terça-feira, 28 de julho de 2009

O DIABO É O CARRO OU O CARRO É O OUTRO, QUE DIABO!

Nós, o Diabo e o automóvel

JORGE WILHEIM


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O triunfo do egoísmo sobre a reflexão cidadã revelar-se-á desastroso em curto prazo, mormente na próxima crise: a do estacionamento--------------------------------------------------------------------------------


O DRAMATURGO italiano Luigi Pirandello (1867-1936) disse, na década de 1930, que "o automóvel é uma criação do Diabo".

Mas qual seria a estratégia empregada pelo Diabo e qual o seu objetivo?

Por meio do mecanismo da sedução,
o Diabo tornou o automóvel um objeto de desejo do ser humano,
pois o carro nos dá um onipotente sentimento de liberdade:
locomovo-me quando quero, para onde quero e com quem eu quero!

Contudo, o automóvel não nos seduz só ao agir sobre a natural aspiração de liberdade, mas também ao nos distinguir de quem não tem um:

somos diferentes, melhores, com mais recursos
ao revelar aos demais que temos um carro.
Finalmente, e o Diabo nos conhece bem,
o carro seduz porque é um objeto bonito,
sensual e poderoso.


Mas qual seria o real objetivo do Diabo?

Utilizando a sedução irresistível,
o egoísmo e a ambição por status dos seres humanos,

alcança o objetivo diabólico de gerar o caos nas cidades,
o congestionamento das vias,
a impossibilidade de estacionar,
tudo seguido da paralisação da vida urbana.


Perante Deus, o anjo caído
sempre se mostrará inocente,
pois são os seres humanos que,
em sua imprevidência, cupidez e estupidez,
provocam o caos.

Segundo as principais religiões monoteístas,
o homem foi criado à imagem de Deus,
sendo vital sua controvérsia com o Diabo.
Porém, segundo outras religiões, o
os deuses, cuja biografia constitui mito,
foram moldados a partir de características (boas e más) do ser humano.

Donde sua ambivalência multiuso.

Não nos admiremos, portanto, se, no caso do automóvel,
nos entregamos ao mal com prazer,
sorriso nos lábios.


Será preciso muito esforço para dominá-lo,
reduzindo-o a um objeto útil e bonito,
mas com menos poder demoníaco sobre nossas mentes,
retirando-lhe o poder de obliterar nosso pensamento e ofuscar realidades.

...
CÚMPLICES DO SILÊNCIO E DO EGOÍSMO

Compreende-se que ninguém seja contra o próprio carro.
Nem sequer os que não o têm, mas aspiram um dia a tê-lo.
Detestamos a existência do carro dos outros na nossa frente.

Porém, o triunfo do egoísmo primitivo sobre a reflexão cidadã,
do imediato sobre o definitivo, revelar-se-á desastroso em curto prazo
(mormente quando da próxima crise: a do estacionamento).

Será que o silêncio
em torno dessas "entregas" ao automóvel
faz parte do projeto do Diabo?

Nem instituições responsáveis pela preservação
e órgãos de classe que deveriam defender projetos,
nem editores da mídia e governantes manifestam-se
a respeito dessas obras.

Elas vão avançando envoltas no silêncio cúmplice
em busca da conveniência egoísta e urgente,
levando a melhor sobre o planejamento,
sobre o futuro da cidade
e a vida de todos nós.



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JORGE WILHEIM , 81, é arquiteto e urbanista. Foi secretário municipal de Planejamento Urbano de São Paulo (governo Marta Suplicy), secretário-geral da Conferência Habitat 2 da ONU, secretário estadual de Economia e Planejamento (governo Paulo Egydio) e secretário estadual do Meio Ambiente de São Paulo (governo Quércia).

MÍDIA CRIA ESCÂNDALOS PÚBLICOS PARA OMITIR OS PRIVADOS COMO AS RECLAMAÇÕES CONTRA A TELEFONIA

Empresas de telefonia
são responsáveis por 57%
das reclamações


Agência Brasil


As empresas de telecomunicação lideram a lista de reclamações dos órgãos de defesa do consumidor de todo o país, responsáveis por 57% das queixas, desde que as novas regras para o funcionamento dos call centers entraram em vigor, em dezembro, até maio deste ano.

- Esse setor tem cinco vezes mais demanda e consegue ser cinco vezes pior. O mundo mudou, a defesa do consumidor mudou e essas empresa não mudaram - disse o chefe do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça, Ricardo Morishita.

A empresa que liderou a lista de reclamações em telegonia fixa foi a OI, com 59,31% das reclamações. A de telefonia móvel teve no topo a Claro, com 31,10% e a TIM, com 20,77%.

O balanço foi apresentado pelo pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça.

10:56 - 28/07/2009

segunda-feira, 27 de julho de 2009

LULA ELOGIA A QUEM MERECE

Showman
O ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) roubou a cena no lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar, na quarta-feira, ao entremear seu discurso com vídeos mostrando depoimentos das pessoas beneficiadas por programas da agricultura familiar.
Lula ficou bastante impressionado:
- Essa apresentação do Cassel, aqui, é digna de ele apresentar o próximo Oscar em Hollywood.
O ministro deu um sorriso encabulado e as risadas estouraram na plateia, o que levou Lula a dar o fecho:
-Se a Globo ou o SBT virem você, adeus Gugu, adeus Faustão....

O HOMEM-COISA: look so god, look so good

look so god
look so good

parece tão deus
aparência tão boa

(Parafraseando andhy warhol)

com críticas do GODPLAYER, sentado à direita.

O CARREGADOR ENSIMESMADO CAIU NA LAGOA DOS AFOGADOS

João Gostoso era carregador
Manuel Bandeira

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e moreu afogado.

domingo, 26 de julho de 2009

ONDA MORALISTA E A MÍDIA DEMOTUCANA E GOLPISTA


A onda moralista que a mídia desencadeou contra o Senado e em especial contra determinado senador lembra a virulência udenista que, expressando a indignação das grandes parcelas da classe média, criaram as condições objetivas para o movimento militar de 1964.


CARLOS HEITOR CONY

Até quando?
RIO DE JANEIRO - Com a queda de Getulio Vargas em 1945, por deliberação dos militares que depuseram o ditador, o poder foi entregue ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro José Linhares.
Naquele tempo e como parte ainda hoje, o funcionalismo público em seus vários graus (federal, estadual e municipal) era a espinha dorsal do mercado de trabalho brasileiro.
Linhares nomeou muita gente, inclusive parentes, o que fez o Barão de Itararé reclamar: "Não são Linhares, são milhares".
Quando Juscelino nomeou um parente com o nome de sua família para importante cargo em estatal, o "Correio da Manhã" publicou o editorial mais curto da imprensa mundial: "O presidente da República nomeou um Kubitschek. Este nome não nos é estranho".
O nepotismo é hoje condenado e com razão, mas na escala dos crimes institucionais, é venial, como a gula, a preguiça e a soberba em relação aos pecados mortais, como o homicídio e o roubo.
Ao visitar José Alencar no hospital, Lula encontrou-se com o senador Eduardo Suplicy e reclamou: "Você está há 18 anos no Congresso e não sabia de nada?!" Não somente Suplicy, mas centenas de congressistas nesses últimos anos nada sabiam do que se passava nos porões da Câmara ou do Senado.


A onda moralista que a mídia desencadeou contra o Senado e em especial contra determinado senador lembra a virulência udenista que, expressando a indignação das grandes parcelas da classe média, criaram as condições objetivas para o movimento militar de 1964.
Lembro uma foto publicada do guarda-roupa da mulher de João Goulart com a legenda: "Até quando vamos suportar isso?"

sexta-feira, 24 de julho de 2009

BOLSA-FAMÍLIA FAVORECEU MAIS LULA EM 2006 DO QUE O EQUILÍBRIO DA ECONOMIA

Um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas aponta que o impacto do programa Bolsa Família nas últimas eleições presidenciais foi superior ao gerado pelo desempenho da economia. A pesquisa do instituto aponta que o programa foi responsável por um aumento de aproximadamente três pontos percentuais na votação do então candidato à reeleição Luís Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições presidenciais de 2006, enquanto o impacto do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) gerou crescimento de 0,34 ponto percentual.

Segundo o estudo, em 2002 Lula foi muito bem sucedido nas regiões mais urbanizadas e desenvolvidas do país, enquanto em 2006 houve uma migração da base eleitoral para regiões menos desenvolvidas, mais dependentes do Estado e mais beneficiadas pelo Bolsa Família. No entanto, o instituto ressalta que o programa não pode ser apontado como o único responsável pela migração dos votos das regiões urbanas para as regiões mais pobres.

Ainda de acordo com a pesquisa, o aumento de um ponto percentual no número de beneficiários do programa elevou em 0,55 ponto percentual a votação de Lula em 2006, enquanto que a mesma variação na taxa de crescimento econômico incrementou a votação em apenas 0,21 ponto percentual.

Com o efeito do programa Bolsa Família, a votação de Lula elevou-se em todos os municípios, mas o aumento foi maior justamente naqueles em que o seu desempenho foi relativamente pior em 2002. Nos Estados das regiões Norte e Nordeste a influência do programa foi superior às demais regiões na votação de Lula. Em Alagoas, o programa, segundo a FGV, aumentou em 8,17 pontos percentuais a votação, sendo o Estado onde o Bolsa Família mais contribuiu para a votação.

O Bolsa Família foi instituído pelo governo federal em 2004 e atende mais de 11 milhões de famílias em todos os municípios brasileiros, garantindo uma renda mínima para as famílias que mantém os filhos matriculados nas escolas da rede pública e com frenquentam, pelo menos, 85% das aulas.

O levantamento envolveu dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).
24/07/2009

LULA CONDENA GOLPISMO

"Quero reiterar a condenação mais veemente ao golpe contra o presidente de Honduras, Manuel Zelaya. Trata-se de retrocesso que nossa região não pode tolerar, e não podemos transigir. Repudiamos veementemente a quebra da ordem democrática em Honduras e apoiamos os esforços da comunidade internacional para que o presidente Zelaya possa retornar a Tegucigalpa no mais breve prazo possível e exercer as funções que o voto popular lhe conferiu".

Essa condenação ao golpismo foi feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. quque conversou, por telefone, com o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, no momento em que este chegou à região da fronteira entre seu país e a Nicarágua, na tarde desta sexta-feira.

SOLIDÁRIO

Segundo uma fonte próxima ao Planalto, Lula teria desejado "boa sorte" a Zelaya e recomendado "cuidado" para que não haja derramamento de sangue em Honduras.

Durante a ligação, que teve cerca de 10 minutos de duração, Zelaya parecia tranquilo, segundo o presidente brasileiro.

Lula disse ainda que estava "solidário" ao presidente deposto, mas acrescentou que não poderia avaliar a decisão de Zelaya de voltar para Honduras nas atuais circunstâncias.

APOIO

Em um discurso durante a Cúpula de chefes de Estado do Mercosul, em Assunção, nesta sexta-fera, Lula já havia reiterado seu apoio a Zelaya e a condenação do governo brasileiro à deposição de Zelaya.

Deposto no último dia 28 de junho, Zelaya cruzou a fronteira da Nicarágua com Honduras na tarde desta sexta-feira, acompanhado por correligionários.

Vale ajuda a democratizar a Cultura

24/07/2009

Lula quer que empresas adotem Vale Cultura para tirar público da frente da TV


Ao assinar o projeto de lei do Vale Cultura, que, se aprovado no Congresso, colocará R$ 50 a disposição dos trabalhadores para gastar com o setor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os brasileiros terão incentivo para assistir a filmes, teatro e dança e não mais estarão condenados a ficar em casa diante da televisão, cuja maioria dos programas ele julga ruins.

