dirigir uma redação ativista, empenhada em defender as causas preferidas do patrocinador. O que vai acontecer quando se aposentar é outra história. Por enquanto, Steiger está a mil, sem dar nenhum sinal de que é hora de parar.

Bill Buzenberg, diretor executivo do CPI desde 2007, é outro que está animadíssimo, apesar de ter mais de 60 anos. Ele fez carreira na chamada “mídia pública”, aquela que recebe alguma verba do governo e as isenções fiscais a que têm direito instituições como museus e universidades. O grosso do financiamento, no entanto, vem de fundações e doações de particulares e do público.

Buzenberg passou três anos na BBC em Londres e foi vice-presidente de notícias da npr. Grandalhão, meio desengonçado e de pele bem branca, em qualquer praia do Rio seria reconhecido a quilômetros como gringo. Sua sala é entupida de livros e papéis. Ao se levantar da mesa e se dirigir até o pequeno sofá, ele tropeça na pilha de folhetos que estava no caminho. Quando começa a falar do trabalho vai quase num fôlego só. De vez em quando se levanta para pegar material sobre o que está contando. Os visitantes saem carregados de folhetos, apostilas e livros, não só sobre o CPI, mas sobre os males do tabaco, o problema do estupro nas universidades americanas, o peso dos lobistas no funcionamento do Legislativo e por aí vai.

O diretor executivo do CPI não para de ter ideias de novas investigações, novas parcerias e novas formas de conseguir dinheiro. Até dessa última função ele gosta: “Descobri quando estava na npr que eu adorava sair atrás de financiadores. E por que não? São pessoas interessantes, que acham o nosso trabalho importante e querem nos dar dinheiro. Tem coisa melhor?” Quando finalmente decide respirar, ele diz: “Eu adoro o meu trabalho.”

A redação do CPI, barulhenta e movimentada, parece com ele. Os repórteres são mais jovens do que os da Pro Publica, vestem-se de maneira mais informal, decoram as baias com objetos pessoais e pregam avisos de feiras de produtos orgânicos e shows de música pela sala. Parece mais a sede de uma ong. Mas ninguém trabalha de graça, e os salários são semelhantes aos da Pro Publica. O jornalismo que se produz ali é tido pela imprensa tradicional como confiável e de alta qualidade. Além de colaborar com todos os grandes jornais, revistas e redes de rádio e televisão, o CPI se associa também a veículos estrangeiros, como o jornal The Guardian e a BBC.

O CPI e a Pro Publica são de longe as redações não comerciais mais bem financiadas. O orçamento das outras varia de 100 mil a 1 milhão de dólares. Jesse Eisinger, repórter financeiro da Pro Publica, acha que as redações menores, as locais, vão todas fechar, mas não só por falta de financiamento. Há outro motivo: a falta de leitores. “A verdade é que jornalismo investigativo não é popular nem entre anunciantes, nem entre leitores,” disse. Só raramente aparece um assunto empolgante como Watergate ou Abu Ghraib. Em geral, são temas que as pessoas preferem ignorar.

“É um jornalismo difícil de fazer e chato de ler,” disse Eisinger. Num jornal ou revista, a reportagem investigativa vem na sequência de notícias sobre esportes, estilo, cultura, moda, política. Bem ou mal, o leitor acaba dando uma olhada em tudo. Já no site da Pro Publica ou do CPI todas as matérias são graves, consequentes. O estilo tende ao árido.

Susan White, a editora da Pro Publica, explica: “Steve Engelberg, nosso diretor de redação, gosta que todos os fatos importantes estejam nos primeiros parágrafos, descritos de forma clara. Não há espaço para estilos pessoais. Nossa missão é chamar a atenção para problemas que precisam ser resolvidos. Damos toda a informação necessária para quem quiser resolvê-los.” A Pro Publica está tentando aumentar o tráfego em seu site para não depender tanto dos parceiros. Até agora, não teve muito sucesso. Força moral não costuma ser um grande chamariz de público.

A imprensa americana começou a esboçar uma reação. Os jornais que ainda têm dinheiro estão investindo pesado em seus sites. O New York Times cobrará pelo acesso on-line a partir de janeiro de 2011. A empresa estima que o nytimes.com perderá 20 milhões dos seus atuais 22 milhões de leitores quando a cobrança for instituída. O Times de Londres fechou seu site aos não pagantes em julho. O jornal não revela números, mas calcula-se que tenha perdido entre 80% e 90% dos leitores on-line.

O Wall Street Journal e o Financial Times sempre cobraram e continuarão a fazê-lo. Para eles, funciona. Não só não perdem leitores, como até ganham dinheiro com assinaturas on-line. Como diz Clay Shirky, professor da New York University, informação sobre finanças é o único tipo de informação que o leitor faz questão de não dividir com ninguém.

Outra solução aventada, mas ainda não levada à prática, é o modelo de jornal sem fins lucrativos do britânico The Guardian. Há até um projeto de lei em tramitação no Congresso americano que viabilizaria a transição. O Guardian, fundado em 1821, pertence desde 1936 ao Scott Trust, fundado pela família Scott para garantir seu financiamento em caráter perpétuo. A família abriu mão da propriedade do jornal e pôs quase toda a fortuna no fundo que o financia. O dinheiro é usado para sustentar o Guardian nos períodos de vacas magras. Nos de vacas gordas, o lucro é integralmente reinvestido. Ultimamente, as vacas andam magérrimas.

O editor-chefe Alan Rusbridger costuma dizer que os donos de jornais acham muito interessante o modelo do Guardian – mas só até descobrirem que deixam de ser donos dos jornais. Grande defensor do acesso gratuito à informação, ele acha que tornar o jornalismo mais caro vai na contramão da história, num momento em que, graças à internet, a sociedade se torna mais aberta e colaborativa. O guardian.co.uk é o segundo site de jornal em inglês mais lido do mundo, logo atrás do New York Times. Um terço dos leitores está nos Estados Unidos. Rusbridger não pretende cobrar pelo acesso.

Para Steve Coll, o lado positivo da crise foi ter desencadeado o debate sobre mídia pública. Entre os países ricos, os Estados Unidos estão entre os que menos gastam com ela: 1,35 dólar per capita ao ano, contra 25 dólares no Canadá e na Alemanha, 60 no Japão, 80 no Reino Unido e mais de 100 na Dinamarca. Coll, Buzenberg e agora também o presidente da Universidade Columbia, Lee Bollinger – que defendeu a ideia num artigo no Wall Street Journal –, acham que há margem para que o governo americano invista muito mais sem comprometer a independência dos órgãos de comunicação.

A BBC é o exemplo de jornalismo de qualidade mais citado pelos que defendem ajuda governamental. Seu financiamento vem do governo britânico e da “licença de tv”, imposto que todos os moradores do Reino Unido pagam para ter direito a um televisor em casa. Fora do setor filantrópico, no entanto, essa solução não é muito popular. Philip Gourevitch, o repórter da New Yorker, diz: “Não tenho nada contra mídia pública nem contra jornalismo sem fins lucrativos, mas prefiro acreditar que meu trabalho ainda possa dar lucro.”

Um dos poucos consensos é que a era do jornal de papel está próxima do fim. Daí que a grande esperança sejam os dispositivos eletrônicos como o iPad e o Kindle. Mathias Döpfner, presidente da Axel Springer, conglomerado alemão que controla mais de 170 jornais e revistas em 36 países, disse numa entrevista a Charlie Rose que todo publisher deveria, uma vez por dia, rezar em agradecimento a Steve Jobs, por ele ter salvado o negócio.

