Com base no percentual de candidatas, demógrafo projeta aumento recorde de mulheres no Poder Legislativo
Especialista atribui o crescimento à "lei de cotas", que estabelece percentuais mínimos de homens e mulheres
UIRÁ MACHADO
DE SÃO PAULO
O número de mulheres eleitas deputadas estaduais e federais deve crescer entre 30% e 40% neste ano.
O aumento, se confirmado nas urnas, será o maior da história do Brasil (em números absolutos), contribuirá para reduzir a desigualdade de gênero na política e melhorará a posição do país em rankings internacionais.
A projeção é do demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, pesquisador titular da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, do IBGE.
Com base na relação entre candidatas e eleitas nas duas últimas eleições nacionais, Alves calcula que a Câmara dos Deputados poderá passar das atuais 45 deputadas federais para pelo menos 63.
No caso das deputadas estaduais, ele estima aumento de 124, em 2006, para pelo menos 161 em todo o país.
Para fazer as contas, Alves considerou os dados do TSE (atualizados até as 14h15 de ontem), que mostram um percentual de mulheres candidatas acima daquele verificado em anos anteriores.
Em 2002, 11,4% dos candidatos a deputado federal eram mulheres. Em 2006, 12,7%. Neste ano, são 21%.
"O aumento de eleitas, porém, não deve ser proporcional ao crescimento de candidatas, já que, conforme noticiado, partidos recorrem a "laranjas" para cumprir a "lei de cotas'", diz Alves.
A julgar pelas projeções, o Brasil chegaria a ter pelo menos 12,3% de mulheres em seu Parlamento. A taxa ainda estaria abaixo da média mundial, de 19,1%, mas acima do estágio atual, de 8,8%.
Com isso, o país poderia saltar cerca de 25 posições no ranking elaborado pela União Interparlamentar, organização ligada à ONU que monitora a participação feminina nos Parlamentos. O Brasil é hoje o 138º colocado.
LEI DE COTAS
Esse crescimento, contudo, não é "espontâneo". De acordo com Alves, a mudança na redação da "lei de cotas" na política terá sido fundamental para os prováveis resultados positivos.
Aprovada em 1997, a lei 9.504 determinava: "cada partido ou coligação deverá reservar o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo".
De lá até 2008, o verbo "reservar" foi a senha para que as legendas apenas "reservassem" espaço para mulheres, sem se preocuparem em de fato preencher as vagas.
Em 2009, o trecho "deverá reservar" foi alterado para "preencherá". Segundo especialistas, a mudança torna compulsório o cumprimento das cotas. O TSE, segundo sua assessoria, não tem posição definitiva sobre o tema.
Partidos e coligações que não tiverem atingido o percentual mínimo previsto em lei têm até dia 4 de agosto para preencher as cotas
Maioria dos candidatos tem mais de 45 anos
FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA
A maioria dos candidatos nas eleições de outubro são homens, casados, não têm ensino superior, passaram dos 45 anos e disputam uma vaga nas Assembleias estaduais.
Os dados são do último levantamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que contabilizou dados de 20.335 candidatos em todo o país. Os números foram atualizados ontem e serão consolidados até o dia 20.
O levantamento mostra que a política brasileira ainda está longe da juventude. Apenas 12% dos políticos têm entre 18 e 34 anos, enquanto 61% passaram dos 45 anos.
A principal profissão apontada (16%) é "outros", escolhida pelo candidato que prefere não categorizar sua ocupação.
Em segundo lugar, aparece empresário (8%). Em quinto, consta "deputado". No total, 1.027 políticos adotaram o cargo temporário como profissão e disputam a reeleição.
Embalado pela candidatura de Marina Silva à Presidência, o PV divide com PT e PMDB o topo da quantidade de candidaturas, com 6,25%. PMDB e PT têm 6,11% e 6,02%, respectivamente.
33 candidatos ao governo são impugnados
Desse total, nove apoiam Dilma, e sete, Serra; impugnações têm que ser julgadas pelo TSE até o dia 5 de agosto
Estão supostamente na malha atingida pela Lei da Ficha Limpa Joaquim Roriz (DF), Jackson Lago e Roseana Sarney (MA)
DE SÃO PAULO
Uma em cada cinco candidaturas a governador de Estado está impugnada. Até ontem à noite, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) registrava 33 casos (19,7%), entre 167 candidaturas apresentadas.
As contestações têm como fonte desde o Ministério Público até coligações adversárias. Das impugnações, 17 atingem candidaturas nanicas nos Estados.
Entre os outros 16 candidatos competitivos, nove são palanques para a candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT). Os outros sete entram na conta de apoios da campanha de José Serra (PSDB).
Os casos têm que ser julgados pelo TSE até o dia 5 de agosto e referem-se tanto a candidatos supostamente incluídos na Lei da Ficha Limpa, quanto inconsistências nas declarações de bens, por exemplo.
Estão supostamente na malha da ficha-suja candidatos como Jackson Lago (PDT) e Roseana Sarney (PMDB), ambos candidatos ao governo do Maranhão, além do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC), que tenta voltar ao cargo.
Ontem, o PV apresentou impugnação à candidatura de Sérgio Cabral (PMDB), que tenta a reeleição no Rio, mas ainda não tinha entrado no sistema do TSE. (BC)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário