sexta-feira, 17 de julho de 2009

AS DENÚNCIAS DA CORRUPÇÃO PRIVADA NÃO SÃO TÃO SISTEMÁTICAS QUANTO AS QUE ENVOLVEM OS POLÍTICOS E OS GOVERNOS.

A EMPRESÁRIA, JÁ APELIDADA DE TÃNIA BILHÕES,
NÃO FUGIU, FOI TIRAR FÉRIAS NA FRANÇA. TÁ, NÉ!!!

"Procurada por meio de sua assessoria, a empresária Tania Bulhões,
que passa férias na França, não comentou o caso."


Investigação aponta elo entre
casos Daslu e Tania Bulhões


Uma mesma trading, a By Brasil, fez importações
para as duas lojas de artigos de luxo


By Brasil importava mercadorias com preços subfaturados
em até 70% para as duas lojas, sem identificar compradores

fsp

As investigações da Receita Federal, do Ministério Público Federal de São Paulo e da Polícia Federal apontam um elo entre os casos Daslu e Tania Bulhões, duas das maiores lojas de artigos de luxo do país, que foram alvo de fiscalização por suspeita de importação irregular: a importadora By Brasil, que trazia produtos do exterior para as duas lojas com preços subfaturados em até 70%.
Tanto para a Daslu como para a Tania Bulhões, a By Brasil comprava mercadorias no exterior sem identificar quem eram os reais importadores. Essa prática, segundo fiscais, contraria instrução normativa n.º 225 da Receita Federal, de outubro de 2002, que determina que o verdadeiro importador seja identificado nos documentos de importação.
Após a Operação Narciso, realizada em julho de 2005 na butique Daslu, a importadora By Brasil parou de operar, e sua situação cadastral foi considerada inapta na Receita Federal. Christian Polo, dono da importadora By Brasil, foi um dos sete condenados pela Justiça Federal no caso Daslu por formação de quadrilha, descaminho (importação de mercadoria estrangeira sem passar pela alfândega) e falsidade ideológica.
Também foram condenados a dona da Daslu, Eliana Tranchesi, seu irmão Antonio Carlos Piva de Albuquerque e quatro donos de importadoras. Os réus negam as acusações e recorrem em liberdade.
Durante as investigações que resultaram na Operação Porto Europa, foram encontradas notas fiscais de 2004 a 2006 em nome da By Brasil para duas exportadoras (Eurosete International e All Trade Logistics), sediadas em Miami, que são identificadas no suposto esquema de importação irregular para a loja Tania Bulhões.
Essas duas empresas, administradas por Marcio Campo Gonçalves, simulavam a compra de produtos de fornecedores europeus e a venda dessas mercadorias para o Brasil.

Na mira

A principal importadora para a loja da empresária Tania Bulhões era a Vila Porto, localizada em Vila Velha (ES), segundo apontam as investigações.
A empresa é um das 20 maiores do Espírito Santo e atua desde 2004 com comércio exterior, em serviços de consultoria e logística na área de despacho aduaneiro. "Estamos preparados para atender as necessidades (...) de quem busca mercadorias de origem estrangeira para comercialização no Brasil", diz o site da empresa.
Até 2006, a Vila Porto importava para a loja Tania Bulhões sem informar nas declarações de importação que a loja era a real importadora de suas mercadorias. Essa importação é chamada "por conta e ordem de terceiros" -quando é especificado o nome do real importador, ele fica responsável pelo pagamentos de impostos.
A sonegação fiscal ocorre quando o nome do verdadeiro importador é ocultado para driblar o pagamento de impostos, como foi identificado nas investigações que resultaram na Operação Porto Europa.
O que aconteceu na Daslu há quatro anos foi decisivo para que a loja Tania Bulhões regularizasse sua importação, segundo fiscais. A partir de 2007, a loja passou a informar seu nome nas declarações de importação. Esse foi um dos motivos, segundo a Folha apurou, para que não fosse pedida a prisão de Tania Bulhões.
Além da By Brasil e da Vila Porto, as importações para a loja Tania Bulhões também eram feitas pelas tradings Socinter e JA Brazil Export Comercial. As operações por essas duas tradings eram feitas em menor escala, mas também ocultavam o nome da real importadora: Tania Bulhões.



A ALIENAÇÃO SECULAR DA ELITE
PAULISTANA REFLETIDA NESSE ARTIGO




BARBARA GANCIA

A vez de Tania "Bilhões"

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Era tudo muito rococó, com umas atendentes que mais pareciam uma ala temática do bombom Sonho de Valsa
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FUI BATER PIQUE no sul da França. Não deu tempo para tirar o amarelado do inverno paulista como gostaria, de comer todas as moules marinières (mariscos ao tempero provençal) que mereceria, nem de sentar no Sénéquier, o famoso café do porto de St.-Tropez, para passar tardes e mais tardes lendo os jornais e revistas a que teria direito, mas ao menos pude dar uma bela arejada no espírito.

Tão ditosa foi a minha ventilada na alma que, ao voltar, ainda impregnada pela magia da Côte D'Azur, me iludi de que o mundo pudesse estar mais róseo. No trajeto do aeroporto de Guarulhos para casa, perguntei ao motorista do táxi

se Sarney tinha caído. Santa ingenuidade a minha.