Nem todos se mostram tão entusiasmados, mas o raciocínio que embasa a reação de Döpfner vem se generalizando. É o seguinte: pode ser muito difícil convencer o leitor a gastar dinheiro com o site de jornal que ele acessa de graça há dez anos. No entanto, é considerado natural pagar por serviços móveis, como sms, ringtones, chamadas de voz e caixa postal. Os aplicativos disponíveis no iPhone provam que o consumidor não se incomoda em pagar por novos serviços que lhe pareçam importantes. A esperança é que incluam nessa categoria os seus jornais e revistas prediletos

quinta-feira, 3 de março de 2011

mídia,internet e poder - Manuel Castells: as revoltas e a internet

Enviado por luisnassif, qua, 02/03/2011 - 10:48
Por jc.pompeu
Do Outras Palavras

Castells, sobre Internet e Rebelião: “É só o começo”

BY ADMIN – 01/03/2011 POSTED IN: CAPA



Por Jordi Rovira, Universitad Oberta de Catalunya | Tradução: Cauê Seigne Ameni

Os meios de comunicação passaram semanas centrando sua atenção na Tunísia, no Egito. As insurreições populares que se desenvolveram após o sacrifício do jovem tunisiano Mohamed Bouazizi, terminaram em poucos dias com a ditadura de Bem Ali e na sequência, como peças enfileiradas de dominó, com a “presidência” de Hosni Mubarack. Abriram-se processos democráticos em ambos os países. Manifestantes também saem às ruas árabes na Líbia, Iêmen, Argélia, Jordânia, Bahrain e Omã.

Em todos esse processos, as novas tecnologias jogam um papel chave primordial — em especial, as redes sociais, que permitem superar a censura. Ante esse desfecho histórico, Manuel Castells, catedrático sociólogo e diretor do Instituto Interdisciplinar sobre Internet, na Universitat Oberta de Catalunya, aprofunda a reflexão sob o que se passa e oferece chaves para entender um movimento cidadão que tira o máximo proveito dos novos canais de comunicação ao seu alcance.

Os movimentos sociais espontâneos na Tunísia e Egito pegaram desprevenidos os analistas políticos. Como sociólogo e estudioso da Comunicação, você foi surpreendido pela ação da sociedade-rede destes países, em sua mobilização?


g>NaveNa verdade não. No meu livro Comunicação e Poder, dediquei muitas paginas para explicar, a partir de uma base empírica, como a transformação das tecnologias de comunicação cria novas possibilidades para a auto-organização e a auto-mobilização da sociedade, superando as barreras da censura e repressão impostas pelo Estado. Claro que não depende apenas da tecnologia. A internet é uma condição necessária, mas não suficiente.
As raízes da rebelião estão na exploração, opressão e humilhação. Entretanto, a possibilidade de rebelar-se sem ser esmagado de imediato dependeu da densidade e rapidez da mobilização e isto relaciona se com a capacidade criada pelas tecnologias do que chamei de “auto-comunicação de massas”.

Poderíamos considerar estas insurreições populares um novo ponto de inflexão na história e evolução da internet? Ou teríamos que analisá-las como conseqüência lógica, ainda de grande envergadura, da implantação da rede no mundo?

As insurreições populares no mundo árabe são um ponto de inflexão na história social e política da humanidade. E talvez a mais importante das muitas transformações que a internet induziu e facilitou, em todos os âmbitos da vida, sociedade, economia e cultura. Estamos apenas começando, porque o movimento se acelera, embora a internet seja uma tecnologia antiga, implantada pela primeira vez em 1969.

A juventude egípcia desempenhou um papel chave nas insurreições populares, graças ao uso das novas tecnologias. No entanto, segundo os cálculos de Issandr El Amrani, analista político independente no Cairo, apenas uma pequena parte da população egípcia dispõem de acesso a internet. Pensa que esta situação pode criar uma brecha – usando suas próprias palavras, entre “conectados” e “desconectados” – ainda maior que a que se da nos países desenvolvidos?

O dado já esta antiquado. De acordo com uma pesquisa recente (2010), da empresa informação Ovum, cerca de 40% dos egípcios maiores de 16 anos estão conectados à internet — se levarmos em conta não apenas as ligações domiciliares, mas também os cibercafés e os centros de estudo. Entre os jovens urbanos, as taxas chegam a 70%.

Além disso, segundo dados recentes, 80% da população adulta urbana esta conectada por celulares. E de qualquer maneira, estamos falando de um país com 80 milhões de habitantes. Ainda que apenas um quarto deles estivessem conectados, já poderia haver milhões de pessoas nas ruas. Nem todo o Egito se manifestou, mas uma número de cidadãos suficiente para que se sentissem unidos, e pudessem derrotar o ditador.

A história da brecha digital em termos de acesso é velha, falsa hoje em dia e rabugenta. Parte de uma predisposição ideológica de certos intelectuais interessados em minimizar a importância da internet. Há 2 bilhões de internautas no planeta, bilhões de usuários de celulares. Os pobres também têm telefones móveis e existem ainda outras formas de acessar a internet. A verdadeira diferença se dá na banda e na qualidade de conexão, não no acesso em si, que está se difundindo com rapidez maior que qualquer outra tecnologia na história.

Até que ponto o poder dispõe de ferramentas necessárias para sufocar as insurreições promovidas desde a rede?

Não as tem. No Egito, inclusive, tentaram desconectar toda a rede e não conseguiram. Houve mil formas, incluindo conexões fixas de telefone a numero no exterior, que transformavam automaticamente as mensagens em twetts e fax no país. E o custo econômico e funcional da desconexão da internet é tão alta que tiveram que restaurá-la rapidamente.

Hoje em dia, um apagão da rede é como um elétrico. Bem Ali não caii tão rápido, houve um mês de manifestações e massacres. O Irã não pode se desconectar a rede: os manifestantes estiveram sempre comunicando-se e expondo suas ações em vídeos no Youtube. A diferença é que ali, politicamente, o regime teve força para reprimir selvagemente sem que interviesse o exército. Porém as sementes da rebelião estão plantadas e os jovens iranianos, 70% da população, estão agora maciçamente contra o regime. É questão de tempo.

A mobilização popular através dos meios digitais criou heróis da cibernéticos no Egito — como Weal Ghonim, o jovem executivo do Google. Que papel podem desempenhar esses novos lideres no futuro de seus países?


O importante das “wikirrevoluções” (as que se auto-geram e se auto-organizam) é que as lideranças não contam, são puros símbolos.
Símbolos que não mandam nada, pois ninguém os obedeceria, eles tampouco tentariam impor-se. Pode ser que, uma vez institucionalizada, a revolução coopte se algumas destas pessoas como símbolos de mudanças — ainda que eu duvide muito que Ghonim queira ser político. Cohn Bendit era também um símbolo, não um líder. Foi estudante e amigo meu em 68, ele era um autêntico anarquista: Rechaçava as decisões dos líderes e utilizava seu carisma (foi o primeiro a ser reprimido) para ajudar a mobilização espontânea.

