quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

JANUS, O ANJO BENJAMINIANO E A MOCHILA DE CICATRIZES

Carrego uma mochila de cicatrizes às costas mas olho sempre para o futuro.
Gosto desse resumo do pensamento do ex-tupamaro José Mujica, eleito presidente do Uruguai.
Para mim, quer dizer:
as cicatrizes existem mas é preciso não reabrir as feridas e perdermos a visão do que conta, o futuro...
E o futuro é janeiro.

O início.
O eterno reinício...

Aí lembre-se do mito de janus.
Janus era o deus dos portões e portas.
Ele era representado por uma figura com duas faces olhando em direções opostas. Seu nome é o radical da palavra inglesa "January" que significa Janeiro (o mes que "olha" para os dois anos, o que passou e o novo ano).

Em janeiro a grande mídia criou o medo do caos econômico e quis culpar o governo Lula, que saira à luta para dizer que é preciso confiança no Brasil.

Outro pensador que entra nesse tema é Benjamin.
Ele resumia essa questão com o mito da aura, um anjo que olhava para o passado violento do holocausto e das guerras, do fascismo e do nazismo...
Mas sempre de olho no futuro, com o pensamento e a razão...
E o coração, porque ele era meio poeta e cultor das artes...

Como Paulinho da Viola: “ O passado existe em mim, mas é o presente e o futuro que me põe em movimento”.

Lula é razão e coração. Espero que tome a decisão melhor para o país...
Pois haverá outro janeiro em 2011...
Espero que com a Dilma...

É preciso então analisar o passado, o janeiro de 2009.
E o futuro, janeiro de 2010.

E o outro reinício, janeiro de 2011...

É o que fizeram, fazem e farão certamente todos que querem transformar o mundo para melhor.

Discutir e dialogar.

Este é o grande exemplo
para qualquer crise, real ou imaginária.

Um beijo no coração
e um grande abraço
mental e virtual
do tamanho do mundo,
de nós e do Brasil...

Dá-lhe 2010!

música eterna, eterna música

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Edith Piaf


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LAMENTO, O MELHOR CHORO

Lamento, de Pixinguinha, o melhor choro com a melhor turma do chorinho.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

OS DEUSES DAS ARMAS DEMONIZAM OS DESARMADOS

Gosto das textos do professor José Luis Fiori porque ele critica essas análises conservadoras, moralistas e binárias, que sempre se colocam a favor de políticas óbvias em defesa de interesses próprios e obscuros…

Do que concluo das análises de Fiori, fica a idéia de que os armamentistas apontam mísseis e armas atômicas em direção de nossas cabeças e impõem uma paz ilusória e que exige o desarmamento dos outros, o deles jamais…

E esses armamentistas impõem suas políticas econômicas…
Exemplo:
Sei que é simplista, mas os EUA miram mísseis em nós e mantêm o dólar e o poder dominantes… mais ou menos, sempre mais, por aí…

A Rússia reage, mas não é mais guerra fria, justamente porque países emergentes como os brics desejam participar da discussão mundial, que agora é multipolar…

Novos tempos, mas os binaristas conservadores continuam com suas visões antigas, irritantemente cruéis para quem quer avançar…

Inclusive (ou exclusive!) a grande mídia e seus interesses demotucanos, insistem na defesa de interesses binários – contra os “demonios” chaves e os movimentos sociais, maioria da população, em favor do absolutismo de mercado, aquele que fala por si e se apossa tragicamente da nossa voz e da voz das mirians leitões e seus jabores do certo e do errado…

Viram zumbis – onde, onde o caminho???!!!

Este texto saiu no Valor Econômico, 2 de dezembro:



O Debate da política externa: os conservadores
“É desconfortável recebermos no Brasil o chefe de um regime ditatorial e repressivo. Afinal, temos um passado recente de luta contra a ditadura, e firmamos na Constituição de 1988 os ideais de democracia e direitos humanos. Uma coisa são relações diplomáticas com ditaduras, outra é hospedar em casa os seus chefes”. José Serra, (Visita indesejável, “Folha de S. Paulo”, 23/11/2009).

Já faz tempo que a política internacional deixou de ser um campo exclusivo dos especialistas e dos diplomatas. Mas só recentemente a política externa passou a ocupar um lugar central na vida pública e no debate intelectual brasileiro. E tudo indica que ela deverá se transformar num dos pontos fundamentais de clivagem, na disputa presidencial de 2010. É uma consequência natural da mudança da posição do Brasil, dentro do sistema internacional, que cria novas oportunidades e desafios cada vez maiores, exigindo uma grande capacidade de inovação política e diplomática dos seus governantes.

Nesse novo contexto, o que chama a atenção do observador é a pobreza das ideias e a mediocridade dos argumentos conservadores quando discutem o presente e o futuro da inserção internacional do Brasil. A cada dia aumenta o número de diplomatas aposentados, iniciantes políticos e analistas que batem cabeça nos jornais e rádios, sem conseguir acertar o passo, nem definir uma posição comum sobre qualquer dos temas que compõem a atual agenda externa do país. Pode ser o caso do golpe militar em Honduras, ou da entrada da Venezuela no Mercosul; da posição do Brasil na reunião de Copenhague ou na Rodada de Doha; da recente visita do presidente do Irã, ou do acordo militar com a França; das relações com os Estados Unidos ou da criação e do futuro da Unasul.

Em quase todos os casos, a posição dos analistas conservadores é passadista, formalista, e sem consistência interna. Além disso, seus posicionamentos são pontuais e desconexos, e em geral defendem princípios éticos de forma desigual e pouco equânime. Por exemplo, criticam o programa nuclear do Irã, e o seu desrespeito às decisões da comissão de energia atômica da ONU, mas não se posicionam frente ao mesmo comportamento de Israel e do Paquistão, que além do mais, são Estados que já possuem arsenais atômicos, que não assinaram o Tratado de Não Proliferação de Armas Atômicas, e que têm governos sob forte influência de grupos religiosos igualmente fanáticos e expansivos. Ainda na mesma linha, criticam o autoritarismo e o continuísmo “golpista” da Venezuela, Equador e Bolívia, mas não dizem o mesmo da Colômbia ou de Honduras; criticam o desrespeito aos direitos humanos na China ou no Irã, e não costumam falar da Palestina, do Egito ou da Arábia Saudita, e assim por diante. Mas o que é mais grave, quando se trata de políticos e diplomatas, é o casuísmo das suas análises e dos seus julgamentos, e a ausência de uma visão estratégica e de longo prazo, para a política externa de um Estado que é hoje uma “potência emergente”.

Como explicar essa súbita indolência mental das forças conservadoras, no Brasil? Talvez, recorrendo à própria história das ideias e das posições dos governos brasileiros que mantiveram, desde a independência, uma posição político-ideológica e um alinhamento internacional muito claro e fácil de definir. Primeiro, com relação à liderança econômica e geopolítica da Inglaterra, no século XIX, e depois, no século XX – e em particular após a Segunda Guerra Mundial – com relação à tutela norte-americana, durante o período da Guerra Fria. O inimigo comum era claro, a complementaridade econômica era grande, e os Estados Unidos mantiveram, com mão de ferro, a liderança ética e ideológica do “mundo livre”. Depois do fim da Guerra Fria, os governos que se seguiram adotaram as políticas neoliberais preconizadas pelos EUA e se mantiveram alinhados com a utopia “cosmopolita” de Clinton.

A visão era idílica e parecia convincente: a globalização econômica e as forças de mercado produziriam a homogeneização da riqueza e do desenvolvimento, e essas mudanças econômicas contribuíram para o desaparecimento dos “egoísmos nacionais” e para a construção de um governo democrático e global, responsável pela paz dos mercados e dos povos. Mas, como é sabido, esse sonho durou pouco, e a velha utopia liberal – ressuscitada nos anos 90 – perdeu força e voltou para a gaveta, junto com a política externa subserviente dos governos brasileiros daquela década.

Depois de 2001, entretanto, o “idealismo cosmopolita” de Clinton foi substituído pelo “messianismo quase religioso” de Bush, que seguiu defendendo ainda por um tempo o projeto Alca, que vinha da administração Clinton. Mas depois da rejeição sul-americana ao projeto e depois da falência do Consenso de Washington e do fracasso da intervenção dos Estados Unidos a favor do golpe militar na Venezuela, de 2002, a política externa americana para a América do Sul ficou à deriva, e os EUA perderam a liderança ideológica do continente, apesar de manterem a supremacia militar e a centralidade econômica.

Nesse mesmo período, as forças conservadoras foram sendo desalojadas do poder, no Brasil e em quase toda a América do Sul. Mesmo assim, durante algum tempo seguiram repetindo a sua ladainha ideológica neoliberal. O golpe de morte veio com e eleição de Barak Obama. O novo governo democrata deixou para trás o idealismo cosmopolita e o messianismo religioso dos dois governos anteriores e assumiu uma posição realista e pragmática, em todo mundo. Seu objetivo tem sido, em todos os casos, manter a presença global dos Estados Unidos, com políticas diferentes para cada região do mundo.

Para a América do Sul sobrou muito pouco, quase nada, como estratégia e como referência doutrinária, apenas uma vaga empatia racial e um anti-populismo requentado. Como consequência, agora sim, nossos conservadores perderam a bússola. Ainda tentam seguir a pauta norte-americana, mas não está fácil, porque ela não é clara, não é moralista, nem é binária. Por isto, agora só lhes resta pensar com a própria cabeça para sobreviver politicamente. Mas isto não é fácil, toma tempo, e demanda um longo aprendizado.
José Luís Fiori é professor titular do Instituto de Economia da UFRJ e autor do livro “O Poder Global e a Nova Geopolítica das Nações” (Editora Boitempo, 2007). Escreve mensalmente às quartas-feiras.

SER OU TER

TER OU NÃO TER, EIS A QUESTÃO
SER OU NÃO SER, EIS A SUGESTÃO
TER OU NÃO SER, É A CONGESTÃO
DE SABERES DO SIM E DO NÃO

polir o caminho das pedras

pule essa e mais essa quadra
não quadra o que é minha tristeza
enquadra na tela toda essa alegria

o que chamam poesia é simples e prosa

a barca do som

sábado, 5 de dezembro de 2009

cortazar

música: maysa, dolores, cida moreira curte weill e tom waits




http://www.youtube.com/watch?v=hLIrS5dtTZI&feature=related