sábado, 30 de abril de 2011

blog do miro - O significado do 1º de Maio - Altamiro Borges

“Se acreditais que enforcando-nos podeis conter o movimento operário, esse movimento constante em que se agitam milhões de homens que vivem na miséria, os escravos do salário; se esperais salvar-vos e acreditais que o conseguireis, enforcai-nos! Então vos encontrarei sobre um vulcão, e daqui e de lá, e de baixo e ao lado, de todas as partes surgirá a revolução. É um fogo subterrâneo que mina tudo”. Augusto Spies, 31 anos, diretor do jornal Diário dos Trabalhadores.

“Se tenho que ser enforcado por professar minhas idéias, por meu amor à liberdade, à igualdade e à fraternidade, então nada tenho a objetar. Se a morte é a pena correspondente à nossa ardente paixão pela redenção da espécie humana, então digo bem alto: minha vida está à disposição. Se acreditais que com esse bárbaro veredicto aniquilais nossas idéias, estais muito enganados, pois elas são imortais''. Adolf Fischer, 30 anos, jornalista.

“Em que consiste meu crime? Em ter trabalhado para a implantação de um sistema social no qual seja impossível o fato de que enquanto uns, os donos das máquinas, amontoam milhões, outros caem na degradação e na miséria. Assim como a água e o ar são para todos, também a terra e as invenções dos homens de ciência devem ser utilizadas em benefício de todos. Vossas leis se opõem às leis da natureza e utilizando-as roubais às massas o direito à vida, à liberdade e ao bem-estar”. George Engel, 50 anos, tipógrafo.

“Acreditais que quando nossos cadáveres tenham sido jogados na fossa tudo terá se acabado? Acreditais que a guerra social se acabará estrangulando-nos barbaramente. Pois estais muito enganados. Sobre o vosso veredicto cairá o do povo americano e do povo de todo o mundo, para demonstrar vossa injustiça e as injustiças sociais que nos levam ao cadafalso”. Albert Parsons lutou na guerra da secessão nos EUA.


As corajosas e veementes palavras destes quatro líderes do jovem movimento operário dos EUA foram proferidas em 20 de agosto de 1886, pouco após ouvirem a sentença do juiz condenando-os à morte. Elas estão na origem ao 1º de Maio, o Dia Internacional dos Trabalhadores. Na atual fase da luta de classes, em que muitos aderiram à ordem burguesa e perderam a perspectiva do socialismo, vale registrar este marco histórico e reverenciar a postura classista destes heróis do proletariado. A sua saga serve de referência aos que lutam pela superação da barbárie capitalista.

A origem do 1º de Maio está vinculada à luta pela redução da jornada de trabalho, bandeira que mantém sua atualidade estratégica. Em meados do século XIX, a jornada média nos EUA era de 15 horas diárias. Contra este abuso, a classe operária, que se robustecia com o acelerado avanço do capitalismo no país, passou a liderar vários protestos. Em 1827, os carpinteiros da Filadélfia realizaram a primeira greve com esta bandeira. Em 1832, ocorre um forte movimento em Boston que serviu de alerta à burguesia. Já em 1840, o governo aprova o primeiro projeto de redução da jornada para os funcionários públicos.

Greve geral pela redução da jornada

Esta vitória parcial impulsionou ainda mais esta luta. A partir de 1850, surgem as vibrantes Ligas das Oito Horas, comandando a campanha em todo o país e obtendo outras conquistas localizadas. Em 1884, a Federação dos Grêmios e Uniões Organizadas dos EUA e Canadá, futura Federação Americana do Trabalho (AFL), convoca uma greve nacional para exigir a redução para todos os assalariados, “sem distinção de sexo, ofício ou idade”'. A data escolhida foi 1º de Maio de 1886 - maio era o mês da maioria das renovações dos contratos coletivos de trabalho nos EUA.

A greve geral superou as expectativas, confirmando que esta bandeira já havia sido incorporada pelo proletariado. Segundo relato de Camilo Taufic, no livro “'Crônica do 1º de Maio”, mais de 5 mil fábricas foram paralisadas e cerca de 340 mil operários saíram às ruas para exigir a redução. Muitas empresas, sentindo a força do movimento, cederam: 125 mil assalariados obtiveram este direito no mesmo dia 1º de Maio; no mês seguinte, outros 200 mil foram beneficiados; e antes do final do ano, cerca de 1 milhão de trabalhadores já gozavam do direito às oito horas.

“Chumbo contra os grevistas”, prega a imprensa

Mas a batalha não foi fácil. Em muitas locais, a burguesia formou milícias armadas, compostas por marginais e ex-presidiários. O bando dos “'Irmãos Pinkerton” ficou famoso pelos métodos truculentos utilizados contra os grevistas. O governo federal acionou o Exército para reprimir os operários. Já a imprensa burguesa atiçou o confronto. Num editorial, o jornal Chicago Tribune esbravejou: “O chumbo é a melhor alimentação para os grevistas. A prisão e o trabalho forçado são a única solução possível para a questão social. É de se esperar que o seu uso se estenda”.

A polarização social atingiu seu ápice em Chicago, um dos pólos industriais mais dinâmicos do nascente capitalismo nos EUA. A greve, iniciada em 1º de Maio, conseguiu a adesão da quase totalidade das fábricas. Diante da intransigência patronal, ela prosseguiu nos dias seguintes. Em 4 de maio, durante um protesto dos grevistas na Praça Haymarket, uma bomba explodiu e matou um policial. O conflito explodiu. No total, 38 operários foram mortos e 115 ficaram feridos.

Os oito mártires de Chicago

Apesar da origem da bomba nunca ter sido esclarecida, o governo decretou estado de sítio em Chicago, fixando toque de recolher e ocupando militarmente os bairros operários; os sindicatos foram fechados e mais de 300 líderes grevistas foram presos e torturados nos interrogatórios. Como desdobramento desta onda de terror, oito líderes do movimento - o jornalista Auguste Spies, do “'Diário dos Trabalhadores”', e os sindicalistas Adolf Fisher, George Engel, Albert Parsons, Louis Lingg, Samuel Fielden, Michael Schwab e Oscar Neebe - foram detidos e levados a julgamento. Eles entrariam para a história como “Os Oito Mártires de Chicago”.

O julgamento foi uma das maiores farsas judiciais da história dos EUA. O seu único objetivo foi condenar o movimento grevista e as lideranças anarquistas, que dirigiram o protesto. Nada se comprovou sobre os responsáveis pela bomba ou pela morte do policial. O juiz Joseph Gary, nomeado para conduzir o Tribunal Especial, fez questão de explicitar sua tese de que a bomba fazia parte de um complô mundial contra os EUA. Iniciado em 17 de maio, o tribunal teve os 12 jurados selecionados a dedo entre os 981 candidatos; as testemunhas foram criteriosamente escolhidas. Três líderes grevistas foram comprados pelo governo, conforme comprovou posteriormente a irmã de um deles (Waller).

A maior farsa judicial dos EUA

Em 20 de agosto, com o tribunal lotado, foi lido o veredicto: Spies, Fisher, Engel, Parsons, Lingg, Fielden e Schwab foram condenados à morte; Neebe pegou 15 anos de prisão. Pouco depois, em função da onda de protestos, Lingg, Fielden e Schwab tiveram suas penas reduzidas para prisão perpétua. Em 11 de novembro de 1887, na cadeia de Chicago, Spies, Fisher, Engel e Parsons foram enforcados. Um dia antes, Lingg morreu na cela em circunstâncias misteriosas; a polícia alegou “suicídio”. No mesmo dia, os cinco “'Mártires de Chicago” foram enterrados num cortejo que reuniu mais de 25 mil operários. Durante várias semanas, as casas proletárias da região exibiram flores vermelhas em sinal de luto e protesto.

Seis anos depois, o próprio governador de Illinois, John Altgeld, mandou reabrir o processo. O novo juiz concluiu que os enforcados não tinham cometido qualquer crime, “tinham sido vitimas inocentes de um erro judicial”. Fielden, Schwab e Neebe foram imediatamente soltos. A morte destes líderes operários não tinha sido em vão. Em 1º de Maio de 1890, o Congresso dos EUA regulamentou a jornada de oito horas diárias. Em homenagem aos seus heróis, em dezembro do mesmo ano, a AFL transformou o 1º de Maio em dia nacional de luta. Posteriormente, a central sindical, totalmente corrompida e apelegada, apagaria a data do seu calendário.

Em 1891, a Segunda Internacional dos Trabalhadores, que havia sido fundada dois anos antes e reunia organizações operárias e socialistas do mundo todo, decidiu em seu congresso de Bruxelas que “no dia 1º de Maio haverá demonstração única para os trabalhadores de todos os países, com caráter de afirmação de luta de classes e de reivindicação das oito horas de trabalho”. A partir do congresso, que teve a presença de 367 delegados de mais de 20 países, o Dia Internacional dos Trabalhadores passou a ser a principal referência no calendário de todos os que lutam contra a exploração capitalista.

Como os EUA apagaram o 1º de Maio
Reproduzo artigo de Eduardo Galeano, extraído de "O livro dos Abraços":

Chicago está cheia de fábricas. Existem fábricas até no centro da cidade, ao redor de um dos edifícios mais altos do mundo. Chicago está cheia de fábricas, Chicago está cheia de operários.

Ao chegar ao bairro de Heymarket, peço aos meus amigos que me mostrem o lugar onde foram enforcados, em 1886, aqueles operários que o mundo inteiro saúda a cada primeiro de maio. – Deve ser por aqui – me dizem. Mas ninguém sabe. Não foi erguida nenhuma estátua em memória dos mártires de Chicago nem na cidade de Chicago. Nem estátua, nem monolito, nem placa de bronze, nem nada.

O primeiro de maio é o único dia verdadeiramente universal da humanidade inteira, o único dia no qual coincidem todas as histórias e todas as geografias, todas as línguas e as religiões e as culturas do mundo; mas nos Estados Unidos o primeiro de maio é um dia como qualquer outro. Nesse dia, as pessoas trabalham normalmente, e ninguém, ou quase ninguém, recorda que os direitos da classe operária não brotaram do vento, ou da mão de Deus ou do amo.

Após a inútil exploração de Heymarket, meus amigos me levam para conhecer a melhor livraria da cidade. E lá, por pura curiosidade, por pura casualidade, descubro um velho cartaz que está como que esperando por mim, metido entre muitos outros cartazes de música, rock e cinema.

O cartaz reproduz um provérbio da África: Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorificando o caçador.

A regionalização da verba publicitária - Carta Maior - André Barrocal

A primeira década do século XXI assistiu a uma pulverização da verba publicitária do governo federal que multiplicou por vinte vezes o número de veículos de comunicação que recebem dinheiro público em troca de propaganda oficial. Hoje, esse tipo de conteúdo chega à metade dos municípios do país. Essa democratização pouco mudou a fatia de cada mídia (TV, rádio, jornal, revista, internet) no total aplicado pelo governo – o movimento mais significativo foi a queda dos jornais na proporção da subida da internet. Mas produziu desconcentração em cada segmento - grupos grandes repartem o quinhão com uma miríade de microempresas. E a um custo para o Estado que não pode ser chamado de explosivo, diante da inflação e do crescimento econômico no período.

Hoje, há mais de oito mil veículos pagos para veicular propaganda federal, distribuídos em 2.733 municípios, segundo a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República. São 2.861 rádios (36%), 2.097 jornais (26%), 473 TVs (5%), 151 revistas (2%) e 2.512 (31%) de um grupo que inclui internet, outdoor, cinema e mídia no exterior. Dez anos antes, em 2000, a publicidade oficial espalhava-se por algo em torno de 400 veículos. No início do governo Lula, em 2003, havia 499 órgãos a veicular propaganda oficial, em 182 municípios.

No ano 2000, a despesa conjunta da Presidência da República e dos Ministérios com propaganda tinha sido de R$ 198 milhões. Quando as empresas estatais, como Petrobras e Banco do Brasil, entram na conta, a bolada sobe para R$ 1.078 bilhão. Uma década depois, os valores eram R$ 472 milhões e R$ 1.628 bilhão, respectivamente.

De 2000 a 2010, a inflação medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acumulou alta de 89%, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 48%. Considerando o aumento geral dos preços no país na década passada, o investimento federal em publicidade subiu 25% a mais, ritmo equivalente à metade do avanço do PIB. Com as estatais juntas, o gasto caiu 20% frente a inflação, sem elevação real, portanto.

Governo Lula

Durante o governo Lula, a evolução das despesas com publicidade teve comportamento um pouco diferente, ao se relativizar os números diante da inflação e do PIB. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso passara ao sucessor um governo que havia aplicado R$ 202 milhões em propaganda, sem contar as estatais, e R$ 956 milhões, ao encaixá-las na equação.

De 2003 a 2010, a inflação acumulada foi de 56%, pelo índice do IBGE. Significa que Presidência e ministérios injetaram em propaganda 50% acima da inflação. No período, o PIB cresceu 36%. Já no cálculo com as estatais incluídas, houve aumento de 9% além da inflação, também numa economia que enriqueceria 36%.

Dado repassado pelo Ibope à Secom mostra que, nos dois mandatos de Lula, o mercado publicitário teria encorpado 385%. É um indicador que o governo também usa para relativizar números que, ainda assim, revelam uma política que democratiza a verba publicitária, mesmo que baseada no critério da “mídia técnica”, cuja tradução é "destinar publicidade na proporção da penetração de cada veículo, nem mais, nem menos".

O governo justifica o investimento em publicidade como necessário para divulgar informações e prestar contas à população sobre políticas públicas. Os adversários acham, no entanto, que há exagero nos volumes gastos e uma disfarçada tentativa de cooptação de veículos menores.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O PiG e a elite - conersa afiada - Luiz Carlos Antero

Dantas sempre sorri quando lê o PiG


Saiu no Portal Vermelho, texto de Luiz Carlos Antero:



Excesso de “respeito aos contratos”

Luiz Carlos Antero

Nas colunas anteriores, comentamos a simbiose que define o violento e hostil perfil do império da mídia como síntese da secular tradição conservadora — que na atualidade reúne os traços essenciais do autoritarismo e do padrão neoliberal, nos marcos do regime militar e dos governos FHC. E ainda sobrevive ao controle social.
Em consequência desta simbiose, o império da mídia, é conhecido hoje como PIG (Partido da Imprensa Golpista, ontem e hoje, na precisa definição propalada por Paulo Henrique Amorim).

A censura que parte desta imprensa conheceu no período discricionário — longe de significar, nas diferenças formais, uma contradição antagônica com os generais da ditadura, posto que assimilou o conceito de golpe de Estado — e confirmou, em seus desdobramentos no atual século, que na essência crava uma profunda (e nada sutil) identidade antidemocrática.

Ou seja: dessa fusão de interesses conformou-se a sinistra força política estruturada e instituída na concepção “pós-moderna” da ditadura do grande capital — devidamente equipada para a demolição dos pensamentos divergentes, mas progressivamente debilitada na medida do incremento da participação popular ao processo político. É a velha e truculenta direita em verde oliva, na versão a um só tempo traiçoeira, venenosa e explosiva — que, derrotada em 2010, prepara nova ofensiva.

PIG contra o povo brasileiro

Vivemos no atual momento esta ácida contradição — que sobrevive à impossibilidade dos governos Lula de superar esses (entre outros) traços de um passado histórico a um só tempo remoto e recente. Um limiar que possui sustentação na realidade objetiva, visto que permanecem vigentes os obstáculos estruturais que ocasionaram secularmente a hegemonia das classes conservadoras em nosso País. Mas que foi, em precisos limites, contestado nos últimos anos.

Em setembro de 2010, em plena campanha de Dilma para a Presidência da República, Lula renovou a acidez das críticas ao comitê da mídia golpista e voltou a defender uma nova regulamentação do setor:

“O que não dá é para as pessoas ficarem vendendo uma neutralidade disfarçada. Muitas vezes, fica explícito no comportamento que eles têm candidato e gostariam que o candidato fosse outro; deveriam assumir categoricamente que têm um candidato e tem um partido. A verdade é que nós temos nove ou dez famílias que dominam toda a comunicação desse País — donas de canais de TV, de rádio, jornais, sites e outras mídias (…) que você viaja pelo Brasil e tem duas ou três famílias que são donas dos canais de TV. E os mesmos são donos das rádios e são donos dos jornais”.

Lula defendeu um novo marco regulatório para as telecomunicações no Brasil, citando a Conferência na qual foram discutidas propostas como a criação do Conselho Nacional de Comunicação, um organismo de controle público das mídias, considerada pela mídia golpista como censura. E arrematou: “Ao invés de ficarem contra, deveriam participar, ajudar a construir, porque será inexorável”.

Fundamento na mobilização

Com tão firme antecedente, a regulação da mídia requer, nessas condições, algo mais que a determinação política do governo Dilma: a organização e mobilização da sociedade na ampla e vigorosa luta pela superação dos obstáculos reafirmados em 1964 e, após 30 anos, em 1994 — quando se impôs graves danos aos interesses do progresso e dos avanços sociais no Brasil, legando-se graves restrições aos governos iniciados em 2002.

Porque, não obstante a arrojada declaração do então presidente Lula, é indispensável o recurso a um outro conselho com o qual brindou a Presidenta no dia da sua posse: “Nas dificuldades, vá para perto do povo, que é a nossa salvação”.

Entretanto, o próprio Lula saberia que, com toda a confiança no povo brasileiro, faltou-lhe o solo necessário para consolidar determinadas transformações. Todas requeridas na superação dos obstáculos estruturais ao pleno desenvolvimento do Brasil e liquidação das amarras estabelecidas pelas oligarquias em sua vigência macroeconômica — solidamente instaladas no poder de Estado.

Tais vulnerabilidades constavam da “Carta aos Brasileiros”, declinada em plena campanha eleitoral de 2002, nos claros limites de sua iminente relação de governo com o secular poder conservador: “Premissa dessa transição será naturalmente o respeito aos contratos e obrigações do País “.

Na conjuntura de 2002, o “respeito contratos” celebrados desde as privatizações, implicaram em seguida na manutenção do balaio de armadilhas neoliberais e na tácita permanência das tratativas do Plano Real — que sacralizaram os ganhos especulativos da ciranda financeira, somadas às remessas pela via das multinacionais concessionárias do serviço público (em especial nas áreas de energia, telefonia e comunicações) para o centro hegemônico do capital financeiro internacional.

Consagrou-se, em tais remessas, a sangria da poupança do nosso povo trabalhador extraída também mediante a exacerbação das tarifas. E, simbolicamente, proporcionou-se uma vida fácil e fagueira para os banqueiros do porte e atuação de Daniel Dantas et caterva. Com o olhar solícito do império da mídia e longe das “obrigações do País”.

Partidos em crise - cartacapital - Marcos Coimbra

29 de abril de 2011 às 10:14h


No Brasil, as legendas nunca tiveram ambiente propício para se enraizar. Em nossa história, sempre tenderam a ser breves, pouco presentes na vida social e vistas com desconfiança. Onde estão as agremiações que representam o Brasil de hoje? Por Marcos Coimbra. Foto: Valter Campanato/ABr
Se há uma coisa com a qual todo mundo concorda quando se discute política é que os partidos são fundamentais na democracia. Até existem partidos em países não democráticos (como as legendas únicas de ditaduras à esquerda e à direita), mas não há democracias sem eles.

No Brasil, os partidos nunca encontraram, porém, ambiente propício para se enraizar e se desenvolver. Em nossa história, sempre tenderam a ser breves, pouco presentes na vida social e vistos com desconfiança.

Também pudera. Saímos de um regime de limitada participação no Império para uma República onde as restrições continuavam imensas. Nosso eleitorado era pequeno e decidia a respeito de poucas coisas. Tudo de relevante se resolvia nas confabulações da elite.

Atravessamos os 50 anos entre a Revolução de 1930 e a redemocratização de uma ditadura a outra. A cada mudança, os partidos existentes eram extintos e criavam-se novos. Seria querer demais que estabelecessem vínculos profundos com a sociedade.

Os que surgiram em 1945 duraram apenas 20 anos, mas foram os que mais marcaram nossa vida política. Até pouco tempo atrás, ainda era possível encontrar pessoas que se identificavam mais com eles do que com os atuais. PSD, UDN e PTB, ao lado de outras legendas menores ou regionais, ainda estão presentes nas referências de nossa cultura.

Nenhum morreu de morte natural, causada pela perda de representatividade ou o desinteresse dos eleitores. Em sinal paradoxal de respeito, os militares os extinguiram por Ato Institucional específico, como que reconhecendo sua importância e o quanto poderiam representar de obstáculo ao modelo de sistema político que queriam implantar.

Por que será que a democracia pós-redemocratização não conseguiu produzir organizações partidárias semelhantes? Este já é o mais longo período com democracia contínua que tivemos. Onde estão os partidos que expressam o Brasil de hoje?

Só temos certeza de um: o PT. É o maior (em termos de simpatia popular e número de militantes), o mais organizado (com vida interna estruturada e dinâmica), o mais bem-sucedido (com um terceiro mandato presidencial sucessivo) e o mais nacional (com presença expressiva em municípios e comunidades do País inteiro) de todas as legendas que existiram em nossa história.

Por que só o PT? Por que não surgiu algo equivalente ou parecido em nenhum outro lugar do espectro ideológico? É evidente que nem todos os brasileiros são petistas. A se crer nas pesquisas, a maioria, aliás, não é. Então, por que nenhum veio ocupar o vazio existente?

Neste início de governo de Dilma Rousseff, os partidos de oposição atravessam sua pior crise. Ao contrário do que se falou logo após a eleição de 2010, quando houve quem dissesse que os resultados mostravam que era grande o sentimento oposicionista no País, estão confusos, desnorteados, em conflitos internos.

O DEM, sucessor da velha Arena criada pelos militares, parece um doente em fase terminal. Que futuro pode ter um partido incapaz de resistir ao assédio de alguém da importância política de Gilberto Kassab? Qualquer um vê o dedo de José Serra por trás desse PSD de agora, mas não deixa de ser lamentável a trajetória da antiga Frente Liberal. Hoje, o melhor destino para os que restarem será a incorporação ao PSDB.

Esse, cindido por brigas internas irreconciliáveis, perde filiados históricos e não consegue se desvencilhar de lideranças que o prendem ao passado. Anda tão mal que seu principal intelectual propõe que invente alguém para representar. Sem o “povão” que lhe deu as costas, Fernando Henrique Cardoso sugere ao partido tornar-se porta-voz das “novas classes médias”. Como se os partidos primeiro existissem e depois fossem à procura de quem os quer.

É possível que só tenhamos um PT pela simples razão de que só ele foi um partido que nasceu na sociedade, se organizou aos poucos e cresceu ao atrair gente comum. Se houve um partido, em nossa história, que se desenvolveu de baixo para cima, foi ele. Não é apenas isso que explica seu sucesso, mas é onde começa.

Dizendo o óbvio: o PT é forte por estar enraizado na sociedade. Os outros estão em crise por lhes faltar o “povão”.



Marcos Coimbra
Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi. Também é colunista do Correio Braziliense

Ministro das Comunicações descarta agência de conteúdo para mídia - cartamaior -

Em reunião com Frente de parlamentares e representantes da sociedade, Paulo Bernardo lista prioridades: marco regulatório da radiodifusão, banda larga e inclusão digital. No novo marco, ele diz que há 'problema' para criar nova agência. 'Estratégico' com Dilma, Ministério tem agenda prioritária construída ainda no governo Lula. Frente aprova pauta, nova postura e disposição para negociar. A reportagem é de André Barrocal.

BRASÍLIA – O Ministério das Comunicações exibe hoje um caráter estratégico que não possuía na gestão Lula, que preferiu comprar brigas em áreas diferentes e incluía a pasta em negociações com partidos aliados em troca de apoio político. O ministro atual, Paulo Bernardo, é escolha direta da presidenta Dilma Rousseff, que optou por usar outras pastas para segurar aliados. Ele tem respaldo dela para tocar com prioridade três pautas tidas como fundamentais pelo governo: massificação da banda larga, inclusão digital e marco regulatório da radiodifusão.

Os planos do ministro foram apresentados nesta quinta-feira (28/04) à Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular. O grupo, que reúne congressistas e representantes da sociedade civil, saudou a mudança de atitude do ministério. E apóia uma agenda construída dentro do Palácio do Planalto ainda no tempo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No caso do marco regulatório da radiodifusão, ponto mais polêmico da pauta de Bernardo e cujo objetivo é atualizar uma legislação que em 2012 completará 50 anos, o ministro disse que o governo ainda estuda o assunto e não fixou um prazo para concluir o trabalho. O ponto de partida continua sendo proposta deixada pelo ex-ministro da Comunicação Social Franklin Martins. O texto foi entregue a Bernardo no dia 8 de janeiro, pelo chefe de gabinete de Franklin, Sylvio Coelho.

Na reunião com a Frente, o ministro avisou que mexerá num aspecto central do projeto herdado, pois não seria possível criar, hoje, uma agência para regular conteúdo da radiodifusão e analisar a concentração empresarial no setor. Ele acha melhor que a regulação do conteúdo fique na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que seria reestruturada e mudaria de nome para Agência Nacional de Comunicações. E que casos de concentração passem pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que já existe para avaliar questões concorrenciais.

