domingo, 17 de abril de 2011

Para entender o ataque do Estadão - nassif -

Para entender o ataque do Estadão
Enviado por luisnassif, sab, 16/04/2011 - 09:09
Post de 12/02/2011

Nos tempos em que os Mesquita dirigiam o Estadão, seria impensável engavetar grandes matérias de escândalo.

Desde que assumiu a direção editorial do jornal, Ricardo Gandour vem atropelando um a um os princípios jornalísticos que fizeram do Estadão um jornal respeitado inclusive pelos adversários. O jornal era intransigente até demais em suas convicções, mas jamais brigava com os fatos ou abría mão das grandes matérias jornalísticas.

O histórico de Gandour inclui a demissão de Maria Rita Khel, a escandalização de fatos normais ou banais para atingir jornalistas que ele considerava adversários. E a censura - inédita no caso do Estadão - a grandes reportagens.

A matéria abaixo foi escrita em 24 de setembro de 2009. Era um furo jornalístico dos maiores: as investigações da Polícia Federal mostrando que um dossiê divulgado por Diogo Mainardi na Veja era (mais uma vez) falso e fruto de jogadas de lobbies. Como se recorda, durante semanas o falso dossiê foi apresentado como fruto de investigações da PF, com ampla repercussão nos jornais, no Jornal Nacional. Sabia-se que havia grandes interesses financeiros por trás, jogadas de lobistas pesados.

O Estadão deu a primeira matéria sobre a falsificação. Pelo visto, o repórter tinha o fio da meada para uma reportagem candidata a Esso.

Houve claro veto da direção do jornal à continuidade da matéria - já que não se leu mais nenhuma linha sobre o assunto. Ou irá se supor que o repórter abriu mão do seu furo. Gandour atropelou o jornalismo e princípios consagrados de atuação da família Mesquita.

Polícia acusa agente de criar falso dossiê - versaoimpressa - Estadao.com.br

O material tinha como alvo Victor de Souza irmão do ministro Franklin
24 de setembro de 2009 | 0h 00
Marcelo Auler, RIO - O Estadao de S.Paulo
O agente federal aposentado Wilson Ferreira Pinna, lotado na Agência Nacional de Petróleo (ANP), foi apontado pela Polícia Federal como o autor do falso dossiê contra o diretor do órgão, Victor de Souza Martins, irmão do ministro da Comunicação Social, Franklin Martins.

O material acusou Victor de Souza de aumentar os royalties das prefeituras que contratavam a empresa Análise Consultoria, que ele tem em sociedade com a mulher, Joseana Seabra. Pinna foi denunciado na 2ª Vara Federal Criminal do Rio pelos crimes de interceptação telefônica ilegal e quebra de sigilo fiscal dos irmãos de Vitor, inclusive do ministro.

Após a revista Veja divulgar o dossiê em abril, o Ministério Público Federal constatou que o documento não estava no inquérito da Delegacia Fazendária, que apura corrupção nos repasses de royalties. A inexistência do dossiê levou o superintendente da PF no Rio, Angelo Gioia, a abrir novo inquérito.

Em maio, a PF descobriu um pendrive com o falso dossiê, as declarações de renda obtidas ilegalmente e as transcrições de gravações telefônicas. Não se sabe quem recebeu o pendrive, mas os policiais identificaram Pinna como o autor.

Por meio de representação à juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal , onde tramita o inquérito, foi pedida a prisão do agente, além de busca e apreensão na sua casa e na ANP.

O pedido foi para as mãos do juiz Rodolfo Kronemberg Hartmann, da 2ª Vara Federal, que não analisou o caso, provocando um conflito de competência. Tudo parou até 15 de julho, quando o Tribunal Regional Federal (TRF) decidiu que a competência é da 2ª Vara. Após negar pedido de prisão, Hartmann intimou Pinna a apresentar sua defesa, antes de decidir se aceita a denúncia.

Ontem, procurado pelo Estado, Pinna reclamou da divulgação do caso por conta do segredo de Justiça e depois se apegou na rejeição do pedido de prisão para se defender. Vitor repetiu o que falou na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados: "Quero justiça, saber quem fez essa investigação criminosa, a mando de quem, quem pagou e com qual objetivo."


Para entender o ataque do Estadão - 2
Enviado por luisnassif, sab, 16/04/2011 - 09:12

Histórias de um grande jornalista
de 08/02/2011

História 1

Ruyzito Mesquita, acionista mas sem participação editorial no Estadão, planejou uma coleção de cinco volumes sobre sustentabilidade. Apresentou à Secretaria da Educação de São Paulo. A coleção foi aprovada para o sistema de compras de livros didáticos.

Nesse ínterim, Paulo Renato de Souza foi indicado Secretário da Educação. Depois do episódio do Bradesco - um email com um artigo que ele submetia à apreciação do presidente do banco - Paulo Renato havia perdido espaço na Folha e tornou-se articulista do Estadão. Indicado Secretário, seria normal que pedisse demissão da função. Não o fez, obrigando Ruy Mesquita, pai, a demiti-lo.