"A televisão é um misto de coisas boas e de uma maioria de coisas ruins", disse Lula em discurso a artistas, intelectuais e profissionais do ramo cultural em São Paulo. "O objetivo da lei é garantir que o povo mais pobre que trabalha possa ter uma contribuição, que não é doação de empresário, porque vai ter isenção de Imposto de Renda. Se o companheiro não tem opção de divertimento, vai ficar em casa vendo televisão, pulando de canal em canal. Com o Vale ele pode fazer mais."

O presidente citou números do IBGE segundo os quais apenas a televisão aberta é um bem cultural que chega a mais de 20% da população e lamentou o fato de vários cinemas terem dado lugar a igrejas neopentecostais. "Não adianta criticar a Universal porque comprou o cinema. A igreja compra cinema porque o cinema está fechado", afirmou.

O projeto enviado por Lula prevê que os trabalhadores possam comprar ingressos de teatro, cinema, dança, museus e shows, além de comprar livros, DVDs e CDs com um cartão magnético. A Câmara dos Deputados deve avaliar a proposta em 45 dias e, se aprovada, ela segue para o Senado. De acordo com o ministro da Cultura, Juca Ferreira, a expectativa é de que o vale entre com força nas empresas a partir do início de 2010 - ano de eleições presidenciais. O presidente adiantou que o substituto de Gilberto Gil na pasta não deixará o governo para disputar cargos eletivos.

As companhias que aderirem ao Vale Cultura poderão abater 1% do Imposto de Renda. Os trabalhadores que recebem até cinco salários mínimos pagarão até 10% do vale. Aqueles com renda acima de cinco salários o desconto varia entre 20 e 90%.

Interesse político
Lula questionou o interesse dos políticos em viabilizar o cinema nacional e alfinetou o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, presente no evento, que tome medida similar na cidade. "Eu recebo 5.000 prefeitos em Brasília. Kassab, você já viu algum prefeito que pedia um cinema?", disse o presidente, para pouco depois admitir: "Não sei como fazer uma política de distribuição de cinema. Precisamos fazer um grupo para discutir isso melhor".

O petista disse também que é o primeiro presidente a ouvir críticas e sugestões do setor sem se exaltar. "Como não sou um cara muito letrado, eu não proíbo as coisas. Qualquer boa idéia, eu aceito", afirmou. Lula compareceu ao evento acompanhado da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, potencial candidata à sucedê-lo em 2010.

No fim do discurso, o diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa, 72, pediu ao presidente que não defenda a abertura de novas salas de cinema apenas na periferia das grandes cidades, mas também em áreas abandonadas dos centros. Líder do Teatro Oficina, no bairro do Bixiga, ele pediu a Lula que o ajude a impedir o avanço de grupos empresariais sobre o terreno das instalações culturais da região.

Os aliados e os inimigos do recesso

24/07/2009 06:23

Os aliados e os inimigos do recesso parlamentar

Feichas Martins [*]


BRASÍLIA [ ABN NEWS ] - O recesso parlamentar tem apenas dois aliados fiéis - a maioria dos parlamentares e dos funcionários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal - e muitos inimigos figadais, dentro e fora das duas Casas.

Os inimigos figadais se dividem em ocasionais - como os oposicionistas que estão querendo derrubar o presidente do Senado, José Sarney - e os inimigos permanentes - aqueles cujos interesses de toda ordem são prejudicados pela paralisação dos trabalhos do Congresso Nacional.

Basta verificar a imensa visibilidade na mídia, ávida por notícias, obtida pelos senadores Pedro Simon (PMDB-S), Cristovão Buarque (PT-DF) e Arthur Virgílio (PSDB-AM), ao insistirem na convocação do Conselho de Ética do Senado Federal para exame das denúncias contra Sarney.

É natural que o parlamentar tente explorar a carência de notícias provocada pelo recesso parlamentar. Basta ao deputado e senador que quiser explorar essa oportunidade aparecer, nos corredores das duas Casas, onde repórteres, fotógrafos, iluminadores e filmadores se plantam pacientemente à espera de uma "matéria", que, se aparecer, terá divulgação garantida e com destaque, tratamento que nem sempre ocorre durante o funcionamento normal do Legislativo.

Entre os inúmeros inimigos permanentes se destacam:

- o Poder Executivo, que fica exposto sozinho à opinião pública, deixando o Presidente da República e seu ministério no foco central da mídia e da população. É a versão do rei despido em público, sem o manto protetor do Parlamento;

- a imprensa ou a mídia em geral, que necessita de alimentar seus espaços noticiosos e publicitários e justificar os salários dos funcionários, entre os quais os repórteres destacados para a cobertura setorial do Congresso Nacional, pródigo em matérias jornalísticas;

- o lobby organizado das empresas nacionais e transnacionais, dos sindicatos e das associações atuantes junto ao Legislativo, que não tem como justificar sua presença em Brasília e, por conseguinte, suas diárias e verbas destinadas à atividade;

- as empresas de aviação, que perdem muitos passageiros entre parlamentares, lobistas, jornalistas e turistas que demandam a Capital da República;

- a rede hoteleira do Distrito Federal, literalmente atropelada pela paralisação dos trabalhos, principalmente no recesso mais longo de final de ano; e

- os clubes de serviços, as empresas de turismo, os restaurantes, os shoppings e o comércio em geral, seriamente afetados pela evasão dos habitantes em férias no trabalho e nos colégios e universidades.

A propósito das economias que estão sendo feitas pelo Senado e pela Câmara neste recesso, é salutar e necessário lembrar que produzir leis é um processo de altíssimo custo em qualquer país, sendo o preço da própria democracia representativa a garantia de que o Legislativo, em todos os níveis, sirva de estuário para as idéias, os anseios, os interesses e as reivindicações nacionais, sob pena de se instalar a anomia e a própria anarquia, ante-salas das autocracias e dos totalitarismos.


[*] Feichas Martins, articulita colaborador da ABN NEWS, é Jornalista, Mestre em Ciência Política pela UnB, Professor Universitário, Especialista em Planejamento Político-Estratégico e Consultor Político-Eleitoral, membro do Comitê de Ética e Liberdade de Expressão da Associação Brasiliense de Imprensa [ ABI-DF ] e da Federação Nacional da Imprensa [ Fenai ]

quinta-feira, 23 de julho de 2009

LULA: "Dependendo da carga de manchetes da imprensa, a pessoa já está condenada".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem ao novo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que os procuradores, ao realizarem uma investigação, também pensem "na biografia dos investigados". Em discurso, Lula criticou a imprensa por julgar as pessoas antes do processo finalizado.
"Uma instituição que tem o poder que tem o Ministério Público brasileiro, garantido pela Constituição, tem o direito e a obrigação de agir com a máxima seriedade, não pensando apenas na biografia de quem está fazendo a investigação, mas pensando, da mesma forma, na biografia de quem está sendo investigado", disse.

Segundo o presidente, "dependendo da carga de manchetes da imprensa, a pessoa já está condenada".


Lula disse que jamais fará pedidos pessoais ou impedirá investigações e que a instituição precisa atuar de forma responsável, sob pena de sofrer "castramento" de sua liberdade por alguém que se sinta atingido.
O presidente afirmou, ainda, que a corrupção tem aparecido mais no seu governo porque passou a ser mais combatida. "Você pode engavetar processo, aceitar pressão do Poder Legislativo, do Poder Executivo, da imprensa que às vezes quer condenar antes do processo ser feito corretamente", afirmou.

COMO DEUS,
O PIG EXISTE!!!


O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, discordou de Lula. Segundo ele, a imprensa nunca atua de forma isolada, mas com respaldo de autoridades.: "É um delegado que precipita uma conclusão, é um promotor, às vezes é um juiz".


(Como fez o judiciário no golpe de Honduras?)



Acho que essa declaração de Gilmar Mendes no meio de uma informação sobre a posse de um procurador revela várias hipóteses que comprova(ra)m a existência do chamado Partido da Imprensa Golpista - o PIG.

Ou: por que o redator colocaria essa opinião ali no meio?


Para livrar-se de possíveis argumentos de que o Pig existe?

Redimir-se do que disseram antes?

Ou continuar as denúncias sob o manto protetor de parte da Justiça?

Por que até agora nada foi explicado sobre a farsa do grampo do Gilmar Mendes e do senador Demóstenes Torres publicada na revista Veja?

Releia a frase de Mendes e compare com o que o judiciário fez em Honduras:


"É um delegado que precipita uma conclusão, é um promotor, às vezes é um juiz".


Até as pedras sabem que existe um esquema de golpismo contra o governo Lula.

Demotucanos e parte da grande mídia autopautam-se.

Um dá ao outro a dica para a próxima jogada.

Fornecem dados e informações - afinal os congressistas têm acesso privilegiado aos dados do governo.

MONTA-SE A FÁBRICA DE DENÚNCIAS E ESCÂNDALOS DE SUPOSTAS CORRUPÇÕES.

CONDENA-SE À PRIORI.

COM O APOIO DE CERTA PARTE DA JUSTIÇA, COMO MENDES.

E POR AÍ VÃO, IMUNES E IMPUNES.