“Estamos com dificuldade para encontrar um modo de separar a regulação em duas agências. Mas a palavra final será da presidenta Dilma”, afirmou Bernardo. “A presidenta não vai deixar vir ao Congresso um projeto desses sem examinar a redação.”

Clima político
Além da dificuldade técnica apontada - mas não detalhada - pelo ministro, o governo acredita que, do ponto de vista político, também seria melhor buscar outro caminho. A ideia de uma agência para cuidar de conteúdo assusta adversários de um novo marco regulatório da radiodifusão, convictos de que o debate esconde suposta intenção do governo de controlar ou censurar rádios e televisões. Boa parte do Congresso, que terá de votar o projeto, tem interesse direto (parlamentares donos de emissoras) ou indireto (pressão de grupos empresariais) no tema.

“Há uma reação conservadora à proposta, uma atitude antidemocrática de quem não quer nem debater”, disse o deputado Fernando Ferro (PT-PE), integrante da Frente. “Queremos que os dois lados se encontrem para conversar”, completou.

A composição da Frente é exemplo da falta de diálogo. São 194 parlamentares e 100 representantes da sociedade civil. Mas, segundo a coordenadora-geral da Frente, deputada Luíza Erundina (PSB-SP), nenhuma entidade representante das grandes empresas aderiu, embora tenham sido convidadas. “Esse é um ministério das Comunicações diferente, percebemos uma disposição de dialogar que não havia no outro governo”, disse Erundina. “Mas o debate da democratização da mídia só vai andar com pressão da sociedade. E eu sinto que estamos na hora certa para avançar.”

“Esse é um momento histórico. A reforma do marco regulatório não foi feita com Lula, mas pode ser com Dilma”, concordou Gésio Passos, representante do coletivo Intervozes, entidade que faz parte da coordenação da Frente.

Até mesmo um deputado-empresário da Frente expressou, na reunião, opinião que sugere que o clima está mesmo mais favorável para modernizar o Código Brasileiro de Telecomunicações. “Temos de acabar com a polarização dos grandes conglomerados que concentram a comunicação. Sou um grande defensor das rádios e TVs comunitárias.” disse Nelson Marquezelli (PTB-SP). “ E temos de educar os empresários brasileiros, e eu sou um empresário, de que este é um país de todos, não apenas de alguns.”

blog do nassif - A blogosfera nas eleições de 2010 -

Enviado por luisnassif, sex, 29/04/2011 - 13:35
Na próxima semana, durante o IV Congresso de Opinião Pública da WAPOR (do World Association for Public Opinion Research) em Belo Horizonte, um dos trabalhos apresentados será o paper “Informação e contra-informação: o papel dos blogs no debate político das eleições presidencias de 2010”, de Rafael de Paula Aguiar Araujo (Professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Claudio Luis de Camargo Penteado (Professor da Universidade Federal do ABC; pesquisador do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política do Programa de Estudos Pós-Graduados da PUC-SP )e Marcelo Burgos Pimentel dos Santos (Doutorando em Ciências Sociais pela PUC-SP; pesquisador do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política do Programa de Estudos Pós-Graduados da PUC-SP)

A análise se concentra no nosso blog aqui e no Viomundo, do Luiz Carlos Azenha.

Aqui, trechos do trabalho:

As acusações contra Dilma provocaram uma imediata reação de seus partidários e simpatizantes, que acusavam os grandes meios de comunicação de fazer uma campanha sistemática para desestabilizar a candidatura petista e servir aos interesses de José Serra. Esse embate, encontrou no universo digital da Internet, um campo de contestação das informações publicadas,promovendo um intenso debate que foi além da disputa partidária, colocando em oposição os críticos das grandes empresas de comunicação e os representantes desses setores.

(…) Alguns outros, com uma postura mais radical, chegavam a chamar os grandes veículos de comunicação de PIG – Partido da Imprensa Golpista, termo que se espalhou com rápida velocidade na Internet. O segundo grupo, encabeçado pelas grandes empresas de mídia tradicional, representados pelos profissionais da área, acusava o governo de censura, afirmando que os petistas eram contra a liberdade de imprensa, patrocinando “pseudojornalistas” para defenderem o governo. Existe uma relação conflituosa entre a mídia tradicional e a Internet sob diferentes aspectos.

(…)Os jornalistas que atuam na blogosfera, na maioria das vezes, passaram por vários veículos de comunicação tradicionais e possuem credibilidade assegurada, são, portanto, portadores de um capital simbólico dentro do jornalismo, inclusive os dois blogueiros que analisaremos neste artigo. Há, entretanto, blogueiros e usuários que atuam no espaço da Internet sem a formação jornalística e realizam um trabalho mais semelhante ao de uma militância.

(…) A disputa entre veículos tradicionais e NTICs chamou a atenção para o poder da Internet no debate político contemporâneo, em que o aumento do número de acessos e a importância nas relações sociais possibilitaram a criação de um espaço alternativo de informação, quebrando o monopólio do processo informacional, centrado nos grandes meios de comunicação tradicionais.

(…) Entre esses episódios podemos destacar três que merecem menção especial por serem bem significativos no embate entre as forças majoritárias do pleito presidencial, a saber: a acusação de tráfico de influência na Casa Civil envolvendo a ex-assessora de Dilma, Erenice Guerra. Outro caso significativo foi o evento conhecido como o “caso da bolinha de papel” e, por fim, a denúncia de quebra de sigilo de pessoas ligadas ao candidato José Serra, entre eles sua esposa e filha.

O caso da bolinha de papel
O “caso da bolinha de papel” corresponde a uma situação em que o candidato tucano José Serra, durante uma caminhada de campanha, é atingido por um objeto lançado por supostos manifestantes petistas.

Esse acontecimento recebeu diferentes coberturas nos noticiários, cabendo destacar as reportagens do Jornal Nacional e do Jornal da Record.

O primeiro mostra o confronto entre os militantes e, em seguida, imagens de Serra com a mão na cabeça indo para um hospital receber tratamento médico e realizar exames.

O segundo identifica o objeto como uma bolinha de papel e mostra cenas em que o candidato tucano somente coloca a mão na cabeça, local onde foi atingido, depois de receber um telefonema.

A reportagem do Jornal da Record teve uma ampla repercussão na Internet, porque os apoiadores de Dilma logo fizeram circular suas imagens da reportagem na Web.

No dia seguinte, o Jornal Nacional levou ao ar uma nova reportagem sobre o evento, com novas imagens em que o candidato Serra também teria sido atingido por um outro “objeto”, que justificaria a necessidade de atendimento médico. Para confirmar essa nova versão, convidaram o “perito” José Molina1, que afirmou na reportagem que provavelmente o que atingiu a cabeça do candidato foi um rolo de fita crepe.

Em reação a essa reportagem, a blogosfera circulou diversas informações questionando a veracidade das imagens. Com análise das imagens, quadro-aquadro, os blogs procuram demonstrar, com a participação de outros peritos, que o vídeo exibido no Jornal Nacional foi montado2.

O dossiê
Contudo, o acontecimento mais emblemático foi aquele denominado como o caso da “quebra de sigilo” de pessoas ligadas à José Serra, que o noticiário da mídia tradicional relacionou à campanha petista, acusando-a de fazer um dossiê contra o candidato tucano.

Nesse caso, houve dois momentos em que a notícia ganhou destaque, durante o primeiro turno, quando Dilma Roussef já aparecia em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, e, posteriormente, no segundo turno, com o vazamento do resultado da investigação da Polícia Federal sobre o caso.

Em ambos os momentos, as reportagens vinculavam a quebra do sigilo à campanha petista, havendo indícios de que o dito dossiê teria sido produzido em Minas Gerais por pessoas ligadas ao também tucano Aécio Neves. Nesse caso, o dossiê seria fruto de uma disputa interna dentro do próprio PSDB.

(…)É possível dizer que a venda de dados sigilosos da Receita Federal não era algo novo naquele momento e já era de conhecimento público. Mais ainda, a emissora SBT já havia feito uma reportagem, em que tratava da compra e venda de dados sigilosos em São Paulo.

O programa SBT Brasil fez a reportagem intitulada Senhas do Crime, pela qual entrevistou o então presidente do Superior Tribunal Federal, Gilmar Mendes, além do então governador de São Paulo, José Serra.

Na reportagem Serra chega a afirmar que já sabia dessa possibilidade e reitera que também era possível encontrar os dados das suas esposa e filha, além de seus próprios dados pessoais. Além disso, citava a possibilidade de quebra de sigilo do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, dos ministros da Fazenda e da Justiça, Guido Mantega e Tarso Genro, respectivamente, além do próprio Presidente da República.

Dessa forma, é possível dizer que no momento em que o caso do dossiê ganha espaço nos noticiários, não era novidade ser possível comprar informações sigilosas de qualquer cidadão do país. E, mais ainda, os fatos permitem dizer que as vendas não tinham interesses partidários ou ideológicos específicos, pois atingiam várias pessoas de diversas matizes ideológicas e políticas.

Blogs e mídia tradicional
Diferentemente dos meios de comunicação tradicionais que são conhecidos por serem uma fonte de informação de mão única, ou seja, dos emissores para os receptores, as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) possuem uma característica diferente pois também permitem aos receptores participarem dos processos de produção de informações.

Assim, através do desenvolvimento tecnológico, atualmente, há uma nova relação de força na produção de informações (políticas ou não) que pode ser considerada como mais horizontalizada, em detrimento da relação mais verticalizada produzida pela mídia tradicional.

Em outras palavras, já são notórios no Brasil os coletivos de blogs pelos quais diversos blogueiros se reúnem para formalizar uma rede de troca de informações e notícias independente dos grandes veículos de comunicação tradicionais.

Na mídia tradicional, a informação, até ser veiculada, passa por diversos filtros hierárquicos em sua edição, os chamados gatekeepers, que podem ocasionar, inclusive, uma edição final completamente diferente daquela que foi imaginada por seu autor inicialmente.

Com as NTICs, em especial os blogs, isso dificilmente acontece. Os indivíduos têm maior liberdade para publicar o material que desejam, pois as informações não precisam passar pelo crivo de um editor. Cada autor é seu próprio editor, de forma que os filtros hierárquicos acabam por se tornar muito mais fluidos ou mesmo obsoletos.

(…) Ou seja, diferentemente do que ocorria no século anterior, o ativismo político hoje se realiza na e pela mídia, na ágora virtual, ao invés da ágora real e concreta das cidades, transformando aos poucos os mecanismos da ação e participação política. Todo esse ativismo via Internet pôde se desenvolver graças ao número de acessos de banda larga no Brasil e no mundo, que permite maior rapidez na obtenção e troca de informações, sobretudo quando são circulados fotos e vídeos pela rede com o intuito de produzir novos conteúdos informacionais.

(…)Antes do surgimento das NTICs, a mediação entre Estado e sociedade ocorria através da representação institucional dos partidos políticos e órgãos da administração pública. Depois essa mediação passou ao controle dos grandes conglomerados de mídia, que passaram a influenciar diretamente a opinião pública, o que limitou o cidadão à condição de expectador da luta política e a um consumidor de políticas.

As NTICs permitiram, por exemplo, uma dinâmica inovadora na execução das práticas políticas, estabelecendo uma interação mais direta entre o Estado e os cidadãos sustentada por um aparato tecnológico de comunicação em rede. Atualmente, no Brasil, é possível a participação via Internet de discussões no desenvolvimento do ciclo de políticas públicas, como é o caso do Ministério da Cultura durante o governo Lula, que se empenhou na construção de espaços de deliberação e pesquisa em seu site9.

A quebra do sigilo
No Viomundo houve um equilíbrio entre posts com enquadramento informativo indireto e avaliativo crítico. Os textos informativos indiretos se caracterizam por trazer informações de outras fontes, isto é, o blogueiro replica em seu site reportagens de outros meios de informação. O blogueiro nesse caso faz uma seleção das informações que acha mais importantes. Nesse episódio, Azenha buscou desconstruir o noticiário oficial da mídia tradicional, questionando o comportamento da mesma e o resultado dessas ações na corrida eleitoral. Os posts com enquadramento avaliativo crítico se posicionaram sobre a atuação da grande imprensa, analisando e denunciando o comportamento parcial favorável à campanha de José Serra.

No blog Luis Nassif Online o enquadramento dos posts também foi muito semelhante. A maior parte teve um enquadramento informativo indireto, havendo a postagem direta das notícias dos grandes veículos de comunicação tradicionais, principalmente dos jornais Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo e da revista Veja, seguidos, muitas vezes, de um comentário irônico do blogueiro, além de uma análise argumentativa crítica.

Foi verificado o enquadramento informativo indireto em 78,5% dos posts, a presença de ironia em 30,5% dos posts e de uma avaliação crítica em 36,5% dos textos postados.