Walesa foi diferente, um vaticanista do aparato sindical. Por isso, tornou-se político rapidamente. Cohn Bendit tardou muito mais e ainda assim é, fundamentalmente um verde, que mantém valores de respeito às origens dos movimentos sociais.


A aliança entre meios de comunicação convencional e novas tecnologias é o caminho a seguir no futuro, para enfrentar com êxito os grandes desafios?


Os grande meios de comunicação não têm escolha. Ou aliam-se com a internet e com o jornalismo cidadão, ou irão se marginalizando e tornando-se economicamente insustentáveis. Mas hoje, essa aliança ainda é decisiva para a mudança social. SemAl Jazeera não teria havido revolução na Tunísia.

Em um artigo intitulado “Comunicação e Revolução”, você recordou que em 5 de fevereiro a China havia proibido a palavra Egito na Internet. Acredita que existem condições para que possa ocorrer, no gigante asiático, um movimento popular parecido com o que esta percorrendo o mundo árabe?

Não, porque 72% do chineses apoiam seu governo. A classe média urbana, sobretudo os jovens, estão muito ocupados enriquecendo-se. Os verdadeiros problemas do campesinato e operários — ou seja, os verdadeiros problemas sociais da China — encontram se muito longe. O governo resguarda-se demais, porque a censura antagoniza muita gente que não está realmente contra o regime. Na China, a democracia não é, hoje, um problema para a maioria das pessoas, diferente do que ocorria na Tunísia e no Egito.

Esse novo tipo de comunicação, globalizada, atomizada e que se nutre se da colaboração de milhões de usuários, pode chegar a transformar nossa maneira de entender a comunicação interpessoal? Ou é apenas uma ferramenta potente a mais, à nossa disposição?


Já tranformou. Ninguém que esta inserido diariamente nas rede sociais (este é o caso de 700 dos 1,2 milhões de usuários) segue sendo a mesma pessoa. Mas não é um mundo exotérico: há uma inter-relação online/off-line.

Como esta comunicação mudou, e muda a cada dia, é uma questão que se deve responder por meio de investigação acadêmica, não através de especialistas em fofocas. E por isso empreendemos o Projeto Internet Catalunha na UOC.

Podemos dizer que os ciber-ataques serão a guerra do futuro?


Na realidade, esta guerra já faz parte do presente. Os Estados Unidos consideram prioritária a ciberguerra. Destinaram a este tama um orçamento dez vezes maior que todos os demais países juntos. Na Espanha, as Forças Armadas também estão se equipando rapidamente na mesma direção. A internet é o espaço do poder e da felicidade, da paz e da guerra.

É o espaço social do nosso mundo, um lugar hibrido, construído na interface entre a experiência direta e a mediada pela comunicação, e sobretudo, pela comunicação na internet

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Deputado quer investigar controle da mídia

Congressista quer mais fiscalização sobre participação estrangeira em empresas jornalísticas

SOFIA FERNANDES
DE BRASÍLIA

A Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara vai acompanhar como o governo tem monitorado e punido a presença de capital estrangeiro em veículos de comunicação que atuam no país.
O deputado federal Eduardo Gomes (PSDB-TO) apresentou à mesa diretora da Câmara proposta de fiscalizar os procedimentos adotados pelo Executivo para o controle do limite estrangeiro.
A comissão votará o assunto na próxima quarta. O alvo da proposta é o descumprimento da cota mínima de 30% de capital internacional por empresas de comunicação de massa, índice determinado pela Constituição.
Gomes afirmou que as medidas adotadas até hoje para apurar denúncias não foram suficientes, deixando o campo livre para atuação de empresas estrangeiras.
O deputado cita o jornal "Brasil Econômico", publicado pela Ejesa (Empresa Jornalística Econômico S.A.), mas comandado indiretamente pelo grupo português Ongoing, como um exemplo de descumprimento da lei.
O comando da Ejesa está nas mãos de Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcelos, casada com o controlador da Ongoing, o português Nuno Vasconcelos.
A Ejesa informou em nota que cumpre à risca a lei no que se diz respeito ao limite da participação de estrangeiros em empresas de mídia.
"Os jornais são controlados e dirigidos por brasileiros natos, que exercem toda a gestão das atividades editoriais nos diferentes canais de imprensa pertencentes ao grupo", diz a nota.
A comissão pretende examinar como o governo fiscaliza o limite de capital estrangeiro e propor, posteriormente, mudanças nesses procedimentos. A principal crítica é que a responsabilidade da fiscalização está difusa, sendo necessário atribuir a entes específicos a missão de monitorar o setor.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

SILVIO MEIRA - O futuro dos jornais (digitais)

FSP

--------------------------------------------------------------------------------
O problema do jornalismo digital é descobrir modelos de negócio para remunerar a informação de qualidade
--------------------------------------------------------------------------------



O "Financial Times" anunciou um aumento de 50% nas assinaturas digitais, chegando à marca de 180 mil assinantes. Por outro lado, pesquisa da Edison Research, nos EUA, revela que apenas 8% dos jovens leem jornal (em papel) pela manhã, contra 29% que o faziam em 2000.
Segundo a mesma fonte (bit.ly/bGucBi), 42% desse público está na web no começo do dia, e apenas 16% tinham tal hábito há dez anos.
Compare com as estatísticas da União Internacional de Telecomunicações (UIT, em bit.ly/aoVUS5), dando conta de que o planeta tem 5,3 bilhões de celulares (940 milhões em banda larga), 2 bilhões de pessoas na internet, 71% da população dos países desenvolvidos on-line, 1,6 bilhão de pessoas com acesso à rede em casa e, em países como a Coreia, a Holanda e a Suécia, 80% ou mais das casas conectadas, com a vasta maioria em banda larga.
Estima-se que 500 milhões de casas (29,5%) estejam conectadas à internet, em todo o planeta, ao final deste ano. O que há por trás de tantos números? Os da UIT dizem que quase todo mundo já tem celular e que a substituição dos telemóveis pelos smartphones ocorre rapidamente.
Os primeiros são telefones que podem, com muitas restrições, rodar aplicações básicas; os segundos são sistemas pessoais de computação e comunicação que, caso necessário, também podem fazer "ligações telefônicas". Nossos hábitos estão passando a ter um substrato cada vez mais digital, conectado, móvel e programável. Em tal contexto, onde ficam os jornais e, de resto, tudo o que se convencionou chamar mídia de massa?
A se acreditar nas estatísticas, vamos viver em um mundo conectado, é só questão de tempo. Alguns países e regiões chegarão atrasados, como foi (e é) o caso na penetração de outras infraestruturas essenciais como eletricidade, água e esgoto. Mas é razoável assumir que a conectividade será total. Quando for, qual será a importância do jornal (televisivo) das 20h ou do jornal (impresso) das 8h? Pode ser muito grande ou, por outro lado, nenhuma. Ambos serão importantes se e quando descolarem o conteúdo do meio, que já deixou de ser e de definir a mensagem.
O meio, além de limitar as mensagens (no impresso, vídeo?) e a interação (no impresso, só cartas à Redação, literalmente), quase sempre localiza e sincroniza conteúdo. Os múltiplos formatos e meios digitais, da web clássica à móvel, programável, redefinem o espaço e o tempo e o fazem a critério das bordas e não sob controle do centro.
Tanto o "FT" como a edição digital desta Folha, fora dos limites do papel que os carregava no passado, tornam-se globais num clique de custo quase zero, e muda o público, o espaço, o tempo e as receitas.
Parece claro que na web, fixa ou móvel, o tamanho e a diversidade das comunidades já ultrapassa, em muito, o pico de público que os jornais "de papel" tiveram no seu auge. Parece óbvio que quem determinava -e determina- a qualidade de qualquer fonte ou veículo não era, ou é, o papel.
Durante muito tempo, o papel era a única forma economicamente viável de carregar informação de um ponto a outro do planeta. Mas, desde o início da internet comercial, sabia-se (http://bit.ly/c8NoMB) que a rede representava "o fim de um dos fins do papel", como meio de transporte, ainda por cima porque levar um "New York Times" de domingo em papel até Recife era ambientalmente irresponsável.
Finalmente, uma onda de dispositivos (primeiro) de leitura digital e (segundo) de interação em rede, incluindo tablets, pads e smartphones de todos os tipos e fabricantes, melhorou radicalmente a experiência de leitura fora do papel.
Resultado? Há futuro para jornalismo de qualidade, seja em que meio for... excetuando-se, muito provavelmente, o papel. O problema é descobrir, como está fazendo o "FT", como remunerar a qualidade da mensagem digital, provavelmente usando modelos de negócios multifacetados, em que nem sempre quem se beneficia da informação está pagando por ela. O detalhe, que não é digital, é que sempre foi assim. Ou não foi?



--------------------------------------------------------------------------------
SILVIO MEIRA, 55, fundador do www.portodigital.org e cientista-chefe do www.cesar.org.br, escreve mensalmente nesta coluna.
@srlm

terça-feira, 21 de setembro de 2010

CASTELLS VÊ A INTERNET COMO AMPLIFICAÇÃO DA SOCIEDADE: DIZ QUE NO CASO DO BRASIL NÃO HÁ QUALQUER DESEJO DE MUDANÇA

Se um país não quer mudar, não é a rede que irá mudá-lo
SOCIÓLOGO, QUE VÊ A INTERNET COMO AMPLIFICAÇÃO DA SOCIEDADE, DIZ QUE NO CASO DO BRASIL NÃO HÁ QUALQUER DESEJO DE MUDANÇA

ALEC DUARTE
EDITOR-ADJUNTO DE PODER

Quem esperava que a internet fosse revolucionar o processo eleitoral brasileiro se decepcionou com o tímido papel que a rede exibe na campanha. O sociólogo espanhol Manuel Castells, porém, não se surpreendeu com isso.
Um dos mais relevantes pesquisadores da web, Castells esteve no Brasil a convite do recém-inaugurado Centro Ruth Cardoso e achou normal a ausência da esperada revolução nas eleições.
"Quando há estabilidade, não se pode esperar que a internet produza uma mudança que as pessoas não querem", disse à Folha. Leia trechos da entrevista.




Por que a internet amedronta o poder político?
Manuel Castells - Porque o poder sempre esteve baseado no controle e, às vezes, na manipulação da informação.
O grau de autonomia das pessoas para se comunicar, informar e organizar suas próprias redes de sociabilidade é muito mais potente com a internet. Ela é a construção da autonomia da sociedade civil. Os governos sempre tiveram horror a isso.

A internet é incontrolável, mas os governos sempre tentam exercer algum controle. Não é um trabalho em vão?
Por mais que queiram controlar, não podem controlar. Nem a China pode controlar.
Isso mostra a desconfiança dos governos e dos políticos com respeito a seus próprios cidadãos. Não lhes agrada que se organizem e que sejam autônomos. Aos políticos só interessa o poder.
A única maneira de controlar a internet é desconectá-la totalmente. E isso hoje em dia é um preço que nenhum país pode pagar porque, além de livre expressão, a rede é educação, economia, negócios... é a eletricidade de nossa sociedade.

É impossível para um governo, hoje, não tentar recorrer a esse tipo de expediente?
Os governos tiveram que entrar nesse mesmo espaço de comunicação. Antes, não havia debate, havia monopólio. Isso acabou. O fato de que um governo ou grandes empresas tenham que fazer blogs como a gente nivelou relativamente o espaço da comunicação em que se enfrentam interesses distintos.

O avanço tecnológico permitiu também que os cidadãos vigiem os governantes...
Os poderosos vigiavam os demais porque tinham os meios e a capacidade de fazê-lo. Mas agora as pessoas também podem vigiar os poderosos. Qualquer jovem com um celular, se vê uma personalidade política fazendo algo inconveniente, pode imediatamente difundir a cena. Hoje os poderosos têm que se esconder, sua vida é mais transparente, mas não há um controle, apenas vigilância.

A vida em rede mudou o comportamento dos governos?
Ainda não totalmente, mas o poder político sabe que não pode mentir nem manipular sem ter cuidado ao fazê-lo. Quando as pessoas descobrem, o choque é muito potente. Foi o que ocorreu na Espanha, em 2004, quando o governo de [José María] Aznar mentiu sobre a autoria do atentado terrorista em Madri. As pessoas ficaram indignadas porque Aznar disse que autoria era do [grupo separatista que atua na Espanha] ETA, quando se tratava da Al Qaeda.
Houve controle da informação e manipulação. A descoberta da verdade, na véspera da eleição, foi compartilhada por SMS e levou milhões de jovens às urnas. Isso mudou o resultado da eleição [o socialista José Luis Zapatero venceu Aznar].
Outro exemplo ocorreu no Irã, em 2009, quando houve manifestações contra a reeleição de [Mahmoud] Ahmadinejad. Mesmo num país com controle total da informação, a capacidade de mobilização, sobretudo pelo Twitter, foi fundamental.

Isso também aconteceu na deposição do presidente de Honduras, Manuel Zelaya, quando a internet foi invadida por hashtags de apoio à volta do mandatário, assim como o Twitter ostentou avatares verdes no episódio iraniano. Mas Ahmadinejad segue no poder, e Zelaya jamais foi reconduzido ao cargo. Falando em realpolitik, como essas mobilizações virtuais chegam ao âmbito do real?
As mudanças fundamentais na sociedade são as que se produzem na mente das pessoas. É aí que surge a mudança: quando as pessoas mudam sua forma de pensar e, portanto, de atuar.
As ideias não passam necessariamente pela mudança política, mas sim pelas mudanças que os governos têm de implementar em função da pressão da sociedade.

Hoje quase não há discussão política na internet brasileira, apenas torcidas trocando provocações. E essas discussões não extrapolam a própria rede. O fato de a web não possuir no país uma penetração grande afeta diretamente a repercussão fora dela?
Para que se manifestem fenômenos de utilização da rede nas mudanças de consciência e de informação das pessoas, é preciso haver antes de mais nada rede em condições e que também exista interesse das pessoas num sistema político.

No caso específico do Brasil, qual a sua percepção?
O Brasil segue uma dinâmica assistencialista em que da política se esperam subsídios e favores, mais do que políticas. A situação econômica do país melhorou consideravelmente. O que mudou a política aqui é que os dois últimos presidentes, FHC e Lula, eram influentes e controlavam seus partidos muito mais do que eram controlados por ele. Duvido que o país continue a ter essa boa sorte, qualquer que seja o resultado das eleições.
A renovação do sistema político exige que as pessoas queiram uma mudança, e isso normalmente ocorre quando existem crises. A internet serve para amplificar e articular os movimentos autônomos da sociedade. Ora, se essa sociedade não quer mudar, a internet servirá para que não mude.