Acabei descobrindo que a única pessoa da minha gama de interesses a ser defenestrada do cargo no curto espaço de tempo em que me ausentei do país foi o Mancini, técnico do meu Santos. Imagine o Sarney ser atropelado por um fato menor, feito um Al Capone qualquer, ter sua famosa "biografia" jogada pelos ares? Só uma bocó como esta humilde datilógrafa para pensar uma asneira dessas, não é mesmo?

Entrei em casa, desfiz as malas e logo soube de outra notícia, desta vez com sabor de "déjà vu": a Polícia Federal estava cumprindo mandados de busca na loja de Tania "Bilhões", nome pelo qual a empresária Tania Bulhões é conhecida no high society.

O que seria isso,
"Daslu, o Retorno"?
"Daslu Reloaded"?
"A Filha de Daslu?"

Lembrei da primeira e única vez em que fui à loja da mulher do empresário Pedro Grendene. Tinha sido convidada e não queria ir de jeito nenhum. Já sabia que iria aterrissar no templo do mau gosto, que passaria um apuro bárbaro e que sairia de lá chutando o primeiro cachorro que encontrasse na rua.

Mas fui assim mesmo, para dar apoio a uma colega jornalista. Dito e feito, sai da loja como aquela menina de "O Exorcista", com os olhos revirando nas órbitas. Não lembro com exatidão dos preços, e certamente estarei exagerando, mas havia coisas tipo uma colherzinha de café por R$ 3.000, uma almofadinha por R$ 4.000, um copo de licor sem graça de Baccarat por R$ 5.000, absurdos nessa base.

E era tudo muito rococó, com umas atendentes gravitando em torno da clientela que mais pareciam uma ala temática patrocinada pelo bombom Sonho de Valsa. Enfim, era um escândalo em matéria de excesso e despropósito. Mas veja: não estou aqui defendendo uma cruzada contra a gastança.

Jogar dinheiro pela janela é tudo o que almejo na vida. Também não faço a menor ideia se dona Tania fraudou ou não os impostos. Em todo caso, creio que ela já pode ser considerada duplamente imputável. Primeiro, por crueldade contra as amigas (deduzo que só suas amigas faziam o favor de comprar aqueles trique-triques horrendos e superfaturados) e, segundo, por infestar o mundo de objetos repugnantes.

Essa história não deixa de ter sua ponta de mistério.
Como sabemos, o caso Daslu foi deflagrado em 2005 e a investigação na loja de Tania começou um ano mais tarde. Será possível que, com todo o poderio da Grendene, não passou pela cabeça do marido contratar os serviços de um bom contador?


A ELITE ALIENADA DO JÁ CANSEI

CONSPIRAÇÃO

Cliente de Tania Bulhões, a marchand Mira Felmanas, da galeria Proarte, considera a operação um "exagero". "Esse tipo de ação é uma forma de encobrir os escândalos do governo. Ao invés de incentivar quem gera empregos, ele atrapalha." Perguntada se vai continuar comprando nas lojas de Tania, ela afirma: "Lógico, né?"


ESCÃNDALO PRIVADO? A MÍDIA OUVE ATÉ O 'OUTRO LADO',
O QUE MUITAS VEZES NÃO OCORRE QUANDO SELECIONA SUAS VÍTIMAS DA HORA.


Ao contrário da guerra seletiva contra alguns políticos, a grande mídia no caso da iniciativa privada ouve "até" o outro lado.

Importadora do caso Tania Bulhões diz que é regular
DA REPORTAGEM LOCAL

A importadora Socinter Sul Comércio Internacional Ltda. -apontada nas investigações do caso Tania Bulhões como uma das tradings que operavam em suposto esquema de fraudes em importação de artigos de luxo- informa que "sempre fez operações por conta e ordem da loja", que "nunca ocultou que a loja era a verdadeira adquirente de produtos" trazidos ao país e que "atua de acordo com as regras do fisco".
O grupo da empresária Tania Bulhões -dona de lojas de móveis, artigos de decoração e perfumes- foi alvo, na terça-feira, da Operação Porto Europa, realizada por 30 auditores da Receita Federal e 40 policiais federais. A suspeita é que a loja tenha importado mercadorias de forma irregular para escapar do pagamento de impostos. Além da Socinter, estão sendo investigadas mais três tradings brasileiras e duas empresas sediadas em Miami (EUA).
"A Socinter não negociou preços com exportadores nem fez nenhuma tratativa comercial em nome do grupo Tania Bulhões. As importações eram feitas por conta e ordem da loja, que aparece como real adquirente. A Socinter sempre atuou como uma trading atua, trazendo a mercadoria para a loja, que é a real adquirente", diz Thomaz Wiler, um dos advogados da empresa Socinter.
Com sede em Vitória (ES) e filiais em Itajaí (SC), no Rio (RJ) e em Brasília (DF), a Socinter faturou, no ano passado, R$ 37,8 milhões.
"A loja Tania Bulhões é apenas uma dos mais de 200 clientes do grupo. Os negócios feitos com a loja não respondem sequer a 0,5 ponto percentual do faturamento da Socinter, que atua há 17 anos no setor de importação", diz o advogado. "É um absurdo associar a trading a uma empresa de fachada."
Segundo ele, as importações com a loja da empresária Tania Bulhões foram feitas entre 2007 e janeiro deste ano. "As importações com a loja não chegaram a R$ 1 milhão."
A Folha procurou ontem a assessoria de imprensa do grupo Tania Bulhões para comentar as declarações da Socinter, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

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