No início da cobertura do caso, o blogueiro apresentou sua postura crítica frente a maneira como a mídia tradicional estava realizando seu enquadramento. Isso estabeleceu o blog como espaço de contra-informação, de tal forma que os próprios usuários passaram a colaborar com a apresentação de novos dados, reafirmando dessa maneira uma nova prática do jornalismo colaborativo que existe na rede mundial de computaores.

Em muitos posts, Nassif apenas postou a reportagem publicada pela “velha mídia” deixando as conclusões para os leitores. Vale também dizer que em alguns casos, Nassif trouxe uma informação direta, valendo-se de seu prestígio e credibilidade, como foi o caso do post em que o jornalista divulga a vontade de Luiz Lanzetta, dono da empresa Lanza Comunicações, ligada ao caso, em ser convocado para depor no Congresso ou em praça pública.

A informação foi obtida através de telefonema de Lanzetta ao próprio Nassif, o que reforça a idéia de que os blogs são também espaços privilegiados de informação, fornecendo novos elementos que estão ausentes na mídia tradicional. Essa característica contribui para a atração de boa parte dos leitores. Não é à toa que o número de acessos a blogs informacionais aumenta em períodos eleitorais11.

Na composição de seus textos, Azenha utilizou de diversas fontes (tabela 02), tanto da mídia tradicional, como das novas mídias (blogs e portais da Internet). A recorrência aos jornais Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e ao portal do UOL (pertencente ao mesmo grupo jornalístico que mantém a Folha de São Paulo) foi feita para ilustrar como esses meios distorciam ou escondiam as informações do acontecimento, ou para divulgar resultados de pesquisas avaliando o impacto da denúncia. O destaque da mídia tradicional foi para a replicação de reportagens da revista Carta Capital, escrita por Leandro Fortes, que teve um papel essencial nesse episódio, mas que somente teve repercussão na Internet, sendo praticamente ignorada pela grande mídia. Em relação às novas mídias podemos destacar os posts retransmitidos do Luis Nassif Online, Conversa Afiada (do jornalista Paulo Henrique Amorim) e Observatório da Imprensa (portal dedicado a fazer uma avaliação crítica do funcionamento da imprensa). Os textos de Nassif e Amorim foram centrais no processo de desconstrução do noticiário da grande mídia, trazendo informações que questionavam o conteúdo veiculado por esses meios.

No blog do jornalista Luis Nassif existe uma diferença no que diz respeito ao uso de fontes. Nassif parece ter reconhecido seu papel no caso pelo pioneirismo no tratamento das informações. Ele foi fonte para outros blogs, como é o caso do Viomundo, mas não citou nenhum outro blog de grande repercussão em seus posts. Exceção para o Conversa Afiada, citado uma vez e, ainda assim, por um leitor em um comentário.

Ao analisarmos a tabela 03, é possível ver que Nassif se utiliza mais das fontes tradicionais do que das novas mídias, mas com uma perspectiva semelhante a de Azenha. Os textos são publicados seguidos de comentários críticos e irônicos, com o intuito de desconstruir a credibilidade desses meios tradicionais e evidenciar seus posicionamentos políticos.

Vale destaque para o fato de Nassif se valer com freqü.ncia de participações de seus colaboradores, algumas vezes pessoas que lhe passam informações pessoalmente, que em seguida são publicadas pelo blogueiro, outras vezes os próprios leitores colaboram com novas análises e interpretações, como foi o caso do vídeo publicado no Youtube com a entrevista da candidata Dilma Roussef discutindo com Sérgio Dávila sobre o suposto dossiê.

Quando surge a denúncia do caso da quebra de sigilo e o suposto “dossiê”, Azenha retransmite em seu blog post de Nassif indicando que esse era um caso antigo, antes do início da campanha (início de 2008 e que já comentamos aqui), e que se referia a um livro a ser lançado pelo jornalista Amaury Ribeiro Junior, sobre denúncias de irregularidades no processo de privatização no governo Fernando Henrique Cardoso.

Simpatizantes e militantes da campanha petista circularam essa abordagem nos mais variados fóruns da Internet (blogs, Twitter, redes sociais, e-mails etc). Azenha também postou o texto de Paulo Henrique Amorim em que o autor acusa a “grande mídia” de ajudar o candidato Serra, criando factóides contra a campanha de Dilma, além de disponibilizar um link para ter acesso a um capítulo do livro de Ribeiro Junior. Em um segundo momento, quando foi “vazado” o resultado das investigações da Polícia Federal sobre o caso da quebra de sigilo, a mídia tradicional buscou identificar Ribeiro Junior como participante de uma equipe de “inteligência” da campanha de Dilma. Em reação, Azenha publicou em seu blog informações e avaliações ligando Amaury, que na época trabalhava no jornal O Estado de Minas, com o ex-governador mineiro Aécio Neves. Segundo as análises exibidas no blog Viomundo, como reportagem de Leandro Fortes para a revista Carta Capital (divulgada no blog), a “quebra do sigilo de tucanos é fruto da guerra Serra-Aécio”, isto é, uma disputa interna pela indicação do partido para a candidatura a presidência. Contudo, a cobertura do noticiário enfatizou a ligação de Amaury Ribeiro Júnior com Luiz Lanzetta, responsável, até então, pela coordenação de comunicação da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República

Um outro evento importante que revela o papel de contra-informação da blogosfera foi a repercussão da reportagem da mesma Carta Capital sobre o envolvimento de empresa ligada a Verônica Allende Serra e Verônica Dantas Rodenburg, filhas de José Serra, e do mega-investidor Daniel Dantas, como responsável por disponibilizar em seu site o sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros12.

Apesar de não ter repercussão nos noticiários da mídia tradicional, essa reportagem ganhou destaque dentro da Internet, principalmente em alguns blogs e no Twitter, possibilitando que o caso fosse utilizado pelos simpatizantes e militantes da campanha de Dilma.

No blog Luis Nassif Online pôde-se observar um comportamento parecido, principalmente na crítica à grande mídia. O blogueiro teve um papel ainda mais atuante pois participou diretamente na desconstrução do caso, questionando as informações publicadas e a forma do enquadramento desse acontecimento. Como se pode observar no trecho abaixo:

A notícia sobre o suposto dossiê, que ninguém sabe dizer se existe de fato, veio a público em uma reportagem confusa da revista Veja e ganhou lentamente as páginas dos jornais durante a semana até ser brindada com uma forte reação do PSDB e de Serra. Na quarta-feira 2, o pré-candidato tucano acusou Dilma Rousseff de estar por trás da “baixaria” e cobrou explicações. A petista disse que a acusação era uma “falsidade” e o presidente do partido, José Eduardo Dutra, informou que a cúpula da legenda havia decidido interpelar Serra na Justiça por conta das declarações13.

Nassif, em seu blog, assumiu uma posição crítica ao que ele chamou de “velha mídia”, acusando-a de favorecer a campanha de Serra e distorcer as informações em favor de tal candidatura.

Até hoje a noite, esconderam o jornalista da história, pois o conteúdo de seu livro era (e é) destruidor para a candidatura de Serra. Pois bem: a estratégia suja desta velha imprensa e dos serristas é chamar o livro de Amaury Jr. de "livro-dossiê", acusá-lo de fazer parte da campanha de Dilma e afirmar que o PT sabia da existência deste material contido no "livro-dossiê" desde 2009. Esta obra de pesudo-jornalismo merece 12 A reportagem da revista Carta Capital foi praticamente ignorada pela grande mídia, que acusou a revista de estar a serviço do governo federal (jornalismo “chapa-branca”), produzindo informações favoráveis a candidata petista.

Enquadramento comentários:
Foi possível notar um número significativo de comentários nos dois blogs. É preciso alertar que, diferente do Blog do Noblat e do Blog do Josias, como já evidenciado em outros momentos15, os blogs do Azenha e Nassif possuem um perfil mais analítico, mais crítico, enquanto os outros primam por serem mais informativos.

Seus usuários têm uma argumentação um pouco mais sofisticada, ou seja, utilizam-se de dados e outras fontes para uma construção lógica de raciocínio, enquanto em outros blogs as participações ficam constantemente nas impressões pessoais e “achismos”. De tal forma que naqueles blogs o número de comentários, em geral, é muito maior que nesses, mas a qualidade crítica também é menor.

O debate, por se tratar de um período eleitoral, de uma forma ou de outra evidenciava posicionamentos políticos dos usuários, mas isso não foi significativo ao ponto de se verificar embates ideológicos e comentários avaliativos morais em que se desqualificam a discussão.

De maneira geral a grande contribuição dos comentários dos posts foi no sentido de evidenciar o papel dos blogs como espaço de contra-informação. Nesse sentido, os enquadramentos dos comentários são, na sua maioria, informativos diretos, avaliativos críticos e irônicos, e em alguns casos é possível encontrar textos informativos indiretos, seguindo um mesmo padrão dos posts dos blogueiros. Isto significa que os leitores destes blogs também estão preocupados com um conteúdo mais transparente de informação.

Avaliação geral:
Os blogs estudados tiveram um papel importante ao criticarem a parcialidade da cobertura da mídia tradicional, durante o processo eleitoral de 2010, mais especificamente no caso da “quebra de sigilo”. Assumiram, dessa maneira, uma postura mais questionadora e investigativa.

Os blogueiros buscaram trazer uma nova interpretação para os acontecimentos, com o fornecimento de novos dados, análises e interpretações, chamando a atenção para as distorções das reportagens publicadas na grande mídia, evidenciando o seu posicionamento contrário à candidatura de Dilma Rousseff.

Nassif se diferenciou por atuar mais diretamente no questionamento da cobertura da Folha de São Paulo. Logo após a repercussão da reportagem da Veja, o blogueiro buscou elucidar que o caso se referia a um livro (como citado acima) e não a composição de um dossiê, e que a “velha mídia” estava tentando relacionar esse fato a um trabalho de “espionagem” do comitê de campanha petista contra a candidatura tucana.

Por outro lado, Azenha também teve um papel importante, principalmente na repercussão e ampliação deste debate. O blogueiro utilizou seu espaço para divulgar as análises de Nassif, publicar informações de outros meios, da mídia tradicional ou mesmo de outros blogs, ou então, realizando uma avaliação crítica do evento, buscando elucidar o “escândalo”. Essa atuação possibilitou que na web as denúncias fossem “neutralizadas”, minimizando possíveis impactos na corrida eleitoral, pois na medida em que as notícias eram depuradas pela Internet, ganhavam um “coro dos contrários”, que era veiculado na imprensa escrita e televisiva. Naquilo que Pierre Bourdieu (1997) denominava de “mecanismo de circulação circular” da informação, ou seja, aquilo que é retratado por um meio, logo deverá ser tratado por outro, sob risco de ficar desatualizado ou à margem do sistema de informações. É preciso lembrar que isso também ocorre porque muitas vezes, as fontes são as mesmas e os jornalistas também são os mesmos.

Um outro fator que merece destaque é a formação de uma rede colaborativa interligada pela rede mundial de computadores, que começou a ganhar maior espaço no debate político, enfraquecendo o monopólio do controle da produção, divulgação e circulação de informações da mídia tradicional, ampliando o debate para a participação de outros atores. Percebe-se que alguns jornalistas, como no caso estudado, tem um papel de centralização nesse processo comunicativo, exercendo a função do nó da rede, destacando no episódio Luis Nassif, Luiz Carlos Azenha e também Paulo Henrique Amorim, que por possuírem maior credibilidade (capital simbólico) e visibilidade atraem um número muito grande de leitores e participantes, que contribuem com material para incrementar os debates. A blogosfera tem o papel de ampliar o debate e circular a informação para além desses fóruns, atuando de forma interativa e colaborativa, criando uma nova dinâmica no processo político contemporâneo, que tem no universo digital da Internet um novo

Lula, o PT e a política de alianças - EDINHO SILVA

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Por tudo que fez, Lula tem toda a legitimidade para falar de políticas de alianças no país, sem abrir mão de um projeto para transformação social
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Temos assistido pela imprensa a uma nítida tentativa de inserir o sempre presidente Lula em agendas negativas.
Primeiro foi a investida para criar contradições entre ele e a presidenta Dilma, visando transformar as características do novo governo em conflitos, quando ambos representam o mesmo projeto. Após análise de Fernando Henrique Cardoso em relação aos novos setores médios da sociedade, presenciamos uma tentativa afoita de atribuir a Lula afirmações sobre quais setores do eleitorado o PT deveria priorizar.
Atribuem a ele a afirmação de que deveríamos buscar o eleitorado "malufista" e "quercista". O objetivo era mostrar um suposto "escorregão" de análise de Lula.
Quem explicitou esse desafio ao PT para vencer as eleições no Estado de São Paulo fui eu.
No encontro de prefeitos, no último dia 19, em Osasco, fizemos uma análise das dificuldades eleitorais do PT paulista e afirmei que devemos ampliar nossa intervenção, construindo propostas que dialoguem com o eleitorado tradicionalmente "quercista" no interior, bem como com aquele identificado com o "malufismo" na capital.
Claro, essa divisão geográfica não é rígida, mas traduz a influência de duas forças políticas que fizeram história no Estado e que, hoje, têm seu eleitorado hegemonizado politicamente pelo PSDB.
A bem da verdade, Lula mostrou sua preocupação com os novos setores sociais que ascenderam graças às políticas públicas do seu governo e que agora buscam sua identidade política.
Pesquisa Datafolha, publicada no dia 22 de abril neste jornal, mostra que os novos setores médios construíram até o momento uma opção política pelo PT, reconhecendo o governo Lula como o responsável pelas novas oportunidades, além de depositar no governo Dilma a esperança de continuidade desses avanços.
Mas essa opção política não significa identidade. Ao optar pelo PT, esses setores sociais mostram-se abertos ao diálogo com nosso projeto político. Contudo, o grande desafio é disputar a identidade social desses milhões de brasileiros que nunca tiveram acesso às oportunidades, ao consumo, às realizações individuais, que nunca sonharam com o futuro e que agora acreditam no Brasil como nação.
Da mesma forma que os novos cidadãos/consumidores podem optar pela solidariedade com os que ainda não foram incluídos socialmente, desenvolver o sentimento democrático de convívio com diferenças, querer país sustentável, de respeito aos trabalhadores e à natureza, por exemplo, em sentido inverso, podem optar por valores como consumismo e individualidade.
É tarefa dos projetos políticos mostrar a esses setores que os rumos do Brasil estão em disputa; que este início do século 21 mostra a humanidade em busca de novos valores e que a democracia, no seu sentido mais amplo, não é um valor conjuntural. Claro que não só os partidos políticos podem politizar o debate de rumos, mas é sua tarefa intrínseca, como legítimos representantes de projetos na sociedade.
Lula sabe da importância do Brasil nessa formulação e dos exemplos que podemos dar à América Latina e ao mundo. Sabe que o PT pode dar grandes contribuições na formulação de políticas públicas.
Essas tarefas só podem ser alcançadas com um amplo arco de alianças, que dê sustentação política e social ao projeto em andamento. Temos que dialogar com todos os segmentos sociais, mas, como diz o próprio Lula, "sem mudar de lado".
Por tudo que fez, Lula tem toda a legitimidade para falar de políticas de alianças, de ampliação do diálogo, sem abrir mão de um projeto de transformação social. Estamos otimistas do papel que ele pode cumprir na ampliação da nossa capacidade de dialogar com a sociedade.

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EDINHO SILVA é presidente do Partido dos Trabalhadores no Estado de São Paulo e deputado estadual (PT-SP).

ibge - censo 2010 - Brasileiro ficou mais velho e menos branco; população teve menor crescimento da série histórica

No Brasil, quase 14 milhões com 15 anos de idade ou mais não sabem ler nem escrever
Rafael Targino
Do UOL Educação
Em São Paulo Comentários [8]
O BRASIL EM NÚMEROS

Brasileiro ficou mais velho e menos branco; população teve menor crescimento da série histórica
População brasileira cresce
21 milhões em uma década
com menor ritmo da história
O país ainda tem 9,6% da população com 15 ou mais anos analfabeta. A revelação está no Censo 2010, divulgado nesta sexta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apesar da queda de quatro pontos percentuais –no Censo de 2000, o índice era de 13,6%– quase 14 milhões de brasileiros (13.940.729) ainda não sabem ler nem escrever.

A maioria dos analfabetos do país está no Nordeste. Sozinho, ele concentra 53,3% (7,43 milhões) do total de brasileiros que não sabem nem ler nem escrever. Esse percentual é maior do que em 2000, quando era de 51,4%.

Quando são considerados apenas os habitantes da região, o índice de analfabetismo é de 19,1%. O Nordeste também tem o Estado na pior situação: 24,3% dos habitantes de Alagoas (537 mil em 2,21 milhões) são analfabetos. Em 2000, eram 33,4%.

A região Centro-Oeste, no entanto, continua com o menor total de analfabetos dentre todos os habitantes do país –5,5%, apesar do aumento de 0,1 ponto percentual em relação a 2000. A região com menos analfabetos entre a própria população é a Sul, com 5,1% (índice que era de 7,7% há dez anos). O Distrito Federal continua como a unidade da federação com a menor taxa: 3,5% em 2010, 5,7% em 2010.

Os dados de analfabetismo ainda são preliminares. Segundo o IBGE, eles são números puros e podem sofrer alterações.

Taxas de analfabetismo
2000 2010
Brasil 13,6% 9,6%
Norte 16,3% 11,2%
Nordeste 26,2% 19,1%
Centro-Oeste 10,8% 7,2%
Sul 7,7% 5,1%
Sudeste 8,1% 5,5%
Rural x urbano
As maiores taxas de analfabetismo estão nas zonas rurais. Enquanto a taxa nas regiões urbanas chega a 7,3%, no campo ela chega a 23,2%.

Com exceção de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, todas as outras unidades da federação têm taxa de analfabetismo que supera 10%. Alagoas também ostenta o título de "campeã" nesse quesito: 38,6% da população rural com 15 anos ou mais não sabe ler nem escrever.

Nas áreas urbanas, a maior taxa está também em Alagoas, com 19,58% da população das cidades analfabeta. O Distrito Federal também tem a menor taxa urbana, de 3,26%
29/04/2011 - 10h00
Fabiana Uchinaka
Do UOL Notícias
A população brasileira cresceu, ficou menos branca, um pouco mais masculina e envelheceu. Nos últimos dez anos, houve um aumento vertiginoso do número de moradias, dos consumidores com energia elétrica e das casas com distribuição de água. Evoluímos, embora 730 mil pessoas ainda precisem de acesso a luz e 4 milhões de casas não tenham água tratada. Os dados fazem parte do Censo Demográfico 2010 e foram apresentados nesta sexta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

População brasileira:
190,7 milhõesé o tamanho da população brasileira em 2010
600 milé o número de crianças sem certidão de nascimento
A educação também melhorou, mas não o que era esperado. O nível de analfabetismo do brasileiro passou de 12% em 2000 para 9,6% agora, mas o país não conseguirá cumprir a meta de Dakar, estabelecida dez anos atrás no Fórum Mundial de Educação, que pretendia baixar para 6,5% o percentual de pessoas que não sabem ler ou escrever.

Um dado que chamou a atenção foi o de que menos da metade da população se declarar branca. É a primeira vez que isso acontece no Brasil. Ao todo, 91.051.646 habitantes se dizem brancos, enquanto outros 99.697.545 se declaram pretos, pardos, amarelos ou indígenas. Os brancos ainda são a maioria (47,33%) da população, mas a quantidade de pessoas que se declaram assim caiu em relação a 2000. Em números absolutos, foi também a única raça que diminuiu de tamanho.

Já as mudanças na estrutura etária foram substantivas ao longo dos anos. Segundo o levantamento, de 1990 para cá, por conta da queda da mortalidade e dos níveis de fecundidade, houve um aumento constante no número de idosos e uma diminuição significativa da população com até 25 anos.

O BRASIL EM NÚMEROS

População brasileira cresce
21 milhões em uma década
com menor ritmo da história
Até a década de 1940, predominavam os altos níveis de fecundidade e mortalidade. Dez anos depois, o Brasil viu sua população aumentar quase 35%, com um crescimento de cerca de 3% ao ano, maior aceleração já registrada. Na década de 1960, o nível de fecundidade começou a cair e, desde então, a população vem crescendo mais lentamente.

Na comparação com o censo passado, feito em 2000, a população brasileira cresceu 12,3%, uma média de 1,17% ao ano, a menor taxa da série histórica. Hoje, somos 190.755.799 brasileiros.

O crescimento, porém, não foi uniforme. No Amapá, a população quadruplicou nos últimos 30 anos, enquanto o Rio Grande do Sul, Estado que teve menor crescimento do país, vê sua população praticamente estagnar. Os menores municípios foram os que perderam mais moradores e os maiores foram os que mais ganharam --mais de 60% daqueles com menos de 2.000 habitantes em 2010 apresentaram taxa de crescimento negativa.

Nas zonas urbanas, o Brasil acumulou mais 23 milhões de habitantes, duas vezes a população da cidade de São Paulo, o que desperta temores de um saturamento das estruturas.

São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador continuam sendo os municípios mais populosos. Belo Horizonte, que era o quarto mais populoso em 2000, passou para o sexto lugar, Manaus pulou do nono lugar para sétimo, enquanto Brasília subiu do sexto para quarto posto no ranking. Porto Alegre foi o que teve menor crescimento.

Amapá, Roraima, Acre, Amazonas e Pará, todos na região Norte, foram os que tiveram maior expansão no número de habitantes. Surge um movimento migratório importante, de ocupação de um território historicamente esvaziado, a partir da expansão das indústrias madeireira, pecuária, de mineração e extrativa.

Não por acaso, Norte e Centro-Oeste foram as duas únicas regiões onde as populações rurais aumentaram. Em âmbito nacional, 2 milhões de pessoas deixaram o campo entre 2000 e 2010, mas na última década o êxodo rural caiu pela metade.

E, apesar de ainda ter a menor densidade populacional, o Norte possui a maior média de moradores por domicílio: em média, quatro pessoas por casa. Dos 57,3 milhões domicílios existentes no Brasil, apenas 6,9% ficam na região, contra 44% do Sudeste e 26% do Nordeste. Mesmo assim, houve um aumento de mais de 41% no número de habitações dos Estados do Norte entre 2000 e 2010.

A expansão das moradias é um fenômeno importante que foi revelado pelo último Censo. Houve um aumento de quase 28% nos domicílios na década, mais que o dobro do crescimento da população brasileira no mesmo período.

O Censo 2010 registrou 9% dos domicílios particulares vagos, sendo que as regiões Nordeste (10,8%) e Centro-Oeste (9,1%) apresentam os maiores percentuais.

Top 10 - Curiosidades do aumento populacional nos Estados
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta sexta-feira (29) os detalhes do Censo 2010. O levantamento apontou que a população brasileira cresceu de 169.590.693, do Censo 2000, para 190.755.799, variação de 12,48%. O crescimento populacional foi maior na região Norte (23,04%), seguida do Centro-Oeste (21,01%), Nordeste (11,29%), Sudeste (11,15%) e Sul (9,15%).

Veja abaixo os principais destaques nos Estados.

Campeão em crescimento, Amapá vê população quadruplicar em 30 anos
O Amapá foi o Estado brasileiro que registrou o maior crescimento populacional na última década. A população saltou de 557.226 habitantes, em 2000, para 733.559, em 2010, aumento de 40,70%, e praticamente quadruplicou desde 1980, quando o Amapá tinha apenas 180.078 habitantes.
Estado mais populoso, São Paulo ganha 4 milhões de moradores na última década
São Paulo continua reinando absoluto como Estado mais populoso da nação, com 41.262.199, segundo o Censo 2010. O Estado foi o que mais cresceu em números absolutos na última década e viu a população aumentar em 4.292.720 (11,61%).
Roraima cresce 40%, mas ainda é o Estado com menor população do país
O Estado com menor população no país continua sendo Roraima, que tem 450.479 habitantes, de acordo com o Censo 2010. Em contrapartida, em termos relativos, Roraima teve o segundo maior crescimento do país, com a população aumentando em 38,97%.
Rio Grande do Sul tem menor crescimento do país e vê população praticamente estagnar
Na última década, o Rio Grande do Sul teve o menor crescimento entre todos os Estados do país, com aumento populacional de 5,03%. A população ficou praticamente estagnada entre 2000 a 2010 - de 10.181.749 para 10.693.929 habitantes.
Maior Estado nordestino, Bahia registra menor crescimento na região
A Bahia, o maior Estado nordestino tanto em área quanto em população, registrou o menor crescimento populacional da região e o segundo menor de todo o país na última década. Entre 2000 e 2010, o número de habitantes no Estado subiu de 13.066.910 para 14.016.906, crescimento de 7,27%.
Exceção sulista, Santa Catarina cresce o triplo do vizinho Rio Grande do Sul
Impulsionada pelo crescimento de Florianópolis, Santa Catarina teve, na última década, crescimento populacional de 16,80% -- 5.349.580 para 6.248.436 habitantes, aumento mais de três vezes maior do que o registrado no Rio Grande do Sul (5,03%) e quase o dobro do verificado no Paraná (9,27%), segundo o Censo 2010.
População do Distrito Federal praticamente dobra em 20 anos
O Distrito Federal foi a Unidade da Federação que mais cresceu no Centro-Oeste na última década (25,79%), e a população de Brasília e das cidades-satélites chegou a 2.570.160 em 2010, número quase duas vezes maior do registrado em 1990 (1.598.415).
Minas Gerais cresce pouco, mas se aproxima dos 20 milhões de habitantes
Entre todos os Estados da região sudeste, Minas Gerais foi o que menos cresceu em termos populacionais entre o Censo 2000 e o Censo 2010. A população do Estado saltou de 17.866.402 para 19.597.330, crescimento de 9,68%.
População do Maranhão, segundo Estado mais pobre da nação, é a que mais cresce no Nordeste
O Maranhão, que tem o segundo pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país, atrás somente de Alagoas, registrou o maior crescimento populacional da região Nordeste na última década (16,51%). Entre 2000 e 2010, o número de habitantes do Estado aumentou de 5.642.960 para 6.574.789. O Maranhão tem a quarta maior população do Nordeste, atrás de Bahia, Pernambuco e Ceará.
Vizinho de gigantes, Espírito Santo é o Estado que mais cresce no Sudeste
Menor Estado da região mais populosa do país, o Espírito Santo viu seu número de habitantes crescer de 3.094.390 para 3.514.952 (13,59%) entre 2000 e 2010. A taxa de crescimento foi superior às registradas no Rio de Janeiro (11,29%), Minas Gerais (9,68%) e São Paulo (11,61%).

Sudeste lidera ranking de mortalidade infantil entre 2009 e 2010, segundo IBGE
Hanrrikson de Andrade
Especial para o UOL Notícias
No Rio de Janeiro Seja o primeiro a comentar
A região Sudeste contabilizou 11.984 mortes de crianças menores de um ano entre agosto de 2009 e julho de 2010, a maior taxa de mortalidade infantil neste período de acordo com os resultados do Censo 2010, divulgados nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Nordeste aparece logo atrás com 11.349 mortes.

O BRASIL EM NÚMEROS

Brasileiro ficou mais velho e menos branco; população teve menor crescimento da série histórica
População brasileira cresce
21 milhões em uma década
com menor ritmo da história
A pesquisa aponta que, no geral, quando consideradas pessoas de todas as idades, o IBGE contabilizou neste período pouco mais de um milhão de óbitos, dos quais cerca de 35 mil dizem respeito a crianças menores de um ano.

No Sul, o índice de mortalidade infantil ficou em 4.135. Na divisão quantitativa por regiões, o Centro-Oeste se destaca pelo índice mais baixo de óbitos: 2.711. O Norte contabilizou 4.896.

Considerando apenas os Estados, São Paulo registrou 6.111 óbitos, sendo o local onde mais crianças menores de um ano morreram no período de tempo considerado pela pesquisa. A Bahia ocupa a segunda colocação, com 3.083 mortes.

Com apenas 110 casos, Roraima registrou o menor número de crianças menores de um ano mortas entre agosto de 2009 e julho de 2010

Curiosidades do Censo sobre raça no Brasil
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta sexta-feira (29) os dados preliminares do Censo 2010 em relação à raça. Dos 190,75 milhões de habitantes, 91 milhões se declararam brancos. O número de pretos foi de 14,5 milhões, enquanto o de pardos foi de 82,2 milhões. Outras 2 milhões de pessoas se classificaram como amarelas e 817,9 mil se consideram indígenas. Veja abaixo os principais destaques sobre raça:

Bahia tem a maior população preta
A Bahia é o Estado brasileiro com o maior número de pessoas que se declaram preta. Ao todo, 2.397.249 habitantes (17,10% da população) disseram, ao Censo 2010, ser pretos.
Amazonas tem a maior população indígena
Nenhum outro Estado tem mais índios do que o Amazonas. De acordo com os resultados preliminares do Censo 2010, 168.680 moradores (4,84% da população) do Amazonas se classificaram como indígenas.
São Paulo tem as maiores populações branca, parda e amarela
Dono da maior população do país (41.262.199 de habitantes), São Paulo também é o Estado que mais tem brancos (26.371.709), amarelos (558.354) e pardos (12.010.079).
Proporcionalmente, Roraima tem a maior população indígena
Se em números absolutos, o Amazonas é o Estado que mais tem população indígena no país, na proporção, o líder é Roraima. De acordo com os resultados preliminares do Censo 2010, 11,01% da população do Estado (49.637 pessoas) se consideram indígenas.
Proporcionalmente, Pará tem a maior população parda
O Pará é o Estado que, proporcionalmente, tem mais pessoas que se consideram pardas (69,51%) no Brasil.
Proporcionalmente, Santa Catarina tem a maior população branca
Em Santa Catarina, 83,97% da população se considera branca. Proporcionalmente é o Estado com mais pessoas que se classificam como brancas no Brasil.
Número de pretos, pardos, amarelos e indígenas ultrapassa o de brancos
De acordo com os resultados preliminares do Censo 2010, a soma entre pretos, pardos, amarelos e indígenas (99,7 milhões) supera a população branca (91 milhões) no Brasil.
Número de amarelos supera o de indígenas
O número de pessoas que se consideram amarelas (2 milhões) ultrapassa, pela primeira vez, a população indígena (817,9 mil) no Brasil.
População branca foi a única que diminuiu
Os brancos ainda são a maioria (47,33%) da população, mas a quantidade de pessoas que se declaram assim caiu em relação ao Censo 2000, quando foi de 53,74% (91.051.646 habitantes). Em números absolutos, foi também a única raça que diminuiu de tamanho. No Censo 2000, 91.298.042 habitantes se consideravam brancos.
No campo, população parda é maior do que a branca
No meio rural, a população parda ultrapassa a branca. Ao todo, 16.118.409 se declaram pardos, enquanto 10.839.117 se dizem brancos


29/04/2011 - 10h00 Êxodo rural cai pela metade em uma década, diz IBGE
Matheus Lombardi
Do UOL Economia
Em São Paulo Seja o primeiro a comentar
O censo demográfico 2010 do IBGE mostrou que o número de pessoas que moram em áreas rurais continua diminuindo no país, porém num ritmo menor do que na década anterior. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (29).

De acordo com a pesquisa, a população rural no país perdeu 2 milhões de pessoas entre 2000 e 2010, o que representa metade dos 4 milhões que foram para as cidades na década anterior.


No último censo, a média de habitantes que deixavam a zona rural era de 1,31% a cada ano, enquanto na atual amostra a média caiu para 0,65%.

Para o técnico do IBGE Fernando Albuquerque, o movimento de pessoas que saem da zona rural para as cidades, que teve início na década de 1970, está perdendo a força.

O BRASIL EM NÚMEROS

Brasileiro ficou mais velho e menos branco; população teve menor crescimento da série histórica
População brasileira cresce
21 milhões em uma década
com menor ritmo da história
“Nas décadas de 1970 e 1980, os grandes movimentos migratórios ocorriam em função da mecanização da agricultura e a consequente expulsão da mão de obra. Agora, esse movimento continua ocorrendo, porém em uma intensidade menor”, disse.

Segundo o estudo, a região Sudeste foi a que mais perdeu população rural, caindo de 6,9 milhões para 5,7 milhões (-17,4%). As regiões Sul e Nordeste também tiveram perda de população do campo. O Nordeste sozinho concentra quase metade da população rural do país (14,3 milhões de um total de 29,8 milhões).

Norte e Centro-Oeste
Nas regiões Norte e Centro-Oeste ocorreram movimentos inversos, com o aumento da população rural (4,2 milhões e 1,6 milhão, respectivamente). A região Norte concentra os quatro Estados que tiveram a maior taxa de crescimento da população rural no período (Roraima, Amapá, Pará e Acre).

“O Norte ainda atrai pessoas para a área rural principalmente pela mineração e, no Centro-Oeste, o movimento ocorre pelo forte desenvolvimento da agricultura da região”, declarou Albuquerque.

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Top 10 curiosidades sobre aumento populacional
Para o especialista do IBGE, esse ritmo de saída de pessoas do campo deve diminuir ainda mais. “Os programas sociais do governo ajudam a manter a população em suas cidades de origem. Devemos ver esse êxodo rural enfraquecer”, afirmou.

Brasil é cada vez mais um país urbano
O aumento de quase 23 milhões de pessoas que vivem nas cidades (num total de 160,9 milhões de pessoas) resultou em um grau maior de urbanização, que passou de 81,2% em 2000, para 84,4% em 2010.

A região Sudeste continua sendo a mais urbanizada do país (92,9%). As regiões Centro-Oeste e Sul têm, respectivamente, 88,8% e 84,9% de população urbana. No Norte, a concentração de pessoas que vivem nas cidades é de 76,6% e, no Nordeste, o número chega a 73,1%.

29/04/2011 - 10h00 Em dez anos, diminui o número de crianças e aumenta o de idosos no Brasil
Do UOL Notícas
Em São Paulo Seja o primeiro a comentar
O Brasil tem menos crianças e mais idosos. Essa é a conclusão do Censo 2010, divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O BRASIL EM NÚMEROS

Brasileiro ficou mais velho e menos branco; população teve menor crescimento da série histórica
População brasileira cresce
21 milhões em uma década
com menor ritmo da história
Hoje, 7,6% da população são crianças, com idade até 5 anos, número menor que os registrados pelo levantamento em 2000 (9,8%) e em 1991 (11,5%). Na outra ponta, a população de idosos, acima de 65 anos, cresceu.

Em 1991, os idosos representavam 3,3% da população, em 2000, 4,3%, e agora chegam a 5,8%. Do total de 190.755.799 da população brasileira, 14.081.48 têm 65 anos ou mais.

No levantamento, o IBGE divide os idosos em quatro faixas etárias: de 65 anos a 69, de 70 a 74, de 75 a 79 e acima de 80. Desses grupos, o que possui a maior população é a da primeira faixa, com 4.840.810 pessoas com idade entre 65 e 69.

Entre os Estados com mais idosos, o IBGE lista Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo, considerados os mais "envelhecidos" do país.

No meio da pirâmide, observa-se também uma redução na população com idade até 25 anos. O motivo, segundo o IBGE, é o contínuo declínio dos níveis de fecundidade observados no Brasil e, em menor parte, a queda da mortalidade nas últimas décadas.

"Ano passado, o Pnad [Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE] já revelou que as mulheres estão tendo, em média, apenas um filho, sendo que em outros períodos, por exemplo, na década de 40, a média era de seis", diz Fernando Albuquerque, Gerente de Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE. “Tudo isso freia a evolução da população mais jovem”, completa ele.

199120002010




Sudeste e Sul são as regiões mais "velhas"
No Sudeste, região mais populosa do país e considerada, ao lado do Sul, a região mais velha do Brasil, a população com idade entre 75 a 79 anos e acima de 80 cresceram em mais de 400 mil pessoas cada. Entre os demais grupos de idade, apenas a população infantil [entre 5 e 9 anos], a adolecsente [até 19] não apresentou crescimento.

No Sul, a população mais adulta também foi a que mais cresceu. Entre essas, o número de pessoas com idade entre 55 e 59 anos e entre 60 e 64 superaram a marca de um milhão pela primeira vez nas últimas décadas. Apenas os adolescentes [10 a 19 anos] não apresentarem crescimento em relação a 2000.

No Norte, a população cresceu em todas as faixas etárias, exceto na que inclui a população entre um a 4 anos, que segue o índice nacional e hoje é menor em relação a 1991 e a 2000. Acima dos 50 anos, a população quase dobrou na última década, passando de 380.141, em 2000, para 615.863, em 2010.

A população nortista entre 35 e 39 anos também ultrapassou a marca de um milhão pela primeira vez, somando hoje 1.083.530 habitantes. Já o número de pessoas entre 75 e 79 e acima dos 80 anos superou os 100 mil, número que faz da região uma das mais jovens do país.

No Nordeste, a população entre 65 e 74 anos também superou a marca de 1 milhão. Já entre crianças e adolescentes, houve queda em todas as faixas em relação a 2000.

Por fim, o Centro-Oeste, a população das faixas etárias de 30 a 34, 35 a 39 e 40 a 44 anos também estabeleceram uma nova marca, população superior a 1 milhão.

29/04/2011 - 10h00 Em 20 anos, zonas urbanas do país crescem o equivalente a duas Xangai
Gabriel Souza Elias
Do UOL Notícias
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O BRASIL EM NÚMEROS

Brasileiro ficou mais velho e menos branco; população teve menor crescimento da série histórica
População brasileira cresce
21 milhões em uma década
com menor ritmo da história
Números do Censo 2010 divulgados nesta sexta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o crescimento brasileiro nas áreas urbanas em 20 anos é superior ao dobro de habitantes da cidade chinesa de Xangai, considerada a mais populosa do mundo. Segundo levantamento apresentado nesta sexta-feira (29), o Brasil tem 50 milhões de habitantes a mais em suas áreas urbanas em relação aos números divulgados em 1991.

