sábado, 26 de setembro de 2020

CAPITALISMO DE VIGILÂNCIA - o que é sexta-feira, 18 de setembro de 2020

>VERBETE DRAFT: O QUE É CAPITALISMO DE VIGILÂNCIA Isabela Mena - 27 MAR 2019 Muito além das velhas câmeras, no Capitalismo de Vigilância quem fornece os dados é também o alvo potencial da manipulação: você. COMPARTILHE Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é… CAPITALISMO DE VIGILÂNCIA O que acham que é: Uma releitura do livro 1984, de George Orwell. O que realmente é: Capitalismo de Vigilância (Surveillance Capitalism, no termo original, em inglês) é uma mutação do capitalismo que utiliza a imensurável quantidade de dados que usuários fornecem gratuitamente a empresas de tecnologias (como as que detêm redes sociais e buscadores) transformando-a em matéria-prima e produto final altamente lucrativos. O processo é conhecido: em seu navegar habitual, o usuário recheia a web com zilhões de informações sobre si mesmo como gostos (comida, música, cinema, roupas, viagens etc.); sentimentos (medo de saltar de paraquedas, alegria por adotar um gato, ansiedades etc.); projetos (comprar uma casa, fazer faculdade, morar fora etc.); hábitos online (assistir a vídeos na plataforma x, ouvir podcasts na y etc.) e off-line (ir para o trabalho de bike, ser onívoro, frequentar teatro etc.); posições políticas, sociais, religiosas e tudo o mais que couber na esfera comportamental humana. Todas essas informações são consideradas dados em estado bruto. O que as empresas de tecnologia fazem é extraí-los e refiná-los para que se tornem dados de predição de comportamento, ou seja, capazes de prever os próximos passos do usuário antes até dele mesmo. O passo seguinte é vendê-los a preço de ouro já que, com isso em mãos, é possível influenciar o comportamento humano. E vale lembrar: as empresas usam não apenas as informações que os usuários permitem (nas postagens que a maioria das pessoas faz, sem nem se dar conta disso), mas também as fornecidas em formulários, mesmo que sem consentimento e, ainda, aquelas ouvidas pelos microfones ou vistas pelas câmeras de celulares, computadores, caixas de som etc. (as empresas negam, mas não faltam indícios e reportagens a respeito dessa prática). O conceito de Surveillance Capitalism foi criado pela acadêmica norte-americana Shoshana Zuboff (leia no próximo item), embora, de certa forma, a questão em si não seja desconhecida. A importância de sua obra — na qual a conceituação mais usual de Capitalismo de Vigilância é “nova ordem econômica que considera a experiência humana como material cru gratuito para práticas comerciais ocultas de extração, predição e venda” — é fornecer uma visão de pesquisador, situar o tema em um contexto mais amplo e trazê-lo à discussão. Segundo Rafael Zanatta, advogado e membro do grupo de Ética, Tecnologia e Economias Digitais da USP, quando utiliza um tom mais ácido para definir Capitalismo de Vigilância, Zuboff diz que “é uma lógica econômica parasita na qual a produção de bens e serviços é subordinada à nova arquitetura global de modificação do comportamento”. “Em resumo, é uma expropriação dos direitos humanos mais basilares, como a autonomia e a liberdade”, afirma Zanatta. Ampliando mais o espectro, João Carlos Magalhães, pesquisador de doutorado no departamento de mídia e comunicação da London School of Economics(LSE), conta que, para Zuboff, a capacidade de modificação de comportamento dos usuários cria um novo tipo de poder — o chamado “instrumentarismo” —, algo comparável aos regimes totalitários do século 20. “Ela diz que ambos os tipos de poder têm como objetivo a negação total da liberdade. A diferença seria que o “instrumentarismo” visa não aniquilar fisicamente o outro, como o nazismo e o fascismo, mas ter uma espécie de ‘certeza total’ e científica sobre o indivíduo para poder melhor manipular seu comportamento.” Quem inventou: O conceito foi criado pela acadêmica norte-americana Shoshana Zuboff, da Escola de Administração de Harvard. Segundo Zuboff, a empresa pioneira no Capitalismo de Vigilância é a Google. Quando foi inventado: Em 2015, Zuboff publicou pela primeira vez o conceito em um paper intitulado Big Other: Surveillance Capitalism and the Prospects of an Information Civilization. Em 2018, ela publicou o livro The Age of Surveillance Capitalism: The Fight for a Human Future at the New Frontier of Power (sem edição brasileira). Já a Google, de acordo com a autora, deu origem ao Capitalismo de Vigilância, em 2001. Como atua: Por meio de um dos princípios básicos do capitalismo, que é separar a sociedade entre os que têm conhecimento e os que não têm (já que conhecimento e poder estão diretamente ligados). Em um texto publicado no The Guardian, em janeiro deste ano, o raciocínio de Zuboff em relação a esse ponto é colocado da seguinte forma por John Naughton, colunista de tecnologia do jornal inglês: “A combinação de vigilância do Estado e sua contrapartida capitalista significa que a tecnologia digital está separando os cidadãos em todas as sociedades em dois grupos: os observadores (invisíveis, desconhecidos e inexplicáveis) e os observados. Isso tem consequências profundas para a democracia, porque a assimetria de conhecimento se traduz em assimetrias de poder.” Quem usa: Como já dito, a Google é apontada como precursora do que logo se tornou o modelo padrão no Vale do Silício, adotado por quase todas as startups e aplicativos. Amazon, Apple e Facebook, segundo Zanatta, também são