RAIO-X MANUEL CASTELLS

IDADE
68
LOCAL DE NASCIMENTO
Hellín (Espanha)

CARREIRA
Professor de sociologia e diretor do Instituto Interdisciplinar de Internet da Universitat Oberta de Catalunya, em Barcelona; Professor da cátedra Wallis Annenberg de Tecnologia da Comunicação e Sociedade da Escola Annenberg de Comunicacão, da Universidade da Califórnia Meridional, em Los Angeles EUA)

PRINCIPAIS LIVROS "Comunicación y Poder", 2009 (ainda sem data para lançamento em português); A trilogia "A Era da Informação" (1996, 1997 e 1998); "A Galáxia da

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Site de Paulo Henrique Amorim: 5 milhões de páginas vistas por mês

A diretora do Conversa Afiada, Geórgia Pinheiro, acaba de autorizar a publicação dos dados referentes à audiência deste ordinário blog no mês de agosto.

Sorry, periferia !

São 5.600.000 páginas vistas por mês.

Um crescimento de 30% ao mês !!!

(Ah !, se o Serra visse isso: crescer, crescer 30% ao mês !)

É o pessoal que cabe na Kombi do Gilmar Dantas (*).

Acompanhem o breve relatório:

O Portal Conversa Afiada está com um SUPER ACESSO.

Pra se ter ideia, estamos com:

* 4.300.000 page views em JULHO
* 5.600.000 de page views em AGOSTO

O tempo de permanência do navegador no site era de 5’15’’ e subiu para 5’38’’.

Ou seja, o navegante passou a ler mais e a escrever mais no site (e, portanto, falar mal do Serra, Dantas e Gilmar – viva a democracia !).

A utilização da TAXA DE TRANSFERÊNCIA do site é impressionante (a taxa de transferência corresponde a tudo o que o site produz de informação mais o que os usuários colaboram).

Antes o Conversa Afiada utilizava:

* 2 TB e, hoje, foi preciso contratar 3TB para atendê-lo. Para se ter uma ter idéia do que é isso, a campanha de uma das maiores empresas automobilísticas do país, que está hospedada no mesmo provedor (não dizemos qual para o Daniel Dantas ter um pouco mais de trabalho) consome apenas 0,5 TB (isso com campanhas em rede nacional, revistas…)

O Conversa terá que contratar mais 1 TB para atender o volume de acessos do portal.

E isso corresponde a um acréscimo de R$ … (não divulgamos para o Dantas ter um pouco mais de trabalho, na batalha para calar o Paulo Henrique Amorim pelo bolso).

Ao invés de pagar R$ … teremos que pagar …., a mais, por mês.

Em anexo estão todos os relatórios e gráficos que mostram os acessos.

É tudo em azul, como o céu de Brigadeiro.

sábado, 18 de setembro de 2010

Telespectador não passará ileso à revolução digital

TV terá de dividir o tempo de sofá e a atenção do público com a internet

SAMUEL POSSEBON

ESPECIAL PARA A FOLHA

A TV é o principal veículo de comunicação do país, presente em praticamente 100% do território e dos domicílios brasileiros, porque acertou no modelo: gratuita para o telespectador, financiada pela publicidade e com conteúdo adequado à audiência, cujo hábito de assistir à TV vem sendo forjado nessas seis décadas de história que se completam hoje.
Mas nenhum meio de comunicação passou ileso às mudanças que as tecnologias digitais provocaram e vêm provocando nesses últimos 15 anos. A internet, por exemplo, revolucionou a imprensa escrita, a telefonia e o consumo de música e vídeo. Mas o impacto sobre a televisão ainda é relativamente restrito.
Apostar que o modelo da TV deixará de existir no curto ou no médio prazos seria um erro. Mas também é um erro apostar que ela passará ilesa à revolução digital.
Primeiro, porque ela mesma já se digitalizou, ganhou alta definição e, sobretudo, se tornou móvel. Essa mudança não é pequena: ao ganhar mobilidade, ganha novas audiências e pode, no futuro, ganhar novos formatos. Isso para não falar na TV por assinatura, que nos últimos 20 anos trouxe novos conteúdos e modelos de negócio.
Mas a mudança tecnológica mais importante que começa a se desenhar é a convergência da internet com os televisores. Os aparelhos, ao ganharem conectividade, deixaram de ser uma janela apenas para aquilo que a televisão tradicional distribui, e passaram também a sê-lo para conteúdos em rede.
O que significa que todo o universo de conteúdos, empresas, produtos e modelos de negócio que está presente na internet dividirá, potencialmente, o mesmo tempo de sofá e a atenção dos telespectadores.
Se a internet mudou o comportamento das pessoas no trabalho e nas relações pessoais, poderá mudar também o hábito das pessoas na frente do televisor.
Nos próximos anos, a TV vai se transformar porque o telespectador vai mudar. Mas, para isso, é preciso que a internet se torne presente em todos os lares, como fez a televisão. E isso ainda levará um um bom tempo.

SAMUEL POSSEBON é jornalista especializado em comunicações desde 1994, editor da revista "Teletime" e autor de "TV por Assinatura: 20 Anos de Evolução".

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O novo desenho da comunicação

NOVOS TEMPOS


Por Luis Nassif em 14/9/2010

do blog do autor, 10/09/2010; intertítulos do OI

Dois gigantes do mundo da internet, Google e Apple, estão empenhadas em lançar seu serviço de vídeos on demand – quer dizer, vídeos que podem ser baixados no computador na hora em que o freguês desejar. Com 2 mb de banda larga – hoje disponível para a maioria dos usuários do serviço – baixa-se um filme em poucos minutos.

Com essa banda, será possível assistir filmes em broadcast, ao vivo, com a mesma alta definição de uma transmissão via cabo.

Hoje em dia, fabricantes como a Samsung e a LG dispõem de aparelhos de televisão que, conectados à internet, permitem acessar emissoras de todas as partes do mundo.

Não se está falando mais do futuro, mas do presente. O futuro chegou e irá mudar totalmente o perfil da mídia no Brasil e no mundo. Então, o que está em jogo na nova Lei Geral das Comunicações, que será definida no próximo ano?

Nesse novo mundo, TV aberta e rádios dependem de concessão federal. Em muitos casos, são concessões históricas ou obtidas no amplo jogo de favores políticos dos anos 70 aos anos 2000.

Conceito fechado

Com a universalização da banda larga, esse espectro perderá cada vez mais relevância. Com aparelhos ligados à internet por wi-fi ou tecnologias mais modernas, será possível a um aparelho de rádio ou televisão acessar veículos de qualquer parte do planeta, jornais de todos os quadrantes, assistir telejornais de emissoras europeias, americanas e chinesas.

Tudo isso torna extraordinariamente anacrônico o conceito de empresa de mídia nacional, limitada a 30% de capital externo.

Em nenhum outro campo da economia persiste esse anacronismo. Na indústria, para efeito tributário, de acesso a financiamentos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), a própria Constituição consagrou o conceito de que empresa nacional é aquela instalada no país, independentemente da origem de seu capital.

Durante décadas, a velha mídia atacou qualquer tentativa de proteger a produção e o emprego nacionais, seja através de taxas de câmbio competitivas ou de barreiras tarifárias contra a invasão de produtos estrangeiros. Taxava tais medidas como "cartoriais", anacrônicas.