Há 20 anos, eram 110.875.826 as pessoas morando em áreas urbanas do país (ou 75,5% da área total), contra os atuais 160.925.792 habitantes (84,4% da área total). Estimativa oficial da prefeitura de Xangai diz que, no último ano, a cidade chinesa bateu a marca de 22 milhões de habitantes –entre moradores do distrito e subúrbios. Este número representa praticamente o mesmo crescimento apresentado pelo Brasil na última década (23.170.242 em áreas urbanas).

ÁREAS URBANAS
84,4%dos brasileiros vivem em regiões urbanas; nas áreas rurais, índice
é de 15,6%
Em números absolutos, a população brasileira atual supera o dobro do tamanho registrado em 1970, quando o país tinha 93.139.037 habitantes. Apesar disso, o crescimento do país regride a cada década desde os anos 60, quando a média geométrica anual da população foi de 2,89% –hoje, este índice está em 1,17%, o menor registrado na história do Censo.

“A maior taxa de crescimento registrada no país aconteceu nos anos 50, com índice próximo de 3% ao ano. Com a permanência desta taxa, o Brasil iria duplicar sua população em 24 ou 25 anos”, afirma Fernando Albuquerque, pesquisador do IBGE e gerente do projeto Componentes da Dinâmica Demográfica. “Hoje, com a taxa de crescimento em 1,17%, a população só seria duplicada em 60 anos. O ritmo de crescimento está sendo freado.”

TAXA DE CRESCIMENTO
1,17%é a média geométrica anual
do país, a menor da história
Na análise dos dados referentes aos últimos dez anos, são 23 milhões de habitantes a mais em áreas urbanas no país. O número é superior à soma das populações atuais de Seul (Coreia do Sul) e Pequim (China), estimadas em 10.500.000 habitantes cada. “A população urbana cresce em funções vegetativa [nascimentos e óbitos] e migratória. Mas hoje, o crescimento já não acontece de maneira tão intensa como há 40 anos”, diz Albuquerque.

POPULAÇÃO URBANA
23 milhõesé o número de habitantes a mais
no país em áreas urbanas
Dados do Censo 2010 mostram que a diferença de habitantes no Brasil nos últimos dez anos fica pouco acima dos 21 milhões, número inferior ao crescimento observado nas áreas urbanas. “Hoje os níveis de fecundidade são bem menores nas áreas urbanas e o componente migratório ganha maior importância”, completa o pesquisador, que não acredita em alterações significativas nas próximas análises.

29/04/2011 - 10h00 São Paulo concentra maiores densidades demográficas do país; menores estão no Amazonas
Gabriel Souza Elias
Do UOL Notícias
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O BRASIL EM NÚMEROS

Brasileiro ficou mais velho e menos branco; população teve menor crescimento da série histórica
População brasileira cresce
21 milhões em uma década
com menor ritmo da história
De acordo com os números divulgados nesta sexta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) do Censo 2010, o Estado de São Paulo aparece com seis municípios na lista das dez maiores densidades demográficas do país. Mas é de São João do Meriti (Rio de Janeiro) o maior índice encontrado pelos pesquisadores. Conhecido como “formigueiro das Américas” por também ter a maior densidade da América Latina, o município apresentou, no atual levantamento, número superior a 13 mil habitantes/km² -- o índice médio do Brasil é de 22,43 hab/km².

Os municípios paulistas de Diadema, Taboão da Serra, Carapicuíba e Osasco, todos na região metropolitana da capital, nesta ordem, completam o quadro das cinco maiores densidades demográficas do país, todas com mais de 10 mil habitantes/km². Entre as dez maiores, ainda figuram São Caetano do Sul (6ª, com 9.708,79 hab/km²), e a capital São Paulo (10ª, com 7.387,69 hab/km²). Olinda (PE, 6ª), Nilópolis (RJ, 7ª) e Fortaleza (CE, 8ª) completam a lista.

MAIOR DENSIDADE DO PAÍS
13.024,56 hab/km²é o número registrado em São João do Meriti (RJ), conhecida como "formigueiro das Américas"
Na parte inferior da tabela está o Amazonas. Com 7.326 habitantes e área total de 55.791,9 km², o município de Japurá possui a menor densidade demográfica do país: índice de 0,13 habitante/km². No Paraná, a cidade homônima registra 51,75 habitantes/km², e fica com o 4.175º posto na lista crescente.

Outras seis cidades do Amazonas figuram na lista dos dez menores índices calculados pelo IBGE: Atalaia do Norte (2ª), Barcelos (3ª), Tapauá (4ª), Jutaí (6ª), Santa Isabel do Rio Negro (9ª) e Itamarati (10ª), todas com números próximos de 0,3 habitantes/km².

MENOR DENSIDADE DO PAÍS
0,13 hab/km²é o índice apurado em Japurá (AM)
A explicação para os baixos índices no Estado está na área total avaliada pelos pesquisadores. O cálculo é feito em cima de toda a extensão territorial do Amazonas, incluindo rios e florestas.

Os municípios de Mateiros (TO), na quinta colocação, Jacareacanga (PA), sétimo colocado, e Rondolândia (MT), oitavo, completam a listagem dos menos povoados com base nos dados do IBGE.

29/04/2011 - 10h00 Maranhão tem maior proporção de baixa renda; SC registra a menor
Do UOL Economia
Em São Paulo Seja o primeiro a comentar
O Maranhão tem proporcionalmente a maior quantidade de domicílios com moradores de baixa renda no Brasil. Entre as casas pesquisadas, 26,51% têm moradores com renda mensal individual de até R$ 127,50, o menor nível de rendimento considerado pelo IBGE.

O BRASIL EM NÚMEROS



Brasileiro ficou mais velho e menos branco; população teve menor crescimento da série histórica
População brasileira cresce
21 milhões em uma década
com menor ritmo da história
Esse índice é quase o triplo da média nacional. No Brasil, 9,16% dos domicílios têm habitantes com essa faixa de renda. Os dados são do Censo 2010 e foram divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Na outra ponta, de maior renda, o Maranhão também tem o pior desempenho. Apenas 1,47% dos lares apresentam moradores com renda mensal per capita acima de R$ 2.550 (a maior faixa considerada pelo IBGE na pesquisa). A média nacional dessa fatia é de 5,13%.

Piauí e Alagoas são o segundo e o terceiro Estados com pior colocação no ranking. No Piauí, 24,80% das casas têm habitantes com renda individual de até R$ 127,50. Em Alagoas, são 22,57%.

O Estado com menos proporção de baixa renda é Santa Catarina. Só 2,12% de suas casas abrigam habitantes com renda mensal de até R$ 127,50.

Com relação ao topo da renda, Santa Catarina está ligeiramente acima da média nacional, com 5,50% dos imóveis com moradores ganhando mais de R$ 2.550 per capita.

A unidade da Federação que tem proporcionalmente mais moradores de renda alta é o Distrito Federal, onde 18,96% das residências têm moradores com ganhos mensais individuais além de R$ 2.550. Isso representa quase quatro vezes o índice médio nacional.

Rio de Janeiro supera São Paulo e é o segundo Estado com maior proporção de renda alta. É de 8,14% o índice de casas no Rio com moradores que ganham acima de R$ 2.550 por mês. São Paulo vem a seguir com 7,37%.

População do Rio Grande do Sul cresce a "ritmo suíço", aponta IBGE
Flávio Ilha
Especial para o UOL Notícias
Em Porto Alegre Comentário [1]
A população do Estado do Rio Grande do Sul foi a que menos cresceu nos últimos dez anos no país, de acordo com dados do Censo 2010 divulgados nesta sexta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

De 2000 a 2010, o crescimento populacional médio do Estado ficou em 0,49% ao ano. Na década anterior, a velocidade de crescimento era quase três vezes maior: 1,23%. A média brasileira anual foi de 1,17% na última década.

No mesmo período, o crescimento populacional no Estado foi de 5,03% – o que significa um acréscimo de pouco mais de 512 mil habitantes. A taxa é similar à de países europeus, como Suíça – o país tem a menor taxa do continente, com 0,54% ao ano.

Os números do Rio Grande do Sul
População total (ano 2000) População total (ano 2010) Variação
10.181.749 10.693.929 5,02%
Dados preliminares divulgados no final de 2010 já haviam apontado que o Rio Grande do Sul vivia uma situação de estabilidade populacional. Em muitos casos, segundo o levantamento, houve diminuição: 275 municípios (dos 496 do Estado) registraram menos moradores do que dez anos atrás.

A queda populacional na maior parte dos municípios decorre, de acordo com especialistas, de uma combinação de natalidade mais baixa – influenciada pelos indicadores educacionais e de desenvolvimento humano – com maciças ondas migratórias para novos polos de crescimento, no Estado e fora dele.

O BRASIL EM NÚMEROS

Brasileiro ficou mais velho e menos branco; população teve menor crescimento da série histórica
População brasileira cresce
21 milhões em uma década
com menor ritmo da história
Esse elemento pode ser evidenciado pelos casos de Porto Alegre e Caxias do Sul: a capital, que continua sendo o município mais populoso do Estado, passou de 1.360.033 pessoas em 2001 para 1.409.351 no levantamento atual. A taxa de crescimento em dez anos foi de apenas 3,63%.

Já Caxias do Sul, que é um importante polo metal-mecânico da serra gaúcha, teve expansão populacional de 20,8% no mesmo período, passando de 360.419 habitantes para 435.482.

A competitividade econômica está mudando o mapa gaúcho. Em algumas cidades, principalmente nas pequenas, só ficam idosos e crianças. O resto, de acordo com especialistas, está migrando com mais intensidade para polos regionais em busca de renda e segurança econômica.

A queda da natalidade impede muitos municípios de repor a população que migra, como ocorria em décadas passadas. Antes, a alta natalidade compensava. Mas agora, com fecundidade mais baixa e aumento da migração por questões econômicas, o problema tem ficado mais evidente.

Capital
Porto Alegre foi a capital que menos aumentou sua população na década no país, segundo o IBGE – e não se trata de percentual. Em 11 anos, entre os dois últimos grandes censos realizados no país, a capital gaúcha recebeu apenas mais 49 mil moradores.

Os números da capital gaúcha
População total (ano 2000) População total (ano 2010) Variação
1.360.033 1.409.351 3,63%
Só Vitória, capital do Espírito Santo, cresceu menos em termos populacionais: 35,8 mil pessoas. Em termos relativos, porém, a cidade ampliou sua população em 12,3% entre 2000 e 2010. A capital gaúcha avançou apenas 3,63% nesse período.

A estagnação se explica pelo rumo que a cidade tomou e pelo desenvolvimento de polos no interior. No passado, a cidade crescia movida pelos migrantes que chegavam de todos os cantos à procura de emprego na indústria ou de escolas e faculdades.

De lá para cá, as fábricas foram embora e o ensino superior, que também servia como um atrativo, espalhou-se pelo Estado. O fluxo migratório se inverteu. Milhares de moradores de Porto Alegre foram morar em municípios vizinhos, onde estão os empregos industriais.

A capital virou uma espécie de cidade-dormitório para parte de sua população: todos os dias, segundo estudos de especialistas, cerca de 90 mil pessoas viajam a municípios da região metropolitana para trabalhar. A Grande Porto Alegre concentra cerca de 4,5 milhões de habitantes.

Outro fator foi a debandada de pessoas cansadas da violência. Municípios menores da região metropolitana, como Nova Santa Rita, receberam uma avalanche de ex-moradores de Porto Alegre à procura de qualidade de vida.

Caso de Jonas Oliveira dos Santos, 37. Ele saiu com a esposa Michele da Silva e Silva e o filho, Mateus, da periferia de Porto Alegre para viver no município. Sem casa, recebeu ajuda da assistência social da prefeitura para construir um sobradinho de madeira num dos bairros da cidade, de 20 mil habitantes e a 25 quilômetros da capital.

"Vim fugindo da violência e das drogas e encontrei apoio aqui em Nova Santa Rita. É um bom recomeço de vida para toda a família", diz Jonas, que vive como catador. Ele pretende voltar a trabalhar com pecuária, atividade que mantinha antes de desembarcar em Porto Alegre há 15 anos
29/04/2011 - 10h01 Com migração agrícola, Norte é região onde população mais cresce no país, mostra IBGE
Carlos Madeiro
Especial para o UOL Notícias
Em Maceió Seja o primeiro a comentar
Puxado pela atração agrícola e migração de outros Estados, o Norte apresentou o maior crescimento populacional entre as cinco regiões do país nos últimos dez anos, conforme aponta o Censo 2010, divulgado nesta sexta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). A região chegou à marca de 15 milhões de pessoas.

O BRASIL EM NÚMEROS

Brasileiro ficou mais velho e menos branco; população teve menor crescimento da série histórica
População brasileira cresce
21 milhões em uma década
com menor ritmo da história
Entre os recenseamentos de 2000 e 2010, a região apresentou crescimento populacional de 2,09%, quase o dobro da taxa nacional, que ficou em 1,17%. Nesse período, a região ganhou mais 2.963.750 moradores –14,1% do total do incremento nacional, enquanto a população da região representa apenas 8,3% dos moradores brasileiros.