O troco veio em seguida: a Secretaria voltou atrás e rejeitou a coleção de Ruyzito.

José Serra foi informado da retaliação, mas nada fez. Mesmo não gostando de Serra - por seu hábito de pedir cabeça de jornalistas - o velho Ruy manteve-se firme na mesma linha do Estadão de apoio à sua candidatura.

História 2

Nos anos 70, o ex-deputado (cassado) e correspondente do Estadão em Londres, Hermano Alves, escreveu uma série de matérias que descontentou profundamente Ruy Mesquita, então dirigindo o Jornal da Tarde. Não foi proibido de continuar. Apenas diariamente Dr. Ruy fazia um editorial rebatendo os artigos de Hermano - mas indicando a página do artigo para os leitores.

Nas últimas eleições, quando Maria Rita Khel foi demitida por Ricardo Gandour, dr. Ruy virou o bicho. Chamou o rapaz na sua sala e lhe deu uma espinafrada que ecoou pelos corredores do jornal


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Enviado por luisnassif, dom, 17/04/2011 - 09:03
O Desenho da Mídia, de 23/03/2011
A pesquisa da CDN sobre os hábitos de leituras dos executivos brasileiros consolida percepções já antigas sobre o tema.
Considere-se que os executivos eram o público preferencial dos jornais, provavelmente os mais habituados às colunas dos jornais - daí talvez a preferência por blogs. Considere-se também que, pela pesquisa, continuam sendo majoritariamente leitores de jornais.

A pesquisa comprova algumas análises que já publiquei aqui e acrescenta ingredientes novos à discussão midiática.

Tempos atrás escrevi que, dos grupos da velha mídia, sobreviveriam as Organizações Globo e a Folha, através da UOL; que o Estadão era um grupo à venda; e que a Abril não conseguiria se colocar nesse novo mundo virtual.

Como a blogosfera é um universo múltiplo, distribuído, obviamente não dá para tratar da mesma maneira que um portal ou um jornal. É um grande bolo, mas dividido por milhares de blogs. E muitos desses blogs estão ancorados em portais jornalísticos.

Na pesquisa, alguns pontos chamam a atenção:

1.O predomínio dos portais variados sobre os portais exclusivamente jornalísticos. UOL (42%) e Terra (36%) se destacam vindo, a seguir, o iG (19%), acima do G1 (17%), mesmo este contando com o aparato de vídeo das Organizações Globo. Até a era Caio Túlio o iG encostava no Terra, na disputa pelo segundo lugar, mas por audiência total. Como a pesquisa, agora, é com executivos atrás de notícias, não sei se reflete a audiência total dos portais.
2.A pesquisa consagra a visão pioneira de Luiz Frias, quando convenceu o pai a apostar na UOL. A consolidação se deu em cima de uma série de operações habilidosas, da compra da parte da Abril à associação com a Portugal Telecom, a maneira como resolveu seus problemas com o ICMS paulista e a operação de IPO conduzida pelo Banco Pactual, o desenvolvimento de tecnologia própria. Em meio ao terremoto da última década, manteve o barco à tona e consolidou a posição de liderança. Ele e Rodrigo Mesquita, do Estadão, são os herdeiros que melhor entenderam os novos tempos.
3.Um capítulo curioso é o caso Nizan Guanaes. Quando lançou o iG, escrevi algumas vezes que o modelo de negócios (em cima da internet gratuita) não se sustentaria, porque baseado em uma distorção – o pagamento pelas teles aos portais que redirecionassem o tráfego para elas. De fato, não se sustentou. Mas Nizan estava certo em apostar em um modelo que dependesse de publicidade. Acontece que o iG surgiu muito antes da publicidade chegar maciçamente à internet. Foi salvo por manobras envolvendo controladores e sócios, mas se consolidou no terceiro lugar. Roberto Campos tinha uma maneira de definir erros estratégicos: quando se começa muito depois ou quando se começa muito antes. Nizan viu. O problema é que foi muito antes.
4.Chama atenção a total inexpressividade do Portal do Estadão – que não aparece sequer na pesquisa. Já a Agência Estado tem a leitura de apenas 2% dos executivos, justamente seu público-alvo. O grupo jogou tudo no Portal. É dos mais completos, com melhor conteúdo. Mas perdeu-se provavelmente na organização do conteúdo, que acabou reproduzindo, em um espaço que deveria ser organizado e hierarquizado, a própria desorganização e horizontalização da Internet. Sequer há separações claras sobre a ordem cronológica de entrada das notícias no portal. Não há uma porta de entrada simplificada, que permita visualizar todo o conteúdo. A própria versão online da Folha impressa, simplesinha, sem nenhuma firula, permite com dois cliques saber de todo conteúdo do jornal. No Estadão, é impossível.
5.Apesar do pesado investimento no seu Portal, Veja sequer aparece com 1% de indicações. A Abril perdeu o barco lá atrás, quando se desfez da BOL e, depois, da TVA. Está fora do jogo.
6.Com pouco tempo no ar, o R7 – embora ainda em pequenos 3% - suplantou a Agência Estado junto ao público-alvo da Agência.
7.Embora o jornal tenha passado por uma crise que quase liquidou com sua circulação, o site de O Dia ainda tem 2% de audiência dos executivos. Aliás, foi dos pioneiros, com alta qualidade inicial. Infelizmente a morte do Ary Carvalho interrompeu o planejamento para dar o upgrade ao jornal.
O caso Estadão
É curiosa a saga do Estadão.