ESCREVER É O ETERNO REFAZER

OU

ESCREVER É COMO A VIDA, SIM
UM COMEÇO, UM MEIO E UM FIM

GRANDE MÍDIA: FIAPOS DE HONRA OU O ENREDO DE PRECONCEITO E DESINFORMAÇÃO

Justiça, mídia e ficção
GUILHERME GUIMARÃES FELICIANO


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A liberdade literária não pode servir de pretexto para desfigurar a realidade, desautorizando instituições legítimas e democráticas
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A LIBERDADE de expressão artística é valor constitucional irrefragável. Não se concebe a ideia mesma de Estado democrático de Direito sem que se assegure aos artistas em geral o direito de obviar, debater, criticar, censurar ou mesmo escarnecer. Mas haverá limites?
Essa é uma indagação secular, talvez atemporal: era atual nos tempos de Gregório de Matos, crítico atroz da Igreja Católica e dos desgovernos da "cidade da Bahia" no século 17, e continua atual em tempos de José Simão, quando a sátira recai sobre os dotes da bela estrela de novelas.
Decerto que há limites. Nem sempre bosquejados com a precisão que se desejaria, mas há limites.
No plano individual, vamos encontrá-los na integridade do chamado "conteúdo essencial" (os alemães diriam "Wesensgehalt") de direitos fundamentais como a honra, a imagem ou a intimidade. Isto é, a liberdade de expressão ou de informação não pode ser exercida em níveis tais que recuse à pessoa o fiapo de honra ou de privacidade sem o qual ninguém -rico ou pobre, anônimo ou famoso- poderia (con)viver dignamente.
No plano coletivo, vamos encontrar os limites nas boas práticas de comunicação social. É o ponto que me interessa ferir.
A crítica social é sempre bem-vinda e cumpre importante papel na conscientização dos povos. Imbuídos dessa saudável convicção, não é de hoje que os autores de folhetins inserem em seus roteiros personagens, cenas e contextos que concitam a uma conduta socialmente positiva ou politicamente correta. Podem fazê-lo diretamente (incorporando a ação valiosa ao leque de atitudes do galã) ou indiretamente (estabelecendo um vínculo de identidade entre a ação desvalida e certa personagem, que adiante será escarnecida ou malfadada).
Quando, porém, essa última estratégia não se basta na crítica pontual e faz generalização preconceituosa, a medida desproporcional transforma o remédio em veneno. Planta-se no imaginário popular uma falsa percepção de mundo, não raro com efeitos nocivos para a própria sociabilidade.
É o que ocorre, hoje em dia, com algumas novelas de grande audiência que resvalam na imagem do Judiciário e de algumas das chamadas funções essenciais à administração da Justiça (como a advocacia). E, de todas, a que mais agride é justamente a mais vista, em pleno horário nobre.
Ali, um personagem de caráter duvidoso -que as resenhas definem como "advogado trabalhista" que "aposta sempre no jeitinho brasileiro"- convence trabalhadores da construção a se ferirem ou se automutilarem com a promessa de polpudas indenizações. Insinua-se até que o "esquema" já teria exitosos precedentes. O que dizer dessa visão de mundo?
Não se nega que haja, entre advogados trabalhistas, maus profissionais que se prestem a semelhantes fraudes. Mas esses não são meros cafajestes bravateiros, como poderia sugerir a história. São criminosos. Não merecem o olhar de simpatia que a figura do "malandro" geralmente inspira. E não são, em absoluto, a regra. Perfazem uma franca e execrável minoria.
Importa lembrar que o Brasil já ocupou por seguidos anos a pouca honrosa liderança do ranking mundial de acidentes de trabalho. Dados da OIT apontam que, em 2008, cerca de 6.000 pessoas morriam por dia no mundo em razão de acidentes e doenças ligadas a atividades laborais. É uma chaga mundial, que vitima especialmente as populações dos países em desenvolvimento.
Quando, porém, generaliza-se a imagem do engodo, transmite-se ao empresário, ao cidadão e até ao trabalhador moralmente débil a ideia de que não temos uma legião de mutilados, mas uma legião de espertalhões.
Esteriliza-se o sentimento de repúdio, convola-se em regra a exceção e transforma-se a vítima em algoz.
Em tais casos, se a liberdade de expressão artística é malconduzida e inspira cuidados, o que há de fazer?
Os mais exaltados acorreriam às barras dos tribunais para obstaculizar a sequência narrativa do folhetim.
A mim, contudo, parecem suficientes o esclarecimento e o protesto públicos pelo mesmo veículo da agressão: a mídia. Deixa-se livre o artista para refletir com os seus botões. Para isso, este artigo.
A liberdade literária, nos folhetins de TV ou em todas as demais manifestações dramatúrgicas, não pode servir de pretexto para desfigurar a realidade, desautorizando instituições legítimas e democráticas. Vale aqui, como lá, a advertência atribuída aos irmãos Goncourt: "No teatro das coisas humanas, o cartaz é quase sempre o contrário da peça".
Pois bem: que o cartaz da livre expressão não oculte, nesses tempos confusos, um enredo de preconceito e desinformação.



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GUILHERME GUIMARÃES FELICIANO , 36, juiz do trabalho, é vice-presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 15ª Região (Amatra-XV) e professor da Faculdade de Direito da USP. Publicou, entre outras obras, "Direito à Prova e Dignidade Humana".

LORCA, A MORTE VIVA

O poeta pede a seu amor que lhe escreva
Garcia Lorca

Amor de minhas entranhas, morte viva,
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.

Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de mordiscos e açucenas.
Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.

iGoogle

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quarta-feira, 22 de julho de 2009

CUIDADO, NÃO SE EVANESÇA: O DELETADOR - OU O VIGILANTE CIBERNÉTICO QUE UNE MAS PUNE

Nova tecnologia pretende extinguir dados digitais, de propósito

Autodestruição de mensagens eletrônicas aumentaria segurança.
Ainda é preciso resolver questões legais associadas à técnica.


John Markoff
Do 'New York Times'

Um grupo de cientistas da computação da Universidade de Washington desenvolveu uma forma de fazer com que mensagens eletrônicas se "autodestruam" depois de certo tempo, como mensagens escritas na areia, varridas pela onda do mar.

Os pesquisadores acham que o novo software, chamado Vanish, que exige criptografia de mensagens, será cada vez mais requisitado, à medida que as informações pessoais e comerciais são armazenadas em máquinas centralizadas ou servidores, não em computadores pessoais. Atualmente, isso é chamado de "computação na nuvem", e as nuvens consistem nos dados – incluindo e-mail, documentos e calendários baseados na web – armazenados em vários servidores.

A ideia de desenvolver tecnologias para fazer desaparecer dados digitais, depois de um período específico, não é nova. Vários serviços que realizam essa função existem na web, e alguns dispositivos eletrônicos, como chips de memória Flash, acrescentaram essa capacidade de proteger dados armazenados ao apagá-los automaticamente após certo tempo. No entanto, os pesquisadores disseram ter se deparado com uma abordagem única que confia na "destruição" de uma chave de criptografia que não é mantida por nenhuma das partes em trocas de e-mail, mas amplamente espalhada por um sistema de compartilhamento de arquivo peer-to-peer.

A criptografia de chave pública torna possível que duas partes que nunca se encontraram fisicamente compartilhem um segredo digital e, como resultado, participem de uma conversa eletrônica segura, protegida de possíveis "bisbilhoteiros". A tecnologia está no centro dos sistemas de comércio eletrônicos mais modernos.

Vanish
- DESVANESCEDOR

O Vanish usa o sistema de criptografia baseado em chave de uma forma diferente. Ele faz com que uma mensagem decodificada seja automaticamente re-criptografada num momento específico no futuro, eliminando o medo de que terceiros possam acessar a chave necessária para ler a mensagem.

As peças da chave, pequenos números, tendem a "erodir" com o tempo, enquanto gradualmente caem em desuso. Para fazer com que as chaves sofram erosão, ou expirem, o Vanish tira vantagem da estrutura de um sistema de arquivos peer-to-peer. Essas redes são baseadas em milhões de computadores pessoas, cujo endereço na Internet muda enquanto eles entram e saem da rede. Isso torna extremamente difícil para que um bisbilhoteiro ou espião una as peças da chave, pois ela nunca é mantida num único local.

A tecnologia Vanish é aplicável em mais que apenas e-mails ou outras mensagens eletrônicas. Tadayoshi Kohno, professor assistente da Universidade de Washington e um dos criadores do Vanish, diz que o programa torna possível controlar o "tempo de vida" de qualquer tipo de dado armazenado na nuvem, incluindo informações do Facebook, documentos do Google ou blogs. O valor potencial dessa tecnologia foi recebido com grande alívio na semana passada, quando um hacker roubou dados pertencentes ao Twitter, empresa de mídia social, e os enviou por e-mail para empresas de publicações na web dos Estados Unidos e da França.

O significado desse avanço é que o "modelo de confiança" do Vanish não depende da integridade de terceiros, como ocorre com outros sistemas. Os pesquisadores citam um incidente no qual um fornecedor comercial de serviços de e-mail criptografados revelou o conteúdo de comunicações digitais quando intimado por uma agência de cumprimento da lei no Canadá. Os cientistas reconheceram a existência de questões legais inexploradas envolvendo o uso de sua tecnologia. Por exemplo, algumas leis exigem que as empresas arquivem seus e-mails e os tornem acessíveis.

Eles desenvolveram um protótipo do sistema Vanish baseado num módulo plug-in para o navegador Mozilla Firefox. Usar o sistema exige que ambas as partes da comunicação tenham uma cópia do módulo, que é um dos limites da tecnologia. Kohno disse não visualizar o Vanish sendo usado em todos os tipos de comunicação, mas somente nos casos mais delicados

Dilma: regras para o pré-sal não afastarão investidores

Na avaliação da ministra não há a probabilidade. com o tamanho de reservas e com a característica democrática, de que o Brasil não seja atrativo

21/07/2009 | 19:59 | agência estado



A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, considera que o Brasil não está afastando os investidores internacionais com o futuro marco regulatório do pré-sal. "Estamos definindo as regras do jogo", afirmou nesta terça-feira (21) durante entrevista à imprensa, em Washington. A ponderação da ministra está ligada à possibilidade de a Petrobras ser a operadora de todos os blocos do pré-sal. Na avaliação de Dilma, não há a menor probabilidade de que, "com este tamanho de reservas, com a estabilidade brasileira e com a característica democrática, o Brasil não seja extremamente atrativo".


As companhias petrolíferas internacionais, continuou a ministra, estão interessadas na camada pré-sal por seu imenso volume de reservas, com baixo risco e elevada rentabilidade. As grandes reservas no mundo estão nas mãos das estatais de petróleo. Quase 80% delas estão nestas condições, em países que "têm problemas de geopolítica e o acesso a essas reservas tem certas regras do jogo. Quando temos muitas reservas temos de discutir quem se apropria da renda petrolífera".



A ministra reiterou que a União tem clareza da imensa oportunidade que é no mundo ocidental ter acesso a reservas em um país estável, sem guerra, sem problemas étnicos. "O investidor sabe que quando o risco é baixo e a rentabilidade elevada, os contratos mudam, não são mais contratos de concessão tornam-se híbridos". O Brasil, disse Dilma, vai dar oportunidade tanto para companhias nacionais e estrangeiras privadas e inclusive para estatais, "pois há grandes estatais interessadas". Mas as reservas brasileiras, voltou a afirmar, vão se transformar em riqueza para o povo brasileiro.

Prazo

Dilma Rousseff afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabeleceu o mês de agosto como prazo para a entrega da primeira versão do marco regulatório para o pré-sal. "Eu sei que o presidente e o ministro Lobão, inclusive, têm sido pressionados para dizer a data precisa, mas é um modelo regulatório e tem consequências para o futuro", afirmou a ministra.

"Os envolvidos na questão estão fazendo todo esforço para entregar o documento no prazo mais rápido possível", disse a ministra. O objetivo, continuou ela, é ser "bem prudente e olhar bastante a consistência do modelo". Mas, conforme ressaltou, o presidente estabeleceu que o prazo não pode passar do mês de agosto.

Nos EUA, Dilma diz que "há muita espuma" sobre 2010

Apesar de ser a candidata preferencial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sucessão presidencial de 2010, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, procurou adotar uma postura discreta à sua viagem a Washington, onde encontrou-se com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e participou do 4º Fórum de CEOs Brasil-EUA. Questionada sobre eleições, a ministra disse apenas que "tem muita espuma" nas conversas sobre a corrida presidencial do ano que vem e deixou claro que apesar de estar sendo recebida pela segunda vez pelo presidente dos EUA - a primeira foi em março -, sua presença neste evento estava inserida no grupo de empresários.



Demonstrando disposição e bom humor, a ministra fez questão de dar o tom do encontro, reiterando que o foco era o grupo de CEOs e não ela. Apesar da relutância em falar sobre política, na noite de ontem, em entrevista à Agência Estado, Dilma comentou sobre o lançamento da candidatura do ministro da Justiça, Tarso Genro (PT), ao governo do Rio Grande do Sul, contrariando setores do PT que veem nesse lançamento um fator prejudicial à campanha presidencial de 2010. "Deixa o ministro ser candidato ou não ser", limitou-se a dizer.

No rápido encontro que teve hoje com o presidente Barack Obama, Dilma Rousseff o convidou a visitar o Brasil. O presidente norte-americano agradeceu o convite feito por ela, mas evitou confirmar se pretende retribuir, ainda neste ano, a visita realizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos EUA, em março deste ano. Além da ministra, mais cinco pessoas ligadas ao 4º Fórum de CEOs Brasil-EUA foram recebidas nesta tarde, na Casa Branca, em Washington.

Sobre Obama, em particular, a ministra afirmou que o presidente norte-americano "fez manifestação muito forte e importante para o Brasil. Disse que gostaria muito de dar suporte, impulso aos laços entre Brasil e EUA, que julgava muito importante, especialmente no aspecto comercial". A ministra acrescentou que Obama se "referiu de forma muito gentil ao presidente Lula.

Quem explora a mais-valia só sabe que não tem nenhum valor?!

Essa é uma paráfrase de Oscar Wilde, que disse:

The cynic knows the price of everything and the value of nothing.