Por que, então, utilizar um conceito muito mais fechado – o de que empresa nacional é aquela com no mínimo 70% de capital nacional – para seu setor?

Fontes novas

Hoje em dia, há novos veículos surgindo na internet, há o fortalecimento da imprensa regional – muito mais protegida do avanço da internet do que a velha mídia do eixo Rio-São Paulo.

A abertura ao capital estrangeiro permitiria uma revitalização do setor, com a possibilidade de veículos regionais montarem parcerias ou associações com outros grupos, valorizando seu conteúdo e tendo acesso a novas plataformas tecnológicas.

Haveria grandes benefícios ao consumidor, com acesso a novas fontes de informação, permitindo escolher entre diversos veículos. Benefícios também aos provedores de conteúdo, que poderia fornecer conteúdo para os novos canais a cabo, administrados pelas empresas de telefonia e para novos distribuidores de conteúdo, que virão através da internet.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

internet não terá papel importante nas eleições deste ano, diz professor

Estudo mapeia debate político em blogs e redes sociais em 2006 e 2008

Para Vladimir Safatle, predomina radicalismo e repressão a ideias dissonantes; discussão se alinha às campanhas

E dados recentes do Comitê Gestor da Internet no Brasil, mostram que 39% da população tem acesso à rede. Nos EUA, durante as eleições presidenciais de 2008, o acesso à internet estava em torno de 70% dos eleitores.

Segundo Marcelo Coutinho, professor da FGV e especialista em internet e política,
esses dados ajudam a explicar por que a internet não teve papel importante nas eleições de 2006 e de 2008 nem deve ter na disputa deste ano.

2006 e 2008
A promessa política da internet não se realizou, afirma Vladimir Safatle, professor de filosofia da USP. Safatle é autor de estudos sobre uso da internet nas eleições de 2006 e 2008, feitos em parceria com Marcelo Coutinho, professor da FGV e especialista em internet e política.
Desde que surgiu, a rede mundial de computadores trouxe a esperança de que revitalizaria o debate político público e serviria como espaço de discussão de ideias.
Segundo Safatle, a internet não se configurou como espaço de diálogo, como muitos esperavam, mas de radicalismos exacerbados.
"A internet está mais para grande espaço fragmentado de posições, onde cada território está ocupado por opiniões muito bem definidas e que não entram em contato com ideias diferentes. Manifestações dissonantes são reprimidas ou ignoradas."

ESTUDO
Em sua pesquisa, Safatle e Coutinho monitoraram blogs e comunidades no Orkut e concluíram que a internet é usada para reforçar opiniões já sedimentadas, fornecer material de campanha a militantes e influenciar veículos de comunicação -e não para esclarecer o eleitorado.
"É como se a militância tradicional, off-line, tivesse se deslocado para a internet", diz Safatle. O estudo sobre as eleições de 2008, publicado na "Revista de Sociologia e Política" (outubro de 2009), considerou a disputa pela Prefeitura de São Paulo.
Os pesquisadores acompanharam as comunidades no Orkut com mais de 300 integrantes voltadas para os três candidatos mais votados: Gilberto Kassab, Marta Suplicy e Geraldo Alckmin.
Descobriram que as 25 comunidades acompanhadas traziam links para 78 outras comunidades político-eleitorais, das quais 11 eram neutras e nenhuma tinha visão diferente sobre o candidato.
Outro dado que eles citam diz respeito aos 1.214 tópicos de discussão: mais de 96% estavam em linha com as comunidades acompanhadas.

BAIXO INTERESSE
As conclusões da pesquisa de 2006 vão na mesma linha, embora a disputa fosse pela Presidência, e os números, bem maiores. Publicado no livro "A Mídia nas Eleições de 2006" (Perseu Abramo, 2007), o estudo também chama a atenção para o baixo interesse por debates políticos.
Dados recentes do Comitê Gestor da Internet no Brasil, mostram que 39% da população tem acesso à rede. Nos EUA, durante as eleições presidenciais de 2008, o acesso à internet estava em torno de 70% dos eleitores.
Segundo Coutinho, esses dados ajudam a explicar por que a internet não teve papel importante nas eleições de 2006 e de 2008 nem deve ter na disputa deste ano.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Brasil investirá mais que países desenvolvidos em propaganda, publicidade e Internet até 2.013

O relatório "Entretenimento e Mídia Global - 2009-2013", divulgado ontem pela consultoria PricewaterhouseCoopers, após consulta a anunciantes, agências de publicidade e empresas de comunicações de 48 países, informa que os países desenvolvidos investirão menos em propaganda, mas na América Latina os investimentos não encolherão, ao contrário, aumentarão.


Na América Latina, o Brasil será o país com a maior expansão média nos investimentos gerais, com alta de 4,6% ao ano. Deverão ser movimentados aqui US$ 33 bilhões em 2013, ante os US$ 26 bilhões de 2008.
Apenas com publicidade, o valor total estimado de investimentos para 2013 é de US$ 10,6 bilhões. No ano passado, os gastos somaram US$ 9,4 bilhões.


Outro ponto dissonante da América Latina em relação ao resto do mundo diz respeito à continuidade do crescimento das mídias tradicionais. Apesar de internet, videogame, música digital e outras novas mídias terem previsão de forte alta, jornais, revistas e TV não devem perder receita na região.

A América Latina, segundo a pesquisa, também será a área de maior crescimento nos gastos em entretenimento e mídia, com alta anual média de 5,1%. Apesar de a consultoria esperar retração de 1% para este ano, a expectativa é que o crescimento volte à casa de dois dígitos em 2013.


Não é o que deve acontecer em outros países. O mercado de jornais (que inclui faturamento com publicidade e circulação) na América do Norte cairá 5,8% entre 2009 e 2013, prevê a pesquisa. A mesma tendência se dará na Europa. Na Ásia, o número crescerá só 0,1%. Já na América Latina, a alta será de 1,9% no período. No Brasil, prevê-se avanço de 1,4%.


Em sua décima edição, a pesquisa estima que, neste ano, os investimentos feitos em propaganda no mundo cairão 12,1%. No ano que vem, o declínio deve ser de 2,7% e, em 2011, haverá leve alta, de 1,4%. Mesmo assim, até 2011, a receita gerada com investimentos em propaganda continuará 13,3% menor do que a do ano passado.

TWITTER substitui grande mídia até nos golpes!

O mundo segue o mousavi1388, a página de Twitter do líder reformista que vem comandando as manifestações -e informando o que se passa no "levante".

O Departamento de Estado dos EUA espalhou por Reuters, CNN e outros que solicitou ao Twitter o adiamento de uma operação de melhoria que tiraria o site do ar, no Irã.
Foi uma forma de responder à crítica republicana de que a Casa Branca não tem apoiado a oposição como devia. Como destacou o "Washington Post", a estratégia de Obama para o Irã, de maior negociação, "põe os EUA do lado do governo".