citadas dezenas de vezes no livro de Zuboff, assim como empresas que atuam em projetos de cidades inteligentes, como a Cisco. “Já as empresas chinesas como Alibaba e Tencent, tão importantes quanto, são citadas poucas vezes, talvez em razão da pesquisa de Zuboff ser mais localizada nos Estados Unidos e no Vale do Silício.” Magalhães diz que, como a capacidade de controlar o comportamento dos consumidores é atrelada à quantidade e qualidade dos dados que as organizações têm sobre eles, empresas pioneiras como Google, Facebook e Amazon são as representantes típicas (e mais eficientes) desse novo tipo de capitalismo. “O que muitos autores argumentam é que, na prática, todas as grandes empresas do mundo vão, mais cedo ou mais tarde, se tornar “data companies”, da Shell ao McDonalds”, afirma. “E é aí que está, inclusive, o frenesi em torno de conceitos como big data e data science: ninguém quer ficar pra trás de algo que parece ser uma transformação econômica revolucionária.” Efeitos sobre o consumidor: Transformar a relação (voluntária ou não) com as maiores empresas de tecnologia em dados preditivos, usados para sua própria manipulação e, por outro lado, oferecer benefícios como facilitar a comunicação e o acesso à informação. Dessa forma, o Capitalismo de Vigilância seria tanto um paradoxo como, também, uma relação perversa das grandes empresas com os indivíduos. Para Magalhães, o nó da questão é o consumo. “As empresas oferecem ótimos serviços por preços menores ou até de graça, como Facebook e Google. Ao serem aparentemente boas para o consumidor, esperam que aceitem os problemas éticos de fundo, muito mais graves e difíceis de serem notados.” Quem é contra: Em tese, são contra a prática todas as pessoas que a conhecem e a entendem como manipulativa, escusa e ilegal. Mas, na sociedade, a discussão sobre o tema ainda é incipiente. Já na academia, a ideia é muito nova, segundo Magalhães, para que exista uma literatura crítica, de fato. “O que ocorre é uma certa simplificação. Nem Zuboff nem outros autores que trabalham com conceitos parecidos conseguem provar ou mensurar essa suposta ‘manipulação’. Não há dúvidas de que as empresas tentam nos manipular por meio de técnicas de dados mas, se elas realmente conseguem fazer isso, é uma outra história”, afirma. Para saber mais: 1) Leia, no The Guardian, ‘The goal is to automate us’: welcome to the age of surveillance capitalism, entrevista de John Naughton, colunista de tecnologia jornal com Shoshana Zuboff. 2) Assista, na página do YouTube do The Intercept, ao vídeo The Rise of Surveillance Capitalism, um painel de discussão com Shoshana Zuboff e a jornalista Naomi Klein. 3) Leia na Intelligencer, da New York Magazine, Shoshana Zuboff on Surveillance Capitalism’s Threat to Democracy The Harvard Business School professor discusses her new book, um Q&A com a autora. Postado por blog do tata às 21:27 Nenhum comentário: Ex-executivo do Facebook diz que redes sociais estão destruindo a sociedade TECNOLOGIA Para Chamath Palihapitiya, elas trazem desinformação e são um problema global 1 min de leitura ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE 15 DEZ 2017 - 15H38 ATUALIZADO EM 15 DEZ 2017 - 15H53 WhatsApp Facebook Twitter Linkedin Pinterest Copiar Link Facebook ; redes sociais ; social media ; (Foto: Reprodução/Facebook) (Foto: Reprodução/Facebook) Um ex-executivo do Facebook declarou que se sente “tremendamente culpado” por sua colaboração na criação de “ferramentas que destroem o funcionamento da sociedade”. A declaração polêmica foi feita por Chamath Palihapitiya, que ocupou o cargo de vice-presidente para o crescimento de usuários na gigante do Vale do Silício. SAIBA MAIS Em SP, Facebook inaugura seu 1º centro para inovação do mundo Em evento na escola de negócios da Universidade de Stanford, na Califórnia, o executivo, que saiu da companhia em 2011, declarou que as redes sociais são um problema global. “Elas estão corroendo os principais fundamentos de como as pessoas se comportam e se relacionam entre si”. A notícia foi dada pelos sites The Verge e The Guardian. As críticas de Palihapitiya não visaram apenas o Facebook, mas ao ecossistema como um todo. “Os laços baseados em feedbacks rápidos e cheios de dopamina estão dilacerando a sociedade”, disse referindo-se aos almejados likes das mídias sociais. “[Não trazem] Um discurso civil, cooperação, só desinformação e mentira”, disse. Os comentários do executivo foram feitos pouco tempo após Sean Parker, um dos primeiros investidores do Facebook, criticar a maneira como a empresa “explora a vulnerabilidade da psicologia humana, criando um looping de feedback de validação social”, durante um evento de mídia. Parte de seu discurso pode ser assistindo aqui. Parker declarou ainda que iria usar o dinheiro que ganhou com o Facebook para fazer algo de bom pelo mundo. Já Chamath Palihapitiya disse que não usa a rede social. “Não posso controlar todos os usuários, mas posso controlar os meus filhos, e eles não têm permissão para usar essa porcaria”. Diante dos alunos de Stanford, universidade de onde saíram vários executivos do Vale do Silício, ele pediu que tentassem entender a maneira como se relacionam com as mídias sociais. “Você não percebe isso, mas seu comportamento está sendo programado. Não foi intencional, mas agora você terá que decidir o quanto vai desistir da sua independência intelectual”, disse. >

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