quinta-feira, 28 de maio de 2009

O LACERDISMO REVISITADO

o udenismo - ou o lacerdismo - é um movimento político que marcou a nossa história. Carlos Lacerda, um dos maiores oradores brasileiros, o que disse que era que nem o Pelé, jogava em todas as posições, era um golpísta típico do conservadorismo brasileiro (Lacerda unia a isso à credibilidade de ter sido "comunista"!). Através de seu jornal Tribuna da Imprensa, ninguém estava imune às suas críticas.

Fez o que h0je uma parte da grande imprensa - aquela chamada de Partido da Imprensa Golpísta, Pig - insiste em fazer: criticar o governo baseado na pauta dos conservadores demotucanos.

Lacerda pretendia derrubar governos - fossem quais fossem!
Por isso ficou famoso, por isso esse rótulo do lacerdismo se confunde como o do udenismo e o golpísmo. Sabe-se qual tara o dominava - talvez o sonho de ser presidente, a manutenção do poder econômicoe político nas mãos do mesmos de sempre, sem nenhuma participação popular.

Agora, como antes, confundia-se liberdade da imprensa, da empresa, como oliberdade de imprensa, para todos, não somente para um grupo que costuma sempre apropriar-se do Estado, da coisa pública, para espoliar com mais liberdade a maioria da população. Simples. Ou simplista, como diriam os acadêmicos. Mas vedrdadeiro - pelo menos uma parte da verdade.


Agora leia o editorial da FSP sobre mais ou menos isso:

"Além do moralismo
Julgar o caráter de quem comete desvios éticos é menos importante que fortalecer instituições capazes de punir o abuso
INDIGNAÇÃO e desalento alternam-se na opinião pública a cada nova revelação de abuso e falta de compostura no Legislativo brasileiro.Ainda assim, persiste em alguns setores a tese de que seria excessivamente "moralista" (ou, pior ainda, "udenista") a reação geral diante dos descalabros.Trazendo, em sua conotação negativa, o eco do oportunismo que tantas vezes pautou a disputa entre a UDN (União Democrática Nacional) e o populismo varguista, nas décadas de 1950 e 1960, termos como "udenismo" e "moralismo" ainda encontram ressonância na cultura política contemporânea. Carecem entretanto de definição mais precisa, que os desvincule das circunstâncias específicas do passado.Importa distinguir entre o que é legítima preocupação ética e o que pode apenas transformar-se em histriônica vociferação contra este ou aquele figurante, ocasional e desprezível, no vasto palco do descontrole institucional republicano.A rigor, o que tornava criticável a atitude "udenista" não era a sua defesa da honestidade no trato da coisa pública, mas sim o que nisso pudesse haver de hipocrisia. O "udenista", nessa acepção pejorativa, é sobretudo aquele que atribui apenas a um setor do espectro político as mazelas que, na verdade, atravessam todo o sistema, e das quais ele próprio não está dissociado.Nesse sentido, o termo ainda conserva atualidade. Nada mais comum, hoje em dia, do que determinado partido acusar o seu adversário de imoralidades que, a seu turno, também comete.Como diferenciar, por outro lado, a crítica puramente "moralista", no sentido estreito, de uma autêntica reação contra o mau uso da verba e das prerrogativas públicas?Uma das possíveis respostas para a questão estaria no grau com que se atribui ao caráter individual, e não ao sistema como um todo, a origem dos escândalos que se acumulam.Obviamente, não se trata de ignorar o nível, francamente delinquencial, a que chega a atuação de alguns políticos brasileiros. Mas a convicção do "moralista", em sua acepção mais rudimentar, pode ser resumida numa famosa frase de Capistrano de Abreu (1853-1927).Meio por blague, meio por desabafo, o historiador cearense disse desejar que nossa Constituição se limitasse a um único artigo: "Todo brasileiro está obrigado a ter vergonha na cara".De uma ótica menos exacerbada, pode-se justamente louvar o fato de que a Constituição preveja vários instrumentos capazes de coibir a corrupção. Trata-se de aplicá-los e aperfeiçoá-los; é também no campo da legislação eleitoral e do acesso público às contas do governo que a questão da ética política poderá encontrar algum progresso.A prevenção e a punição dos abusos nessa área vão muito além do "moralismo". Se um pouco mais de "vergonha na cara" seria certamente desejável no Congresso, eis entretanto algo que não depende de súbitas conversões individuais. Mas sim de instituições e sistemas capazes de -sem as ilusões do "moralismo" mais estreito- fortalecer de fato a ética na vida pública."

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