sábado, 31 de julho de 2010

Uma gente que dança, canta e é feliz

A Avenida Rio Branco vira uma pequena passarela do samba. Dança a moça com a camisa do Flamengo, dança o rapaz com a do Botafogo que tem nas costas o nome Loco Abreu e o número... 13! Dançam improvisados e improvisadas porta-bandeiras com bandeiras do PT, do PMDB, do PDT, do PCdoB, das sete cores do arco-íris. Dança só com os braços o moço sentado na cadeira de rodas empurrada por outro moço que dança de corpo inteiro.


Estamos no Rio, mas, como se Salvador fosse aqui, vai todo mundo atrás do trio elétrico que toca sem parar os jingles da Dilma e do Sérgio Cabral – com direito a paradinha do funk e coreografia não ensaiada de moços e moças descendo até o chão. Quem diz que política não combina com alegria?

“Ora”, dirão, “mas qual a vantagem de se ter uma militância que dança em passeata a caminho do comício, se, como disse o poeta da Vila, ao som do samba (e do rock, e do samba-rock, do funk, do forró, do frevo, do maracatu) dança até o arvoredo”? “Ora”, responderão os mesmos que perguntaram desdenhando da militância dançarina, “vantagem não há, pois esta é uma gente que dança de nascença, dança por qualquer motivo, e mesmo sem motivo algum”.

Certo, diremos nós, mas e se esta gente sempre tão dançarina que dança agora debaixo da chuva fina tivesse um motivo concreto para dançar? E se essa gente dançasse hoje porque é hoje uma gente mais feliz?

Talvez os pés e a alma desses passistas que seguem dançando da Candelária até a Cinelândia contem histórias tão felizes que não cabem nos jornais, nem na televisão: o moço que conseguiu o primeiro emprego com carteira assinada, a moça que entrou para a faculdade, a dona de casa que alimentou e vestiu os filhos e descobriu que agora sobra dinheiro para ficar mais bonita, o pai de família que recuperou a autoestima, o jovem casal que vai morar na casa própria, a comunidade que vê sua favela virando bairro, o povo que começa a perder o medo tanto do traficante quanto da polícia.

E dançam quase juntas as duas mulheres que não se conhecem e moram longe uma da outra, dona Vívian em Bangu, dona Cenira em Duque de Caxias, elas que nunca trocaram uma palavra sequer, mas que resumem com dois substantivos tão parecidos o motivo por que dançam: “Porque antes a gente não podia nem passar na porta da loja de eletrodomésticos, e hoje a gente tem crédito”, explica dona Vívian. “Porque hoje a gente tem credibilidade: nós aprendemos, e ensinamos os outros a acreditarem na gente”, orgulha-se dona Cenira.

Esta gente dançarina talvez seja a mais perfeita tradução das estatísticas: 14 milhões de novos empregos com carteira assinada em sete anos e meio de governo Lula, 24 milhões de brasileiros e brasileiras fora da pobreza absoluta e 31 milhões com os dois pés na classe média, 700 mil jovens bolsistas do ProUni, mais de R$ 1 trilhão em crédito disponível para a população brasileira, meio milhão de moradias populares em construção pelo programa Minha Casa, Minha Vida etc etc etc...

Os números não mentem, mas também não dançam. Quem dança é a gente

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