O cínico sabe o preço de tudo e o valor de nada.

terça-feira, 21 de julho de 2009

DECADÊNCIA E CRISE - PALAVRAS ABUSADAS

Decadence is a difficult word to use since it has become little more than a term of abuse applied by critics to anything they do not yet understand or which seems to differ from their moral concepts.
Ernest Hemingway

Decadência é uma palavra difícil de usar, pois tornou-se pouco mais de uma palavra abusada aplicada pelos críticos para qualquer coisa que ainda não compreendem ou que parece diferenciar-se dos seus conceitos morais.
Ernest Hemingway



Isto também ocorre com a palavra crise - os neonliberais são renitentes e ainda defendem o modelo como se não compreendessem as mudanças e sempre persistem nos seus preconceitos econômicos e políticos.

WITTGENSTEIN: SÓ O ESSENCIAL

“Há mais coisas entre o céu e a Terra do que em toda sua filosofia, Horácio. Hamlet.” Ou Amleto. Que nós, cortesia da tradução de Onestaldo de Pennafort, nos acostumamos a citar e a encenar como “vã filosofia”.


Questões de métrica. E por métrica, Amleto esculhambou o pobre do Horácio que tinha de aguentar todas as frescuras do empombado príncipe dinamarquês.


Há mesmo mais coisas do que toda filosofia que conhecemos ou fingimos conhecer. Wittgenstein é um bom exemplo. Principalmente porque todo mundo continua, séculos depois de sua morte, tentando entender qual era a do, conforme ele insistia em ser chamado, genial austríaco.


Ludwig Wittgenstein abafou aqui nos meios acadêmicos britânicos. Bertrand Russell ficou tão entusiasmado que quase que leva uma porrada feia na cabeça por causa de uma discussão filosófica.


Deve ter sido qualquer argumento falacioso que ele usou em seu célebre Briefe an Ludwig von Ficker (Salzburgo, 1969).


Ou terá sido a sua filosofada mais citada e que até hoje, como toda boa filosofia, dá panos para manga, como só os grandes alfaiates dão.


É, aquela frase. Manjamos. Aquela de que aquilo de que não se podia falar o melhor era manter um silêncio em torno. Não necessariamente respeitoso. Bastava calar a boca. Que em boca fechada não entra peixe.


A outra grande sacada do bom Wittgenstein foi aquela logo no começo do popular Tractatus.


Aquela que, como em toda gloriosa, e não vã, filosofia, vem sempre precedida de uns numerosinhos. Como se isso fosse facilitar a coisa. Então vejamos. O tal do tratado, suas primeiras linhas.


“1.1 O mundo é a totalidade dos fatos, não das coisas. A totalidade, ainda que dos fatos e não das coisas, é apenas aquilo em cuja dependência surge o nome e a concepção ‘o mundo’, e o nome e a concepção surgidas na dependência de algo que não são esse algo, em cuja dependência surgem aquele nome e aquela concepção. Ademais, a totalidade dos fatos é apenas uma, ao passo que tudo aquilo que é o caso são muitos, razão pela qual esta proposição contradiz a anterior, já em si mesma contraditória.”


Como podemos notar, a coisa não é tão complicada assim. Seguindo as indagações preciosas de Wittgenstein, se não podemos dizer blicas sobre o enunciado, botuca, boneco.


E vai daí. Dos fatos no espaço lógico constituírem o mundo à figuração lógica dos fatos ser o pensamento.


O mágico vienense mandou firme brasa nas gentes acostumadas a uma boa discussão na Flip entre Chico Buarque e Milton Hatoum. Entortaria os dois, mais a platéia e qualquer grande dama do mundo irlandês das letras.


Ludwig Wittgenstein, conforme seus enunciados sibilinos (ao menos para mim), também tinha suas horas de deixar que o mundo fosse tudo aquilo que fosse o caso. Feito eu e você.


Regozijei ao ler sobre o homem que, como todos nós, comia, bebia, chutava chapinha, tinhas seus likes e dislikes.


Principalmente quando soube que ele era vidrado em ficção policial barata – pulp fiction, confere? – e, atenção, Betty Hutton e Carmen Miranda. Precisamente. As chamadas “Loura Incendiária” e “Pequena Notável”.


Era mais do que vidrado. Adorava, punha num altar e queimava incenso diante de pôsteres de uma e outra.


Foi o que revelou David Toop, num livro-ensaio-biografia de Wittgenstein. Infelizmente o tal de Toop cai de pau nas duas. Chama-as de duas das mais desagradáveis estrelas a atingirem e afligirem Hollywood.


O mundo pode ser tudo que é o caso. Com uma única exceção. David Toop. Que não vem ao caso, não tem importância, não foi e nem será convidado para a próxima Flip. O caso é esse.

Lula quer política de alianças para as próximas eleições

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a política de alianças para vencer as eleições em 2010, como parte de uma estratégia de "responsabilidade". A declaração foi feita nesta terça-feira, após Lula ser questionado sobre um possível encontro com as lideranças do PT para discutir as eleições ao governo de São Paulo.

"Eu não sou membro da direção do PT, não tenho como me reunir para discutir o problema deste ou daquele estado", disse.

Em seguida, Lula completou: "As pessoas sabem o que eu penso, e portanto, acho que o PT tem que ter uma ação de responsabilidade, saber qual é a força que temos em cada estado, qual a perspectiva de fazermos ou não uma aliança política. O PT já tem 29 anos de história, sabe que tem que fazer política de alianças para vencer as eleições", declarou.

Lula falou à imprensa após a visita de Estado do presidente de Moçambique, Armando Guebuza, em Brasília. Na mesma entrevista, o presidente falou que ainda há espaço para novos cortes na taxa básica de juros.

QUADRILHA!!!

Quadrilha
Carlos Drummond de Andrade

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

OS ESTATUTOS DO HOMEM

Os Estatutos do Homem
Thiago de Mello

Ato Institucional Permanente


A Carlos Heitor Cony



Artigo I.
Fica decretado que agora vale a verdade.

que agora vale a vida,

e que de mãos dadas,

trabalharemos todos pela vida verdadeira.


Artigo II.
Fica decretado que todos os dias da semana,

inclusive as terças-feiras mais cinzentas,

têm direito a converter-se em manhãs de domingo.


Artigo III.
Fica decretado que, a partir deste instante,

haverá girassóis em todas as janelas,

que os girassóis terão direito

a abrir-se dentro da sombra;

e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,

abertas para o verde onde cresce a esperança.


Artigo IV.
Fica decretado que o homem

não precisará nunca mais

duvidar do homem.

Que o homem confiará no homem

como a palmeira confia no vento,

como o vento confia no ar,

como o ar confia no campo azul do céu.


Parágrafo Único:
O homem confiará no homem

como um menino confia em outro menino.


Artigo V.
Fica decretado que os homens

estão livres do jugo da mentira.

Nunca mais será preciso usar

a couraça do silêncio

nem a armadura de palavras.

O homem se sentará à mesa

com seu olhar limpo

porque a verdade passará a ser servida

antes da sobremesa.


Artigo VI.
Fica estabelecida, durante dez séculos,

a prática sonhada pelo profeta Isaías,

e o lobo e o cordeiro pastarão juntos

e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.


Artigo VII.
Por decreto irrevogável fica estabelecido

o reinado permanente da justiça e da claridade,

e a alegria será uma bandeira generosa

para sempre desfraldada na alma do povo.


Artigo VIII.
Fica decretado que a maior dor

sempre foi e será sempre

não poder dar-se amor a quem se ama

e saber que é a água

que dá à planta o milagre da flor.


Artigo IX.
Fica permitido que o pão de cada dia

tenha no homem o sinal de seu suor.

Mas que sobretudo tenha sempre

o quente sabor da ternura.


Artigo X.
Fica permitido a qualquer pessoa,

a qualquer hora da vida,

o uso do traje branco.


Artigo XI.
Fica decretado, por definição,

que o homem é um animal que ama

e que por isso é belo.

muito mais belo que a estrela da manhã.


Artigo XII.
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido.

tudo será permitido,

inclusive brincar com os rinocerontes

e caminhar pelas tardes

com uma imensa begônia na lapela.


Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:

amar sem amor.


Artigo XIII.
Fica decretado que o dinheiro

não poderá nunca mais comprar

o sol das manhãs vindouras.

Expulso do grande baú do medo,

o dinheiro se transformará em uma espada fraternal

para defender o direito de cantar

e a festa do dia que chegou.


Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade.

a qual será suprimida dos dicionários

e do pântano enganoso das bocas.

A partir deste instante

a liberdade será algo vivo e transparente

como um fogo ou um rio,

e a sua morada será sempre

o coração do homem.



Santiago do Chile, abril de 1964


Publicado no livro Faz Escuro Mas Eu Canto: Porque a Manhã Vai Chegar 1965.


In: MELLO, Thiago de. Vento geral, 1951/1981: doze livros de poemas. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 198

sentimentos do dia

pensadores


QUEM SO EH BELA
SO O AMOR A TRAI


Toda a vida é um país estrangeiro.
Jack Kerouac
All of life is a foreign country. Jack Kerouac


There are charms made only for distant admiration. Samuel Johnson
Há encantos feitos apenas para distante admiração.
Samuel Johnson

The innocent and the beautiful have no enemy but time. William Butler Yeats
A inocencia e a beleza não tem nenhum inimigo alem do
tempo.
William Butler Yeats

Ou: o infinito eh vazio.

A realidade eh uma mala de maldades - a chave perdida e muitos chaveiros com o segredo vendido a peso de ouro
e do outro

nada a ver
navios ao largo

a nao ser
nem vou ver

entao va,
senao vai ter

I not only use all the brains that I have, but all that I can borrow. - Woodrow Wilson

Too many of us look upon Americans as dollar chasers. This is a cruel libel, even if it is reiterated thoughtlessly by the Americans themselves. - Albert Einstein

There are two types of people--those who come into a room and say, 'Well, here I am!' and those who come in and say, 'Ah, there you are.' - Frederick L Collins

Eu não só uso de todos os cérebros que eu tenho, mas tudo que eu posso pedir emprestado.
- Woodrow Wilson

BENVINDO TODOS OS GHOST-WRITERS!!!

Vendo muitos americanos como Caçadores de Dolares.
Esta é uma cruel difamação, mesmo que seja reiterada essa leviandade pelos próprios americanos.
- Albert Einstein

Existem dois tipos de pessoas - aqueles que entram em uma sala e dizem,
'Bem, aqui estou eu! "
e aqueles que vêm e nos dizem,
"Ah, aí está você."
- Frederick L Collins

Whenever people agree with me I always feel I must be wrong.wilde.


Prefiro ver a raca humana extinta do transformada em meros bestas, do que tornar a mais nobre criação de Deus, a mulher, o objeto de nossa sensualidade.
Mohandas Gandhi

I will far rather see the race of man extinct than that we should become less than beasts by making the noblest of God's creation, woman, the object of our lust. Mohandas Gandhi

shakespeare
duvide das estrelas, duvide que a verdade eh verdade,
mas jamais duvide do meu granbe amor por voce.

Beware of dissipating your powers; strive constantly to concentrate them. Genius thinks it can do whatever it sees others doing, but is sure to repent of every ill-judged outlay.
goethe
Cuidado ao dissipar os seus poderes; esforce-se constantemente para concentra-los. Genius acha que pode fazer tudo o que vê os outros fazendo, mas é certo que se arrependa de todos os seus contínuos maus-julgamentos.


Entre os teus lábios
Eugénio de Andrade

Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.

No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.

Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha


fala da palavra como se ja tivesse dito tudo


Os primeiros passos são inúteis quando não se percorre o caminho até o fim. -Shankara

O Brasil está cheio de replicantes da Margaret Thatcher, mas nenhum com a qualidade técnica dos vistos no filme "Blade Runner".
- Ciro Gomes

Se um plantador de batatas na França pedir subsídios, o governo francês vai mandá-lo plantar batatas. - Maílson da Nóbrega

Isso eh que eh riso neonliberal!

