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RIO DE JANEIRO - Já vivemos sob o Big Brother -não o do Pedro Bial, mas o de George Orwell, com as câmeras que nos espionam no banco, na garagem, no elevador, na sorveteria, no sinal vermelho etc. Só nos faltava a Novilíngua. Não falta mais. Há uma língua sendo gestada no Brasil, e que não se pretende correta, autêntica ou mesmo eficiente. É apenas novidadeira -"trendy" ou "fashion", como ela própria se definiria.
Nessa nova língua, não se diz mais que tal ou qual coisa é antiga, vinda do passado. Diz-se que é "vintage" -embora "vintage" (ao pé da letra, vindima) se aplique em inglês ao que pertence a uma dada safra, ao que vem autenticamente de uma época. Mas é sempre assim, não? Por leveza ou ligeireza dos usuários, certas palavras, ao serem transplantadas à força de uma língua para outra, podem ter o seu sentido original alterado.
Daí que, na nova língua que se pratica aqui, e mais ainda no mundo da moda, algo corriqueiro, vulgar, normal, que não se afasta dos padrões estabelecidos, é agora chamado de "mainstream". Em inglês, "mainstream" é o curso d'água ou corrente principal, e se refere a um rio, mas pode se aplicar também a um estilo dominante na literatura, na música, no cinema. Entre nós, meio que vem substituir o que, até há pouco, costumava se chamar de -como era mesmo?- "básico".
Outro dia, ouvi o verbo "performar", aplicado à candidata à Presidência Marina Silva. "Marina performou bem no Rio", disse alguém, sobre a grande votação que ela teve aqui. Mas, não sei por que, "performar" me parece assentar melhor à personalidade de Dilma Rousseff.
E a secretária de um médico acaba de me telefonar marcando um "apontamento" para a semana. Isso era algo que, no passado, dizíamos de farra: "Vou te dar um anel para marcar um apontamento". Quis rir, mas me contive a tempo. A moça estava falando a sério
sábado, 9 de outubro de 2010
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