Já o governo iraniano decidiu proibir ontem o trabalho de todos os jornalistas estrangeiros do país. Todos os cartões de imprensa necessários para o trabalho dos enviados especiais foram cancelados ontem.
"Se você for encontrado em qualquer lugar público com seu visto de jornalista, você pode ser preso" foi a mensagem enviada a todos os correspondentes ontem pelo Ministério da Cultura e Orientação Islâmica.
"Nenhum jornalista tem permissão para reportar, filmar ou tirar fotografias na cidade", afirmava o texto.
O aviso foi dado poucas horas antes da realização da segunda marcha convocada pela oposição contra o resultado da eleição presidencial de sexta-feira passada -que acusa ter sido fraudada.
As TVs estrangeiras foram as únicas a exibir imagens da concentração da véspera, estimada em mais de 1 milhão de pessoas.
A rede estatal iraniana tem ignorado os protestos desde o último sábado

"Pela inexistência de segundo turno,
não haverá renovação dos vistos,
favor não insistir na renovação do seu visto",
diz o governo aos jornalistas que querem ficar.

O mundo mudou mas a grande mídia não percebeu e, para saber, só lendo em outras línguas!!!

A grande mídia não dá bola para os Brics - Brasil,Rússia, Índia e China, mas um dos maiores economistas do mundo, Nouriel Roubini disse:

"A ascensão dos mercados emergentes é uma mudança fundamental".

A grande mídia brasileira pouco destacou sobre isso, embora os "líderes de algumas das maiores potências se reunissem para obter maior controle sobre o sistema financeiro (porém sem nenhum americano ou europeu ocidental).

Os quatro "discutiram formas de reduzir sua dependência dos EUA"

Talvez seja por isso que a nossa grande mídia ache tudo isso muito pouco - talvez para os interesses dela.
O "Jornal Nacional" deu só no fim :

"O presidente Lula se reúne com líderes da Índia, da China e da Rússia", nada mais (talvez contra a corrente!)


A próxima reunião dos Brics será no Brasil em 2.010 (segundo a BBC Brasil)!

E já que a grande mídia brasileira não destaca, resta-nos ler no El País a palavra de Lula traduzido para o espanhol!!!

Nuestro encuentro no es sólo la primera cumbre de BRIC. Representa un hito importante en la relación de nuestros países con un mundo que está experimentando cambios profundos. Sellaremos el compromiso de ayudar a ofrecer respuestas nuevas para viejos problemas y un liderazgo audaz frente a la inercia y la indecisión.

Al fin y al cabo, el mundo se enfrenta hoy a unos retos de gran complejidad pero que requieren respuestas urgentes. Tenemos ante nosotros amenazas que nos afectan a todos pero a las que algunos han contribuido enormemente, mientras que otros no son más que sus víctimas impotentes.

Pero vivimos en medio de paradigmas rotos e instituciones multilaterales en declive. La actual crisis económica no hace más que aumentar un sentimiento creciente de complejidad e impotencia ante el cambio climático y el peligro de escasez mundial de alimentos y energía. Es evidente que la sociedad moderna debe revisar un sistema que desperdicia de manera brutal los limitados recursos naturales de la Tierra y, al mismo tiempo, condena a miles de millones de personas a la pobreza y la desesperación.

Ésa es la razón por la que en la Asamblea General de Naciones Unidas en 2008 dije que había llegado "el momento de la política". Ha llegado la hora de tomar decisiones difíciles y asumir las responsabilidades colectivas.

¿Están dispuestos los países ricos a aceptar una supervisión y un control supranacionales del sistema financiero internacional con el fin de evitar el riesgo de otra crisis económica mundial?

¿Están dispuestos a renunciar a su control de las decisiones en el Banco Mundial y el FMI?

¿Estarán de acuerdo en cubrir los costes de la adaptación tecnológica necesaria para que las personas de los países en vías de desarrollo también se beneficien del progreso científico sin hacer daño al medio ambiente mundial?

¿Eliminarán los subsidios proteccionistas que hacen que la agricultura moderna sea inviable en muchos países en vías de desarrollo y dejan a los campesinos pobres a merced de los especuladores de materias primas y los donantes generosos?

Éstas son las preguntas para las que los países BRIC quieren respuestas.

Por eso, durante la reciente reunión del G-20 en Londres exigimos que los países avanzados se comprometieran a reformar el sistema de votos y cuotas de las instituciones de Bretton Woods. Sólo así se oirá la voz de los países en vías de desarrollo. Asimismo obtuvimos el compromiso de establecer un fondo que suministre ayuda económica rápida y eficaz -sin dogmas neoliberales- a los países perjudicados por la repentina caída de las exportaciones y la crisis crediticia.

Éste no es más que un primer paso en la revisión fundamental de las estrategias que deseamos ver planteada en la próxima cumbre del G-20. Presionaremos para que haya un nuevo intento de llevar la Ronda de Desarrollo de Doha a una conclusión rápida y equilibrada.

También es urgente la renovación en Naciones Unidas para que las instituciones multilaterales recuperen su importancia. Posponer más la reforma, sobre todo del Consejo de Seguridad, sólo servirá para erosionar todavía más la autoridad mundial.

En 2004 patrociné el Plan de Acción contra el Hambre de la ONU. Me complace, por tanto, que la seguridad alimentaria esté presente en el orden del día de Ekaterimburgo.

Estas iniciativas demuestran que BRIC es más que una agrupación de grandes países a los que sólo unen la dimensión de sus economías, la amplitud de sus recursos naturales y el deseo de proyectar sus valores e intereses.

En los últimos años, nuestras cuatro economías han destacado por experimentar un sólido crecimiento. El comercio entre nosotros ha aumentado un 500% desde 2003. Eso ayuda a explicar por qué hoy generamos el 65% del crecimiento mundial, lo cual nos convierte en la principal esperanza para una rápida recuperación de la recesión mundial.

Todo ello hace que haya cada vez más esperanzas depositadas en que nuestros cuatro países sean capaces de ejercer un liderazgo responsable con el fin de ayudar a reconstruir un gobierno global y un crecimiento sostenible para todos. Es un reto que estoy seguro que todos aceptaremos. Porque a lo largo de toda mi carrera política, desde mi experiencia como organizador sindical, he aprendido una lección básica: para ser eficientes no basta con tener razón ni con que la justicia esté de nuestro lado. Nadie habla en nombre de los pobres y los vulnerables si ellos no se unen previamente entre sí. Para hablar con energía, para dialogar, pero desde una posición de firme convicción respaldada por nuestro peso político. Es una tarea y un compromiso que, espero, los países BRIC reafirmarán en Ekaterimburgo.


Luiz Inácio Lula da Silva es presidente de Brasil. Traducción de María Luisa Rodríguez Tapia

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Lula quer democratizar ainda mais o Estado e a Mídia

A partir do dia 7 de julho (uma terça-feira), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva responderá perguntas de leitores de jornais impressos em uma coluna semanal intitulada “O Presidente Responde”.

A Secretaria de Imprensa da Presidência da República abriu hoje (15) as inscrições para os jornais interessados em publicar o material. De acordo com a secretaria, a coluna terá o formato de perguntas e respostas e será publicada sempre às terças-feiras.

Os leitores deverão enviar as perguntas para os jornais com nome completo, idade, profissão e cidade onde residem. Por sua vez, os jornais encaminharão as perguntas à Presidência da República, que irá selecionar três, a cada semana.

Conforme comunicado da Secretaria de Imprensa, as perguntas devem tratar de temas relacionados às políticas do governo federal, “considerando que a coluna visa ser mais um instrumento de prestação de contas à sociedade das ações do governo federal”. A coluna ficará disponível ao público no site da Presidência da República depois da publicação nos jornais cadastrados.