Algumas vezes a maioria simplesmente significa que todos os tolos estão do mesmo lado. - Claude C. McDonald

Nelson Rodrigues
Toda unanimidade eh burra

Se o amor é um enigma
a paixao eh um estigma

We are separated from God on two sides; the Fall separates us from Him, the Tree of Life separates Him from us.
Franz Kafka

Estamos separados de Deus, em dois lados, o outono/queda nos separa de Deus, a Árvore da Vida separa-O de nós.
Franz Kafka

Tudo o que faço ou medito
Fernando Pessoa

Tudo o que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.

Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço.


eu treino:

nao creio no que dizes
nem que nao serei nada,
de que todos sao felizes
na infeliz vida abandonada

sábado, 18 de julho de 2009

O CANTO DO DIA

CANTO,
CANTO,
CANTO,
MINHA ALMA
NÃO MERECE
TANTO SANTO
DEUS, CALMA,
QUEM AGUENTA
TANTO ENCANTO?

Enquanto a mídia seleciona seus escândalos os bancos sonegam bilhões em impostos

Bancos lideram em autuações da Receita
e há uma disputa jurídica sobre o pagamento desses impostos que envolve a cobrança de cerca de R$ 20 bilhões.


Instituições financeiras foram alvo de punições no valor de R$ 4,3 bi aplicadas pelo fisco no 1º semestre em SP, 34% do total

Resultado reflete ação da Receita sobre grandes grupos; Febraban aponta casos de multas relativas a PIS e Cofins, tema controverso na Justiça

FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O setor financeiro lidera o ranking de autuações aplicadas às empresas paulistas pela Receita Federal. No primeiro semestre deste ano, essas instituições foram autuadas em R$ 4,319 bilhões. Esse valor representa cerca de 34% do valor total das autuações aplicadas às empresas no Estado no mesmo período, de R$ 12,6 bilhões.

O setor industrial ocupa a segunda colocação na lista das empresas mais autuadas no primeiro semestre deste ano, com R$ 3,19 bilhões. Em seguida estão o setor de serviços, com R$ 2,12 bilhões, e o de comércio, com R$ 1,28 bilhão. No caso de outras pessoas jurídicas, as autuações somam R$ 1,66 bilhão no período.

As autuações decorrem principalmente da omissão de receita -proposital ou não- das empresas e na falta de recolhimentos de PIS/Cofins e contribuições previdenciárias, segundo a Folha apurou. No setor financeiro, as autuações resultam de mudanças contábeis para redução do lucro tributável. A Receita discorda das mudanças e aplica autuações.
O Santander foi um dos bancos autuados no primeiro semestre deste ano devido a operações feitas na compra do Banespa, em 2000. O Santander informa, por meio de sua assessoria de imprensa, que "as operações envolvendo a aquisição do Banespa foram realizadas com estrita observância da legislação e que recorreu administrativamente do auto de infração e tem plena confiança nas instituições brasileiras".
O valor das autuações feitas pela Receita em São Paulo nos primeiros seis meses deste ano foi cerca de 160% maior do que o registrado em igual período de 2008, de R$ 4,6 bilhões.


Esse crescimento das autuações às pessoas jurídicas é resultado de mudanças nas regras de fiscalização do fisco conduzidas pela ex-secretária Lina Maria Vieira para intensificar o combate à sonegação de tributos federais, como o IR (Imposto de Renda), o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o PIS (Programa de Integração Social) e a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social).
(DIZ-SE QUE ELA CAIU POR CAUSA DESSAS PRESSÕES)

A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) informa que não faz o acompanhamento de autuações aplicadas aos bancos e que as fiscalizações e as autuações são tratadas individualmente pelas instituições.

"A fiscalização sobre os bancos foi sempre atuante. Existe uma delegacia específica para acompanhar o setor financeiro, já que a legislação do setor é complexa", diz Carlos Pela, coordenador da comissão tributária e jurídica da Febraban.

As autuações no setor financeiro podem estar relacionadas, segundo afirma Pela, à discussão sobre a cobrança do PIS e da Cofins no setor bancário.
Há uma disputa jurídica sobre o pagamento desses impostos que envolve a cobrança de cerca de R$ 20 bilhões. Para as instituições financeiras, a cobrança deve ser feita sobre as tarifas bancárias cobradas de seus clientes e, para a Receita Federal, sobre a atividade principal dos bancos: a intermediação de recursos financeiros.
"A Receita já inscreveu alguns bancos na dívida ativa da União, apesar de não haver ainda uma decisão do Supremo Tribunal Federal", diz Pela.

A Fecomercio SP (federação do comércio paulista) informa que a legislação tributária no país é complexa e que nem sempre as autuações aplicadas estão corretas. "O fato de terem aumentado as autuações não significa que elas estejam corretas. Apesar de os autos de infração terem sido lavrados, o contribuinte pode ainda discutir esses autos no âmbito administrativo. Encerrada essa etapa, pode haver ainda a discussão na Justiça", afirma Luis Antonio Flora, diretor jurídico da Fecomercio SP.
Procurada pela Folha para comentar as autuações feitas às indústrias, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) informa, por meio de sua assessoria, que não faria comentários sobre autuações feitas às empresas do setor.



Auditores fazem protesto contra a saída de Lina

MATHEUS MAGENTA

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Um protesto contra a demissão da ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira reuniu ontem, segundo os organizadores, cerca de cem auditores fiscais de quatro Estados em frente à sede do órgão, em Salvador. A categoria considera que ela foi exonerada por pressão de grandes grupos econômicos autuados durante sua gestão.
Manifestantes da Bahia, de Minas, do Rio Grande do Sul e do Rio penduraram faixas, colaram esparadrapos na boca, distribuíram panfletos e amarraram as próprias mãos como sinais de protesto.
"A Receita vinha se tornando um instrumento que trata todos os contribuintes sem privilégios, daí nossa preocupação para que essa mudança não se perca com a saída de Lina", disse Vera Balieiro, presidente da delegacia do Unafisco no Rio.
No panfleto distribuído pelos manifestantes, a categoria diz não aceitar que "pressões políticas venham reduzir a capacidade que o órgão tem de fiscalizar ilícitos tributários".


Quadrilha
Carlos Drummond de Andrade

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Cronkite, o fim de uma era

Morre aos 92 Walter Cronkite,
mítico âncora da TV dos EUA


Apresentador da CBS deu notícias-chave como morte de Kennedy

e chegada do homem à lua

"Ele era alguém em quem nós podíamos confiar, uma voz de certeza num mundo incerto", afirmou presidente Obama ao saber da morte

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Walter Cronkite, o âncora televisivo com voz de barítono, rosto sério e bigode ralo que narrou os principais eventos mundiais dos anos 60 e 70 para a classe média americana e moldou o cargo jornalístico que seria depois adotado por emissoras no mundo inteiro, morreu ontem em decorrência de problemas cerebrovasculares. Tinha 92 anos.
Conhecido pelo epíteto "o homem mais confiável da América" e por terminar as transmissões com a frase "That's the way it is" (é assim que as coisas são, em tradução livre), apresentou o principal telejornal da CBS de 1962 a 1981. Fez isso numa época, pré-Internet e com TV paga ainda incipiente, em que seu programa e os dos concorrentes, nas emissoras ABC e NBC, tinham mais de 80% da audiência total.
Sua relevância como o rosto noticioso por excelência dos televisores do país era tamanha que, em 1995, quase 15 anos após sua aposentadoria, "Tio Walter", o apelido carinhoso pelo qual ele ficou conhecido, ainda era apontado numa pesquisa de opinião feita pelo "TV Guide" como o principal nome no noticiário de TV em 13 de 14 categorias, entre elas "o mais confiável".
"Walter foi sempre mais do que somente um âncora. Ele era alguém em quem nós podíamos confiar para nos guiar em meio aos assuntos mais importantes do dia, uma voz de certeza num mundo incerto", disse o presidente Barack Obama, em declaração oficial. "Ele era parte da família."
Foi principalmente pela voz dele que milhões ouviram quatro momentos seminais da história recente norte-americana: a morte do presidente John Fitzgerald Kennedy, em 22 de novembro de 1963, o começo da virada da opinião pública a respeito da Guerra do Vietnã, após a Ofensiva do Tet, em 1968, a chegada do homem à Lua, em 20 de julho de 1969, e o processo que levou à renúncia de Richard Nixon, em 1974.
No primeiro evento, Cronkite diz, enquanto tira os óculos para olhar o relógio na parede do estúdio da emissora: "De Dallas, um boletim, aparentemente oficial: o presidente Kennedy morreu às 13h, hora central, 14h do Leste, cerca de 38 minutos atrás". Faz então uma pausa, verte lágrimas discretas e recoloca os óculos. Anos depois, diria em entrevista que se arrependeu de ter mostrado emoção no ar.
No segundo, ele decide fazer um editorial após visitar o front -até então, evitava expressar opiniões em suas transmissões, diferentemente de seu antecessor, o mítico Edward R. Murrow (1908-1965), que o levou à CBS em 1960. Considerado um moderado politicamente, Cronkite apoiara a entrada dos EUA no conflito do Sudeste Asiático.
Mudou de opinião ao voltar do Vietnã após a campanha militar empreendida pelo lado comunista que deixou milhares de mortos e feridos entre os soldados americanos, sagrou a percepção de que os EUA estavam perdendo uma guerra que não era sua e abriu uma crise no governo do presidente Lyndon B. Johnson (1963-1969).
"Agora, parece mais certo do que nunca que a experiência sangrenta no Vietnã é um beco sem saída", leu o âncora, após as reportagens. Depois da transmissão, Johnson diria a famosa frase: "Se eu perdi Cronkite, eu perdi o americano médio". O presidente democrata acertou duplamente.
Walter Leland Cronkite Junior nasceu em 4 de novembro de 1916 na cidade de St. Joseph, Estado do Missouri. Já como repórter da agência de notícias UPI, cobriu a Segunda Guerra Mundial em Londres. No dia do desembarque das tropas aliadas na Normandia, ele foi acordado por militares, que disseram se ele tinha interesse em cobrir um acontecimento do qual não podiam dar detalhes.
Horas depois, estava num avião bombardeiro B17 sobrevoando a praia de Omaha enquanto jovens soldados desembarcavam lá embaixo, no que ficaria conhecido como Dia D e selaria o destino do conflito.