Quando começou a era da informação online, foi dos primeiros a entender os novos tempos. Está certo, que à custa do pioneiro Dinheiro Vivo, que foi a primeira empresa a lançar serviços online. Na época, Rodrigo Mesquita convenceu a família a comprar o sistema de transmissão da Broadcast e contratou praticamente toda a minha equipe. Depois disso, fez um trabalho de gente grande na consolidação da Agência.

Quando sobreveio a crise do grupo, as disputas internas acabaram levando de roldão todos os membros da família que trabalhavam na empresa. E com isso o grupo perdeu sua cabeça estratégica.

Como o único setor dinâmico do grupo era a Agência, na impossibilidade de manter Rodrigo o Conselho decidiu promover seu segundo homem, Sandro Vaia. Só que Sandro tinha funções operacionais. Nunca foi estrategista dos novos tempos, nem chefe de redação dos velhos tempos.

Depois, resolveu trazer alguém de fora, Ricardo Gandour, com carreira bem sucedida no Publifolha. Em vez de coloca-lo para tocar novos negócios, como um publisher clássico, conferiu-se a ele a direção de conteúdo de todo o grupo. E seu perfil não é de jornalista de redação.

Com isso o jornal entrou na fase de maior ebulição da mídia brasileira, com o terremoto editorial acabando com a estratificação de leitura, sem um desenho claro de conteúdo.

A linha política foi mantida pela tradição da família Mesquita e da marca Estadão. Mas Gandour trouxe para dentro do jornal o vezo da Opus Dei (essa informação é de colegas ligados à própria família Mesquita, não de críticos do jornal), de instrumentalizar a cobertura. Manipulou manchetes, criou falsos escândalos, repercutiu as maluquices da Veja, cometeu ataques contra colegas, entrou no pool de mídia que se formou a partir de 2005. E, com isso, perdeu a oportunidade de firmar o jornal como alternativa de informação objetiva – embora ainda seja o jornalisticamente mais sólido dos veículos da velha mídia.

Agora, o Estadão está no seguinte dilema.

O jornalão está zero a zero – não gera mais lucros para financiar as novas plataformas; a rádio é superavitária mas de pequena expressão (embora o movimento de associação à ESPN seja promissor); a Agência Estado continua sendo a parte mais rentável.

Mas a grande aposta, o Portal, não vingou

Um comentário:

  1. Movimento LGBT elegeu o colunista e jornalista Cesar Giobbi como símbolo, o ícone, da luta e resistência da população LGBT

    O Movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) luta pela criminalização da homofobia,
    defendendo o fim da discriminação, dos preconceitos, da intolerância, da violência cometidos contra a população LGBT, conclama
    a todos os brasileiros participarem desta causa.

    O Movimento LGBT elegeu o colunista e jornalista Cesar Giobbi como símbolo, o ícone, dessa luta e resistência. Cesar Giobbi teve
    por anos a coluna Persona no jornal O Estado de S. Paulo (Estadão), um dos maiores e mais influentes jornais do País. Hoje mantém
    um site, que leva seu nome, o http://www.cesargiobbi.com.br . Na redação do Estadão, Cesar Giobbi teria sido vítima de discriminação,
    intolerância e preconceito. O então diretor de Conteúdo Ricardo Gandour ao passar perto da mesa do colunista na redação teria o hábito de
    intimidá-lo, comportamento típico de assédio moral, com insultos, provocações e palavrões impróprios num ambiente de trabalho.
    Todas as vezes em que passava próximo a Cesar Giobbi, dentro da redação, Ricardo Gandour dizia, em voz alta, para todos ouvirem
    e, sobretudo, para que Cesar ouvisse: "Não suporto veado!" Isso acontecia todos os dias, algumas vezes por dia. Aí o César não
    aguentou mais e foi embora. Como a sociedade qualifica um sujeito que faz isso? Estas informações teriam vindo de pessoas ligadas
    à própria família Mesquita, dona do Estadão. Segundo fontes de quem trabalha no próprio Estadão, esse diretor teria o hábito de
    perseguir os gays e demais minorias dentro da redação do jornal, forçando-os a pedir demissão. Atualmente, Ricardo Gandour é
    diretor executivo da rádio CBN.

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