sábado, 30 de maio de 2009

Lula aposta em Dilma em 2010

Com as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) nas favelas do Rio na metade do ritmo previsto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou ontem, durante inauguração parcial, ser "a coisa mais fácil governar para os pobres".Para um público de cerca de 200 moradores das favelas de Manguinhos (zona norte), Lula disse que, com o foco nos mais pobres, "com pouca coisa a gente faz muito"."Eu sei qual é o valor para uma mulher que recebeu um apartamento. Mesmo que pequeno, com 40 m2. Eu sei o valor da pessoa ter seu próprio ninhozinho", disse.A Empresa de Obras Públicas do Rio acelerou nas últimas semanas a contratação de funcionários para tentar concluir as obras em setembro de 2010 (o cronograma das empreiteiras prevê gastos até 2011).O novo ritmo de contratação visa intensificar a conclusão das obras. De acordo com o cronograma físico-financeiro dos consórcios responsáveis pelas obras de Manguinhos e Complexo do Alemão (onde Lula inaugurou alguns equipamentos) obtido pela Folha, a esta altura os gastos já deveriam alcançar a metade dos R$ 725 milhões totais previstos. Não superam, porém, 25%.No Alemão, enquanto o Consórcio Rio Melhor previa ter gasto ao final de maio 57,6% dos recursos, apenas 23% foram liquidados. Em Manguinhos, a expectativa era de execução de 49,8% dos custos da obra, enquanto apenas 21% foram usados.Lula inaugurou em Manguinhos uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), unidade de saúde de rápida construção, uma piscina e um centro de capacitação tecnológica. No Alemão, foram entregues 56 apartamentos para moradores removidos em razão das obras.Apesar do atraso nas obras, o público gritou em vários momentos "Lula de novo" e "Fica, fica", em alusão a um possível terceiro mandato -proibido pela Constituição, recusado publicamente pelo presidente, mas articulado por deputados da base do governo.Lula disse que vai "entregar o mandato para outra pessoa" em dezembro de 2010. Em seguida, parte do público gritou "Dilma". Outra, "Fica"."Depois os companheiros da associação vão dizer que o Lula não falou em campanha política. Vocês que se meteram a cantar um nome aí. Eu espero que a profecia que diz que a voz do povo é a voz de Deus esteja correta nesse momento".O presidente afirmou em seu discurso que orienta os investimentos do governo para os mais pobres."Este país pode ser diferente. Se a gente aprender a não eleger mais vigarista nesse país, e aprender a eleger pessoas que têm compromisso com o povo, pessoas que não tenham medo de pegar na mão de um doente, abraçar o pobre, o negro".A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), preferida do presidente para disputar a Presidência pelo PT, seguiu a linha de Lula e afirmou que o PAC é voltado para os mais pobres."O PAC era escolher onde mais precisava [de obras]. Não era a zona sul do Rio que mais necessitava de obras, habitação, saneamento, parques náuticos, escolas, UPAs. É aqui em Manguinhos, que durante os últimos 25 anos não se investiu", disse a ministra.Na cerimônia no complexo do Alemão, Lula foi mais direto ao apontar Dilma como sua candidata. "Eu não posso falar de política aqui. Mas todo mundo sabe que nós vamos ganhar as eleições de 2010", disse o presidente, antes de entregar uma flor amarela para a ministra no palanque, aos gritos de "Dilma, Dilma" do público."Quando chegar a hora certa nós vamos para a disputa. Temos que ver quem é aquele que vai chegar na hora prometendo o céu. E quem é aquele que, vocês sabem, vão estar juntos de vocês. É isso que vai fazer a diferença", completou.

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