A maior dificuldade não é a falta da visão, é o desconhecimento que as pessoas têm sobre isso

"A maior dificuldade não é a falta da visão, é o desconhecimento que as pessoas têm sobre isso"
RICARDO MARQUES DA FONSECA
juiz do TRT de Curitiba, após ter se encontrado com o presidente Lula


TRT do PR terá 1º juiz cego do país
Ricardo Tadeu da Fonseca foi nomeado magistrado por Lula e tomará posse na semana que vem em Curitiba

Desembargador trabalhava havia 18 anos no Ministério Público do Trabalho e disse que não terá problemas para julgar os processos

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Ricardo Tadeu da Fonseca, 50, tomará posse na próxima semana como o primeiro juiz cego a trabalhar em um tribunal brasileiro. Ele vai atuar como desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª região, em Curitiba.
Fonseca foi nomeado magistrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem teve uma audiência ontem em Brasília. Conversaram sobre política internacional e ações afirmativas, disse o juiz.
"Sempre quis ser juiz. Realizei um sonho", afirmou Fonseca, que se formou na USP (Universidade de São Paulo). No terceiro ano de direito, aos 23 anos, perdeu toda a visão, e os colegas passaram a gravar leituras do conteúdo dos livros e das aulas para ajudá-lo.
Depois de um início de carreira como advogado, tentou ingressar na magistratura.
Em 1990, Fonseca foi aprovado na fase escrita para um concurso de juiz do trabalho, mas foi desclassificado em razão da deficiência visual.
Mesmo barrado, não recuou. "Nunca desisti em nada." Sua mãe, afirmou Fonseca, dizia que o estudo permitiria que ele superasse os próprios limites.
Em 1991, foi aprovado em concurso para o Ministério Público do Trabalho. Ficou em sexto lugar, numa lista com 5.000 candidatos. "As pessoas não devem acreditar nos limites que querem impor a elas."
Fonseca afirmou que, na corte, não terá problemas para julgar os processos. Ele citou a experiência de quase duas décadas como procurador do trabalho. A seu favor menciona ainda os conhecimentos da leitura em braile e domínio dos programas de computador para deficientes visuais.
Disse que também não terá problemas em analisar documentos. "Os meus assessores vão descrever o documento e, através do que eles disserem verbalmente, eu vou fazer o juízo de valor", afirmou ele.
"Os juízes, quando têm que analisar um documento em língua estrangeira, se louvam do tradutor juramentado. Comigo é exatamente igual", disse.
Fonseca, que fez mestrado e doutorado, disse ter desenvolvido técnicas de audição que o auxiliam no despacho rápido dos casos. "Nunca tive problema de prazo nem como advogado nem como procurador."

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O USO DA PALAVRA: CONTEXTOS E INTERESSES

A palavra sempre é usada com algum interesse - não existe fala imparcial, cada um defende um ponto-de-vista, uma opinião, um mode de ser ou de dizer as coisas.

O histórico de cada pessoa, portanto, é fundamental para saber-se quais os objetivos e as intenções dessa pessoa.

Sem conhecermos as implicações históricas, individuais e sociais dos fatos, entre outros inúmeros fatores - inclusive genealógicos, antropológicos, filosóficos, etc.etc.etc - não saberemos contextualizar, interpretar esses fatos.

A palavra sempre é usada com algum interesse - não existe fala imparcial, cada um defende um ponto-de-vista, uma opinião, um mode de ser ou de dizer as coisas.

O histórico de cada pessoa, portanto, é fundamental para saber-se quais os objetivos e as intenções dessa pessoa.

Sem conhecermos as implicações históricas, individuais e sociais dos fatos, entre outros inúmeros fatores - inclusive genealógicos, antropológicos, filosóficos, etc.etc.etc - não saberemos contextualizar, interpretar esses fatos.



Esse assunto vai longe.

Precisa ser desdobrado.

Aliás, como tudo na vida - até que a morte nos separe!

Até
que
a
morte
nos
separe
de
nós
mesmos!

TRADUTORE, TRADITORE!

oi, teste. um teste sem querer que deu certo. vamos ver no que vai dar. jamais pensei que com amplas tentativas de erro e acerto pudesse chegar aos mesmos erros de sempre. ainda bem
Que eu não saiba, tudo bem, mas que erre e varra as possibilidades tantas vezes parece burrice sacrossanta mas ensandecida.



The major difference between a thing that might go wrong and a thing that cannot possibly go wrong is that when a thing that cannot possibly go wrong goes wrong it usually turns out to be impossible to get at or repair.

A principal diferença entre uma coisa que poderia dar errado e uma coisa que não pode dar errado é que quando uma coisa que não pode dar errado dá errado, geralmente, acaba por ser impossível chegar a uma temperatura igual ou reparação.
- Douglas Adams



put in so many enigmas and puzzles that it will keep the professors busy for centuries arguing over what I meant, and that's the only way of insuring one's immortality.

Invente um monte de enigmas e quebra-cabeças. Esta é a única maneira de segurar a imortalidade: manter os professores ocupados durante séculos argumentando sobre o que eu quis dizer.
James Joyce



A man is in general better pleased when he has a good dinner upon his table, than when his wife talks Greek.
Um homem fica, em geral, mais satisfeito quando ele tem um bom jantar à sua mesa, do que quando a mulher fala grego.
Samuel Johnson


I have yet to see any problem, however complicated, which, when you looked at it in the right way, did not become still more complicated.
Quanto mais você sae aproxima do problema para resolvê-lo mais complexo ele fica!!!
Poul Anderson


It pays to be obvious, especially if you have a reputation for subtlety.
Paga-se para ser óbvio, especialmente se você tem uma reputação de sutileza.
- Isaac Asimov


If one could only teach the English how to talk, and the Irish how to listen, society here would be quite civilized.
Wilde

Se alguém pudesse ensinar ao inglês como conversar e ao irlandês como ouvir, a sociedade aqui seria muito civilizada.(!)


Matthew 24:29

Immediately after the tribulation of those days shall the sun be darkened, and the moon shall not give her light, and the stars shall fall from heaven, and the powers of the heavens shall be shaken:
Logo depois da atribulação daqueles dias o sol escurecerá, a lua não dará a sua luz, as estrelas devem cair do céu, e os poderes dos céus serão abalados:

goethe
Divide and rule, a sound motto. Unite and lead, a better one.


Dividir para reinar, um som lema. Unidade e comando, (outro!) melhor.


Sê paciente; espera
Eugénio de Andrade

Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça.


que a palavra apareça
ao vento que a mereça

e o diálogo aí cresça
sem que desmereça
nem se desfaleça

LULA UNE, A MÍDIA PUNE!!!

MÍDIA PUNE ANTES DA JUSTIÇA


EU: LULA UNE,
A MÍDIA PUNE



Frase

"A expressão do presidente (senadores da oposição são pazzaiolos) é de que vai haver uma tendência para a conciliação. Eu pergunto a vocês: tem outra saída? Não, e é o que vai ocorrer. O processo de conciliação política e os órgãos fiscalizadores policiais investigativos do Estado estão funcionando e eventualmente vão ter inquéritos"

TARSO GENRO

ministro da Justiça, comentando a expressão usada por Lula, que chamou os senadores de "pizzaiolos" anteontem ao falar sobre a crise envolvendo a Casa


Pizzaiolos protestam após terem

sido comparados aos senadores por Lula


Pizzaiolos protestaram ontem após o presidente Lula ter dito que os senadores da oposição eram "bons pizzaiolos".
Em comunicado divulgado ontem, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade disse que o nome da profissão "ocupou papel de destaque de forma pejorativa e depreciativa, ofendendo diretamente uma profissão digna e que merece respeito de toda a sociedade".
O comunicado assinado por Moacyr Roberto Tesch Auersvald e Francisco Calasans Lacerda, respectivamente presidente e vice da confederação, diz que "o profissional suporta as altas temperaturas do forno à lenha, numa luta incansável contra o tempo" para "produzir o alimento que sacia a fome de ricos e pobres, sendo intolerável a desvalorização do ofício secular, nascido em Nápoles".
Ontem à noite, o Sinthoresp, sindicato paulista que abrange a categoria, fez a entrega do comunicado a pizzaiolos em uma pizzaria da Vila Mariana.
Já a reação dos senadores qualificados de "pizzaiolos" veio na forma de voto de censura. Apresentado por Cristovam Buarque (PDT-DF), a ação é meramente simbólica e teve 11 assinaturas -cinco de senadores de base aliada.
O requerimento será apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça, mas precisa ser aprovado no plenário para ser encaminhado ao presidente. Um voto similar contra o venezuelano Hugo Chávez está parado há um ano e meio.
Cristovam disse que pizzaiolos "são aqueles que estão mais próximos do presidente" e que as declarações de Lula "são irresponsáveis e caracterizam um desserviço à nação".
O senador José Agripino (DEM-RN) disse que "o destempero verbal de Lula ao chamar os senadores da oposição de "bons pizzaiolos" deveria se referir a ele mesmo". A defesa do presidente coube ao vice-líder do governo, Gim Argello (PTB-DF): "Se alguém se sentiu ofendido, peço desculpas por antecipação. O negócio é que o presidente fala a linguagem popular", afirmou.


15 ESTUDANTES!

Ontem, cerca de 15 estudantes entraram no prédio do Senado Federal e atiraram três pizzas no corredor que liga os gabinetes dos senadores ao plenário.
Eles vestiam camisetas com letras que formaram a frase: "Fora arney". Explicaram então que a letra "S" não estava presente porque o seu portador havia sido barrado pela segurança da Casa.
A Polícia Legislativa do Senado negou que isso tenha ocorrido e afirmou que o "S" não apareceu porque deve ter se perdido no complexo do Congresso Nacional.
Para evitar novos protestos contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), a Polícia Legislativa decidiu impedir a entrada de visitantes no prédio hoje.
Protestos no Senado são proibidos. Os estudantes só conseguiram fazer o ato porque esconderam as camisetas com as letras, entraram na Casa por portarias diferentes e informaram que iriam visitar gabinetes.
Como eles conseguiram as pizzas ainda é um mistério para a polícia. A suspeita é que algum gabinete de senador as pediu pelo "disque-pizza", o que camuflou a entrada da comida no Senado.
Os estudantes não foram presos, segundo a Polícia Legislativa do Senado, porque saíram pacificamente. Anteontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou os senadores da oposição de "bons pizzaiolos."





E SE A DENÚNCIA FOR MENTIROSA?


O Ministério Público irá investigar se houve "desvio de finalidade" na utilização dos recursos, além de suposta "ofensa aos princípios da legalidade, moralidade e publicidade".

No ofício enviado ontem, os procuradores pedem que o procuradora-geral da República requisite de Sarney o seguinte:
"Informações e documentos, relativamente aos últimos cinco anos, sobre o número das contas-correntes, das agências, nomes das instituições financeiras, nomes, qualificação e endereço dos titulares das contas (últimos cinco anos), atos normativos que disciplinam o uso de tais contas, relatórios de ação de controle sobre o uso de tais ativos, bem assim sobre as providências eventualmente adotadas pela Presidência do Senado acerca da matéria jornalística em questão".


Outro exemplo de como os demotucanos e a grande mídia dita golpista age:

o jornal publica uma meia-verdade ou uma notícia mesmo falsa e um demotucano repercute ou se baseia nisso para pedir à justiça explicações e punições - como se vê no trecho citado acima, a justiça também pede explicações e a coisa não tem mais fim.



Tudo pode decorrer de uma mentira! E daí? Mídia, como religião, segundo eles, não se discute!

"Na próxima semana, Virgílio apresentará outra denúncia contra o senador com base em reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" segundo a qual o ex-diretor-geral Agaciel Maia nomeou por ato secreto, após negociação que foi captada em grampos da PF, o namorado da filha de Fernando Sarney. O rapaz não se manifestou."



E dá-lhe ´perseguição a um alvo selecionado conforme os interesses autopautados entre esse chamado partido da imprensa golpista - pig - e os demotucanos.


E quem acredita nesse jogo ou é um ingênuo manipulado ou um sincero indignado, mas jamais uma pessoa bem informada.


Frases

"A opinião pública é muito volúvel. Quem faz a opinião pública são os jornais e eles estão acabando"
PAULO DUQUE
senador do PMDB-RJ e presidente do Conselho de Ética, ao afirmar que não teme ser cobrado para que atue com isenção na análise da denúncias contra José Sarney


CIRO GOMES
Pressionada pelo PSDB-SP, a oposição a Lula (principalmente o PSDB-SP que pauta essa grande mídia) obrigou "o governo a confraternizar com os mesmos setores que estavam provocando essa âncora que não deixa o Brasil acelerar o seu passo"(os chamados patrimonialistas e coronéis).