A região concentra os cinco Estados com as maiores taxas de crescimento populacional do país. Na primeira década do século, o Estado do Amapá foi o que registrou o maior aumento populacional (3,45%). Já Roraima (3,34%) e Acre (2,78%) aparecem na segunda e terceira posições, respectivamente. Em seguida vêm Amazonas (2,16%) e Pará (2,04%). A única exceção é o Distrito Federal, considerado unidade da federação, que apresentou crescimento de 2,26%.

Outro detalhe da região é que, apesar de ter a menor densidade populacional, o Norte possui a maior média de moradores por domicílio: em média, quatro pessoas por casa. Nas demais regiões, essas taxas variam de 3,1, no Sul, a 3,5, no Nordeste.

O crescimento populacional também ocorre em áreas densamente urbanizadas. Entre as 15 cidades mais populosas do país, Manaus (AM) –cidade mais populosa do Norte– é a que registrou maior aumento (2,5%). Cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, tiveram alta de 0,76% cada, bem menor que a capital amazonense.

Os números da região Norte
Estado População Crescimento
2000-2010
Amapá 669.526 3,45%
Roraima 450.479 3,34%
Acre 733.559 2,78%
Amazonas 3.483.985 2,16%
Pará 7.581.051 2,04%
Tocantins 1.383.445 1,80%
Rondônia 1.562.409 1,25%
TOTAL 15.864.454 2,09%
Migração para o campo
Nos últimos dez anos, ao contrário do restante do país, a região ganhou mais 313.606 moradores na zona rural. Já o país registrou, entre os Censos 2000 e 2010, uma redução de 2 milhões de moradores nas zonas rurais nos Estados. Além do Norte, apenas o Centro-Oeste apresentou superávit populacional rural, mesmo assim em número bem menor: 31.379.

O grau de urbanização do Norte também é bem menor que a média nacional e, em 2010, ficou na casa dos 73,5%, contra 84,4% do restante do país.

Para o doutor em economia popular e professor da Universidade Federal de Alagoas, Cícero Péricles, o aumento populacional da região está ligado diretamente ao setor agrícola. Ele explica que, como os Estados da região estão conseguindo dinamizar a economia, conseguem atrair mais pessoas de outros Estados.

"Esse fenômeno é a expansão da fronteira agrícola mais recente –e última– do Brasil. As taxas maiores de crescimento da população rural refletem a combinação, por um lado, do avanço da fronteira agrícola, antes mais dinâmica nos Estados do Centro-Oeste; e, de outro, o efeito mais sentido do impacto do deslocamento de migrantes para os Estados que possuem uma população rural relativamente pequena. Mesmo sem formar grandes contingentes de migrantes, esse movimento gera taxas maiores em função das características demográficas da região mais distante, de população rarefeita, de território mais amplo, que é a Amazônia", afirma.

Outra explicação de Péricles é que os preços das terras, em comparação a outras regiões, são mais baratos, o que atrai mais agricultores. "Há uma perspectiva de boa rentabilidade, principalmente a soja e a pecuária. O 'boom' das commodities agrícolas desde o começo da década, a melhoria da infraestrutura e o encarecimento da produção no Centro-Oeste, explicam a expansão em direção à Amazônia. Os Estados de ocupação agrícola mais antiga como Mato Grosso do Sul e Mato Grosso obtiveram taxas altas, mas sem o ritmo das décadas anteriores, revelando a estabilidade de sua estrutura fundiária e de sua produção agrícola", finalizou
29/04/2011 - 10h01 População masculina já é maioria entre menores de 19 anos no Brasil
Andréia Martins
Do UOL Notícias
Em São Paulo Seja o primeiro a comentar
O BRASIL EM NÚMEROS

Brasileiro ficou mais velho e menos branco; população teve menor crescimento da série histórica
População brasileira cresce
21 milhões em uma década
com menor ritmo da história
Os homens estão começando a reverter a predominância das mulheres no país. Apesar da maioria da população brasileira ser feminina – elas representam 51% da população total do Brasil --, os homens já são a maioria na faixa etária entre um e 19 anos.

Os dados são do Censo 2010 divulgado nesta sexta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que mostra também que a população masculina permanece sendo maioria em todos os Estados da região Norte, tendência observada há pouco mais de dois anos.

Segundo Fernando Albuquerque, Gerente de Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE, a explicação para a maioria masculina no Norte deve-se à atividade local. "Esse número é justificado pela migração de trabalhadores. O tipo de atividade básica da região Norte estão relacionadas à mineração e extração, o que atrai mais a população masculina", diz.

Razão de sexo por região
Norte 102 homens para cada 100 mulheres
Nordeste 95,3 homens para cada 100 mulheres
Centro-Oeste 98,6 homens para cada 100 mulheres
Sudeste 94,6 homens para cada 100 mulheres
Sul 96,3 homens para cada 100 mulheres

Fonte: Censo 2010
Nos demais Estados, as mulheres são maioria, sendo Mato Grosso, no Centro-Oeste, a única exceção fora do Norte. Lá, os homens são maioria. Do total de 3.035.122 habitantes, 1.549.536 são homens, ou seja, uma relação de 104,3 homens para cada 100 mulheres.

O Estado onde há menos homens, comparado com as mulheres, é o Rio de Janeiro, onde a razão de sexo, como o IBGE chama a relação homem/mulher, é de 91,2 homens para cada 100 mulheres.

Segundo o levantamento, com exceção do Amazonas, o número de homens comparado ao de mulheres apresentou uma queda entre 2000 e 2010.

O resultado do Censo sobre a divisão da população brasileira com relação ao sexo – 51% de mulheres, contra 49% de homens -- comprova a predominância histórica das mulheres na população brasileira.

Parte da explicação para a predominância feminina é a queda na fecundidade e o fato de o índice de mortalidade dos homens ser superior.

O número de "óbitos violentos", que atingem majoritariamente os homens, segundo o gerente do IBGE, também colaboram para a predominância das mulheres.

Em 2000, havia 96,9 homens para cada 100 mulheres. Já e 2010, essa relação diminiu para 96 homens para 100 mulheres. Ou seja, hoje, há 3.941.819 mulheres a mais do que homens no Brasil.

Curiosidades sobre a relação homem/mulher no Brasil:
Os homens são maioria nas zonas rurais, e as mulheres nas zonas urbanas.
O único Estado fora do Norte onde os homens são maioria é o Mato Grosso (1.549.536 homens para 1.485.586 mulheres).
No Acre, a população na faixa etária entre 20 e 24 anos é maioria masculina por um diferença de apenas 41 pessoas. Para 35.188 homens, há 35.147 mulheres. No Piauí, os homens são maioria entre 10 e 14 anos por apenas 48 pessoas.
Na faixa etária entre um e 19 anos, os homens são maioria em todo o país.
Cerca de 80% dos municípios com menos de 5.000 habitantes tem mais homens do que mulheres.
Em todos os municípios com mais de 500 mil habitantes as mulheres superam os homens.
Nos municípios com até 2.000 habitantes, há 105 homens para cada 100 mulheres.
Na faixa dos 50 anos, as mulheres são maioria no Brasil: do total de 18.416.621 cinquentões no país, elas são 9.679.282

Brasil tem 661 mil jovens e 132 mil crianças responsáveis pelo próprio domicílio, diz IBGE
Especial para o UOL Notícias
Em Salvador Comentário [1]
Na faixa etária em que a maioria dos jovens ainda está indecisa em relação ao seu futuro, quase 661,2 mil pessoas entre 15 e 19 anos –e outras 132 mil entre 10 e 14 anos– no Brasil são responsáveis por seus próprios domicílios, de acordo com dados do Censo 2010 divulgados nesta sexta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A estudante baiana Bruna Luzia da Cruz, 16, e seu marido, Roberson de Jesus, 18, fazem parte desta realidade.

Crianças e adolescentes responsáveis pelo domícilio no Brasil

Em dezembro de 2009, ao perceber que estava grávida, Bruna saiu da casa da mãe para morar com o seu primeiro namorado, um ajudante de marcenaria. “De uma hora para outra a minha vida mudou completamente e passei a garantir o sustento da minha casa, com a comissão que ganhava com a revenda de cosméticos”, afirma a estudante, que mora em Castelo Branco, bairro da periferia de Salvador.

São Paulo lidera ranking
130,4 miladolescentes entre 15 e 19 anos responsáveis pelo lar moram no Estado
36,8 milé o número de crianças entre 10 e 14 anos que respondem pelo sustento do domicílio em São Paulo
A estudante, órfã de pai aos sete anos, conta que resolveu dividir uma pequena casa (45 metros quadrados) com o namorado porque “não aguentava mais discutir com a sua mãe”. “Ela sempre me responsabilizou pela gravidez precoce”, relembra. Desempregado por quase dois anos, Roberson disse que fazia alguns “bicos” para ajudar no orçamento familiar. “Até julho do ano passado, quando minha filha nasceu, minha mulher sempre contribuiu com a maior parte dos custos da casa.”

Segundo o IBGE, a Bahia, onde o casal mora, ocupa o quarto lugar em números absolutos no ranking, com quase 43,5 mil adolescentes responsáveis pelo lar, atrás de São Paulo (130,4 mil), Minas Gerais (53,8 mil) e Rio de Janeiro (50,3 mil). Também em números absolutos, Roraima é o Estado com o menor número de adolescentes chefes de domicílios, com quase 2.450. Já quando consideradas as crianças, de um total de 132 mil entre 10 e 14 que respondem pelo sustento da casa, 36,8 mil estão em São Paulo e 12,2 mil no Rio.

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Depois do nascimento da filha, Bruna ainda encontrou uma fórmula para garantir parte dos rendimentos com as vendas avulsas. “Para me ajudar, uma prima visita as minhas clientes e nós dividimos a comissão.” A estudante ressalta que, em média, fatura cerca de R$ 200 por mês. “Sei que é pouco, mas o meu marido agora está empregado e ganha um salário mínimo. É com este orçamento que vivemos.”

Bruna afirma ainda que pretende voltar a estudar em 2012 –a estudante abandonou a escola no primeiro ano do ensino médio. “O meu sonho é concluir o ensino médio e fazer faculdade de fisioterapia.” Sem condições de pagar uma babá ou uma creche, a estudante disse que pretende deixar a sua filha com os sogros a partir do ano que vem, durante o período em que estiver na escola. “Poderia deixar a menina com a minha mãe, mas, depois de tudo o que passei, prefiro que ela [a criança] fique com os meus sogros.”

Com poucos amigos e vivendo praticamente somente em casa, Bruna afirma que sente falta de fazer “coisas básicas” de qualquer adolescente, como ir ao shopping ou à praia. “Sou uma pessoa conformada porque, além de não ter dinheiro, ajudo na manutenção de casa e tenho uma filha para criar”, finaliza.

29/04/2011 - 10h02 IBGE aponta que distribuição de água cresceu em todas as regiões do Brasil
Hanrrikson de Andrade
Especial para o UOL Notícias
No Rio de Janeiro Seja o primeiro a comentar
O número de domicílios particulares permanentes que têm acesso ao fornecimento de água no Brasil passou de 45 milhões para pouco mais de 57 milhões nos últimos dez anos, de acordo com os resultados preliminares do Censo Demográfico 2010, divulgados nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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21 milhões em uma década
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A distribuição de água no país cresceu aproximadamente 22% em relação ao Censo Demográfico de 2000, segundo o IBGE. Com isso, cerca de 12,5 milhões de residências passaram a utilizar tal serviço, das quais a maioria pela rede geral de distribuição.

O sistema padrão de fornecimento, que tinha cerca de 35 milhões de domicílios há dez anos, concentra atualmente aproximadamente 47 milhões e meio de consumidores no país.

O índice de brasileiros que necessitam de poços ou nascentes foi reduzido em quase um milhão e meio de pessoas, uma queda de aproximadamente 18%. Os números mostram que a rede geral de distribuição de água está avançando pelo território.

Em 2000, quase sete milhões de brasileiros utilizavam poços e/ou nascentes. Dez anos depois, esse número é de pouco mais de cinco milhões e meio. As regiões que apresentaram queda foram Nordeste e Sudeste. Tais regiões impulsionaram o crescimento geral da distribuição de água.

No Sudeste, cerca de cinco milhões de domicílios passaram a ter acesso ao serviço; já no Nordeste, pouco mais de três milhões e meio. O Sul teve quase dois milhões e Norte e Centro Oeste pouco mais de um milhão.

Dos brasileiros entrevistados pelo IBGE no ano passado, apenas quatro milhões declararam ter acesso ao fornecimento de água por outros meios não especificados.