sábado, 31 de julho de 2010

o canto de três gerações de militantes : Dona Maria tá com ela, e os filhos e netos também na luta

Há, naquela cabeça, uns muitos fios de cabelo a menos; naquele rosto, algumas rugas a mais. O tempo passou. A moça bonita da campanha de reeleição do Lula virou mulher e ficou mais bonita. O menino que em 2006, meio desajeitado, empunhava uma bandeira maior do que ele, já não é mais menino: tornou-se eleitor e ainda empunha a mesma bandeira, quatro anos mais velha.

O tempo não para, mas é como se girasse em círculos: no meio dessa multidão – que ontem à noite pintou de vermelho o coração de Brasília para a inauguração do comitê da Dilma – existem moças que na campanha passada eram meninas. Existem meninos que eram ainda mais meninos. E existe também a Gabriela, que em 2006 nem existia.

Gabriela tem três anos e veio no colo da mãe, Jaqueline. Jaqueline agora tem 25, mas devia ter a mesma idade da filha quando a mãe, Maria José, a levou no colo pela primeira vez a uma manifestação. Dona Maria José (foto acima), mãe e avó, 60 anos, completa as três gerações de militantes, cantando e sambando de bandeira na mão, como se fosse mais jovem do que quando ajudou a eleger e a reeleger Lula.

Faxineira aposentada, dona Maria José já definiu a data de sua aposentadoria da militância: “É nuuuuuncaaaaa!”, anuncia ela, que veio ver Dilma com quatro dos quatro filhos e sete dos oito netos. “Só não veio o Iúri, porque mora na Bahia”, lamenta.

Lula tá com ela, eu também tô, canta e dança dona Maria José. Só interrompe o canto e o passo quando o repórter faz uma provocação, lembrando aquele político antigo que certa vez decretou: “Vamos acabar com essa raça”.

“Ah, moço. Acaba não, nunca”, ri dona Maria José, como se quisesse dizer que não se extingue raça por decreto, ainda mais uma raça que nem essa, que é feita de todas as raças e que renasce e se renova a cada campanha, a cada dia. Mas o que ela diz é bem mais simples: “A gente não acaba porque a gente luta. A gente sofre, mas a gente acredita. E ninguém engana a gente – nem a televisão

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