Grande Mídia: a quebra da hegemonia do poder

De como distorcer o dito e o texto
By altamiro
a grande mídia nacional nesses tempos de neonliberalismo envergonhado e deslegitimado pela crise econômica munidal do capitalismo está cada vez mais cruel em relação às políticas dos governos democráticos que pretendem governar para todos e não para os interesses de uma minioria de sempre capitaneada e pautada por essea grande mídia – por isso chamada já de partids da imprensa golpísta;



Para atingir seus objetivos e desses grupos de poder a que defende,

essa grande mídia edita o que é dito e quem disse.



Isto é, edita textos e imagens conforme os seus interesses.



Uma foto do presidente Lula pode aparecer carrancuda – num momento determinado de uma conversa o fotógrafo capta um momento que depois é editado como se fizessse parte de todo o contexto.



A arte desses editores e pinçar um dado e descontextualizá-lo para prejudicar a quem querem – geralmente os movimentos populares e seus representantes, nesse caso desses tempos no Brasil o presidente Lula e o PT.



No caso da Petrobrás e das CPIs do Congresso, essa grande mídia pauta os demotucanos (DEM e PSDB) ou vice-versa, um abastece o outro de informações para atuem em conjunto, sempre unidos, sempre contra os que não se curvam a seus interesses.

LACERDISMO

A história do jornalismo brasileiro está recheado de casos em que os poderosos de sempre, os conservadores, os donos do poder, aqueles patrimonialistas colocados por Raymundo Faooro como um dos segmentos mais cuéis – a dita elite conservadora e coronelística brasileira – do mundo.

É aquela elite ( que Machado de Assis percebeu em sua sutileza genial )

conservadora que se diz intelectualizada, mas sabe tudo da cultura de fora, diz-se democrática, tipo européia, mas aqui dentro escraviza seus subalternos. Exemplo: a escravatura.

Essa elite em certa época da nossa história da imprensa foi representada por Carlos Lacerda – noutros tempos por Ruy Barbosa, quem diria, grande nacionalista mas que defendia os interesses como advogados dos que queriam rapinar a nação, vide caso Farcquat.

É a verborragia em defesa dos interesses escursos geralmente contra os intgeresses da maioria da população.

Lacerda era um exímio elocutor de golpes e tramas.

Lembrem dos tempos de Getúlio Vargas, eleito democraticamente em 1950. Lacerda e seu grupo udenista érturbou tanto o governo Vargas – a grande mídia apoiando-o, claro – que ele foi acuado, chegando ao lance final do suicídio que levou a multidão a quebrar máquinas de jornais e virar o jogo, pois todos perceberam as jogadas lacerdistas e de seus grujpos representados pela grande mídia e esses interesses conservadores.

Em 64, derrubaram Jango, também eleito democraticamente.

Tentaram contra Lula várias vezes, 2006 quase conseguiram, mas houve um corte nesse processo, por vários motivos.

Lula venceu apesar da pressão midiática e dos conservadores que, com a conversa falsa da pureza ética levantam a questão da corrupção para alcançar seus objetivos.

Tudo conversa. Que há corrupção, isso qualquer cidadão de qualquer país sabe.

O problema é inventar outras e outras incansavelmente e por aí derrubar os governos ( o caso Collor foi mais ou mes]nos isso: o presidente acabou cainda por uma prova de um recebimento de um carro!).

Enquanto eram hegemônicos na comunicação e na política esses setores conservadores conseguiam derrubar os governos que quisessem.

As ditas se(i)smarias são os seis grandes donos da grande mídia que monopolizam o mercado da informação no Brasil coronelisticamente

como se fossem capitanias hereditárias.

LULA EQUILIBRA HEGEMONIAS

Com a política do maior estadista brasileiro de todos os tempos – Lula - esses segmentos continuam hegemônicos, mas não totalmente. Os movimentos sociais e o PT que ops representa passaram a ter maior poder no jogo político.

Outro avanço democrático é o das novas mídias – a Internet passou

a ter uma importância decisiva no jgo político e da informação.

Além disso, o governo Lula não luta contra eles, coopta-os para tentar ensinar a eles como se governo uma Nação. Essa elite que despreza o povo, chama os índios de preguiçosos e êm preconceito contra os negros e outras minorias, é que precisa de educação política.

Assim, há cada vez maior radicalização da democratização da informação e do poder, com a tentativa de Lula de retirar os entulhos autoritários do Estado brasileiro, tentando unir empresários e trabalhadores para fazer com que o país se desemvolva.

Por isso, aquela hegemonia anterior dos conservadores já não se sustenta mais, precisa dialogar com os movimentos, com o outro, respeitar as diferenças.

Mesmo porque o povo já percebeu como funciona essa grande mídia, pelo menos os que tem acesso a ela. A maioria está preocupada mesmo é com a questão econômica, onde houve avanços inegáveis.

sábado, 30 de maio de 2009

Úlltimo dia da Gazeta Mercantil

O jornal deixou de circular.

É a crise da imprensa, em função, entre outros motivos, pelo crescimento da internet


A empresa Problem Solver, fiel depositária da marca "Gazeta Mercantil", pedirá na próxima segunda que seja remarcado novo leilão da marca. Segundo o advogado Carlo Frederico Müller, que representa a empresa, a expectativa é que o leilão seja marcado em até 30 dias. Nesta semana, Müller diz ter sido procurado por três interessados no título."Como fiel depositária, a Problem Solver tem o dever legal de zelar pela marca e pretendemos pedir também sua propriedade", afirma Müller.Hoje, a marca "Gazeta Mercantil" pertence à Gazeta Mercantil S.A., de Luiz Fernando Levy. Em 2003, foi licenciada à CBM (Companhia Brasileira de Multimídia), de Nelson Tanure, que anunciou nesta semana o rompimento do contrato de uso da marca. A última edição da "Gazeta" sob responsabilidade da CBM circulou ontem.Os funcionários da Gazeta entraram ontem em férias coletivas. A CBM, que também é dona da editora JB e da Peixes, que edita revistas como "Gula" e "Viver Bem", disse que realocará os empregados em outras publicações. A empresa prometeu pagar mais um mês de salário, após as férias coletivas.O clima entre os funcionários, com relação ao recebimento de verbas rescisórias, férias e mês extra, é de ceticismo. "O histórico de mau pagador da CBM tem sido constante nos últimos anos e acentuou-se nos meses recentes", diz Guto Camargo, presidente do sindicato dos jornalistas de São Paulo.Na semana passada, o sindicato entrou com representação no Ministério Público por não recolhimento do FGTS, entre outras supostas irregularidades praticadas pela editora JB, que emprega os funcionários que produzem a "Gazeta".Apesar de acreditarem ser difícil a volta da publicação, os funcionários tentaram evitar o clima pesado no último dia. Após o fechamento da última edição do jornal, na noite de quinta, houve cervejada na Redação. Segundo jornalistas, o clima era de "dever cumprido e cabeça erguida".Em reportagem publicada na edição de ontem, a CBM informou que, por cinco anos, adiantou mais de R$ 100 milhões em pagamentos de royalties que seriam feitos à Gazeta Mercantil S.A.. Os recursos teriam sido usados para saldar obrigações de responsabilidade da Gazeta.Durante a semana, Levy havia dito à Folha que, em caso de rompimento unilateral do contrato, processaria a CBM por perdas e danos. Procurados, nem ele nem a CBM responderam a pedidos de entrevista.