quarta-feira, 30 de março de 2011

fsp - De luto, Lula recebe título sem improvisos

Ex-presidente homenageia Alencar ao ser condecorado por universidade portuguesa

VAGUINALDO MARINHEIRO
ENVIADO ESPECIAL A COIMBRA

Nada de brincadeiras com a plateia, de improvisos, de quebras de protocolo.
Ao receber ontem seu primeiro título de doutor honoris causa numa universidade europeia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguiu à risca rituais do século 18 numa cerimônia na qual tudo é predeterminado, da cor das roupas à proibição de bater palmas.
Lula foi o sexto ex-presidente do Brasil a receber o título, dado antes a Juscelino Kubitschek, Café Filho, Tancredo Neves, José Sarney e Fernando Henrique Cardoso.
A titulação, na Universidade de Coimbra, começou às 10h30, na Biblioteca Joanina.
De lá saiu um cortejo com doutores das várias faculdades, identificadas pelas cores dos capelos (capa que vai sobre os ombros).A da faculdade de direito, que concedeu o título a Lula, é vermelho.
Na Sala dos Capelos, construída no século 13, Lula foi o primeiro a falar. Leu seu discurso em dez minutos, sem acrescentar nada.
Nele, elogios à presidente Dilma Rousseff, que o acompanha na solenidade, ao vice José Alencar e a si próprio.
Disse que em seu governo o Brasil deixou para trás "um passado de frustração". "Nos últimos oito anos, [o povo brasileiro] realizou, de modo pacífico e democrático, uma verdadeira revolução econômica e social."
Falou, então, da importância do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), "coordenado com talento pela querida companheira Dilma Rousseff".
Por fim, citou Alencar, que morreu na terça-feira: "Nada disso teria sido possível sem a colaboração generosa e leal daquele que foi o meu parceiro de todas as horas, um dos homens mais íntegros que já conheci".
Na sequência, dois professores da faculdade de direito também discursaram.Lembraram da educação não-formal de Lula (ele não tem nenhum diploma universitário) para elogiá-lo.
Foram mais de duas horas de cerimônia. Num dia normal, Lula trocaria de roupa e iria comemorar com os brasileiros e alguns portugueses que lá fora gritam seu nome.
Mas o luto por José Alencar desaconselhava, e ele entrou no carro e foi embora com Dilma com destino ao Brasil

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