EU: LULA UNE,
A MÍDIA PUNE

LULA SE EMOCIONA AO FALAR DO BOLSA-FAMÍLIA

Bolsa Família só não tem valor para
quem pode dar gorjeta de R$ 50, diz Lula



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que programas como o Bolsa Família não têm valor para ele, que pode dar R$ 50 de gorjeta, mas são uma "revolução" para quem precisa.
A afirmação foi feita durante discurso no 51º Congresso da UNE (União Nacional de Estudantes). Antes da chegada do presidente, a plateia se dividia entre apoiar a candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e a do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), que não compareceu. Dilma acompanhou Lula.
No início do discurso, o presidente foi interrompido: "Lula, guerreiro do povo brasileiro." Feito silêncio, criticou os que condenam os programas do governo.
"Diziam que era populismo, assistencialismo. Pode ser, porque não passa de dar assistência a uma pessoa. Mas para mim, que posso tomar cerveja num boteco e dar R$ 50 de gorjeta, não tem nenhum valor, mas imagina para uma mãe pobre. Quem nasceu sem precisar não sente, mas quem nunca teve isso e tem acesso é tanto quanto uma revolução".
Ao falar do Luz para Todos, o presidente se emocionou e interrompeu o discurso para beber água. Ele também citou o Prouni, o fim do vestibular e a ampliação do número de universidades públicas e escolas técnicas.
Após o encontro, os participantes do congresso fizeram uma manifestação em defesa da Petrobras, uma das patrocinadoras do evento. De acordo com a organização, cerca de 10 mil participaram do ato. Ao chegar à sede da estatal, o movimento sofreu uma dissidência, principalmente de pessoas ligadas ao PSOL, que usavam camisetas com a inscrição "fora Sarney".

BASES DOS EUA NA COLÔMBIA PROVOCA CRÍTICA DOS VIZINHOS

EUA ampliam presença
militar na Colômbia


Bogotá diz que está "perto" de fechar acordo que permitirá ao Pentágono usar três bases e provoca crítica interna e dos vizinhos
Washington deve levar ao país atividades antidroga da base americana de Manta, no Equador, que Quito fecha hoje após dez anos de uso


O governo da Colômbia anunciou ontem que está "perto" de fechar um acordo com a Casa Branca para aumentar a presença militar dos EUA em três bases colombianas, provocando críticas da oposição e dos vizinhos esquerdistas.
A confirmação das negociações coincide com o encerramento, hoje, das atividades da única base militar americana formalmente instalada na América do Sul, a de Manta, no Equador.
O presidente equatoriano, Rafael Correa, prometera desde a campanha eleitoral, em 2006, que não renovaria o contrato para o uso da base pelos EUA, que expira neste ano. Em 2008, a nova Constituição do país aprovou veto a qualquer base estrangeira no Equador.
Desde 2006, então, os EUA procuravam um local para reinstalar as atividades de Manta, de onde partiam os aviões de monitoramento de plantações de coca e das rotas de narcotráfico, responsáveis, segundo os EUA, por 60% das apreensões de droga da região.
Ontem, o governo da Colômbia fez uma audiência pública com a presença do chanceler, o ministro do Interior e o ministro da Defesa para explicar as conversas em curso com os americanos, ante os pedidos de maior transparência.
Segundo os funcionários, se o acordo for fechado, a Colômbia ampliará a presença americana nas bases de Malambo, no norte, e Palanquero e Apiay, no centro do país.
A Colômbia, que já é a maior receptora de ajuda militar dos EUA fora do Oriente Médio, tem dito que as bases não serão americanas, já que Bogotá terá o controle das operações.
O governo de Álvaro Uribe diz que não é necessária a aprovação do eventual acordo pelo Congresso americano, uma vez que o reforço se dará dentro dos limites já estabelecidos pelos EUA no Plano Colômbia, de combate ao narcotráfico e à guerrilha: até 800 militares e até 600 civis contratados.
Segundo o governo Uribe, os EUA investirão até US$ 5 bilhões em instalações militares que serão herdadas pela Colômbia, além de terem o compromisso de compartilhar informações de inteligência.
Segundo a Associated Press, o acordo incluiria visitas "mais frequentes" por navios americanos em duas bases navais no Caribe. A Colômbia também teria condições especiais para a compra de armas e aviões.

Desconfiança regional
A audiência de ontem foi marcada pelo esforço do governo em aplacar a desconfiança interna e dos vizinhos, pouco mais de um ano depois do ataque de Bogotá a um acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no Equador.
Após o bombardeio, que provocou a mais grave crise diplomática regional em dez anos, não faltaram insinuações de que a Colômbia tinha contado com ajuda americana.
"Os políticos latino-americanos que aceitam uma base militar americana são traidores da sua pátria", disse em La Paz o presidente boliviano, Evo Morales. Ele lembrou ter expulsado do país os funcionários da DEA, num outro revés para as atividades antitráfico dos EUA.
O general Freddy Padilla, ministro colombiano da Defesa, repetiu ontem que das bases não partirão missões que "projetem força" em direção a outros países. O Pentágono não comentou as negociações.
No começo de abril, porém, um documento da Força Aérea dos EUA, apresentado num seminário militar no Alabama, citava que a base de Palanquero poderia se transformar num ponto de partida para operações de longo alcance. "Perto de metade do continente pode ser coberta pelo [avião] C-17 sem reabastecer" desde a base, diz o documento.
"É um imenso erro diplomático", diz Rafael Pardo, ex-ministro da Defesa e pré-candidato do Partido Liberal, centrista, à sucessão de Uribe.



Mudança é faca de dois
gumes para o Brasil


IGOR GIELOW


Para o Brasil, a concentração da logística militar americana baseada na América do Sul na Colômbia tem duas consequências principais.
Primeiro, parece marcar um retrocesso na lenta e gradual infiltração de presença militar de Washington na região. Para os militares brasileiros, que nunca gostaram de ver atividades deste tipo sob o manto generalizado de combate ao narcotráfico, é uma boa notícia.
Por outro lado, há um possível desenvolvimento desta concentração de recursos na Colômbia que não pode ser desprezado estrategicamente. E não se trata da paranoia de que "estão preparando a conquista da Amazônia", que sempre pulula nessas ocasiões.
Trata-se de um acirramento da polarização entre a Colômbia pró-americana e o "eixo bolivariano" comandado por Hugo Chávez. O venezuelano não esconde as pretensões de influência além de suas fronteiras, vide sua atuação na crise hondurenha. No ano passado, o ataque colombiano às Farc (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas) no Equador e a reação belicista de Caracas deram um gostinho do que poderia acontecer no futuro.
Hoje isso é especulação. Não é certo que os "bolivarianos" sairiam da retórica e iriam às vias de fato contra a Colômbia, por qualquer motivo que seja, com os EUA firmes por lá.
Mas se isso viesse a acontecer, o Brasil teria de lidar com influxo de refugiados, possibilidade de ações dentro de sua porosa fronteira amazônica e, principalmente, seria chamado a assumir o papel natural de líder regional que costuma negligenciar. Mediar conflitos de verdade em sua periferia é bem diferente do que propor a paz no Oriente Médio.




frase
A COLÕMBIA É O MAIOR EXPORTADOR DE COCAÍNA
E OS EUA OS MAIORES CONSUMIDORES -

ALGO A VER?



EUA culpam corrupção
por tráfico venezuelano


Relatório do Congresso diz que Guarda Nacional do
país de Chávez coopera com cartéis colombianos!!!


DO "FINANCIAL TIMES", EM CARACAS

A crescente espiral do narcotráfico na Venezuela vem sendo agravada pela corrupção oficial e a recusa em cooperar com os EUA, indica um relatório do Congresso americano.
Uma cópia do relatório, à qual o "Financial Times" teve acesso, indica que os esforços para combater o contrabando de cocaína passando pela Venezuela, que quadruplicou entre 2004 e 2007, vêm sendo prejudicados pela corrupção na Guarda Nacional, que, segundo o relatório, colabora com o narcotráfico colombiano.
O senador Richard Lugar, líder da Comissão de Relações Exteriores e autor do pedido do relatório, em fevereiro de 2008, disse: "As conclusões desse estudo aumentam meu receio de que a falha da Venezuela em cooperar com os EUA no combate às drogas esteja relacionada à corrupção no governo".
Apesar dos mais de US$ 6 bilhões investidos pelo governo dos EUA para combater o tráfico de cocaína vinda da Colômbia, o relatório argumenta que o esforço vem sendo enfraquecido pelo fato de a Venezuela não impedir grupos guerrilheiros de esquerda, como as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), de usar seu território como refúgio.
Acredita-se que as Farc sejam responsáveis pelo envio de cerca de 60% da cocaína que chega aos Estados Unidos vinda da Colômbia.
Lugar disse que a "atitude de não cooperação" da Venezuela exige uma "revisão abrangente" da política americana em relação a Caracas, num momento em que os dois países procuram melhorar suas relações, abaladas desde que os EUA apoiaram tentativa de golpe contra o presidente Hugo Chávez em 2002.
Em 2008, o venezuelano expulsou o embaixador dos EUA, motivando uma atitude recíproca por parte de Washington, mas os dois embaixadores foram reenviados a seus postos no mês passado, numa tentativa de reparar as relações.
Mesmo assim, Chávez continua a recusar-se a autorizar a DEA, a agência dos EUA responsável pelo combate às drogas, a operar na Venezuela, tendo encerrado a cooperação com o órgão em 2005 devido a suspeitas de espionagem.
Autoridades venezuelanas rejeitaram críticas semelhantes feitas pelos EUA no passado, dizendo que a Venezuela é vítima de um acidente geográfico, pelo fato de situar-se entre o maior produtor mundial de cocaína, a Colômbia, e o maior consumidor, os EUA.
Embora o governo venezuelano diga que as apreensões médias de cocaína aumentaram em até 60% desde que foi encerrada a cooperação com a DEA, os EUA questionam a confiabilidade dessas cifras.



RESCALDOS DO GOLPE DE 2002


GLOBOVISIÓN, A QUE DEU O GOLPE
E TIROU SARRO DE CHAVEZ
MAS NO FINAL SAIU DE FININHO; EMPRESÁRIOS E O BISPO EM FUGA:

PRESIDENTE DE EMISSORA É PROIBIDO DE SAIR DO PAÍS

A Justiça da Venezuela proibiu anteontem o presidente do canal de TV oposicionista Globovisión, Guillermo Zuloaga, de deixar o país enquanto estiver respondendo a processo criminal por promover especulação de preços. Multado e repreendido reiteradas vezes pelo governo Chávez, que chama a Globovisión de "golpista" e ameaça fechar a emissora, Zuloaga se diz perseguido e afirmou que a medida é "terrorismo legal" contra a liberdade de expressão.


Justiça veta saída de opositor de Chávez do país
23/7/2009

Presidente da Globovisión recebe notificação após destituição de juíza do caso, que disse sofrer pressões



A Justiça da Venezuela notificou ontem o presidente da TV oposicionista Globovisión, Guillermo Zuloaga, de que ele está proibido de deixar o país.
Acusado de fraude
, terá de se apresentar ao tribunal a cada oito dias.

Na semana passada, o empresário, que alega ser vítima de perseguição por causa da linha da Globovisión, recebera a mesma ordem, transmitida pela Promotoria de Caracas. Mas horas depois a juíza do caso, Alicia Torres, negou ter assinado a ordem e denunciou sofrer pressão para fazê-lo.

Na segunda, Torres anunciou ter sido exonerada do cargo.
Também ontem, autoridades venezuelanas iniciaram a expropriação de um terreno do líder oposicionista e prefeito licenciado de Maracaibo (noroeste), Manuel Rosales. Ele é acusado de corrupção e está exilado no Peru desde abril.

Enquanto isso, um grupo de opositores busca usar a crise em Honduras a seu favor. Liderados pelo prefeito distrital de Caracas, Antonio Ledezma, o grupo está nos EUA para denunciar o "golpe em câmera lenta" aplicado com intimidação da mídia e da Justiça.

