sábado, 30 de outubro de 2010

Para candidata do PT, empate é goleada

Carlos Melo, Análise
Um processo longo e entediante: dez encontros, dois turnos. Candidatos que pouco inovaram, abordando questões de forma superficial. O debate da Rede Globo, último e mais importante em razão da grande audiência, não destoou disto, agravado pelo modelo que inibe o confronto direto e o contraditório. Foi um pouco “água de batata”, morno e insípido.

Em toda a campanha, chama atenção o quase nada que se falou de economia e o nada a respeito do sistema político, disfuncional e arcaico. Foi uma eleição despolitizada, protagonizada por candidatos de perfil técnico e igualmente despolitizados que talvez tenham preferido não tocar em temas com poder de agitar, de verdade, a eleição. Relevou-se o “que fazer” e o “como” fazer. Quem não se sentia esclarecido, continua na mesma.

Mas, ao contrário do que se apostava há alguns meses, Dilma não cometeu deslize comprometedor. Por novata, saiu-se bem: decepcionou adversários e surpreendeu aliados. A Serra caberia derrotá-la de modo cabal, ao menos neste último encontro. Por mais uma vez, apenas empatou. Nesta altura do campeonato, para Dilma empate é goleada.

É CIENTISTA POLÍTICO




Serra ficou à vontade e Dilma, na defensiva
Leonardo Barreto, Análise
O formato do debate foi interessante porque pôde trazer aos candidatos questões cotidianas, formuladas pelos próprios eleitores. Ao mesmo tempo, isso prejudicou um pouco Dilma Rousseff. As perguntas formuladas tratavam de problemas que as pessoas estão vivendo no dia a dia, trazendo com elas uma crítica à candidata da continuidade do atual governo.

Quando são os eleitores que formulam as questões, eles trazem mais credibilidade. Dilma acabou se prejudicando no sentido de ter, a todo momento, de falar que o problema já está sendo resolvido, o que ficou um pouco contraditório. No caso de José Serra, ele ficou muito à vontade. O candidato tem mais experiência em termos de debate, tem mais traquejo e se saiu melhor em boa parte das perguntas.

Como a crítica à atual gestão já vinha na questão, para ele marcar um gol ficava mais fácil. Nesse sentido, o formato favoreceu o candidato do PSDB. Dilma ficou mais na defensiva e Serra teve a oportunidade de desenvolver melhor seus argumentos. Mas isso é eleição. Quem está no governo sempre tem de se defender, faz parte do jogo.

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Um happy hour, só faltou o champanhe
Marcus Figueiredo, Análise
Os candidatos estavam muito parecidos. Na maior parte do debate, concordavam com o diagnóstico dos problemas em questão e com a solução. As diferenças neste caso eram puramente tópicas, sem nenhum confronto, principalmente no que se refere a saúde, segurança, educação e geração de empregos.

As divergências só apareceram quando se falou de trabalho, carga tributária e financiamento da agricultura familiar. E essas diferenças ficaram claras pela opção de Dilma Rousseff pela linha de fortalecimento das micro e pequenas atividades em todas as áreas produtivas.

Em contraposição, José Serra respondeu, sobre o mesmo tópico, com questões macro, destacando o volume de impostos cobrados no País. Infelizmente, não entraram no debate as questões candentes, como pré-sal, privatização e posição do Brasil no cenário internacional.

Finalmente, os candidatos se diferenciaram sobre as respectivas posições para gerir o Brasil. Enquanto Serra enfatiza a sua capacidade individual, Dilma apresenta um projeto coletivo partidário. Só faltou o Bonner oferecer o champanhe.

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