Ledezma foi recebido anteontem pelo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza. O opositor também disse ter sido recebido por Dan Restrepo, encarregado da América Latina no Conselho de Segurança Nacional dos EUA.
A reunião entra para a série de rusgas recentes entre os americanos e Chávez, para quem o Departamento de Estado dos EUA promoveu o golpe em Honduras -embora tenha afirmado que o presidente Barack Obama não estava a par da atuação de sua diplomacia.
"Se formos escolher um modelo de presidente na região, a atual liderança da Venezuela não seria particularmente um. Se isso é uma lição que o presidente Zelaya aprendeu desse episódio [o golpe], então é uma boa lição", disse anteontem Philip Crowley, porta-voz da Chancelaria americana.



Programa secreto da CIA será investigado
DA ASSOCIATED PRESS

A Comissão de Inteligência da Câmara de Representantes (deputados) dos EUA anunciou ontem que irá investigar se a CIA (agência de inteligência) quebrou alguma lei por não ter relatado ao Congresso a existência de um programa para matar líderes da Al Qaeda.
O deputado democrata Silvestre Reyes disse que a proposta de equipes de extermínio será uma das diversas operações de inteligência apreciadas por um inquérito mais amplo.

AS DENÚNCIAS DA CORRUPÇÃO PRIVADA NÃO SÃO TÃO SISTEMÁTICAS QUANTO AS QUE ENVOLVEM OS POLÍTICOS E OS GOVERNOS.

A EMPRESÁRIA, JÁ APELIDADA DE TÃNIA BILHÕES,
NÃO FUGIU, FOI TIRAR FÉRIAS NA FRANÇA. TÁ, NÉ!!!

"Procurada por meio de sua assessoria, a empresária Tania Bulhões,
que passa férias na França, não comentou o caso."


Investigação aponta elo entre
casos Daslu e Tania Bulhões


Uma mesma trading, a By Brasil, fez importações
para as duas lojas de artigos de luxo


By Brasil importava mercadorias com preços subfaturados
em até 70% para as duas lojas, sem identificar compradores

fsp

As investigações da Receita Federal, do Ministério Público Federal de São Paulo e da Polícia Federal apontam um elo entre os casos Daslu e Tania Bulhões, duas das maiores lojas de artigos de luxo do país, que foram alvo de fiscalização por suspeita de importação irregular: a importadora By Brasil, que trazia produtos do exterior para as duas lojas com preços subfaturados em até 70%.
Tanto para a Daslu como para a Tania Bulhões, a By Brasil comprava mercadorias no exterior sem identificar quem eram os reais importadores. Essa prática, segundo fiscais, contraria instrução normativa n.º 225 da Receita Federal, de outubro de 2002, que determina que o verdadeiro importador seja identificado nos documentos de importação.
Após a Operação Narciso, realizada em julho de 2005 na butique Daslu, a importadora By Brasil parou de operar, e sua situação cadastral foi considerada inapta na Receita Federal. Christian Polo, dono da importadora By Brasil, foi um dos sete condenados pela Justiça Federal no caso Daslu por formação de quadrilha, descaminho (importação de mercadoria estrangeira sem passar pela alfândega) e falsidade ideológica.
Também foram condenados a dona da Daslu, Eliana Tranchesi, seu irmão Antonio Carlos Piva de Albuquerque e quatro donos de importadoras. Os réus negam as acusações e recorrem em liberdade.
Durante as investigações que resultaram na Operação Porto Europa, foram encontradas notas fiscais de 2004 a 2006 em nome da By Brasil para duas exportadoras (Eurosete International e All Trade Logistics), sediadas em Miami, que são identificadas no suposto esquema de importação irregular para a loja Tania Bulhões.
Essas duas empresas, administradas por Marcio Campo Gonçalves, simulavam a compra de produtos de fornecedores europeus e a venda dessas mercadorias para o Brasil.

Na mira

A principal importadora para a loja da empresária Tania Bulhões era a Vila Porto, localizada em Vila Velha (ES), segundo apontam as investigações.
A empresa é um das 20 maiores do Espírito Santo e atua desde 2004 com comércio exterior, em serviços de consultoria e logística na área de despacho aduaneiro. "Estamos preparados para atender as necessidades (...) de quem busca mercadorias de origem estrangeira para comercialização no Brasil", diz o site da empresa.
Até 2006, a Vila Porto importava para a loja Tania Bulhões sem informar nas declarações de importação que a loja era a real importadora de suas mercadorias. Essa importação é chamada "por conta e ordem de terceiros" -quando é especificado o nome do real importador, ele fica responsável pelo pagamentos de impostos.
A sonegação fiscal ocorre quando o nome do verdadeiro importador é ocultado para driblar o pagamento de impostos, como foi identificado nas investigações que resultaram na Operação Porto Europa.
O que aconteceu na Daslu há quatro anos foi decisivo para que a loja Tania Bulhões regularizasse sua importação, segundo fiscais. A partir de 2007, a loja passou a informar seu nome nas declarações de importação. Esse foi um dos motivos, segundo a Folha apurou, para que não fosse pedida a prisão de Tania Bulhões.
Além da By Brasil e da Vila Porto, as importações para a loja Tania Bulhões também eram feitas pelas tradings Socinter e JA Brazil Export Comercial. As operações por essas duas tradings eram feitas em menor escala, mas também ocultavam o nome da real importadora: Tania Bulhões.



A ALIENAÇÃO SECULAR DA ELITE
PAULISTANA REFLETIDA NESSE ARTIGO




BARBARA GANCIA

A vez de Tania "Bilhões"

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Era tudo muito rococó, com umas atendentes que mais pareciam uma ala temática do bombom Sonho de Valsa
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FUI BATER PIQUE no sul da França. Não deu tempo para tirar o amarelado do inverno paulista como gostaria, de comer todas as moules marinières (mariscos ao tempero provençal) que mereceria, nem de sentar no Sénéquier, o famoso café do porto de St.-Tropez, para passar tardes e mais tardes lendo os jornais e revistas a que teria direito, mas ao menos pude dar uma bela arejada no espírito.

Tão ditosa foi a minha ventilada na alma que, ao voltar, ainda impregnada pela magia da Côte D'Azur, me iludi de que o mundo pudesse estar mais róseo. No trajeto do aeroporto de Guarulhos para casa, perguntei ao motorista do táxi

se Sarney tinha caído. Santa ingenuidade a minha.

Acabei descobrindo que a única pessoa da minha gama de interesses a ser defenestrada do cargo no curto espaço de tempo em que me ausentei do país foi o Mancini, técnico do meu Santos. Imagine o Sarney ser atropelado por um fato menor, feito um Al Capone qualquer, ter sua famosa "biografia" jogada pelos ares? Só uma bocó como esta humilde datilógrafa para pensar uma asneira dessas, não é mesmo?

Entrei em casa, desfiz as malas e logo soube de outra notícia, desta vez com sabor de "déjà vu": a Polícia Federal estava cumprindo mandados de busca na loja de Tania "Bilhões", nome pelo qual a empresária Tania Bulhões é conhecida no high society.

O que seria isso,
"Daslu, o Retorno"?
"Daslu Reloaded"?
"A Filha de Daslu?"

Lembrei da primeira e única vez em que fui à loja da mulher do empresário Pedro Grendene. Tinha sido convidada e não queria ir de jeito nenhum. Já sabia que iria aterrissar no templo do mau gosto, que passaria um apuro bárbaro e que sairia de lá chutando o primeiro cachorro que encontrasse na rua.

Mas fui assim mesmo, para dar apoio a uma colega jornalista. Dito e feito, sai da loja como aquela menina de "O Exorcista", com os olhos revirando nas órbitas. Não lembro com exatidão dos preços, e certamente estarei exagerando, mas havia coisas tipo uma colherzinha de café por R$ 3.000, uma almofadinha por R$ 4.000, um copo de licor sem graça de Baccarat por R$ 5.000, absurdos nessa base.

E era tudo muito rococó, com umas atendentes gravitando em torno da clientela que mais pareciam uma ala temática patrocinada pelo bombom Sonho de Valsa. Enfim, era um escândalo em matéria de excesso e despropósito. Mas veja: não estou aqui defendendo uma cruzada contra a gastança.

Jogar dinheiro pela janela é tudo o que almejo na vida. Também não faço a menor ideia se dona Tania fraudou ou não os impostos. Em todo caso, creio que ela já pode ser considerada duplamente imputável. Primeiro, por crueldade contra as amigas (deduzo que só suas amigas faziam o favor de comprar aqueles trique-triques horrendos e superfaturados) e, segundo, por infestar o mundo de objetos repugnantes.

Essa história não deixa de ter sua ponta de mistério.
Como sabemos, o caso Daslu foi deflagrado em 2005 e a investigação na loja de Tania começou um ano mais tarde. Será possível que, com todo o poderio da Grendene, não passou pela cabeça do marido contratar os serviços de um bom contador?


A ELITE ALIENADA DO JÁ CANSEI

CONSPIRAÇÃO

Cliente de Tania Bulhões, a marchand Mira Felmanas, da galeria Proarte, considera a operação um "exagero". "Esse tipo de ação é uma forma de encobrir os escândalos do governo. Ao invés de incentivar quem gera empregos, ele atrapalha." Perguntada se vai continuar comprando nas lojas de Tania, ela afirma: "Lógico, né?"


ESCÃNDALO PRIVADO? A MÍDIA OUVE ATÉ O 'OUTRO LADO',
O QUE MUITAS VEZES NÃO OCORRE QUANDO SELECIONA SUAS VÍTIMAS DA HORA.


Ao contrário da guerra seletiva contra alguns políticos, a grande mídia no caso da iniciativa privada ouve "até" o outro lado.

Importadora do caso Tania Bulhões diz que é regular
DA REPORTAGEM LOCAL

A importadora Socinter Sul Comércio Internacional Ltda. -apontada nas investigações do caso Tania Bulhões como uma das tradings que operavam em suposto esquema de fraudes em importação de artigos de luxo- informa que "sempre fez operações por conta e ordem da loja", que "nunca ocultou que a loja era a verdadeira adquirente de produtos" trazidos ao país e que "atua de acordo com as regras do fisco".
O grupo da empresária Tania Bulhões -dona de lojas de móveis, artigos de decoração e perfumes- foi alvo, na terça-feira, da Operação Porto Europa, realizada por 30 auditores da Receita Federal e 40 policiais federais. A suspeita é que a loja tenha importado mercadorias de forma irregular para escapar do pagamento de impostos. Além da Socinter, estão sendo investigadas mais três tradings brasileiras e duas empresas sediadas em Miami (EUA).
"A Socinter não negociou preços com exportadores nem fez nenhuma tratativa comercial em nome do grupo Tania Bulhões. As importações eram feitas por conta e ordem da loja, que aparece como real adquirente. A Socinter sempre atuou como uma trading atua, trazendo a mercadoria para a loja, que é a real adquirente", diz Thomaz Wiler, um dos advogados da empresa Socinter.
Com sede em Vitória (ES) e filiais em Itajaí (SC), no Rio (RJ) e em Brasília (DF), a Socinter faturou, no ano passado, R$ 37,8 milhões.
"A loja Tania Bulhões é apenas uma dos mais de 200 clientes do grupo. Os negócios feitos com a loja não respondem sequer a 0,5 ponto percentual do faturamento da Socinter, que atua há 17 anos no setor de importação", diz o advogado. "É um absurdo associar a trading a uma empresa de fachada."
Segundo ele, as importações com a loja da empresária Tania Bulhões foram feitas entre 2007 e janeiro deste ano. "As importações com a loja não chegaram a R$ 1 milhão."
A Folha procurou ontem a assessoria de imprensa do grupo Tania Bulhões para comentar as declarações da Socinter, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.